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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

ACENTO DIFERENCIAL NO VERBO “PODER”

Como ficou a grafia do verbo “poder” no novo acordo ortográfico?

Permanece o acento diferencial em pôde/podePôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular.

Ele pode entrar agora. Ontem ele não pôde.

GRAFIA DAS ONOMATOPÉIAS.

Como se escreve “bangue-bangue”? Usa-se o hífen? 

A palavra é uma onomatopeia por reduplicação. Esse nome pomposo nada mais é que a imitação de sons naturais repetitivos. O acordo ortográfico não traz referências sobre a forma de escrever tais vocábulos e a norma é puramente consuetudinária, quer dizer, há um acordo tácito entre os usuários da língua para se definir “como se escreve”.

A maioria dessas reduplicações, segundo se pode observar nos dicionários (Aurélio – Houaiss – Aulete – Priberan) e em autores respeitáveis, são escritas com o hífen, como em tique-taque; pingue-pongue; toc-toc-toc; fru-fru...


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

ASPECTOS VERBAIS

Na frase “Só que há um ano e três meses, ninguém mais pode visitar o Museu Nacional do Automóvel”, o verbo “pode” deve ser no presente ou no passado? 

O presente do indicativo é usado para o momento em que se fala, mas ele pode ser empregado no lugar do pretérito perfeito, em recurso linguístico chamado presente histórico.

Quando lemos, nos livros de História, narrativas como “Em 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas não suporta as pressões da oposição e mata-se com um tiro no peito, em seus aposentos do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro”, temos um frase em que os verbos, embora no presente do indicativo, têm valor de pretérito perfeito, pois relatam ações completamente acabadas no tempo.

O mesmo pode acontecer com o verbo no futuro do presente, usado com o valor de presente.

Nos dez mandamentos, na Bíblia, encontramos “Não matarás”; “Não desejarás a mulher do próximo”; “Não furtarás”. Nesses mandamentos os verbos estão no futuro do presente, mas não significa que tais ações somente serão proibidas no futuro. A ordem é de execução imediata: não matar, não cometer adultério, não furtar desde agora, no momento presente.

Este recurso deve ser usado com cautela e discernimento, levando-se em conta, principalmente, a capacidade de decodificação do destinatário da mensagem.

Na frase da consulta, o uso do presente indica que o impedimento das visitas deu-se no passado, mas continua no momento atual. "Ninguém pôde visitar até ontem e hoje também não se pode visitar". Se for essa a intenção, o presente pode ser usado, englobando o passado. Agora, se no momento atual já é possível a visitação, use o passado.

INCIDENTE – ACIDENTE

São parônimos (parecidos na grafia e na pronúncia) e de significação bem próxima, sem chegar, contudo, à sinonímia.

INCIDENTE – sm.
1.   Evento ou acontecimento imprevisto e desprovido de maior importância (incidente de percurso).
2.   Fato inconveniente ou desagradável (incidente diplomático).
3.   Jurídico. Questão secundária que aparece no desenrolar da demanda principal e que fica a ela vinculada.

ACIDENTE — SM.
1.   Acontecimento imprevisto, inesperado: Plutão foi descoberto por um feliz acidente: um erro de cálculo astronômico.
2.   Acontecimento infeliz, desastroso, que pode causar danos, ferimentos, e até a morte (acidente aéreo); Desastre.
3.   Fato ou circunstância secundária; detalhe: O resultado geral foi satisfatório; há problemas, mas são simples acidentes.

O senso comum recomenda que, se houver prejuízos ou vítimas, deve-se usar ACIDENTE.

1.   A queda da laje da construção foi um acidente de pequenas proporções, provocando, apenas, prejuízos materiais.

domingo, 15 de dezembro de 2013

O PERMITIU / LHE PERMITIU

Na frase “Uma estrutura genética que o permitiu sobreviver à mudança”, o uso do pronome átono antes do verbo “permitir” está correto?

A posição proclítica está perfeita, pois o “que” é um pronome relativo (estrutura genética a qual ...) que obriga a anteposição do pronome oblíquo em relação ao verbo.

O que está equivocado é a escolha do pronome. Dos pronomes oblíquos (me; te; se; lhe(s); nos; vos; o(s); a(s)), os únicos que exercem, exclusivamente, a função de objeto direto são exatamente o(s) e a(s).

Ocorre que a regência do verbo “permitir” exige objeto direto para “coisa” e objeto indireto para “pessoa”: permitir algo a alguém. Dessa forma, preserve-se a colocação pronominal, mas mude-se o pronome de “o” para “lhe”.

“Uma estrutura genética que lhe permitiu sobreviver à mudança”.

MÁ-FORMAÇÃO / MALFORMAÇÃO

Qual é a forma correta: MÁ-FORMAÇÃO / MALFORMAÇÃO / MÁ FORMAÇÃO?

Existe uma polêmica a respeito desse uso por parte de entidades como o CFM, OAB, CNBB etc.
Gramaticalmente, trata-se de formação de palavras por composição, em que os elementos envolvidos mantém sua autonomia fonética, mas o conjunto cria nova entidade semântica. O correto, gramaticalmente, é MÁ-FORMAÇÃO.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ANTI-HISTAMÍNICO / ANTIHISTAMÍNICO

Sempre que o prefixo for aplicado a uma palavra que se inicia pela letra [H], a grafia é com o hífen.


Anti-histamínico; infra-hepático; super-herói; pré-histórico; pan-helênico.

domingo, 8 de dezembro de 2013

CHEGAR / CHEGO / CHEGADO

Está certa a frase “Tinha ‘chego’ atrasado”?

O verbo “chegar” é regular e da primeira conjugação. Conjuga-se como o verbo “cantar” e não tem duplo particípio, logo a forma “chego”, como particípio passado, não existe.
Presente do indicativo: eu chego / tu chegas / ele chega / nós chegamos / vós chegais / eles chegam. Particípio passado: chegado.

Corrija-se para: “Tinha chegado atrasado”.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

CONCORDÂNCIA NOMINAL: VELHOS / VELHAS

Li a frase “A biblioteca tem livros e revistas velhos” e fiquei em dúvida quanto ao uso do termo “velhos”. Não seria “velhas”?

Temos aqui um caso clássico de concordância nominal optativa. Um mesmo adjetivo – velhos – posposto a dois substantivos de mesmo número e gêneros diferentes – livros e revistas.

A Gramática Normativa determina que, nesses casos, o adjetivo pode concordar no masculino plural (concordância gramatical) ou com o núcleo mais próximo (concordância aproximativa).

Estão corretas, portanto, “A biblioteca tem livros e revistas velhos” e “A biblioteca tem livros e revistas velhas”.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

SUB-SÍNDICO / SUBSÍNDICO

A palavra "subsíndico" é escrita com ou sem o hífen?

Uso do hífen com o prefixo “sub-“?
A regra não sofreu mudanças com o acordo: há hífen se a palavra seguinte começar por “b” ou “r”: sub-base, sub-reptício, sub-raça, sub-reino, sub-reitor…
Restou uma dúvida atroz: como proceder quando a palavra seguinte começar com “h”? A ABL “resolveu” que, nesse caso, o uso do hífen após o prefixo “sub” é facultativo: subumano ou sub-humano, subepático ou sub-hepático.
Conclui-se, portanto, que, diante de palavras começadas por qualquer letra diferente de “h”, “b” e “r”, o prefixo “sub” escreve-se sem hífen: subaquático, subemprego, subeditor, subitem, subchefe, subprefeitura, subsolo, subsecretário, subsíndico…

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

PONTE / DIVISA

A construção “A ponte danificada faz divisa entre o Paraná e o Rio Grande do Sul” está correta?

Há um equívoco semântico na construção. O vocábulo “ponte” possui os seguintes significados, dentre outros do mesmo sentido:

  1. Obra construída em aço, madeira ou cimento armado para estabelecer comunicação entre dois pontos separados por um curso d’água ou qualquer depressão no terreno.
    1. A ponte Rio-Niterói liga as duas maiores cidades fluminenses.
  2. Qualquer estrutura que liga duas partes homólogas.
    1. Uma tênue ponte liga os dois circuitos eletrônicos.
  3. Qualquer elemento que estabelece ligação entre pessoas ou coisas.
    1. Estabelecer uma ponte entre pais e filhos.
Como se vê, “ponte”, semanticamente, elimina as divisas entre duas partes que se achavam separadas por algum motivo.

sábado, 23 de novembro de 2013

SEMI-DEUS / SEMIDEUS

Como se escreve “semideus ou semi-deus”?

Com o prefixo “semi”, usa-se o hífen apenas se o segundo elemento começar pela mesma vogal ou pela letra [h]. Caso o segundo elemento começar com [R] ou [S], essas letras serão duplicadas.

Semi-intensivo; semi-internato; semi-histórico; semi-hebdomadário; semi-hidratado; semideus; semibreve; semivogal; semianalfabeto; semirrei; semirreta; semirreligioso; semissagitado; semissecular; semissábio. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

HAVER / REAVER

Está correta a frase: “É necessário que o Congresso reaveja suas tradições e independência”?

Os verbos compostos conjugam-se de acordo com os verbos simples que lhes deram origem: reter é derivado de ter e como este deve ser conjugado: eu tenho / retenho; tu tens / reténs; ele tem / retém... etc.

O verbo reaver conjuga-se como seu formador haver, mas apenas quando o primitivo possui a letra “V”: eu hei / ...; tu hás / ...; ele ...; nós havemos / reavemos; vós haveis / reaveis; eles hão / ....

A consequência deste “defeito de conjugação” é que o verbo reaver não tem o presente do subjuntivo nem a 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo e todo o imperativo negativo, formas derivadas do presente do indicativo.

O melhor é usar um verbo com significação análoga: “É necessário que o Congresso recupere (restaure / restabeleça) suas tradições e independência”.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

CHEGOU / CHEGARAM

Está certa a concordância verbal na frase “Chegou à escola o velho mestre e seus discípulos”? O sujeito não é composto?

Sim. O sujeito é composto e está posicionado depois do verbo. Esse sujeito composto posposto permite dois tipos de concordância verbal:

     a)  Concordância gramatical: o verbo vai para o plural, na pessoa predominante (1ª p. > 2ª p. > 3ª p.): “Chegaram à escola o velho mestre e seus discípulos”;


       b)  Concordância atrativa: o verbo concorda com o núcleo mais próximo: ““Chegou à escola o velho mestre e seus discípulos”.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

INFORMAR / AONDE

“O réu informa o tribunal o endereço aonde pode ser encontrado”. Ouvi essa expressão e fiquei na dúvida sobre sua correção.

O verbo “informar” está com a regência equivocada. “Informar alguma coisa a alguém” ou “informar alguém de (sobre) alguma coisa”.

O uso de “aonde” também não se justifica, pois ninguém é encontrado a algum lugar. Normalmente as pessoas informam “onde” podem ser encontradas.

A estrutura correta, portanto, é “O réu informa ao tribunal o endereço onde pode ser encontrado”.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O DIABETES / A DIABETES?

DIABETE ou DIABETES é substantivo comum, de dois gêneros e dois números. Pode ser o diabete, a diabete, o diabetes ou a diabetes. 

Entretanto, a tendência atual é pelo uso de "o diabetes".

sábado, 9 de novembro de 2013

MORTALIDADE OU MORTANDADE?

Milhares de peixes apareceram mortos no Lago Paranoá. Devo dizer que houve grande “mortalidade” ou grande “mortandade” de peixes?

Os dois termos são praticamente equivalentes, mas convém observar o seguinte:

Mortalidade: qualidade, estado ou condição do que é mortal, do que perece.
  • Os índices de mortalidade infantil têm diminuído consideravelmente.
Mortandade: número significativo, relevante, de mortes de pessoas ou de quaisquer seres vivos.
  • O uso indiscriminado de pesticidas agrícolas tem provocado a mortandade de insetos e pássaros polinizadores.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ONDE

Na frase “Muitos ficaram encantados com o sucesso de Eike Baptista, onde tudo que ele tocava virava ouro...”, está certo o uso da palavra “onde”?

A palavra “onde” é, morfologicamente, advérbio de lugar ou pronome relativo.

·    Onde você deixou o guarda-chuvas?                  (advérbio)
·    Vamos aonde?                                                      (advérbio)
·    Estamos onde muitos gostariam de estar.         (advérbio)
·    A mesa onde está o cinzeiro.                               (pronome relativo)
·    O colégio onde estudei.                                          (pronome relativo)

Observe-se que onde, como advérbio ou pronome relativo, só pode ser usado em relação a lugar geográfico:

·    A casa onde ele mora.
·    Onde você gosta de brincar?

Nos demais casos, usa-se em que:

·    A tese em que ele defende essa ideia.
·    O livro em que nos baseamos.
·    A faixa em que ele canta.
·    Na entrevista em que se perguntou isso.

A frase da consulta deve ser reformulada para “Muitos ficaram encantados com o sucesso de Eike Baptista, pois (porque, já que, uma vez que, porquanto) tudo que ele tocava virava ouro...”,

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O PLURAL DAS SIGLAS

Não há uma norma que “determine” assim ou assado. O mais usual é usar-se um /s/ minúsculo, sem apóstrofo, no final das siglas escritas com todas as letras em maiúsculas e também com um /s/ nas siglas escritas apenas com a inicial maiúscula.

A grafia das siglas é padronizada da seguinte forma: siglas de até três letras são escritas com letras maiúsculas (ONU; DST; ONG; UTI; CPI, PUC; USP). Siglas de quatro letras ou mais são escritas com apenas as iniciais maiúsculas, quando podem ser lidas como palavras (Anvisa; Libras; Unicamp; Bovespa; Fuvesp) e com todas as letras em maiúsculas quando são pronunciadas letra a letra (IBGE; BNDES; UFSC; UFMG; UFRS). 

Algumas siglas, por conveniência institucional, seguem normas próprias, como UnB (Universidade de Brasília); CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas); UFSCs (Universidade Federal de São Carlos).

Procon =è Procons =è Procuradorias de Proteção aos Consumidores;
ONG =è ONGs =è Organizações não governamentais;
APM =è APMs =è Associações de Pais e Mestres;
Ceasa =è Ceasas =è Centrais de Abastecimento.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

“Eu não entendo dessas coisas, mas vejo que o seu governo, bem como administrações estaduais e municipais, estão deslizando para um clima em que substitui-se o debate por eventos”.

Está correta a colocação pronominal no texto acima?

Não. 

Deve-se usar a próclise, pois o pronome relativo “que” é palavra subordinativa e obriga a que se desloque o pronome oblíquo átono para antes do verbo: “em que se substitui o debate por eventos”.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

TÚNEL - REDUNDÂNCIA

Ouvi, mais de uma vez, um apresentador de televisão dizer “túnel subterrâneo”. Está certo isso?

Não. Incorre-se no chamado pleonasmo vicioso ou redundância.

O Dicionário Houaiss registra o verbete assim:
TÚNEL – substantivo masculino
1   passagem subterrânea.
2   galeria subterrânea de seção ampla que se comunica com algum lugar ou liga duas seções de uma estrada, via férrea, rua etc.
Ex.: o t. sob o Canal da Mancha liga a França à Inglaterra.
3   Derivação: por extensão de sentido: qualquer coisa que lembre um túnel.
Ex.: o parasita abre túneis sob a pele do seu hospedeiro.
3.1 passagem coberta; latada, ramada
4   Derivação: sentido figurado: situação de opressão e desesperança que parece não ter fim.
Ex.: ver a luz no fim do túnel.

Já o Dicionário Aulete Eletrônico registra como:
Túnel - sm.
  1  Via ou passagem subterrânea, para pessoas ou veículos.
  2  Qualquer coisa que lembre um túnel: A bala abriu um túnel em seu crânio
  3  Situação muito adversa, difícil: Desesperado, não conseguia ver uma luz no fim do túnel.

Logo, dizer “túnel” já pressupõe “passagem subterrânea” e nos casos de uso de linguagem conotativa, o contexto é incumbido de esclarecer o significado pretendido.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

GOSTAR DE...

“Reza a boa educação que quando se convida alguém para uma festa na sua casa é preciso levar em conta a música que o convidado gosta, os quitutes que serão servidos e a forma de recebê-lo na porta”.

O fragmento, retirado de uma coluna jornalística, apresenta um equívoco na parte da regência verbal e outro, na pontuação.

Quanto à regência, trata-se do verbo (gostar). Já cantava Amália Rodrigues: “Não queiras gostar DE mim... DE quem eu gosto, nem às paredes confesso...”. Gostar de alguém... Gostar de alguma coisa.

A oração adverbial “quando se convida alguém para uma festa na sua casa” é de razoável extensão e está interferindo na ligação direta entre o verbo da oração principal (Reza) e seu complemento (é preciso...). Nesse caso, a oração adverbial interferente deve ser isolada por vírgulas: “, quando se convida alguém para uma festa na sua casa,”.

Há, ainda, um pequeno problema de ambiguidade na expressão “... se convida alguém para uma festa na sua casa,,, ”, em que não se sabe bem se a casa é do convidado ou de quem convida. Com um pouco de boa vontade, decidimos que a casa pertence a quem convida, já que não posso (ou não é usual) convidar alguém para uma festa em sua própria casa.

domingo, 20 de outubro de 2013

CONCORDÂNCIA COM COLETIVOS E PARTITIVOS

Está correta a concordância verbal na frase “A maioria dos navios a vela eram feitos de madeira”?

Quando o sujeito é um coletivo ou partitivo (exército, alcateia, rebanho, a maior parte de, a maioria dos, a minoria dos etc.), seguido de complemento plural, a concordância verbal pode ser feita com o verbo no singular (concordando com o núcleo do coletivo/partitivo), ou no plural, (concordando com o complemento).

·        O exército dos persas atacou/atacaram durante o alvorecer.
·        A alcateia de lobos albinos foi/foram derrotada(s) pelos rivais do norte.
·        A maioria dos viciados não consegue/conseguem libertar-se da dependência.
·        A minoria dos alunos gostava/gostavam daquela professora.


Ressalte-se que a concordância com o verbo no singular é a mais usada no registro formal culto.

AGORAFOBIA

Qual é o significado da palavra “agorafobia”?

É uma composição a partir de dois radicais gregos:
  1. ÁGORA – a praça; espaço onde eram discutidos os problemas da cidade.
  2. PHÓBOS  – aversão; medo, repulsa a algo ou a alguma coisa.

Usa-se o termo “agorafobia” para designar o distúrbio comportamental do medo aos grandes espaços públicos, como praças, ruas, edifícios, estádios etc.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

DEBAIXO / EMBAIXO / ABAIXO

DEBAIXO (advérbio)
1 - Em lugar mais baixo e na mesma direção vertical que o de algo ou alguém acima:
           ·    Moro no terceiro andar e ela mora no apartamento debaixo;
           ·    Levantou o pano para ver o que havia debaixo.
           ·    Vestia a camiseta do clube debaixo da camisa social.
Observação:
Não confundir com o sintagma de baixo, usado nas loc. adv.: de baixo a cima; de baixo para cima (indicam direção de movimento, orientação espacial ou hierárquica).

EMBAIXO (advérbio)
1 - Em posição, localização inferior (no espaço):
          ·    A oficina fica embaixo, no porão.
          ·    A bicicleta está embaixo da escada.
          ·    Bateram em retirada embaixo do fogo inimigo.
2 – Sentido figurado. Em posição de inferioridade; sem recursos e/ou prestígio; por baixo:
          ·    Foi uma atriz famosa, atualmente está bem embaixo.

ABAIXO (ADVÉRBIO)
Usado mais com o sentido de “direção a uma posição inferior”.
1 - Em direção à parte mais baixa.
         ·    Remamos rio abaixo.
         ·    O ladrão disparou rua abaixo em desabalada carreira.
         ·    Logo depois, o teto veio abaixo.
2 - Em lugar mais baixo.
         ·    Daqui se vê o estádio logo abaixo.
         ·    Há um erro duas linhas abaixo.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

FOI DEUS QUE (QUEM) FEZ VOCÊ?

“Foi Deus que me deu essa voz” ou “Foi Deus quem me deu essa voz”?

Tanto faz. Os pronomes relativos que/quem podem ser usados indistintamente quando tiverem personativos como antecedentes. O pronome relativo “quem” não pode ser usado tendo “coisa” ou “animal” como antecedente.

     ·    Guimarães Rosa foi quem mais inovou na Literatura brasileira.
     ·    Ele é o escritor que identifica o sertão com o universal.
     ·    O animal que atacou a criança não foi identificado.
     ·    A árvore que caiu tinha mais de 500 anos.
     ·    O aluno a que me refiro era de uma inteligência extraordinária.
     ·    A aluna de quem falo jamais faltou a uma aula.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

DISTORCER OU DESTORCER?

São palavras parônimas. Parecidas na grafia e na pronúncia, mas com significados distintos.

DISTORCER: alterar declaração alheia, ou seu sentido, (intenção, motivação); desvirtuar o sentido. Interpretação maldosa
·  O político acusou o jornal de distorcer suas palavras.
·  Sem uma leitura atenta e criteriosa, corre-se o risco de distorcer o pensamento do autor.

DESTORCER: endireitar o que estava torto; desfazer a torcedura.
  • A lavadeira torce e destorce a roupa.
  • A investigação destorceu toda trama urdida pelos malfeitores.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

LOCUÇÃO VERBAL / SUBJUNTIVO

Está correto o uso da locução verbal em “É possível que a fábrica de Portugal pode estar enfrentando baixa demanda na região”?

A frase da consulta revela indagação sobre uma possibilidade. Fatos possíveis ou de ocorrência duvidosa são expressos com o verbo no subjuntivo. Na locução, basta usar o verbo auxiliar nesse modo.

Corrija-se a frase para “É possível que a fábrica de Portugal possa estar (esteja) enfrentando baixa demanda na região”.

sábado, 28 de setembro de 2013

CONCORDÂNCIA COM VERBOS CAUSATIVOS

O GOVERNO ORIENTOU OS OPERÁRIOS A BUSCAR SEUS DIREITOS

Embora saibamos que a concordância verbal obedece à relação entre sujeito e predicado, com os verbos ditos “causativos” há grande controvérsia sobre a flexão do infinitivo.

Quando os ditos verbos vêm acompanhados de pronome oblíquo átono, o infinitivo que o segue, normalmente não se flexiona. Como em
  • “Mandei-os estudar”;
  • “Deixei-os falar o que bem quisessem”.
É facultativa a flexão do infinitivo se o sujeito não for representado por pronome átono e se o verbo da oração determinada pelo infinitivo for causativo (mandar, deixar, fazer) ou sensitivo (ver, ouvir, sentir) e sinônimos.
  • Mandei sair os alunos./ Mandei saírem os alunos;
  • Deixaram morrer os prisioneiros / Deixaram morrerem os prisioneiros;
  • Fizemos os adversários errar o golpe / Fizemos os adversários errarem o golpe.
Ocorre, entretanto, que este caso (O GOVERNO ORIENTOU OS OPERÁRIOS A BUSCAR SEUS DIREITOS) é um pouco diferente. Embora a dupla concordância seja aparentemente possível, a construção original (de característica latina) não prevê a flexão do infinitivo. Basta verificar que a oração subordinada “a buscar seus direitos”, está regida pela preposição “a” revelando que a construção se faz, na verdade com dois objetos. O objeto direto é “operários” e o indireto é a oração reduzida de infinitivo “a buscar seus direitos”.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

É QUE / É DE QUE?

Devo escrever “A expectativa é que o trânsito melhore” ou “A expectativa é de que o trânsito melhore”?

As duas formas são aceitáveis.

A oração destacada é uma subordinada substantiva predicativa, isto é, exerce a função de “predicativo do sujeito”. Tais orações vêm sempre em seguida a um verbo de ligação e atribuem uma qualidade, permanente ou transitória, ao sujeito da oração principal.

·    Nosso desejo era sua vitória. (Predicativo do Sujeito)
·    Nosso desejo era que ele vencesse. (Oração Subordinada Substantiva Predicativa)

Obs.: é comum o uso estilístico (realce) da preposição expletiva "de", sem que a correção linguística fique comprometida.

·    A impressão é de que a população está abandonada.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

CONFIAR EM

Está certa a frase “Sedex é a empresa que mais o brasileiro mais confia”?

Esta frase está sendo usada em uma campanha publicitária veiculada pela mídia escrita, falada e televisada. Como texto publicitário, que, muitas vezes, se aproxima da linguagem poética, não se costuma exigir o uso estrito do registro formal culto.

Olhando pelo prisma da correção gramatical, está equivocada. O verbo “confiar” rege a preposição “em”. Confiar em alguém. Confiar em alguma instituição.

Corrija-se para: “Sedex é a empresa em que o brasileiro mais confia”.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

PODE ESTAR OU POSSA ESTAR?

Está correto o uso da locução verbal em “É possível que a fábrica de Portugal pode estar enfrentando baixa demanda na região”?

A frase da consulta revela indagação sobre uma possibilidade. Fatos possíveis ou de ocorrência duvidosa são expressos com o verbo no subjuntivo. Na locução, basta usar o verbo auxiliar nesse modo.

Corrija-se a frase para “É possível que a fábrica de Portugal possa estar (esteja) enfrentando baixa demanda na região”.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

CAPOTAGEM OU CAPOTAMENTO?

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) registra a existência de “capotagem”. Os dicionários Aurélio, Houaiss, Micaellis e Universal da Língua Portuguesa (Priberan) também registram apenas “capotagem”. O dicionário Aulete (eletrônico) registra “capotagem” e “capotamento”, com o mesmo significado.
Prefiro ficar com a maioria e usar sempre “capotagem”.

"Serviço de "alta tecnologia" no setor de separação de encomendas'...


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

DE FÉRIAS OU EM FÉRIAS?

As duas formas estão corretas: de férias ou em férias.
  • A viagem será tranquila, pois todos estarão de férias.
  • Os visitantes terão toda nossa atenção, pois estaremos em férias.

Há, entretanto, uma situação especial. Quando o substantivo férias está adjetivado, usa-se apenas “em férias”.
  • No próximo mês, sairemos em férias coletivas.
  • No final de dezembro, estaremos em merecidas férias.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

BOCA-DE-LOBO OU BOCA DE LOBO?

A reforma ortográfica anulou algumas distinções com as quais já estávamos habituados – e sabemos que pares opositivos são úteis, fáceis de lembrar. Enfim, muita gente ainda não se acostumou com o desaparecimento de certos hifens.

Esse foi o caso, por exemplo, da locução "dia a dia" (equivalente a "dia após dia"), que se distinguia do substantivo composto "dia-a-dia" (grafia antiga), sinônimo de "cotidiano", exatamente pelo par de hifens. Com a reforma, a grafia se universalizou: "dia a dia" em todos os casos. Assim: “Dia a dia, ele se tornava mais áspero” e “Eram tarefas simples do dia a dia”.

Há situações, entretanto, em que a distinção permanece. É o caso de "boca-de-lobo" e "boca de lobo". A forma hifenizada é nome de uma espécie botânica (é o outro nome da trepadeira também conhecida como "dente-de-leão"); a forma sem hifens é um sinônimo de bueiro.


É preciso lembrar que os nomes de espécies botânicas e de espécies animais mantiveram a grafia hifenizada. Assim: dente-de-leão (espécie botânica); boca-de-lobo (espécie botânica); canela-de-ema (espécie botânica); gavião-de-penacho (espécie animal) pomba-de-arribação (espécie animal), mas boca de lobo (bueiro), boca de urna, boca de sino, boca de siri, boca de fumo, boca do lixo etc.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

NECROPSIA – NECRÓPSIA

A palavra é composta de dois radicais gregos (nekrós = morto; opsis = exame, vista).

Pela formação grega da palavra, a pronúncia deve ser com acentuação tônica no /i/ da penúltima sílaba “NECROPSIA”. Segundo o Dicionário Houaiss, sua aparição na Língua Portuguesa deu-se por volta de 1858, como empréstimo linguístico do Francês.

De lá para cá, porém, o uso tem dado preferência à acentuação na antepenúltima sílaba “NECRÓPSIA”. Essa alteração da posição tônica pode ter ocorrido em razão de o sufixo “IA” ser átono em Latim e tônico em Grego. Portanto, quando se diz “NECROPSIA”, está-se obedecendo á prosódia grega e quando se diz “NECRÓPSIA”, dá-se preferência à prosódia latina. O mesmo acontece com o par “autópsia / autopsia”.

Manda a prosódia, por conseguinte, que a pronúncia correta seja “NECROPSIA”, aceitando-se “NECRÓPSIA" por uma questão de uso continuado por parte dos falantes.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

MOTO-TÁXI OU MOTOTÁXI?

Trata-se de uma palavra composta a partir de dois radicais estrangeiros, sendo que o primeiro deles sofreu um processo de redução. “moto < motor” e o segundo já é corrente na forma aportuguesada com o acento gráfico inexistente na língua de origem “taxi (inglês) > táxi (português)”.

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras (ABL) não faz qualquer menção à existência da palavra. Os dicionários Houaiss, Michaellis e Aurélio também não a registram.

O Dicionário Aulete Eletrônico registra “MOTOTÁXI”, tal como o faz o Dicionário Universal da Língua Portuguesa (Priberan).

Assim, podemos assumir como correta a forma “MOTOTÁXI”, que está de acordo com “motosserra”, “motocicleta”, “motobomba”, “motobói”, “motocultor”, todas já perfeitamente consagradas e dicionarizadas.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

VALE-TRANSPORTE

Como se faz o plural de “vale transporte”?

Vale-transporte (com hífen), segundo o Acordo Ortográfico, faz o plural como "vales-transporte" ou como "vales-transportes".

Nesse tipo de composição, constituído por duas palavras variáveis (substantivo + substantivo, no presente caso), geralmente as duas vão para plural. Entretanto, quando o segundo elemento é um especificador do primeiro, limitando-lhe e/ou determinando-lhe o sentido, há a alternativa de só o primeiro ir para o plural.

Prefiro a última hipótese.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

PLURAL COM METAFONIA

Como se faz o plural de “forno” e de “forninho”?

Na pluralização de “forno”, além da desinência /S/, ocorre a metafonia [ô/ó]: “f/ó/rno/s/”.

Metafonia é a mudança de timbre da vogal tônica por influência de outra vogal átona da sílaba final da palavra. Trata-se, portanto, de um fenômeno de natureza assimilatória, em que vogais finais alteram traços da vogal tônica anterior, abrindo-a, quando, do ponto de vista etimológico, deveria ficar fechada, ou fechando-a antietimologicamente.

As gramáticas disponíveis no mercado tratam o problema superficialmente, dedicando-lhe poucas linhas, com exemplos mais corriqueiros, sem explicar a fundo a natureza do fenômeno. Provavelmente isso acontece em razão de a metafonia ocorrer em nível da fala, enquanto que as gramáticas, via de regra, privilegiam o emprego da língua escrita.

A palavra forno (< do latim fornŭm) abre a vogal tônica no plural (fórnos), por analogia com um esquema pré-existente (miolo / miólos; poço / póços; gostoso / gostósos; socorro / socórros; etc.), todos justificados pela evolução linguística.

Já para o diminutivo, não se encontra fonte que descreva tal metafonia. Aliás, a palavra "forninho" nem é registrada em alguns dicionários (Aurélio e Houaiss). O dicionário Aulete registra como "forninho" com a primeira vogal fechada. O VOLP registra “forninho” sem qualquer alusão ao timbre das vogais.

É evidente que, em tais casos, se torna válido o uso do recurso da analogia, aplicando-se no diminutivo o mesmo processo corrente na palavra primitiva.

Porco (vogal tônica fechada) è porcos (vogal tônica aberta);
Porquinho (vogal pré-tônica fechada) è porquinhos (vogal pré-tônica aberta);
Forno (vogal tônica fechada) è fornos (vogal tônica aberta);
Forninho (vogal pré-tônica fechada) è forninhos (vogal pré-tônica aberta).