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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

SUJEITO "UM DOS QUE"

Como deve ser a concordância verbal e nominal no texto “Um quarto dos que faz/fazem redução de estômago volta/voltam a ficar obeso/obesos”?

O sujeito representado pela expressão “um dos que” aceita a concordância com o verbo no singular ou no plural. É preciso, apenas, atentar para o paralelismo sintático que deve existir na concordância com os demais elementos da sequência.

           a)   Um quarto dos que faz redução de estômago volta a ficar obeso.
           b)   Um quarto dos que fazem redução de estômago voltam a ficar obesos.

Por conseguinte, são possíveis as duas construções. Pode-se afirmar que, hoje, a questão é apenas de sentido: com o verbo no singular, enfatiza-se a ideia da ação individual; com o verbo no plural, reforça-se o aspecto da ação coletiva.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

MEIO MILHÃO FUGIR / FUGIREM

Em “Tufão faz meio milhão fugir/fugirem de casa”, deve-se usar o verbo no singular o no plural?

Meio milhão é singular, representa a coleção de quinhentos mil objetos, cidadãos, mosquitos, moedas. A concordância verbal com sujeitos coletivos é feita com o verbo no singular.
Tufão faz meio milhão fugir de casa.

Se, no entanto, houver um complemento, necessariamente no plural, para esse coletivo, a concordância poderá ser feita com o verbo indiferentemente no singular ou no plural

Tufão faz meio milhão de pessoas fugir de casa.
Tufão faz meio milhão de pessoas fugirem de casa.


FULANO OU SICRANO SERÁ/SERÃO

“Fulano ou sicrano serão escolhidos como representantes da turma”. A concordância verbal está correta?

A conjunção alternativa “ou” evidencia que só um deles será escolhido.

Se os dois pudessem ser representantes, não usaríamos a alternativa, mas a aditiva “e”. A conjunção alternativa significa a exclusão de um dos elementos, logo o verbo deverá concordar no singular e mais as necessárias adaptações de número no predicativo do sujeito: “Fulano ou sicrano será escolhido como representante da turma”.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

LINCHAR - LINCHAMENTO

Uma chamada de matéria no jornal dizia que: “O ladrão foi linchado por moradores e, posteriormente, encaminhado ao hospital com ferimentos generalizados”. Se o indivíduo foi “linchado” não quer dizer que morreu? Qual é a origem e o significado de “linchar”?

O termo “linchar” resulta do empréstimo linguístico feito do inglês “Lynch”.

O dicionário A. Houaiss registra o seguinte:
To lynch 'executar sumariamente, sem julgamento regular, por uma decisão coletiva, o autor de um crime grave', der. de Lynch law 'lei de Lynch' (1838), de William Lynch, fazendeiro de Pittsylvania, no Estado da Virgínia (E.U.A.), que no final do século XVIII instituiu um tribunal privado a que incumbia julgar sumariamente os criminosos apanhados em flagrante; ocorre em uns poucos vocábulos, de fins do século XIX em diante: linchado, linchador, linchagem, linchamento, linchar

Linchar – Verbo transitivo direto
1. Executar sumariamente, sem julgamento regular e por decisão coletiva (criminoso ou alguém suspeito de sê-lo).

Por aí se vê que a vítima de um linchamento não deve ser encaminhada ao hospital, mas ao necrotério. Entretanto, é comum ver-se em jornais e revistas o termo “linchar” ser usado para eventos em que várias pessoas agridem um suposto criminoso, sem, no entanto, ocasionar-lhe a morte.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

COLOCAÇÃO DO PRONOME OBLÍQUO (APOSSÍNCLISE)

Está correta a frase “Era impossível que lhe não deixasse alguns reais a cada visita”? A posição do pronome “lhe” me parece estranha.

A posição do pronome “lhe” é, realmente, pouco usual, mas está correta.

Há dois elementos subordinantes, – “que / não” – encadeados antes do verbo “deixar”. Essa ocorrência permite que se posicione o pronome oblíquo átono antes do verbo “que não lhe deixasse”, ou entre os dois elementos encadeados “que lhe não deixasse”.

A gramática normativa chama essa colocação de “apossínclise”.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

SILEPSE DE PESSOA

Na oração “Os contribuintes compartilhamos da preocupação com os destinos dados ao nosso rico dinheirinho”, a concordância verbal está correta? O sujeito “contribuintes” é da 3ª pessoa do plural e o verbo “compartilhar” está na 1ª pessoa...

A concordância está correta. O autor usou de um recurso expressivo chamado de “silepse de pessoa” ou “concordância ideológica”. É possível usar a silepse de pessoa somente quando o falante está incluído entre os integrantes de um sujeito plural. É como se ele dissesse: “Nós, os contribuintes, compartilhamos...”.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

REGÊNCIA DO VERBO PEDIR

Está certa a regência na frase “Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010″?

O verbo “pedir”, nesse contexto, é transitivo-relativo, isto é, deve ser construído com dois complementos: objeto direto (para coisa) e objeto indireto (para pessoa). É como se eu dissesse: “pedir alguma coisa a alguém”. Pedir mesada ao pai; Pedir ajuda ao amigo.

Em “eu o pedi”, o alvo da petição, objeto indireto, é representado pelo pronome oblíquo átono “o”, o que é gramaticalmente incorreto, pois tal pronome não exerce a função de objeto indireto. Tal função é própria do pronome oblíquo átono “lhe”.

A frase, portanto, deve ser corrigida para: “Porém, em nenhum momento eu lhe pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010″.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

CONCORDÂNCIA VERBO-NOMINAL

Devo escrever “Grande parte do trabalho foi feito por estagiários” ou “Grande parte do trabalho foi feita por estagiários”?

Os partitivos, como “a maioria” e “parte”, apresentam um status categorial “ambíguo”.
Ao lado de uma natureza funcional, que lhes permite realizar operações de quantificação sobre nomes, também apresentam uma natureza lexical, com um comportamento semelhante ao de verdadeiros núcleos nominais.

No primeiro caso, o nome antecedido por “maioria” ou “parte” é o termo controlador da concordância; no segundo caso, “maioria” e “parte” detêm o controle da concordância. Pode-se dizer que “maioria” e “parte”, além de “quantificadores de contagem”, também pertencem, respectivamente, às subclasses semânticas de “termos de referência dependente” e “quantificadores de medição”.

Quanto à concordância, quando “parte” tem o sentido apenas de “área”, isto é, só existe a leitura quantificativa, a concordância é feita com o primeiro nome.
a)     Grande parte do trabalho foi feita por estagiários”. (leitura quantificativa).

Numa sentença em que tanto a leitura quantificativa quanto a descritiva podem ser atribuídas ao nome partitivo, o verbo no singular, concordando com o primeiro nome, permite ambas as leituras.
a)     Grande parte do trabalho foi feita por estagiários”. (leitura quantificativa).
b)     “Grande parte do trabalho foi feito por estagiários”. (leitura descritiva).

CONCLUSÃO
Quando o sujeito é constituído de uma expressão partitiva, seguida de complemento, a CONCORDÂNCIA VERBAL pode ser feita com o verbo no singular ou no plural. Se houver predicativo do sujeito, ele concordará em gênero e número com o partitivo ou com o complemento.
c)     A maior parte dos alunos ficou satisfeita.
d)     A maior parte dos alunos ficaram satisfeitos.
e)     Um terço das mulheres está grávido.
f)       Um terço das mulheres estão grávidas.

Assim, a frase da consulta pode ser formulada de duas formas distintas, ambas perfeitamente gramaticais:
1.     “Grande parte do trabalho foi feita por estagiários” (leitura quantificativa).

2.     “Grande parte do trabalho foi feito por estagiários” (leitura descritiva)

domingo, 30 de novembro de 2014

O VERBO PARTICIPAR

A frase “Foi a prova mais difícil que já participei” está correta?

O verbo “participar”, no sentido de tomar ou fazer parte de algo, é transitivo indireto, exigindo complemento regido da preposição “de”. Participar de um evento; de uma ação; de uma decisão...

O uso correto, por conseguinte, é “Foi a prova mais difícil DE que já participei”.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

SIGNIFICADO DO VERB O "IMPINGIR"

O uso do verbo “impingir” na frase “A empresa foi impingida a pagar propina ao esquema criminoso” está certa?

O dicionário Houaiss registra para o verbo impingir, dentre outros, os seguintes significados:
2 ( bit. ) [prep.: a] forçar a engolir; empurrar
    ‹ impingiu-lhe uma colherada de purgante ›
3 ( bit. ) [prep.: a] obrigar a aceitar (algo que não deseja); empurrar, impor
    ‹ impingiu uma rifa aos amigos ›

Deduz-se, portanto, que o uso em “A empresa foi impingida (obrigada – forçada) a pagar propina ao esquema criminoso” está absolutamente correto.

Tratamos aqui, evidentemente, apenas do aspecto linguístico envolvido no texto.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

REGÊNCIA DO VERBO GOSTAR

A moça "que ele gosta".

“Reza a boa educação que quando se convida alguém para uma festa na sua casa é preciso levar em conta a música que o convidado gosta, os quitutes que serão servidos e a forma de recebê-lo na porta”

A oração destacada apresenta um equívoco na regência do verbo “gostar”.
Já cantava Amália Rodrigues: “Não queiras gostar DE mim... DE quem eu gosto, nem às paredes confesso...”. Gostar de alguém... Gostar de alguma coisa.

Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

ABREVIATURAS DAS HORAS

A festa começa “às 12:30 hrs.”, pontualmente.” ou “às 12:30 H”? Qual das duas grafias está correta?

Nenhuma delas.

As abreviaturas referentes a horas não têm plural nem pontuação. A grafia correta da frase é “a festa começa às 12h30m, pontualmente”. Caso haja “segundos” escreve-se “12h30m17s”.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

À MEDIDA QUE / NA MEDIDA EM QUE

Diz-se "à medida que" ou "na medida em que"?
São duas locuções conjuntivas parecidas, mas de significados diferentes
Apenas para lembrar: "locução conjuntiva" é todo grupo de palavras com função relacional entre duas ou mais orações ou dois ou mais termos de uma oração.
·        À proporção que chovia / a terra ficava encharcada...
·        "À medida que" significa o mesmo que "à proporção que".
·        À medida que se esforçava, sua importância na empresa aumentava.
Trata-se de uma locução conjuntiva com valor de proporção, introduzindo orações subordinadas adverbiais proporcionais.
A locução "na medida em que", não tem tradição nos clássicos da língua, contudo vem sendo usada com valor causal.
O governo não conseguiu resolver o problema na medida em que não enfrentou suas verdadeiras causas.
Ou seja,
O governo não conseguiu resolver o problema porque não enfrentou suas verdadeiras causas.
Alguns condenam o uso de "na medida em que", argumentando que não há registro histórico dessa forma na língua. Mas o fato é que essa construção já se tornou rotineira e, como a língua não é uma entidade estanque e imutável, deve ser considerada.

O que não é aceitável em hipótese alguma é escrever "à medida em que".

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A EXPRESSÃO “EMPRESA FANTASMA” DEVE SER ESCRITA COM OU SEM O HÍFEN? COMO SE PLURALIZA?

São duas as questões, uma sobre ortografia e outra sobre flexão dos compostos.

Quanto à grafia, trata-se de palavra composta de dois nomes gramaticais, os quais mantêm sua independência fonética, mas formam uma terceira unidade significativa. Nesses casos a grafia é com o hífen.

A pluralização é feita com a flexão do primeiro elemento, pois o segundo tem função especificadora, como em navio-escola / navios-escola; fazenda-modelo / fazendas-modelo; caneta-tinteiro / canetas-tinteiro; palavra-chave / palavras-chave; bomba-relógio / bombas-relógio; notícia-bomba / notícias-bomba; homem-rã / homens-rã; peixe-espada / peixes-espada.

Empresa-fantasma / empresas-fantasmas.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

CONCORDÂNCIA VERBAL NA VOZ PASSIVA

Em “Em toda campanha eleitoral há denúncias que não se comprovam. E assim que acaba a eleição ninguém se responsabiliza por ela. Não se pode cometer injustiças.”, a concordância verbal está correta?

Temos o caso de uma oração passiva sintética. O pronome “se” é um pronome apassivador. Esse fato é facilmente comprovável pela conversão da passiva sintética em passiva analítica: “Injustiças não podem ser cometidas”, perfeitamente gramatical, como acontece na primeira oração do período: “há denúncias que não se comprovam”.

A gramática normativa diz que, em casos assim, o verbo deve concordar com o sujeito passivo. Quem é o sujeito? O que não se pode cometer? “Injustiças”.

A frase da consulta está portanto, defeituosa no que se refere à concordância verbal. Deve ser reescrita como “Não se podem cometer injustiças”.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

MAIS GRAVIDADE OU MAIOR GRAVIDADE?

Depende do contexto. Se os advérbios “mais” e “maior” estiverem estabelecendo o chamado “grau comparativo”, deve-se levar em conta o seguinte:

a) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre duas qualidades de um mesmo elemento, usam-se as formas analíticas mais bom, mais mau, mais grande e mais pequeno.

Pedro é maior que (do que) Paulo - Comparação da mesma qualidade atribuída a elementos distintos.

Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas qualidades atribuídas a um mesmo elemento.

Caso tais advérbios tenham apenas o papel de intensificador, leva-se em conta o seguinte:

1.   "Mais gravidade" para um fato isolado.
·        Acidentes envolvendo crianças apresentam mais gravidade em seus resultados;

2.   "Maior gravidade" quando houver uma comparação entre dois ou mais fatos.
·        Acidentes envolvendo crianças apresentam maior gravidade que aqueles em que as vítimas são adultas.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ELEGER / ELEGEMOS / ELEGERMOS

Em “É possível que elegemos algum candidato ficha-suja nas próximas eleições”, o uso do verbo “eleger” está correto?

Como a ação de “eleger” está colocada como uma possibilidade futura, o verbo deve ser usado no futuro do subjuntivo: “É possível elegermos algum candidato ficha-suja nas próximas eleições”.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

JUIZ / JUÍZES

Qual é a razão de escrevermos diferentemente “juiz” e “juízes”?

Em “ju-iz” a sílaba tônica termina com a letra [z]. É uma sílaba fechada. Em “ju-í-zes” isso não se dá, pois a letra [z] passa a pertencer à sílaba seguinte e a tônica passa a ser uma sílaba aberta.

A regra ortográfica diz que as letras [i] e [u], quando estiverem em sílabas tônicas abertas ou fechadas em [s], serão acentuadas graficamente.


Raiz / raízes – juiz / juízes – cair / caíram – sair / saíram - saúva – saída – saíram – cabreúva – embaúba – balaústre – jataí – tatuí – jaú – caíste.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

DIA A DIA

Dia a dia ou dia-a-dia?

A reforma ortográfica anulou algumas distinções com as quais já estávamos habituados – e sabemos que pares opositivos são úteis, fáceis de lembrar. Enfim, muita gente ainda não se acostumou com o desaparecimento de certos hifens.

Esse foi o caso, por exemplo, da locução "dia a dia" (equivalente a "dia após dia"), que se distinguia do substantivo composto "dia-a-dia" (grafia antiga), sinônimo de "cotidiano", exatamente pelo par de hifens. Com a reforma, a grafia se universalizou: "dia a dia" em todos os casos. Assim: “Dia a dia, ele se tornava mais áspero” e “Eram tarefas simples do dia a dia”.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

COMPREI ELE / COMPREI-O

Porque não posso escrever “comprei ele”, “vendi ele”, “decepcionei tu”, “convidou nós”?

Os pronomes retos eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. São chamados de pronomes subjetivos, isto é, servem de sujeito da oração.

Para a função de objeto temos os pronomes oblíquos átonos (me-te-se-lhe(s)-nos-vos-o(s)-a(s)) e os oblíquos tônicos (mim, comigo, ti, contigo, si, consigo, conosco, convosco).

Assim: comprei-o; vendi-o; decepcionei-te; convidou-nos; falar contigo; vir a mim; Deus seja convosco...

Também: deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.
Os pronomes pessoais retos (tu, ele, nós, vós e eles) podem, eventualmente, desempenhar a função de objeto preposicionado.
·    Ofereceu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta.

·    Deu-nos, a nós, toda a atenção possível.

sábado, 18 de outubro de 2014

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

A colocação pronominal está correta em “Aécio assinou documento no qual compromete-se a adotar alguns pontos do programa de Marina”?

O termo “no qual” é um elemento subordinante que obriga a próclise do pronome oblíquo átono. O correto, portanto, é “Aécio assinou documento no qual SE compromete a adotar alguns pontos do programa de Marina”.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

SUJEITO PARTITIVO + ESPECIFICADOR

Na frase “A maioria dos eleitores não compareceu/compareceram para votar”, o verbo deve ser usado no singular ou no plural?

Quando o sujeito é uma expressão partitiva (a maioria, a minoria, a maior parte de, a menor parte de etc.), acompanhada de um especificador (dos alunos, dos bandidos, dos soldados... etc.) o verbo pode concordar com o núcleo, ou com o especificador.

·        A maioria dos alunos faltou / faltaram.
·        A minoria dos bandidos fugiu / fugiram.
·        Grande parte dos eleitores votou / votaram.
·        A menor parte dos deputados compareceu / compareceram.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

ENXOVAL / ENCHENTE

Qual a razão de se usar “X” na palavra “enxoval” e “CH” em “enchente”?

O fonema palatal /chê/, no sistema ortográfico usado no Brasil, é representado por “X” quando ocorre depois da inicial “EN-”. Estão nesse caso palavras como enxoval, enxotar, enxovia, enxame, enxergar, enxabelador, enxabelha, enxabelhar, enxabelho, enxabeque, enxabiado, enxaca, enxacoco, enxada, enxadrezar etc.

Excetuam-se os casos em que há derivação de palavras com o “CH”, como cheio, charco, chave: encher, enchimento, encharcar, encharcado, enchente etc.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

LHE PERMITE / O PERMITE

Em “Comemora o fim das concentrações em jogos, o que o permite aproveitar um período maior ao lado da família”, o uso do verbo “permitir” está correto?

O verbo “permitir” está construído como transitivo-relativo, ou seja, tem dois complementos verbais distintos: um objeto direto e um objeto indireto. Podemos dizer que “quem permite, permite alguma coisa a alguém”. A expressão “alguma coisa” é o objeto direto; “a alguém” é o objeto indireto.

Na frase da consulta, usa-se o pronome oblíquo átono “o” como objeto indireto e é aí que está o equívoco, pois esse pronome não exerce tal função. O pronome “lhe” deveria ser o escolhido.

“Comemora o fim das concentrações em jogos, o que LHE permite aproveitar um período maior ao lado da família”.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

DESVIAR / DESVIAREM RECURSOS

Qual a forma correta?

“Eles são acusados de desviarem recursos públicos” ou “Eles são acusados de  desviar recursos públicos”?

Há uma norma gramatical, formulada, em 1803, pelo Gramático Soares Barbosa (apud Napoleão Mendes — Gramática Metódica) que diz o seguinte: “Flexiona-se o infinitivo quando ele tem sujeito próprio, diverso do sujeito do verbo regente; não se flexiona quando os sujeitos são idênticos”.

No período da consulta, o sujeito da primeira oração é o mesmo da segunda: “Eles são acusados de (eles) desviar recursos públicos”, logo o infinitivo tem o mesmo sujeito da oração anterior, devendo ficar, por conseguinte, invariável.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

CERCA DE / PERTO DE

Cerca de vinte candidatos foi eleito / foram eleitos?

Com expressões que indicam quantidade aproximada, como cerca de..., perto de..., mais de..., menos de..., o verbo deverá concordar com o substantivo que vier depois da expressão aproximativa.

Exemplos:
  • Cerca de nove mil candidatos concorreram ao emprego.
  • Mais de um aluno foi reprovado na 7.ª série.

Com a expressão mais de um, quando indicar uma ação recíproca, o verbo deverá aparecer no plural.


  • Mais de um jogador se abraçaram de felicidade.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O HÉLICE / A HÉLICE

Qual é o gênero de “hélice”?

Embora alguns almanaques insistam em usar o termo como substantivo masculino, etimologicamente ele é sempre feminino. O Grande Dicionário Etimológico e Prosódico da Língua Portuguesa, de Silveira Bueno, registra quatro acepções (aparelho propulsor de aviões e navios; nome erudito de “Hera”; voluta menor de um capitel; gênero de gastrópodes univalves) todos como do gênero feminino.

Substantivo feminino.
  • Os motores daquele navio movimentam duas hélices enormes. 
  • Uma hélice de oito pás desprendeu-se durante a aterrissagem.
  • As hélices emperraram.
  • As hélices foram dizimadas pela poluição trazida pelos esgotos.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

NO GOIÁS / EM GOIÁS?

“É como se diz lá no Goiás” está certo?

RESPOSTA  
Alguns nomes substantivos não aceitam artigos quando não estão determinados por algum qualificativo. Por exemplo, ninguém gosta da Brasília, mas de Brasília; Meu pai veio da (de+a) Espanha e minha mãe, de Portugal; Gostei muito de Londres, de Paris e de Barcelona.

Goiás é um desses nomes que não aceitam artigo, a não ser quando determinados (seguidos ou precedidos por uma palavra ou expressão qualificativa).

A frase correta, portanto, seria “É como se diz lá em Goiás”.
Agora, se dermos alguma qualidade ao nome “Goiás”, a coisa muda de figura.
“É como se diz lá no (em+o) Goiás das grandes fazendas”.
“Ninguém gosta da Brasília dos políticos desonestos”.
“Gostei mais da Paris iluminada e moderna que da Lisboa tristonha e ultrapassada”.

Os pernambucanos gostam de falar "O Recife", "No Recife", mas, gramaticalmente, nada justifica tal uso. Já "Bahia" aceita tranquilamente o uso do artigo. 
"A Bahia é fascinante".
"Adoro viajar para a Bahia".
"Este coco veio da Bahia"?

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

PLURAL DE CORRIMÃO

Como se faz o plural de “corrimão”? 

Logicamente, o plural de corrimão seria apenas corrimãos, porque esta palavra é formada de correr+mão. Contudo, vulgarizou-se o plural corrimões por duas razões: por um lado, porque se perdeu bastante a noção de que em corrimão entra o elemento mão, cujo plural é mãos; por outro lado, porque há tendência para fazermos em -ões o plural das palavras terminadas em -ão.

Em conclusão: temos o plural corrimãos e o plural corrimões. Este último é o mais corrente.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

DOIS MILHÕES DE PESSOAS

Devo escrever “dois milhões de pessoas” ou “duas milhões de pessoas”?

Milhão, bilhão, trilhão etc. funcionam como substantivos masculinos, com a significação de milheiro. Qualquer termo de natureza nominal (pronomes, adjetivos, artigos, numerais) que a eles se juntarem deverão concordar no masculino (singular ou plural).

    ·        Dois milhões de pessoas votaram.
    ·        Um milhão de votos foram invalidados.
    ·        Trezentos milhões de reais foram desviados.

Observe que a concordância verbal está feita com os complementos (pessoas, votos, reais), podendo, também, concordar com o numeral.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PORCENTAGEM SEGUIDA DE COMPLEMENTO PLURAL

Em “na pesquisa anterior, 1 por cento dos entrevistados disseram que votariam em qualquer candidato ou que não rejeitam nenhum”, temos a possibilidade de deixar o verbo no singular, concordando com "1 por cento"; pode-se, também, levar o verbo para o plural, fazendo-o concordar com o complemento "dos entrevistados".

Importante observar que alguns gramáticos consideram a primeira opção a melhor, mas outros discordam e preferem a segunda.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

ANTÓNIO ou ANTÔNIO

Brasileiros podem escrever António ou Antônio?
O novo Acordo Ortográfico admite dupla grafia nos casos em que os portugueses pronunciam a vogal tônica aberta e os brasileiros preferem-na fechada. São centenas as palavras em que as vogais tônicas E/O apresentam tal diferença prosódica e, consequentemente, gráfica: tênis/ténis, grêmio/grémio, ônibus/ónibus, quilômetro/quilómetro etc.

Isso posto, são dadas como corretas variantes como Antônio/António, sem que haja qualquer limitação territorial (cada falante é livre para escolher a forma mais lhe agrade). Entretanto, acredito que, morando no Brasil, seria mais sensato preferir o uso corrente de nosso País: Antônio.

sábado, 6 de setembro de 2014

OBSESSÃO / OBCECADO

Por que OBSESSÃO e OBCECADO têm grafias diferentes?
É um problema etimológico. Apesar de parecidos, um nada tem a ver com o outro. Ambos vêm do Latim
O vocábulo OBSESSÃO (de obsessio, -onis) é uma ideia fixa, preocupação doentia, recorrente.
OBCECADO (de caecus, -um). Diz-se de quem se deixou cegar por algum problema, perdeu a lucidez.

Como nosso sistema ortográfico tem a etimologia (a origem das palavras) como uma de suas bases, acompanha-se a forma de escrever latina, por isso a diferença ortográfica. 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

VAI A VOTAÇÃO / VAI À VOTAÇÃO?

“A Medida Provisória VAI A VOTAÇÃO / VAI À VOTAÇÃO na próxima semana”. Uso ou não a crase?
Sem crase.
O verbo de movimento exige a preposição “A”, mas o substantivo não aceita o artigo definido singular. A crase é a fusão da preposição exigida pelo verbo (ou palavra regente) e o artigo aceito pelo substantivo feminino (ou palavra regida) que vem a seguir.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

EMPODERAR / EMPODERAMENTO

Existe a palavra “empoderamento”? Qual seu significado?

Ultimamente tem sido recorrente o uso de “empoderar” e “empoderamento”.

O termo resulta do aportuguesamento do verbo inglês “to empower” que, originalmente, tem os significados de “autorizar”, “fortalecer”. Pode ser permutado por “autorização” ou “fortalecimento”, dependendo do contexto, sem qualquer prejuízo semântico.

O processo de “empréstimo linguístico”, como formador de palavras, tem se tornado cada vez mais frequente nestes tempos de “globalização” e é praticamente impossível freá-lo de modo a preservar a pureza de nosso idioma. Embora muitos professores e linguistas discordem do que chamam de “abastardamento” da língua, todos sabemos que, quanto mais intenso for o intercâmbio entre os povos, principalmente com a expansão da transmissão eletrônica de dados e informações, mais e mais ocorrerá essa interpenetração linguística.

Países europeus, notadamente França e Portugal desenvolvem rígidas práticas restritivas do uso desse procedimento e têm conseguido ampla adesão da população e dos meios de comunicação em geral.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

"VALE TRANSPORTE" / "VALE-TRANSPORTE"

Qual é o certo “Vale-transporte” ou “vale transporte”?

Com o hífen.

O Acordo Ortográfico define que os compostos de dois radicais que mantêm sua autonomia semântica e fonética, mas que formam uma nova unidade SIGNIFICATIVA devem ser escritos com o hífen.

Base XV
Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares

1º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva.