A reforma ortográfica anulou algumas distinções com as
quais já estávamos habituados – e sabemos que pares opositivos são úteis,
fáceis de lembrar. Enfim, muita gente ainda não se acostumou com o
desaparecimento de certos hifens.
Esse foi o caso, por exemplo, da locução "dia a
dia" (equivalente a "dia após dia"), que se distinguia do
substantivo composto "dia-a-dia" (grafia antiga), sinônimo de
"cotidiano", exatamente pelo par de hifens. Com a reforma, a grafia
se universalizou: "dia a dia" em todos os casos. Assim: “Dia a dia,
ele se tornava mais áspero” e “Eram tarefas simples do dia a dia”.
Há situações, entretanto, em que a distinção permanece. É
o caso de "boca-de-lobo" e "boca de lobo". A forma
hifenizada é nome de uma espécie botânica (é o outro nome da trepadeira também
conhecida como "dente-de-leão"); a forma sem hifens é um sinônimo de
bueiro.
É preciso lembrar que os nomes de espécies botânicas e de
espécies animais mantiveram a grafia hifenizada. Assim: dente-de-leão (espécie
botânica); boca-de-lobo (espécie botânica); canela-de-ema (espécie botânica);
gavião-de-penacho (espécie animal) pomba-de-arribação (espécie animal), mas
boca de lobo (bueiro), boca de urna, boca de sino, boca de siri, boca de fumo,
boca do lixo etc.