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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

PLURAL DE POMBO-CORREIO

Como é feito o plural dos compostos do tipo “pombo-correio”, “navio-escola” e “fazenda-modelo”?

Os substantivos compostos ligados por hífen, em que o segundo elemento especifica o primeiro, fazem o plural com a flexão apenas do primeiro elemento formador:
·  
  1. substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colônia e águas-de-colônia;
  2. substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor e cavalos-vapor;
  3. substantivo + substantivo que funciona como determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior.

Exemplos:
·        navio-escola / navios-escola
·        palavra-chave - palavras-chave
·        rádio-relógio - rádios-relógio
·        notícia-bomba - notícias-bomba
·        homem-rã - homens-rã
         peixe-espada - peixes-espada

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A COMPONENTE / O COMPONENTE

Li em um jornal a frase “A decisão sobre haver racionamento, ou não, tem uma forte componente política” e fiquei confuso quanto à concordância nominal com o substantivo “componente”. Ele é masculino ou feminino?

O termo “componente” pode ser adjetivo ou substantivo. Em qualquer das duas classes, ele é o que a Gramática Normativa chama de “comum de dois gêneros”, isto é, serve para o masculino ou para o feminino, fazendo a distinção genérica por meio do artigo, no caso específico o artigo indefinido feminino “uma”.

É de se notar, entretanto, que, no Brasil, os falantes usam preferencialmente como se fosse do gênero masculino.

Um forte componente político / o componente social / o componente hídrico da prestação de serviços / etc.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

SOCIOECONÔMICO / POLÍTICO-ECONÔMICO

Qual é a razão de escrever-se “socioeconômico” e “político-econômico” sem e com o hífen, respectivamente?

Porque “socio” é um falso prefixo e somente será escrito com o hífen se estiver antes de palavras começadas com a mesma vogal final [o] ou com a letra [h]. Já em “político-econômico”, temos um tipo de formação de palavras por justaposição, em que os elementos formadores são de natureza nominal (ambos são adjetivos) que mantêm sua independência fonética e significativa, ao formar uma terceira unidade semântica.

Por isso escrevemos socioeducativo; sociocultural; socioambiental; sociobiologia; sociocracia; sociodrama. E, por outro lado, grafamos político-administrativo; político-econômico; político-religioso; político-social...

É bom não confundir o pseudoprefixo “socio”, semanticamente ligado a “social”, com o substantivo “sócio”: aquele que participa de uma sociedade: sócio-gerente; sócio-diretor; sócio-torcedor...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A VÍRGULA E A AMBIGUIDADE

“Filho de brasileira, que se uniu ao Estado Islâmico, pode levar até cinco anos de cadeia”.

Quem se uniu ao Estado Islâmico? O filho ou a mãe?

Da forma como está escrita a frase, o pronome relativo “que” refere-se à totalidade do termo imediatamente anterior. A oração “, que se uniu ao Estado Islâmico,” é uma adjetiva explicativa que remete para esse termo (Filho de brasileira). Se eliminarmos a oração entre vírgulas, o sentido do fato principal – a possibilidade da pena – é preservado.

O contexto histórico informa o leitor sobre a realidade dos fatos. Quem praticou o ato de “unir-se” foi o rapaz e não a mãe. Isso está nos jornais e nos noticiários do rádio e da televisão.

Para mudar o fato e a gramática, basta que se eliminem as duas vírgulas. “Filho de brasileira que se uniu ao Estado Islâmico pode levar até cinco anos de cadeia”. Pronto! A oração transformou-se em adjetiva restritiva e passa a referir-se exclusivamente ao termo “brasileira”.

Surge então outra dúvida: quem levará a pena? O filho ou a mãe?

Se o filho for punido, o será por ser filho de uma mulher que se uniu ao Estado Islâmico... É uma profunda incoerência!

Para que os leitores não tenham a menor dúvida sobre o significado do texto, seria melhor reformular para:

“Rapaz que se uniu ao Estado Islâmico, que pode ser condenado a cinco anos de prisão, é filho de mãe brasileira”.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

SOB / SOBRE

Ficou "sobre" a mira do assaltante. Está correto?
Sobre equivale a em cima de ou a respeito de
Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação.
Sob é que significa debaixo de: 
Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

QUASE LINCHADO?

“Motorista embriagado atropela quatro pessoas e quase é linchado na Bahia”.

Posso usar o verbo “linchar” sem que haja o óbito da vítima do linchamento?

Assim como mulher alguma fica “quase grávida”; nenhum condenado é “quase culpado”; não há gol “quase validado” e ninguém é “quase honesto”, “quase linchado” é uma impropriedade semântica.

O significado principal de "linchar" é o de um grupo de pessoas "executar o suspeito, sem julgamento". Por extensão de sentido, pode ser usado, figurativamente, como em "linchamento moral"; "linchamento político".

No caso específico de "agressão física a um suspeito, praticada por grupo ou multidão" eu preferiria usar "tentativa de linchamento", quando não ocorresse o óbito da vítima.

“Motorista embriagado atropela quatro pessoas e sofre tentativa de linchamento na Bahia”.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

MANTER / MANTIVER / INFRAESTRUTURA

Encontrei esta afirmação em um jornal: “Se o governo não manter uma política de austeridade nas contas públicas, nunca conseguiremos resolver o problema dos investimentos em infra-estrutura”. 

Ela está correta?

O texto da consulta apresenta dois problemas.

    a.   A conjunção subordinativa condicional “se”, que inicia o texto, instaura uma cláusula de “condicionalidade”, ou seja, é preciso que haja a austeridade nas contas públicas para que se façam os investimentos. O verbo “manter”, em razão dessa “condicionalidade”, deve ser conjugado no modo subjuntivo: “mantiver”.

    b.   Não existe o hífen em “infraestrutura”. Prefixos terminados em vogal só aceitam o hífen antes de palavras iniciadas com a mesma vogal ou com a letra “h”.

O correto, portanto, é “Se o governo não mantiver uma política de austeridade nas contas públicas, nunca conseguiremos resolver o problema dos investimentos em infraestrutura”.