Professor, li a frase abaixo em um jornal e fiquei em dúvida sobre o uso do termo “panaceia”.
“Passada a festa, vai ficar claro que acabar ou revisar o foro não é uma panaceia para todos os males da Justiça nacional”.
O autor do texto fez uso da figura de linguagem denominada “metáfora” que consiste em comparação elíptica em que sempre está ausente o atributo comum. Em muitos casos também faltam as balizas de comparação: 'como', 'tal qual', etc.
Ou seja, é o emprego de um termo com significado de outro em vista de uma relação de semelhança entre ambos. É uma comparação subentendida.
Na frase 'Maria é uma flor' consideremos que uma das intenções seja dizer 'Maria é bela'. Mas por que então usar a metáfora e não o termo próprio? Porque com a metáfora não se diz apenas que 'Maria é bela' mas também como é essa beleza, que tipo, que grau. A metáfora agrega significação ao discurso relativamente ao enunciado próprio que vem de sua decifração.
Voltando ao termo da pergunta, panaceia significa, formalmente, “remédio para diferentes males”. Panaceia é uma palavra com origem no grego panákeia, sendo que pan significa "todo" e ákos significa "remédio". Dessa forma, a palavra indica uma substância que cura todas as doenças. Na mitologia grega, Panaceia era a deusa da cura, irmã de Hígia, deusa da saúde e higiene.
Como se vê, o autor pretendeu significar que a eliminação do chamado “foro privilegiado” não resolveria todos os problemas de que padece a Justiça brasileira, logo, em seu entendimento, não seria uma “panaceia”.
Ocorre que, quando o autor escreveu “panaceia para todos os males”, incorreu no chamado “pleonasmo vicioso” ou “redundância”, pois o próprio termo “panaceia” já inclui o significado de “remédio para todos os males”.