Como se faz o plural de “forno” e de
“forninho”?
Na pluralização de “forno”, além da desinência /S/,
ocorre a metafonia [ô/ó]: “f/ó/rno/s/”.
Metafonia é a mudança de timbre da vogal tônica por
influência de outra vogal átona da sílaba final da palavra. Trata-se, portanto,
de um fenômeno de natureza assimilatória, em que vogais finais alteram traços
da vogal tônica anterior, abrindo-a, quando, do ponto de vista etimológico,
deveria ficar fechada, ou fechando-a antietimologicamente.
As gramáticas disponíveis no mercado tratam o problema
superficialmente, dedicando-lhe poucas linhas, com exemplos mais corriqueiros,
sem explicar a fundo a natureza do fenômeno. Provavelmente isso acontece em
razão de a metafonia ocorrer em nível da fala, enquanto que as gramáticas, via de regra,
privilegiam o emprego da língua escrita.
A palavra forno (< do latim fornŭm) abre a vogal tônica no
plural (fórnos), por analogia com um esquema
pré-existente (miolo / miólos; poço / póços; gostoso / gostósos;
socorro / socórros; etc.), todos justificados pela
evolução linguística.
Já para o diminutivo, não se encontra fonte que descreva
tal metafonia. Aliás, a palavra "forninho" nem é registrada em alguns
dicionários (Aurélio e Houaiss). O dicionário Aulete registra como
"forninho" com a primeira vogal fechada. O VOLP registra “forninho”
sem qualquer alusão ao timbre das vogais.
É evidente que, em tais casos, se torna válido o uso do
recurso da analogia, aplicando-se no diminutivo o mesmo processo corrente na
palavra primitiva.
Porco (vogal tônica fechada) è porcos
(vogal tônica aberta);
Porquinho (vogal pré-tônica fechada) è porquinhos
(vogal pré-tônica aberta);
Forno (vogal tônica fechada) è fornos
(vogal tônica aberta);
Forninho (vogal pré-tônica fechada) è forninhos (vogal pré-tônica aberta).