- Consulta enviada pela Ivonete.
- Professor, desculpe a insistência, mas continuo com o mesmo texto:
- O desembargador entrevistado afirma que "O decreto de graça faz desaparecer o crime, mas não os efeitos civis da condenação". Como assim? Se não há crime, como poderiam persistir seus efeitos civis?
- Realmente há uma inconsistência lógica na afirmação, que resulta na chamada "falta de coerência narrativa". O texto apresenta-se correto nos aspectos linguísticos, mas falha na conexão entre as ideias que contém...
Comentários sobre o uso prático da língua portuguesa. Resposta a consultas formuladas por frequentadores do Blog.
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domingo, 24 de abril de 2022
COERÊNCIA TEXTUAL
“ELEGIBILIDADE” ou “ELEGEBILIDADE”?
Consulta enviada pela Ivonete:
“Além disso, aponta o desembargador, com a Lei
da Ficha Limpa, a decisão coletiva que impõe "a perda da capacidade de
elegebilidade não o permite se candidatar". "O decreto de graça faz
desaparecer o crime, mas não os efeitos civis da condenação. Ele perde a
primariedade. E o Supremo pode não acatar e recusar o decreto, ao analisar a
sua constitucionalidade."
Professor, duas perguntas:
1) O termo correto é “ELEGIBILIDADE” ou “ELEGEBILIDADE”?
2) Está correto o uso do pronome átono “O” como
complemento do verbo “permitir”?
Ivonete, o correto é elegibilidade.
Condição de ser “elegível”. Está incorreto o uso do pronome átono “o” como
objeto direto do verbo “permitir”. Observe que “quem permite, permite algo a
alguém”. O verbo “permitir”, nessas construções, pede objeto direto para coisa.
Ora, o pronome oblíquo átono “O”, como complemento verbal, só pode exercer a
função de objeto direto.
O pronome oblíquo átono correto, para a função
de objeto indireto, nesse caso, é o pronome “lhe”, e a frase ficaria assim: “a
perda da capacidade de elegibilidade não lhe
permite candidatar-se".
quarta-feira, 20 de abril de 2022
QUE PODEM ou QUE POSSAM?
"Pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, criticou as negociações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para formar as alianças de sua chapa que vai concorrer às eleições. No entendimento do pedetista, o ex-presidente tenta acabar com outros partidos que podem fazer sombra a ele."
Professor, uma publicação do UOL começa com esse trecho. Pelo que percebi, a ideia é a de que Lula, eventualmente, destruirá os partidos que o ameaçarem. Dito isso, está correto o uso de "... que podem fazer sombra a ele"?
Não.
A dúvida, a eventualidade ou a possibilidade de uma ação verbal devem ser expressas com o verbo no modo Subjuntivo: "o ex-presidente tenta acabar com outros partidos que POSSAM fazer sombra a ele."
IMPLICAR A ou IMPLICAR EM?
No voto de um ministro do STF, transmitido pela TV, ouvimos a expressão "... não IMPLICA, necessariamente, NA necessidade de ...". Isto está certo, professor?
O verbo IMPLICAR, com o sentido de resultar, causar, produzir é transitivo direto e não aceita o uso de qualquer preposição antes de seu complemento.
O autor do texto deve rever a aula de "Regência Verbal" e corrigir o texto para "... não IMPLICA, necessariamente, A necessidade de ...".
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
SE VOCÊ VER / SE VOCÊ VIR?
“Se você ver um tronco de árvore desse jeito, é melhor evitar se aproximar do local”.
Esse é um erro cometido reiteradas vezes por pessoas até com formação
superior.
A frase inicia-se com a conjunção condicional “SE”. Quando se tem condicionantes,
dependências ou eventualidades para que a ação ocorra, o verbo deve estar no modo
subjuntivo e é aí que reside o problema. Como se forma o Modo Subjuntivo dos
Verbos?
Presente do subjuntivo: tempo verbal derivado do presente do indicativo.
Pretérito imperfeito do subjuntivo: tempo verbal derivado do pretérito perfeito do
indicativo.
Futuro do subjuntivo: tempo verbal derivado da 3ª pessoa do plural do
pretérito perfeito do indicativo.
Verbo VER – Pretérito perfeito (Eu vi / tu
viste / ele viu / nós vimos / vós vistes / eles VIRAM) èEliminar a desinência número pessoal: VIRAM = VIR.
FUTURO DO SUBJUNTIVO:
Se eu VIR
/ se tu vires / se ele/você vir / se nós virmos / se vós virdes / se eles/vocês virem.
Logo, o correto é:
Se eu vir um tronco de árvores
desse jeito, é melhor evitar me
aproximar do local.
Se tu vires um tronco de
árvore desse jeito, é melhor evitar te
aproximares do local.
Se ele/você vir um tronco de
árvore desse jeito, é melhor evitar se
aproximar do local.
Se nós virmos um tronco de
árvore desse jeito, é melhor evitar nos
aproximarmos do local.
Se vós virdes um tronco de
árvore desse jeito, é melhor evitar vos aproximares do local.
Se eles/vocês virem um tronco
de árvore desse jeito, é melhor evitar se aproximarem do local.
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terça-feira, 2 de novembro de 2021
DEVO USAR HOUVE / HOUVERAM?
Desde maio de 2021, quando o livro foi publicado, já houveram muitas transformações no cenário brasileiro e internacional.
O verbo “haver”,
usado no sentido de “existir”, fica impessoal, isto é, não se flexiona. Fica
sempre na 3ª pessoa do singular, independentemente de o sujeito ser de qualquer
outra pessoa ou número.
No trecho acima,
retirado de uma resenha de um livro atual. Se perguntarmos ao verbo “o que “houveram”?
A resposta será “muitas transformações no cenário brasileiro e internacional”.
Sujeito da oração, cujo núcleo é “transformações” e os demais componentes são adjuntos
adnominal (muitas) e adverbial (no cenário brasileiro e internacional).
Trata-se, portanto, do uso do verbo “haver” em sentido existencial.
Tanto que poderíamos facilmente escrever (já existiram muitas transformações no cenário brasileiro e
internacional), sem incorrer em qualquer impropriedade gramatical ou semântica.
O correto,
portanto, é “Desde maio de 2021, quando o livro foi publicado, já houve muitas transformações no
cenário brasileiro e internacional”.
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sábado, 2 de outubro de 2021
Uso do "ESSE -ESTE" e do "CONSIGO - CONTIGO"
Geralmente as empresas costumam entregar parte da rentabilidade com a distribuição de proventos. Se você busca esse tipo de renda, esse artigo identifica-se contigo.
O primeiro "esse" é um pronome relativo que remete para o antecedente "proventos". Sua função textual é a de "repetir um termo pré-existente no texto". É, portanto, um anafórico.
O segundo "esse" é um pronome relativo, em função adverbial, referindo-se ao texto que estamos a ler, do qual ele faz parte. Deve ser trocado por "este".
O "contigo" é um pronome pessoal de 2ª pessoa que remete para o pronome de tratamento "você", na oração anterior. Os pronomes de tratamento, embora sejam de 2ª pessoa, pedem o verbo e complementos na 3ª pessoa. Deve ser trocado por "consigo".