A propósito das chamadas “biografias não autorizadas”, Luiz
Fux entende que, "na medida que
cresce a notoriedade da pessoa, diminui-se a sua reserva de privacidade”.
À MEDIDA QUE / NA MEDIDA QUE
Diz-se "à
medida que" ou "na medida em que"? Depende das intenções do
falante.
São duas locuções conjuntivas
parecidas, mas de significados diferentes.
Apenas para lembrar: "locução
conjuntiva" é todo grupo de palavras com função relacional entre duas ou
mais orações ou dois ou mais termos de uma oração.
·
À medida que chovia / a terra
ficava mais e mais encharcada...
·
À medida que se esforçava, sua
importância na empresa aumentava.
Trata-se de uma
locução conjuntiva com cláusula de proporcionalidade, introduzindo orações subordinadas
adverbiais proporcionais.
A locução "na
medida que", não tem tradição nos clássicos da língua, contudo vem sendo
usada, até por pessoas com domínio linguístico razoável, com valor causal. Algumas vezes até
introduzem mais a preposição “em”, causando verdadeira barafunda sintática e semântica.
·
O governo não conseguiu resolver o problema na
medida em que não enfrentou suas
verdadeiras causas.
Ou seja,
·
O governo não conseguiu resolver o
problema porque não
enfrentou suas verdadeiras causas.
O texto inicial da
consulta deve, portanto, ser modificado para “A propósito das
chamadas ‘biografias não autorizadas’, Luiz Fux entende que, ‘à medida que cresce a
notoriedade da pessoa, diminui-se a sua reserva de privacidade’”, dada sua
evidente ideia de proporcionalidade inversa, ou seja, quanto mais aumenta a
notoriedade de uma pessoa, menor sua reserva de privacidade.
Alguns gramáticos, como
Evanildo Bechara, Celso Cunha e Napoleão Mendes desaprovam o uso de "na
medida que" e "na medida em que", argumentando que não há
registro histórico dessas formas na língua. Mas o fato é que esta construção já
se tornou rotineira e, como a língua não é uma entidade estanque e imutável,
deve ser considerada.