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sexta-feira, 12 de junho de 2015

À MEDIDA QUE / NA MEDIDA QUE

A propósito das chamadas “biografias não autorizadas”, Luiz Fux entende que, "na medida que cresce a notoriedade da pessoa, diminui-se a sua reserva de privacidade”.

À MEDIDA QUE / NA MEDIDA QUE

Diz-se "à medida que" ou "na medida em que"? Depende das intenções do falante.

São duas locuções conjuntivas parecidas, mas de significados diferentes.
Apenas para lembrar: "locução conjuntiva" é todo grupo de palavras com função relacional entre duas ou mais orações ou dois ou mais termos de uma oração.

·        À medida que chovia / a terra ficava mais e mais encharcada...
·        À medida que se esforçava, sua importância na empresa aumentava.

Trata-se de uma locução conjuntiva com cláusula de proporcionalidade, introduzindo orações subordinadas adverbiais proporcionais.

A locução "na medida que", não tem tradição nos clássicos da língua, contudo vem sendo usada, até por pessoas com domínio linguístico razoável, com valor causal. Algumas vezes até introduzem mais a preposição “em”, causando verdadeira barafunda sintática e semântica.

·        O governo não conseguiu resolver o problema na medida em que não enfrentou suas verdadeiras causas.
Ou seja,
·        O governo não conseguiu resolver o problema porque não enfrentou suas verdadeiras causas.

O texto inicial da consulta deve, portanto, ser modificado para “A propósito das chamadas ‘biografias não autorizadas’, Luiz Fux entende que, ‘à medida que cresce a notoriedade da pessoa, diminui-se a sua reserva de privacidade’”, dada sua evidente ideia de proporcionalidade inversa, ou seja, quanto mais aumenta a notoriedade de uma pessoa, menor sua reserva de privacidade.

Alguns gramáticos, como Evanildo Bechara, Celso Cunha e Napoleão Mendes desaprovam o uso de "na medida que" e "na medida em que", argumentando que não há registro histórico dessas formas na língua. Mas o fato é que esta construção já se tornou rotineira e, como a língua não é uma entidade estanque e imutável, deve ser considerada.

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