Professor, achei estranha a frase veiculada
em um jornal de circulação nacional: “Uber perde licença que a permite operar em Londres”. O que o
senhor acha?
Pode apostar que não acho graça alguma.
Todo professor de Língua Portuguesa sabe da
dificuldade que o assunto “regência” representa nas aulas de Gramática. A
regência verbal trata da forma como os verbos se relacionam com seus
complementos (objetos direto e indireto) e aí mora grande parte do problema,
mas vamos ao caso específico da pergunta.
O verbo “permitir” é um verbo que deve (pode)
ser construído com dois complementos. Um objeto direto (aquilo que é permitido
- coisa) e um objeto indireto (aquele que recebe a permissão – pessoa). Quem
permite, permite alguma coisa a alguém.
Os pronomes oblíquos átonos “o – a – os – as”
podem ser exclusivamente objetos diretos de verbos, quer dizer, são os
recipiendários (palavrão desgraçado) da ação verbal. Já o pronome oblíquo átono "lhe" serve exclusivamente como objeto indireto.
Logo, na frase de que tratamos, o pronome antes
do verbo representa “Úber”, a pessoa jurídica que recebe a permissão (objeto
indireto) e deve ser trocado por “lhe”. O objeto direto é a expressão ”operar
em Londres”...
Depois dizem que Português é difícil...
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