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quinta-feira, 16 de abril de 2015

NO QUAL / NA QUAL / NOS QUAIS / NAS QUAIS

Tenho dúvida sobre a concordância nominal do pronome relativo “na qual”, na fase: “A empresa contratada só poderá oferecer um tipo de serviço NA QUAL seja especializada”.

Os pronomes relativos devem concordar em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural) com o nome a que se referirem. Na frase citada na consulta, o pronome relativo “na qual” tem como referente o substantivo “serviço”, devendo, por conseguinte, ficar no masculino plural.

“A empresa contratada só poderá oferecer um tipo de serviço NO QUAL seja especializada”.

terça-feira, 14 de abril de 2015

UM QUILO E MEIO FOI / FORAM APREENDIDO(S)

Na oração “Um quilo e meio de cocaína foi apreendido / foram apreendidos”, a concordância verbal deve ser feita com o verbo no singular ou no plural?

Concordância com números fracionários - De regra, a concordância é feita com o numerador:

Um terço dos alunos faltou.
Dois terços dos alunos faltaram.

Quando o sujeito é um número fracionário misto, a concordância é feita com o numeral da parte inteira:

Um quilo e meio de cocaína foi apreendido.
Dois quilos e meio de cocaína foram apreendidos.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

NEGAM-NO / NEGAM-LHE

Nas frases seguintes, o verbo está acompanhado de pronomes diferentes. Estão certas? “Indagados sobre o assalto, os meliantes negam-no peremptoriamente”. “Fez vários requerimentos, mas sempre negam-lhe atendimento”.

Estão corretas.

Na primeira delas, o pronome oblíquo “o” exerce a função sintática de objeto direto do verbo “negar”. Na posição proclítica, esse pronome ganha o fonema /n/, por uma questão de eufonia. Fica muito mais agradável a pronúncia de “negam-no” que simplesmente “negam-o”. A linguística explica isso, como resultante da assimilação da nasalidade do fonema anterior.

Na segunda frase, o substantivo abstrato “atendimento” é o objeto direto e o pronome oblíquo “lhe” é o objeto indireto. O verbo “negar”, no caso, é um transitivo-relativo, isto é, está construído com objeto direto (atendimento) e indireto (lhe) simultaneamente.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

NEGÁ-LO / NEGAR-LHE

Esse "negar-lhe" está correto? "Soubemos que um homem teria sido assassinado a facadas por um morador de rua, em Sobradinho, depois de negar-lhe esmola."

De repente me veio a dúvida se eu deveria retirar o [r] do infinitivo, como fazemos com "pegá-la", "beijá-la", "agarrá-la".

A expressão está absolutamente correta.

A eliminação do -r do infinitivo ocorre quando os pronomes oblíquos “o-os-a-as” são pospostos. Suprime-se o [-r] do infinitivo e acrescenta-se um [l+] ao pronome.

Distingui-lo; atribuí-los; devolvê-la; distribuí-las; amá-lo; concluí-los; revê-la; traduzi-las; reproduzi-lo...

Como se percebe, as formas resultantes devem obedecer às regras de acentuação gráfica vigentes.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

USO DO HÍFEN COM PREFIXOS

Usa-se o hífen em “creme (anti) rugas”? Como se escreve?

Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por R ou S. Nesse caso, duplicam-se essas letras.

Antirrábico; antirracismo; antirreligioso; antirrugas; antissocial; biorritmo; contrarregra; contrassenso; infrassom; microssistema; minissaia; neorrealismo; neossimbolista; ultrarresistente; ultrassom.

terça-feira, 31 de março de 2015

MARCA ATINGIDA: 150.000 CONSULTAS

Atingimos a marca de 150.700 consultas ao blog. Isso é uma grande vitória em nossa meta de ajudar as pessoas com dificuldades no uso da Língua Portuguesa. Estou muito orgulhoso de meu trabalho!!!

TAPAR ou TAMPAR?

Os verbos tapar e tampar existem na língua portuguesa. São palavras sinônimas e ambas estão corretas. Os seus significados são similares, mas, como em todo par de sinônimos, podem-se estabelecer situações em que se usa uma ou outra.

Tampar significa fechar alguma coisa com uma tampa ou um tampo. Tampar a garrafa, a panela, o vaso (colocar-lhes uma tampa ou tampo). Exemplos:
  • Ele tampou a panela do arroz.
  • Eu tampei a garrafa para a bebida não perder o gás.

Tapar tem uma significação mais abrangente. Significa tampar, fechar, (em)cobrir, vedar, esconder, ocultar, murar, calar, vendar, preencher, sem que, necessariamente, se use uma tampa. Pode ainda significar suprir uma falta ou remediar uma situação.
  • Tive tanto medo que tapei os olhos. (cobrir)
  • Tape sua boca para você não se dar mal! (fechar)
  • Preciso chamar alguém para tapar as falhas da grade. (suprir uma falta)
  • Esse discurso serve para tapar o sol com a peneira.
  • A polícia tapou o túnel feito pelos prisioneiros.

quinta-feira, 26 de março de 2015

BANALIZAR / ANALISAR

Por que se escreve “banalizar”, com a letra [Z] e “analisar”, com a letra [S]?

O sufixo formador de verbos incoativos é, normalmente, (-izar), com a letra [Z]. Estão nesse caso palavras como atual / atualizar; canal / canalizar; banal / banalizar; útil / utilizar; agonia / agonizar; árvore / arborizar; fiscal / fiscalizar; civil / civilizar; humano / humanizar; real / realizar; suave / suavizar; hebreu / hebraizar; judeu / judaizar; plebeu / plebeizar.

Caso a palavra formadora possua as letras [is], essas letras permanecerão na grafia do verbo resultante da sufixação: pesquisa / pesquisar; análise / analisar; friso / frisar; liso / alisar; siso / assisar. 

terça-feira, 24 de março de 2015

INUSITADO / MUITO INUSITADO

A expressão “muito inusitado” está correta? Eu a ouvi em uma entrevista em que um advogado disse que “A prisão de meu cliente é um fato muito inusitado, pois não há provas contra ele”.

O adjetivo “inusitado” significa: não usual; que não é corrente; que não se usa ou se emprega com frequência; que foge a padrões costumeiros; incomum, insólito; inabitual.

Meio honesto? A honestidade existe ou não existe. Ser honesto é como mulher grávida! Qualquer mulher, ou está grávida ou não está grávida, pois, até hoje, não existe mulher meio grávida, assim como não existe homem meio honesto.

Da mesma forma, não existe fato “meio inusitado” ou “muito inusitado”. Se ocorre algo raro, difícil de acontecer, é um fato inusitado.

terça-feira, 17 de março de 2015

ESTABELECE / ESTABELECEM

Tenho dúvida sobre a correção da concordância verbal no texto: “Ainda que estejam contaminadas pelas suas inclusões na lista dos que sofrerão inquérito no Supremo Tribunal Federal, as ações dos presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, nas últimas horas, estabelece um divisor de águas nas relações do Congresso com o governo da presidente Dilma Rousseff, sob liderança do PMDB”.

A regra básica da concordância verbal é “o verbo concorda com seu sujeito em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª).

O núcleo do sujeito de estabelecer, no caso acima, é o substantivo plural “ações”. 
O verbo deve, necessariamente ir para a 3ª pessoa do plural.

“...as ações dos presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, nas últimas horas, estabelecem um divisor de águas...“

segunda-feira, 16 de março de 2015

CONSIGO / CONTIGO?

Como e quando devo usar devo usar o pronome consigo?

Embora alguns portugueses usem de forma aleatória, a Gramática Normativa estabelece que o pronome “consigo” só deve ser usado de forma reflexiva, isto é, a ação verbal retorna para o seu agente.

Vejam por exemplo o trecho a seguir, retirado de um jornal de grande circulação:

“Isso implica que algo crucial vem sendo omitido quando se fala dessas guerras e esses veteranos acabam carregando isso consigo, frequentemente numa profunda solidão”.
Os “veteranos” carregam “isso” com eles mesmos.

Quando, porém, estamos falando com alguém e usamos a 2ª pessoa do discurso, usamos “contigo” para o singular e “convosco” para o plural.

          “Estou falando contigo, menino malcriado!”
          “Ide e levai convosco toda a esperança do povo!”

A dificuldade reside, provavelmente, em nosso uso costumeiro do pronome “você” no registro coloquial.

quinta-feira, 12 de março de 2015

CONVENCER DE - CONVENCER A

Um colunista famoso publicou um artigo com o seguinte trecho: 

“É porque o seu sucesso depende essencialmente da arte política de convencer a sociedade que o ajuste será o mais inteligente possível...”. 

A regência verbal está correta?

Como diria o Prof. Francisco Fernandes, “convencer alguém de (a) alguma coisa”.

·        Convenceu os atletas a comer menos carboidratos.
·        Convenceram os ouvintes de que o plano era perfeito.

A frase deve ser corrigida para “É porque o seu sucesso depende essencialmente da arte política de convencer a sociedade de que o "ajuste" será o mais inteligente possível...”.

quarta-feira, 11 de março de 2015

MEDIAM / MEDEIAM

Na fase “Ângela Merkel e François Holland mediam as conversações sobre o cessar fogo”, o verbo está corretamente flexionado?

Há um equívoco na flexão do verbo “mediar”. Usado dessa forma, entende-se que os dois personagens verificam a "extensão” das citadas conversações.

Os verbos irregulares “mediar – ansiar – remediar – incendiar – odiar” apresentam uma vogal epentética /e/ nas formas rizotônicas do presente do indicativo e nas formas dele derivadas.

Eu medeio – tu medeias – ele medeia – nos mediamos – vós mediais – eles medeiam.
Eu anseio – tu anseias – ele anseia – nós ansiamos – vós ansiais – eles anseiam.
Eu remedeio – tu remedeias – ele remedeia – nós remediamos – vós remediais – eles remedeiam.
Eu incendeio – tu incendeias – ele incendeia – nós incendiamos – vós incendiais – eles incendeiam.

Eu odeio – tu odeias – ele odeia – nós odiamos – vós odiais – eles odeiam.

quarta-feira, 4 de março de 2015

SUBSÍDIO / SUBZÍDIO

Ouvi uma personalidade declarar que “A diminuição de subSídios não vai fazer o País parar”, pronunciando a letra [S] como se fosse um /Z/. É correto?

Sua Excelência estava equivocada. A letra [S] somente representa o fonema /Z/ quando estiver entre vogais: asa – casa – peso – preciso – confuso.

Na palavra subsídios, o [s] está entre uma consoante e uma vogal e representa a consoante fricativa alveolar surda, como em precipício; caçoar; assassino; obsoleto; absurdo...

terça-feira, 3 de março de 2015

AMBIGUIDADE

“O governador Geraldo Alckmin, decretou, nesta quinta-feira o fim do prazo de espera para a retomada das obras da linha 4-amarela do metrô. Alckmin disse que as multas e advertências possíveis foram aplicadas ao consórcio Isolux-Corsan-Corviam.
Desacreditado, o governador disse que ‘não tem mais jeito’ e que uma nova licitação será feita até o fim do semestre”.
O termo em destaque refere-se a quem?
O autor imaginou que o contexto incumbir-se-ia de desfazer a ambiguidade evidente, pois, da forma como está, o “desacreditado” tanto pode ser o consórcio como o próprio governador.
Quando escrevemos, devemos ter em mente o leitor de nosso texto. Ele é a peça mais importante no processo desencadeado com o ato de escrever. Se o leitor não conseguir decodificar bem a mensagem, perderam-se os tempos do emissor e do receptor, pois não ocorreu a comunicação, logo, para que serve o texto? Para nada, evidentemente.
O mais interessante é que, neste texto, a ausência do termo destacado seria suficiente para desfazer a ambiguidade. Basta tirar o “desacreditado” para o consórcio tornar-se desacreditado, na visão do governador. 

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

PLURAL DE POMBO-CORREIO

Como é feito o plural dos compostos do tipo “pombo-correio”, “navio-escola” e “fazenda-modelo”?

Os substantivos compostos ligados por hífen, em que o segundo elemento especifica o primeiro, fazem o plural com a flexão apenas do primeiro elemento formador:
·  
  1. substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colônia e águas-de-colônia;
  2. substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor e cavalos-vapor;
  3. substantivo + substantivo que funciona como determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior.

Exemplos:
·        navio-escola / navios-escola
·        palavra-chave - palavras-chave
·        rádio-relógio - rádios-relógio
·        notícia-bomba - notícias-bomba
·        homem-rã - homens-rã
         peixe-espada - peixes-espada

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A COMPONENTE / O COMPONENTE

Li em um jornal a frase “A decisão sobre haver racionamento, ou não, tem uma forte componente política” e fiquei confuso quanto à concordância nominal com o substantivo “componente”. Ele é masculino ou feminino?

O termo “componente” pode ser adjetivo ou substantivo. Em qualquer das duas classes, ele é o que a Gramática Normativa chama de “comum de dois gêneros”, isto é, serve para o masculino ou para o feminino, fazendo a distinção genérica por meio do artigo, no caso específico o artigo indefinido feminino “uma”.

É de se notar, entretanto, que, no Brasil, os falantes usam preferencialmente como se fosse do gênero masculino.

Um forte componente político / o componente social / o componente hídrico da prestação de serviços / etc.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

SOCIOECONÔMICO / POLÍTICO-ECONÔMICO

Qual é a razão de escrever-se “socioeconômico” e “político-econômico” sem e com o hífen, respectivamente?

Porque “socio” é um falso prefixo e somente será escrito com o hífen se estiver antes de palavras começadas com a mesma vogal final [o] ou com a letra [h]. Já em “político-econômico”, temos um tipo de formação de palavras por justaposição, em que os elementos formadores são de natureza nominal (ambos são adjetivos) que mantêm sua independência fonética e significativa, ao formar uma terceira unidade semântica.

Por isso escrevemos socioeducativo; sociocultural; socioambiental; sociobiologia; sociocracia; sociodrama. E, por outro lado, grafamos político-administrativo; político-econômico; político-religioso; político-social...

É bom não confundir o pseudoprefixo “socio”, semanticamente ligado a “social”, com o substantivo “sócio”: aquele que participa de uma sociedade: sócio-gerente; sócio-diretor; sócio-torcedor...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A VÍRGULA E A AMBIGUIDADE

“Filho de brasileira, que se uniu ao Estado Islâmico, pode levar até cinco anos de cadeia”.

Quem se uniu ao Estado Islâmico? O filho ou a mãe?

Da forma como está escrita a frase, o pronome relativo “que” refere-se à totalidade do termo imediatamente anterior. A oração “, que se uniu ao Estado Islâmico,” é uma adjetiva explicativa que remete para esse termo (Filho de brasileira). Se eliminarmos a oração entre vírgulas, o sentido do fato principal – a possibilidade da pena – é preservado.

O contexto histórico informa o leitor sobre a realidade dos fatos. Quem praticou o ato de “unir-se” foi o rapaz e não a mãe. Isso está nos jornais e nos noticiários do rádio e da televisão.

Para mudar o fato e a gramática, basta que se eliminem as duas vírgulas. “Filho de brasileira que se uniu ao Estado Islâmico pode levar até cinco anos de cadeia”. Pronto! A oração transformou-se em adjetiva restritiva e passa a referir-se exclusivamente ao termo “brasileira”.

Surge então outra dúvida: quem levará a pena? O filho ou a mãe?

Se o filho for punido, o será por ser filho de uma mulher que se uniu ao Estado Islâmico... É uma profunda incoerência!

Para que os leitores não tenham a menor dúvida sobre o significado do texto, seria melhor reformular para:

“Rapaz que se uniu ao Estado Islâmico, que pode ser condenado a cinco anos de prisão, é filho de mãe brasileira”.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

SOB / SOBRE

Ficou "sobre" a mira do assaltante. Está correto?
Sobre equivale a em cima de ou a respeito de
Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação.
Sob é que significa debaixo de: 
Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

QUASE LINCHADO?

“Motorista embriagado atropela quatro pessoas e quase é linchado na Bahia”.

Posso usar o verbo “linchar” sem que haja o óbito da vítima do linchamento?

Assim como mulher alguma fica “quase grávida”; nenhum condenado é “quase culpado”; não há gol “quase validado” e ninguém é “quase honesto”, “quase linchado” é uma impropriedade semântica.

O significado principal de "linchar" é o de um grupo de pessoas "executar o suspeito, sem julgamento". Por extensão de sentido, pode ser usado, figurativamente, como em "linchamento moral"; "linchamento político".

No caso específico de "agressão física a um suspeito, praticada por grupo ou multidão" eu preferiria usar "tentativa de linchamento", quando não ocorresse o óbito da vítima.

“Motorista embriagado atropela quatro pessoas e sofre tentativa de linchamento na Bahia”.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

MANTER / MANTIVER / INFRAESTRUTURA

Encontrei esta afirmação em um jornal: “Se o governo não manter uma política de austeridade nas contas públicas, nunca conseguiremos resolver o problema dos investimentos em infra-estrutura”. 

Ela está correta?

O texto da consulta apresenta dois problemas.

    a.   A conjunção subordinativa condicional “se”, que inicia o texto, instaura uma cláusula de “condicionalidade”, ou seja, é preciso que haja a austeridade nas contas públicas para que se façam os investimentos. O verbo “manter”, em razão dessa “condicionalidade”, deve ser conjugado no modo subjuntivo: “mantiver”.

    b.   Não existe o hífen em “infraestrutura”. Prefixos terminados em vogal só aceitam o hífen antes de palavras iniciadas com a mesma vogal ou com a letra “h”.

O correto, portanto, é “Se o governo não mantiver uma política de austeridade nas contas públicas, nunca conseguiremos resolver o problema dos investimentos em infraestrutura”.

sábado, 31 de janeiro de 2015

SUJEITO MAIS DE UM / MAIS DE UMA

Li em um jornal o texto a seguir e pareceu-me que a concordância verbal não está correta. Sujeito “mais de um” pede o verbo no singular ou no plural?

Os procuradores da República que investigam o escândalo avisam que mais de uma empresa podem propor pacto com o Ministério Público Federal, mas esses acordos somente serão firmados individualmente.”

Realmente a expressão “mais de um” pede o verbo na 3ª pessoa do singular

a) Mais de um candidato burlou ou burlaram as eleições?
b) Mais de um amigo veio ou vieram ao jantar oferecido pela empresa?

A resposta é simples: Use o singular!

Assim, retomando as orações acima, o correto é:

a) Mais de um candidato burlou as eleições.
b) Mais de um amigo veio ao jantar oferecido pela empresa.

Mais exemplos:
1. Mais de um cineasta realizou este filme.
2. Mais de um jogador teve contusões.
3. Mais de uma atriz levou o prêmio por melhor atuação.
4. Mais de uma greve está por vir na educação.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

SUBSTANTIVO ALTERADO POR DOIS ADJETIVOS

A frase “Joaquim Levy deu explicações insatisfatórias ao mercado americano e europeu” está correta quanto à concordância nominal entre “mercado” e os adjetivos “americano” e “europeu”.
Quando um único substantivo está qualificado por mais de um adjetivo, ocorrem duas concordâncias:
1) O substantivo fica no singular e repete-se o artigo diante de cada adjetivo:
a) O produto conquistou o mercado europeu e o americano.
b) Atualmente, estudo a língua inglesa e a francesa.
2) O substantivo vai para o plural e não se repete o artigo antes de cada adjetivo:
a) O produto conquistou os mercados europeu e americano.
b) Atualmente, estudo as línguas inglesa e francesa.

Por conseguinte, a frase da consulta deve ser reformulada para “Joaquim Levy deu explicações insatisfatórias ao mercado americano e ao europeu” ou “Joaquim Levy deu explicações insatisfatórias aos mercados americano e europeu”.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

INFINITIVO FLEXIONADO / NÃO FLEXIONADO

Em “As bactérias encontram ambiente propício para se proliferar ou proliferarem?”, devo usar o infinitivo flexionado ou o não flexionado?

Quando o infinitivo tem o mesmo sujeito da oração anterior, usa-se, preferencialmente, a forma não flexionada. Essa é uma regra geral recomendada pela maioria dos gramáticos.

Imaginemos a seguinte situação:

"Os presidentes dos clubes foram a Brasília para conversar/conversarem com o ministro dos esportes...". O sujeito de "foram" (verbo da oração principal) é "os presidentes dos clubes"; o sujeito do infinitivo também é "os presidentes dos clubes". Em casos como esse, a flexão do infinitivo é desnecessária.

Há um desencontro no pensamento de alguns gramáticos sobre o uso do infinitivo flexionado ou não. É um fato da língua com o qual temos de conviver.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

USO DO VERBO "JORRAR"

“Fulana disse que pedra sobre pedra vai jorrar”.

O emprego do verbo “jorrar” está correto?

O verbo “jorrar” é proveniente do espanhol chorrar / chorro, que, segundo Corominas, corresponde a uma onomatopeia que imita o ruído da queda-d'água.

O Dicionário A. Houaiss registra:

Jorrar – Verbo transitivo direto, transitivo indireto e intransitivo
1    lançar de si ou sair com jato forte (diz-se de líquido); brotar, irromper, rebentar.
Ex.: <a ferida jorrava sangue> <o petróleo jorrava (do poço) em abundância>
2    emitir súbita e intensamente raios luminosos
Ex.: a luz jorrou na direção do fugitivo
3    Derivação: sentido figurado.
fluir com abundância; emanar, manar
Ex.: jorram de sua mente infinitas ideias
4    Derivação: sentido figurado.
externar, emitir
Ex.: uma pessoa que jorra otimismo e a todos anima.

Pela definição do dicionário e pelos exemplos fornecidos, pode-se afirmar que o verbo “jorrar” só deve ser usado quando aquilo que jorra é líquido ou imaterial.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

USO DA MESÓCLISE

Em “Afastarei-me de toda atividade político-partidária” / “Me afastarei de toda atividade político-partidária”, qual das duas frases está correta?

Estando o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito, o pronome oblíquo átono internaliza-se no verbo, numa chamada “mesóclise”. Se houver condição de próclise obrigatória, ela prevalecerá. Caso haja a possibilidade de próclise opcional, fica a critério do falante.

  • Afastar-me-ei de toda atividade político-partidária.
  • É certo que me afastarei de toda atividade político-partidária.
  • Estava decidido: ele se afastaria de toda atividade político-partidária.
  • Estava decidido: ele afastar-se-ia de toda atividade político-partidária.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

NAMORAR

Li em um jornal a frase “Muita gente quer namorar com Conca”. Ela está certa gramaticalmente?

Há um equívoco na regência do verbo namorar (cobiçar, desejar, requestar, cortejar, galantear, cativar, apaixonar etc.). Esse verbo é transitivo direto, isto é, pede complemento sem o concurso de uma preposição. Ninguém namora “com” fulana ou beltrano, mas namora fulano ou beltrana.

  • Sentava sorumbático e namorava o copo de vinho.
  • Ia ao jardim e lá namorava as meninas que passeavam à tarde.
  • Apesar de casada, namorava vários colegas de escola.
  • Escobar namorou a mulher do amigo e se deu muito mal.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

DAR O TROCO EM/A?

Na frase “O PMDB do Senado já articula meios de dar o troco em Dilma Rousseff pela redução de espaço no segundo governo”, a regência do verbo “dar” é essa mesma?

Na frase em questão, o verbo “dar” significa “responder”, mas, quanto à regência, continua sendo um verbo transitivo-relativo, com a preposição “a” regendo o objeto indireto. Não é “dar o troco em”, mas “dar o troco a”.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

SUCATAR / SUCATEAR?

Tenho dúvidas com relação ao uso de palavras derivadas do substantivo “sucata”. Na frase “Comissão de Mortos e Desaparecidos reclama de sucateamento no governo”, por exemplo, fico com a impressão de que deveria usar “sucatamento”. Estou certo?

A formação do verbo “sucatar” a partir do substantivo “sucata” é feita com a desinência “-ar”, ocorrendo a superposição dos dois “as”. Em suma, não se usa o “ear”, como em pentear; contrabandear; titubear; balancear...

Os dicionários Aurélio, Priberan e Michaelis registram “sucatar”, como também faz o VOLP, da Academia Brasileira de Letras. Os dicionários Aulete e A. Houaiss registram “sucatear” como brasileirismo, isto é, um regionalismo próprio de nosso País.

Dessa forma, se o verbo é “sucatar”, seus derivados devem seguir essa grafia, como acontece em Portugal. Daí o correto, no registro formal culto, em minha opinião, é “sucatamento”. 

sábado, 3 de janeiro de 2015

CONCORDÂNCIA COM O VERBO "SER"

A frase “Tudo eram motivos para brigas” está correta quanto à concordância verbal? O sujeito “tudo” não é singular?

O verbo “ser” apresenta algumas particularidades no aspecto da concordância que, às vezes, causam dificuldades ao falante.
Quando o sujeito é representado por uma palavra de sentido indefinido, como “tudo, isso, isto, aquilo”, a concordância do verbo “ser” é feita, normalmente, com o predicativo do sujeito, seja ele plural ou singular.

Exemplos? Observe:

Tudo são flores.
Tudo é motivo de querelas.
Aquilo eram fantasias cultivadas.
Aquilo era falsidade manifesta.
Isso são desencantos passageiros.
Isso é desencanto passageiro.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

TOMAR POSSE NA OU DA PRESIDÊNCIA?

Devo dizer “Tomar posse da Presidência da República” ou “Tomar posse na Presidência na República”?

O Dicionário de Regência de Francisco Fernandes considera as duas regências (da ou na) corretas.

Exemplos:

Contentar-se-ão com a posse desses lugares.

Será amanhã sua posse na chefia do departamento.