Pelas novas regras
do novo acordo ortográfico, o prefixo bem
leva hífen quando forma palavras começadas por vogal ou h
e ainda nas palavras começadas por consoante e que têm sentido por si só (ex.: bem-estar,
bem-humorado, bem-criado). Ora, pelas mesmas regras, o prefixo mal leva também hífen nas palavras
começadas por vogal ou h (ex.: mal-estar, mal-humorado).
Qual é a razão de
não se aplicar tal princípio à palavra malcriado,
com processo de formação idêntico a bem-criado?
Os advérbios bem e mal, quando associados a outras palavras, não são prefixos, mas
elementos de composição.
Sobre o uso de hífen
com bem e mal, o novo Acordo Ortográfico
determina o seguinte (base XV, 4):
“4. Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios
bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma
unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h.
No entanto, o advérbio bem, ao
contrário de mal, pode não se
aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações:
bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado;
bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf. malfalante),
bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnascido), bem-soante (cf. malsoante),
bem-visto (cf. malvisto).
Obs.: Em muitos compostos o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha
ou não vida à parte: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc.”
Sintetizando: com
mal e bem não se verifica o uso sistemático do hífen, havendo muitas
exceções advindas da tradição. O falante (redator) deve pesquisar sempre que
houver dúvida sobre a grafia com esses advérbios.