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terça-feira, 20 de agosto de 2013

CONCORDÂNCIA ESPECIAL DO VERBO "SER"

“Nossa força são as florestas” ou “Nossa força é as florestas”?
A concordância verbal ocorre sempre entre o verbo e o sujeito da oração. Quando se trata do verbo ser, essa concordância pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do sujeito.
O verbo ser concordará com o predicativo do sujeito nos seguintes casos:
a) Quando o sujeito for representado pelos pronomes (demonstrativos – indefinidos – interrogativos: isto, isso, aquilo, tudo, nada, o, que, quem) e o predicativo estiver no plural.
Exemplos:
Isso são tristezas perenes.
Aquilo eram provações insuportáveis.
O que eu admiro em você são os seus dentes irrepreensíveis.
Que são esses manifestantes?
Quem são aquelas mulheres?
b) Quando o sujeito estiver no singular e referir-se a coisas, e o predicativo for um substantivo no plural.
Exemplos:
Nosso jantar                   foram          só peixes.
Sujeito                                             Predicativo do Sujeito
Sua sina                        eram           tristezas.
Sujeito                                             Predicativo do Sujeito
Se o sujeito representar pessoa, o verbo concorda normalmente com esse sujeito.
Exemplos:
Tito era as alegrias de Roma.
Minhas esperanças é esta criança.

Portanto, conforme a letra “b” acima, a concordância deverá ser feita com o verbo no plural: Nossa força são as florestas.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

SUJEITO "UM DOS QUE / UMA DAS QUE"

Como fica o verbo, quando o sujeito é a expressão “Um dos que / Uma das que”?

O verbo pode ficar normalmente no singular ou no plural, dependendo da ênfase que se queira dar ao indivíduo ou ao grupo a que pertence.

Os dois usos, no singular ou no plural, têm o aval de escritores de relevo e, também, de gramáticos respeitáveis, como Napoleão Mendes, Evanildo Bechara e Celso Cunha:
  • “A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós.” (Machado de Assis).
  • “Foi uma das primeiras terras de Espanha que recebeu a fé de Cristo.” (Frei Luís de Sousa).
  • “O reitor foi um dos que mais se importou com a preocupação do homem.” (Júlio Dinis).

terça-feira, 13 de agosto de 2013

ANEXO / EM ANEXO

Tenho dúvidas quanto ao uso de “anexo” e “em anexo”.

Anexo é adjetivo e como tal deve concordar em gênero e número com o substantivo que acompanha (carta anexa / documento anexo / cartas anexas / documentos anexos).

A expressão "em anexo" é adverbial e, portanto, invariável (carta em anexo / documento em anexo / cartas em anexo / documentos em anexo).

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

USO DO VERBO "REAVER"

Governo "reavê" confiança perdida. Está certo? O verbo é conjugado assim mesmo?

Não está correto. O verbo “reaver” segue a conjugação de “haver”, mas apenas nos casos em que este tem a letra v:

HAVER                                        REAVER
Eu hei                                          [Ø]
Tu hás                                         [Ø]
Ele há                                          [Ø]
Nós havemos                                reavemos
Vós haveis                                   reaveis
Eles hão                                      [Ø]
Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse.
Por isso, não existem "reavejo", "reavê" etc.

No caso em estudo, usa-se uma forma equivalente: Governo recupera confiança perdida.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

LINCHAR

Posso usar o verbo “linchar” sem que haja o óbito da vítima do linchamento?

O significado principal de "linchar" é o de um grupo de pessoas "executar o suspeito, sem julgamento". Por extensão de sentido, pode ser usado, figurativamente, como em "linchamento moral"; "linchamento político". No caso específico de "agressão física a um suspeito, praticada por grupo ou multidão" eu preferiria usar "tentativa de linchamento", quando não ocorresse o óbito da vítima.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

LHE / TEU / SEU

Ouvi, recentemente, esta frase: “Gostaria de lhe perguntar como surge a inspiração em teu trabalho de artista plástico?” Ela está gramaticalmente correta?

O autor equivocou-se no uso dos pronomes LHE/TEU. Eles são de pessoas diferentes: 3ª e 2ª pessoas do singular, respectivamente. A norma culta repudia essa promiscuidade, com o falante dirigindo seu discurso ora à 2ª, ora à 3ª pessoas.

Para acertar o discurso, basta atentar para a regência do verbo “perguntar”: perguntar alguma coisa a alguém. O uso do “lhe” está, pois, correto, como objeto indireto. Troque-se o “teu” por “seu” e fica tudo bem.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

UM CASO DE CRASE OPCIONAL

Posso escrever “Dar destaque às notícias”; “Dar destaque à notícias”; “Dar destaque a notícias”, sem cometer erros na colocação da crase?

A crase indica a fusão de dois fonemas idênticos.

No caso em estudo, temos que o substantivo abstrato “destaque” exige um complemento regido da preposição [a]. “Destaque A alguma coisa”. Por exemplo, “Não se deve dar destaque A jogadores sem habilidade”, ou “O Congresso prioriza o destaque A medidas embromatórias”.

Observe que “jogadores” e “medidas” são substantivos plurais que admitem, ou não, a anteposição do artigo. Posso dizer “jogadores sem habilidade” ou “os jogadores sem habilidade”; “medidas embromatórias” ou “as medidas embromatórias”. É que o artigo definido, nesses casos, é opcional, mas, se for usado, deverá estar no plural para concordar com o número dos substantivos que determinam.

Se o falante optar por não usar o artigo, não haverá como fazer a fusão “preposição + artigo” e, portanto, não haverá a crase: “Dar destaque A notícias”. Caso opte por usar o artigo, teremos a ocorrência de “preposição + artigo plural”, que será indicada pela crase: “Dar destaque ÀS notícias”.