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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

REGÊNCIA - LOCUÇÃO PREPOSITIVA

Está correta a regência na frase “A petição deu entrada junto ao STF”?
 
O exato significado da expressão “junto” é perto de, ao lado de, próximo, perto. Em que pese essa constatação, a expressão junto a tem-se tornado, erradamente, um verdadeiro curinga, sendo usada para substituir diferentes preposições.
 
·    Petição dá entrada no STF.
·    Ronaldinho foi contratado do (e não "junto ao") Flamengo.
·    Cresceu muito o prestígio do programa entre os (e não "junto aos") telespectadores.
·    Era grande a sua dívida com o (e não "junto ao") condomínio.
·    A reclamação foi apresentada à (e não "junto a") Ouvidoria.

 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

CONCORDÂNCIA COM PORCENTAGEM

A frase “80% dos brasileiros está descontente com o trânsito” está certa?
 
Não.
 
 
O sujeito representado por uma porcentagem em que a parte numérica é maior que 1 faz com que o verbo vá para o plural. Também o complemento plural, “brasileiros”, contribui para essa concordância.
O correto é “80% dos brasileiros estão descontentes com o trânsito”.
Quando o sujeito é uma porcentagem, seguida de um modificador, o verbo concordará com a porcentagem ou com o modificador (substantivo – pronome demonstrativo – pronome possessivo - etc.). É bom que se diga que a concordância “gramatical” é com o numeral da porcentagem e que a concordância com o complemento é mais próxima da linguagem coloquial. Assim, o uso de uma ou outra dependerá da preferência do falante e do contexto.
·    90% do procedimento criminoso enquadram-se no tipo de “continuidade delitiva”;
·    45% do corpo docente constitui-se de profissionais sem qualquer conhecimento pedagógico formal.
Nota: Existe a chamada “concordância siléptica”, em que o verbo concorda ideologicamente com o complemento da porcentagem: “No ataque ao inimigo, 10% do batalhão foi morto ou ferido”. A concordância aqui foi feita com o coletivo “batalhão”. Esse tipo de concordância, entretanto, é desaconselhado em textos jornalísticos, por demandar um conhecimento linguístico nem sempre presente no grande público.

ENTREGUE / ENTREGADO

Escreve-se “documentos anteriormente entregues pelo Departamento”, ou “documentos anteriormente entregados pelo Departamento”?

A norma indica o uso do particípio irregular — entregues —, pois trata-se de caso de uma construção passiva: “documentos ‘que foram’ anteriormente entregues pelo Departamento”

 Deveríamos usar “entregado”, se a frase estivesse na voz ativa, com o verbo auxiliar ter: “documentos que o Departamento tinha entregado anteriormente”.

Nota: Sobre o uso dos particípios (regular e irregular) dos verbos de duplo particípio, Celso Cunha e Lindley Cintra, em sua Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Sá da Costa, 2001, p. 441), dizem-nos que: “De regra, a forma regular emprega-se na constituição dos tempos da VOZ ATIVA, isto é, acompanhada dos auxiliares ter ou haver; a irregular usa-se, de preferência, na formação dos tempos da VOZ PASSIVA, ou seja, acompanhada do auxiliar ser.”


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

USO DO SUBJUNTIVO

Na frase “Os cientistas estimam que as espécies que só podem ser vistas com aparelhos especiais chegam a dez milhões...”, o emprego do verbo sublinhado está correto?
 
Observe-se que a frase expressa um “estimativa”, ou seja “uma possibilidade”. O modo verbal adequado para expressar “incerteza”, “dúvida” quanto à ocorrência da ação descrita é o Subjuntivo.
O correto, portanto, é usar-se esse modo verbal na frase da consulta: “Os cientistas estimam que as espécies que só podem ser vistas com aparelhos especiais cheguem a dez milhões...

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

PÔR / POR

A frase “O governo federal terá que, mais uma vez, por sua imaginação contábil à prova para fingir que atingiu a meta.” está correta?
Quanto ao significado ela está aparentemente correta, mas, observando atentamente, percebe-se que há um problema ocasionado pelo falta do acento gráfico na palavra “por”. Sem o acento, é a preposição “por” e a sequência fica com a semântica comprometida. Usando-se o acento, um dos poucos acentos diferenciais preservados pelo Acordo Ortográfico, é o infinitivo do verbo “pôr” (colocar – mais 51 acepções registradas no Houaiss) e a frase adquire significação: “O governo federal terá que, mais uma vez, pôr sua imaginação contábil à prova para fingir que atingiu a meta.” = “É necessário que o governo federal ponha sua imaginação contábil à prova...”.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

PÉ-DE-MEIA



É verdade que foram retirados os hífens em pé de atleta, pé de boi, pé de chinelo, pé de galinha, pé de moleque, pé de pato, e não em pé-de-meia?

A Base XV do Acordo Ortográfico determina que as locuções substantivas, com elemento de ligação, só mantêm o hífen quando se referirem a espécies botânicas ou zoológicas, como em couve-de-bruxelas; canela-de-ema; joão-de-barro; bênção-de-deus, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inácio, bem-me-quer; galinha-do-mato, erva-de-cheiro; limão-de-cheiro.

Entretanto, o mesmo Acordo estipula uma “exceção” para pé-de-meia, água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, ao deus-dará, à queima-roupa com a afirmação de que essa grafia já está “consagrada pelo uso”.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O VERBO 'INTERMEDIAR'

A frase “Ele intermedia a negociação” está correta?

Existem cinco verbos terminados ‘-iar’ que fazem uma flexão diferente do modelo de sua conjugação. São eles MEDIAR – ANSIAR – REMEDIAR – INCENDIAR – ODIAR. Esses verbos, no presente do indicativo, conjugam-se como o verbo ODIAR (odEio – odEias – odEia – odiamos – odiais – odEiam).

Diz a gramática normativa tradicional que esses verbos apresentam uma vogal epentética nas formas rizotônicas. Aí o pobre do falante tem de saber o que é ‘epentética’ e ‘rizotônicas’, o que, convenhamos, não tem sentido algum. Olhem bem onde fica o E e entenderão.
A frase correta é, pois, “Ele intermedEia a negociação”.