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terça-feira, 10 de maio de 2011

REGÊNCIA DO VERBO CONCORDAR

CONSULTA: A frase “Foi a proposta que não podíamos concordar” está correta?

Sim. A regência do verbo concordar é variada:
a)  aceita complemento regido pelas preposições com / em:
·    Concordo em que se deve corrigir o decreto.
·    Concordamos com a proposição apresentada.

b)  aceita complemento sem preposição alguma:
·    Ambos concordaram que essa opinião era descabida.
·    Os dois concordam não obedecer a ninguém.

c)  aceita dois complementos, um direto e outro indireto:
·    “Os judeus erram em não concordar a sua fé com a sua esperança” (Pe. Vieira)

d)  aceita a construção sem qualquer complemento:
·    Muitos depoimentos não concordavam.
·    Eles concordam sempre.

terça-feira, 3 de maio de 2011

USO DO SUBJUNTIVO

Que forma verbal usar em: “Só pode ser sacado onde há/haja esquemas de segurança”?

RESPOSTA –

Se houver esquema de segurança, pode-se sacar; se não houver, o saque não será possível. Está bem clara a condição dubitativa, essencial para o uso do verbo no subjuntivo. Assim, o correto será “Só pode ser sacado onde haja esquemas de segurança”.

Observe que o verbo haver nesse caso é impessoal, pois tem o sentido de “existir”, por isso o singular.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

VENDE-SE / VENDEM-SE CASAS

CONSULTA – “Vende-se casas” ou “Vendem-se casas”? Qual é o correto?



RESPOSTA – Para responder a questão, vamos esclarecer que o verbo “vender” está acompanhado da partícula “se” que, em tal estrutura, pode ser entendida como pronome apassivador, pronome reflexivo, ou índice de indeterminação do sujeito.

  • 1.   com pronome apassivador o sujeito sofre a ação descrita pelo verbo

“Come-se um bom bife naquele restaurante” = “um bom bife é comido naquele restaurante”.

  • 2.   com pronome reflexivo o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente da ação verbal

“O menino feriu-se com o canivete” = “menino é agente e paciente do ato de ferir”

  • 3.   com índice de indeterminação do sujeito não é possível determinar-se quem praticou, realmente, a ação verbal.
 
“Come-se bem naquele restaurante” = “qualquer pessoa que for ali: João, Pedro, Idelfonso...

Voltando ao início, para saber quem sofre a ação verbal, eu perguntaria: “o que é vendido”? A resposta, naturalmente, seria “casas”, pois é o ser que sofre a ação verbal. É o sujeito apassivado. Se casas (plural) é o sujeito, o verbo só poderá estar no plural, logo o correto é “Vendem-se casas”.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

MACÉRRIMO ou MAGÉRRIMO?

CONSULTA: Devo usar MACÉRRIMO ou MAGÉRRIMO?

RESPOSTA:
Trata-se do grau superlativo absoluto sintético do adjetivo MAGRO. A gramática normativa manda que os adjetivos terminados em “RO” e “RE” façam o grau superlativo absoluto sintético com o acréscimo da terminação “-érrimo” / “-íssimo”.

O dicionário Houaiss registra o seguinte:
Macérrimo:
Adjetivo — extremamente magro; magérrimo, magríssimo.
Magérrimo:
Regionalismo: Brasil.
Adjetivo — muito magro; macérrimo, magríssimo.

Já o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, registra
Macérrimo:
Adjetivo — magro, magríssimo [é anormal o uso de magérrimo, apesar de muito usado]
Magérrimo:
Adjetivo: Variação de macérrimo.

O Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, de Silveira Bueno diz a mesma coisa que Aurélio quanto a Macérrimo e não faz qualquer referência a magérrimo.

O Diconário Eletrônico Michaelis registra
Macérrimo (ma.cér.ri.mo)
Adjjetivo (lat macerrimu) Superlativo absoluto sintético erudito de magro; magérrimo.
Magérrimo (ma.gér.ri.mo)
adj (lat macerrimu) Superlativo absoluto sintético de magro. Apesar de se haver popularizado, é considerada forma anormal do superlativo. A forma correta é macérrimo.

Diante desses fatos, sou pelo uso normal de “Macérrimo”, sempre que estivermos em ambiente formal. O uso ou não de “magérrimo” fica a critério de cada falante, com a ressalva de que é parte da linguagem coloquial informal.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

VERBO HAVER

CONSULTA: encontrei essas frases abaixo... Estão corretas?

"HOUVERAM também, por parte de alguns estudantes, tendências à esquiva de tratar o tema mais diretamente..."
"HOUVERAM também aqueles que, insatisfeitos com a religião dada pela própria família..."

RESPOSTA: Não.

O verbo HAVER, com o significado de EXISTIR, só tem a 3ª pessoa do singular. É um chamado "verbo impessoal", como os verbos que denotam fenômenos naturais (chover, anoitecer, relampejar etc.). O correto seria, pois:

"HOUVE também, por parte de alguns estudantes, tendências à esquiva de tratar o tema mais diretamente..." –

"HOUVE também aqueles que, insatisfeitos com a religião dada pela própria família..."

MEIO / MEIA

CONSULTA: Está certa a frase?

“Juliana anda meia ressabiada com as constantes viagens do marido?"

Resposta: Não.

A palavra meio está intensificando o adjetivo — a palavra ressabiada —. Nesse caso é um advérbio, não tendo, portanto, flexão de gênero e número.

Para saber se meio é advérbio basta substituí-lo por outro advérbio de intensidade qualquer. Por exemplo, coloque a palavra MUITO no lugar de meio. Se a frase continuar aceitável gramaticalmente, é sinal de que MEIO é advérbio.

“Juliana anda MUITO ressabiada com as constantes viagens do marido?".
A frase está perfeita, portanto deveremos corrigir a primeira, deixando-a assim:
“Juliana anda MEIO ressabiada com as constantes viagens do marido?".

Se não for possível substituir meio por MUITO, então meio pertencerá a outra classe gramatical e flexionará normalmente em gênero.
  • Ele bebeu meia garrafa de vinho = Ele bebeu metade da garrafa.
  • Basta-me meia xícara = Basta-me metade da xícara.
  • Ele prometeu comer meio (a metade) queijo, meia (a metade) rapadura e meio (a metade) metro de linguiça.
Obrigado

quarta-feira, 20 de abril de 2011

CONTRA-SENSO

CONSULTA: A palavra contra-senso tem hífen?

RESPOSTA: Sim.

É uma palavra composta por justaposição da preposição “contra” com o substantivo “senso”, formando outra unidade significativa.

A consulta deve ter sido motivada pela norma de hifenação nas palavras formadas por prefixação, em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo essas consoantes duplicar-se, prática, aliás, já generalizada em palavras desse tipo pertencentes ao domínio tecno-científico. Assim: antirreligioso, antissemita, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, microssistema, microrradiografia.

Obrigado