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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

OBSCURIDADE

O que está acontecendo na frase: “O problema é quando a alergia é um produto não identificado”? Parece-me sem significado algum.

Quando uma frase carece de compreensão imediata, por defeito de construção ou da escolha correta das palavras, temos o que a Estilística denomina de “obscuridade”. É a falta de clareza, de inteligibilidade no texto produzido.


Na frase em estudo falta o atributo de “ALERGIA”. Da forma como está, alergia é “um produto”, o que evidentemente, configura um absurdo. Proponho a mudança para “O problema é quando a alergia DECORRE DE um produto não identificado”. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

DEPEDRAR / DEPREDAR

Em “Os vândalos costumam depedrar / depredar os bens públicos”, qual a forma correta?

A grafia correta é depredar, que significa (saquear, devastar, destruir, assolar, despojar). Daí vêm termos como predador, predação e assemelhados.


Embora os vândalos costumem usar fragmentos de rocha para atingir seus objetivos, o verbo “depredar” nada tem a ver com o substantivo “pedra”.

FUI EU / FOI EU

Na fase “Preparei a armadilha, mas foi eu que caí nela”, a concordância verbal está correta?

O verbo “ser” é classificado, na Gramática Normativa, como um verbo anômalo, em decorrência de ser constituído por três radicais diferentes (sou – és – fui). Desse fato decorre alguma dificuldade em seu emprego correto.

Conjugando o verbo ser no pretérito perfeito do indicativo, temos fui / foste / foi / fomos / fostes / foram.


Portando, “fui eu que caí” e não “foi eu que caí” 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

OUTRA VEZ A CRASE

Está faltando a crase na frase “Ele se limitou as acusações contra Cerveró e Fernando baiano”?

A crase resulta da fusão de uma preposição [A] com um artigo [A/As] (ou com o [A] inicial de um pronome demonstrativo (aquele(s) – aquela(s) – aquilo). Dessa forma, para que exista a crase é necessário e fundamental: a) a existência da preposição, sempre em decorrência da regência do termo anterior (verbo ou nome gramatical); b) o artigo definido feminino (A/As) que antecede os substantivos femininos no singular ou no plural; ou c) um dos pronomes demonstrativos acima citados.

O verbo “limitar”, usado pronominalmente, como no caso apresentado é um verbo relativo e deve ser construído com objeto indireto regido pela preposição [a]: “A fera limitou-se a rosnar”; “A mulher ofendida limitou-se ao choro”; “Limitamo-nos a reclamar baixinho”.

Na frase da consulta, o substantivo “acusações” admite a determinação pelo artigo feminino plural “as”. Logo, haverá, regularmente, o sinal indicativo da crase: “Ele se limitou ÀS acusações contra Cerveró e Fernando baiano”?

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O PROBLEMA É A CRASE

Na frase “Elaborou o primeiro documento relacionando às áreas de saúde.”, a crase está correta?

A crase resulta da fusão de uma preposição [A] com um artigo [A/As] (ou com o [A] inicial de um pronome demonstrativo (aquele(s) – aquela(s) – aquilo). Dessa forma, para que exista a crase é necessário e fundamental: a) a existência da preposição, sempre em decorrência da regência do termo anterior (verbo ou nome gramatical); b) o artigo definido feminino (A/As) que antecede os substantivos femininos no singular ou no plural; ou c) um dos pronomes demonstrativos acima citados.

Na frase em exame, temos o verbo “relacionar”, em sua forma subjuntiva. Esse verbo é usado como transitivo (apenas com objeto direto), ou como transitivo/relativo, isto é, vem com um objeto direto e outro, indireto. O que (ou quem) relaciona, relaciona algo (ou alguém) a alguém ou a alguma coisa. Ou seja, relaciona um objeto direto a um objeto indireto.

    a)   O documento relaciona(1) as candidatas aprovadas(2). (verbo transitivo direto(1) + objeto direto(2));
     b)   O documento relaciona(1) as candidatas aprovadas(2) às respectivas carreiras(3) (verbo transitivo direto + objeto direto + objeto indireto).

Da forma como está a frase “Elaborou o primeiro documento relacionando às áreas de saúde.”, temos o caso do verbo usado apenas como transitivo direto, não cabendo o uso do sinal indicativo da crase, pois não há preposição a se fundir com o artigo.

sábado, 29 de agosto de 2015

O MONGE CANSADO DAS AMBIGUIDADES

Manchete em um grande jornal do País: “Monge é flagrado por drone ‘descansando’ no alto de turbina eólica”.

Cansados mesmo estamos nós, leitores, de ver tanto disparate cometido por profissionais da comunicação. Na manchete fica claro que o “drone está descansando no alto da turbina eólica”, o que é, evidentemente, um contrassenso.

Quem sabe o drone estava dando uma voltinha por aí e, ao passar sobre o mosteiro, sentiu-se cansado de tanto voar (dronar?) e aproveitou o alto de uma turbina para tirar um cochilo (quem sabe recarregar as baterias?). Eis que, logo abaixo surge um monge que é, então, “flagrado pelo drone”, pois que o destino inelutável dos drones supõe-se seja flagrar...

É muita fantasia para um pobre “drone” cansado... Melhor modificar o texto para “Drone flagra monge descansando no alto de turbina eólica” ou “Monge descansa no alto de turbina eólica e é flagrado por drone”.

A ambiguidade ou anfibologia é o vício de linguagem que consiste em duplicidade de sentido ou significado obscuro, causado pela má construção frasal.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

PENHOR / PENHORA

Devo usar “penhor” ou “penhora”?

A ricaça penhorou as joias para ficar livre dos impostos. A penhora de bens, no Brasil, tem sido um recurso muito usado por quem contrai dívidas inesperadas.
  • Receba V. S. o penhor de minha gratidão.
  • Empréstimos bancários não são concedidos sem o penhor de bens móveis ou imóveis.
Nas frases acima, os termos “penhora” e “penhor” significam algo dado como garantia de uma obrigação ou dívida e podem, portanto, ser usados, indistintamente, com tal significado. 

Há, evidentemente, alguma sutileza em seus significados e emprego, mas absolutamente irrelevantes na comunicação atual.

Ambos ligam-se ao Latim  pignèro,as,ávi,átum,áre, com o mesmo significado.