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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

SUCATAR / SUCATEAR?

Tenho dúvidas com relação ao uso de palavras derivadas do substantivo “sucata”. Na frase “Comissão de Mortos e Desaparecidos reclama de sucateamento no governo”, por exemplo, fico com a impressão de que deveria usar “sucatamento”. Estou certo?

A formação do verbo “sucatar” a partir do substantivo “sucata” é feita com a desinência “-ar”, ocorrendo a superposição dos dois “as”. Em suma, não se usa o “ear”, como em pentear; contrabandear; titubear; balancear...

Os dicionários Aurélio, Priberan e Michaelis registram “sucatar”, como também faz o VOLP, da Academia Brasileira de Letras. Os dicionários Aulete e A. Houaiss registram “sucatear” como brasileirismo, isto é, um regionalismo próprio de nosso País.

Dessa forma, se o verbo é “sucatar”, seus derivados devem seguir essa grafia, como acontece em Portugal. Daí o correto, no registro formal culto, em minha opinião, é “sucatamento”. 

sábado, 3 de janeiro de 2015

CONCORDÂNCIA COM O VERBO "SER"

A frase “Tudo eram motivos para brigas” está correta quanto à concordância verbal? O sujeito “tudo” não é singular?

O verbo “ser” apresenta algumas particularidades no aspecto da concordância que, às vezes, causam dificuldades ao falante.
Quando o sujeito é representado por uma palavra de sentido indefinido, como “tudo, isso, isto, aquilo”, a concordância do verbo “ser” é feita, normalmente, com o predicativo do sujeito, seja ele plural ou singular.

Exemplos? Observe:

Tudo são flores.
Tudo é motivo de querelas.
Aquilo eram fantasias cultivadas.
Aquilo era falsidade manifesta.
Isso são desencantos passageiros.
Isso é desencanto passageiro.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

TOMAR POSSE NA OU DA PRESIDÊNCIA?

Devo dizer “Tomar posse da Presidência da República” ou “Tomar posse na Presidência na República”?

O Dicionário de Regência de Francisco Fernandes considera as duas regências (da ou na) corretas.

Exemplos:

Contentar-se-ão com a posse desses lugares.

Será amanhã sua posse na chefia do departamento.


quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

SUJEITO "UM DOS QUE"

Como deve ser a concordância verbal e nominal no texto “Um quarto dos que faz/fazem redução de estômago volta/voltam a ficar obeso/obesos”?

O sujeito representado pela expressão “um dos que” aceita a concordância com o verbo no singular ou no plural. É preciso, apenas, atentar para o paralelismo sintático que deve existir na concordância com os demais elementos da sequência.

           a)   Um quarto dos que faz redução de estômago volta a ficar obeso.
           b)   Um quarto dos que fazem redução de estômago voltam a ficar obesos.

Por conseguinte, são possíveis as duas construções. Pode-se afirmar que, hoje, a questão é apenas de sentido: com o verbo no singular, enfatiza-se a ideia da ação individual; com o verbo no plural, reforça-se o aspecto da ação coletiva.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

MEIO MILHÃO FUGIR / FUGIREM

Em “Tufão faz meio milhão fugir/fugirem de casa”, deve-se usar o verbo no singular o no plural?

Meio milhão é singular, representa a coleção de quinhentos mil objetos, cidadãos, mosquitos, moedas. A concordância verbal com sujeitos coletivos é feita com o verbo no singular.
Tufão faz meio milhão fugir de casa.

Se, no entanto, houver um complemento, necessariamente no plural, para esse coletivo, a concordância poderá ser feita com o verbo indiferentemente no singular ou no plural

Tufão faz meio milhão de pessoas fugir de casa.
Tufão faz meio milhão de pessoas fugirem de casa.


FULANO OU SICRANO SERÁ/SERÃO

“Fulano ou sicrano serão escolhidos como representantes da turma”. A concordância verbal está correta?

A conjunção alternativa “ou” evidencia que só um deles será escolhido.

Se os dois pudessem ser representantes, não usaríamos a alternativa, mas a aditiva “e”. A conjunção alternativa significa a exclusão de um dos elementos, logo o verbo deverá concordar no singular e mais as necessárias adaptações de número no predicativo do sujeito: “Fulano ou sicrano será escolhido como representante da turma”.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

LINCHAR - LINCHAMENTO

Uma chamada de matéria no jornal dizia que: “O ladrão foi linchado por moradores e, posteriormente, encaminhado ao hospital com ferimentos generalizados”. Se o indivíduo foi “linchado” não quer dizer que morreu? Qual é a origem e o significado de “linchar”?

O termo “linchar” resulta do empréstimo linguístico feito do inglês “Lynch”.

O dicionário A. Houaiss registra o seguinte:
To lynch 'executar sumariamente, sem julgamento regular, por uma decisão coletiva, o autor de um crime grave', der. de Lynch law 'lei de Lynch' (1838), de William Lynch, fazendeiro de Pittsylvania, no Estado da Virgínia (E.U.A.), que no final do século XVIII instituiu um tribunal privado a que incumbia julgar sumariamente os criminosos apanhados em flagrante; ocorre em uns poucos vocábulos, de fins do século XIX em diante: linchado, linchador, linchagem, linchamento, linchar

Linchar – Verbo transitivo direto
1. Executar sumariamente, sem julgamento regular e por decisão coletiva (criminoso ou alguém suspeito de sê-lo).

Por aí se vê que a vítima de um linchamento não deve ser encaminhada ao hospital, mas ao necrotério. Entretanto, é comum ver-se em jornais e revistas o termo “linchar” ser usado para eventos em que várias pessoas agridem um suposto criminoso, sem, no entanto, ocasionar-lhe a morte.