Pesquisar este blog

quinta-feira, 29 de maio de 2014

DESTA - DESSA

Na frase "Senhor Ministro, em nenhum momento, pretendeu-se, portanto, usurpar a competência desta Suprema Corte e autorizar investigação, direta ou indiretamente, contra autoridade com foro privilegiado", o pronome demonstrativo destacado está correto?

Corretíssimo. O pronome demonstrativo refere-se a algo que ainda será nominado no próprio texto (Suprema Corte). Sua função textual é a de “catafórico”, ou seja, antecipa um termo que virá a seguir. Nessa função, os demonstrativos devem ser “isto, este, esta, deste, desta, neste, nesta”.

terça-feira, 27 de maio de 2014

CONTRA-OFENSIVA ou CONTRAOFENSIVA?

Em “Passados os momentos mais críticos gerados pelas revelações de Edward Snowden sobre a rede de espionagem informática mundial americana, os dirigentes de Washington parecem retomar a contra-ofensiva”, está correto uso do hífen na última palavra?

O uso do hífen está incorreto.

Prefixos terminados em vogal só admitem o hífen se a palavra seguinte iniciar-se pela mesma vogal ou pela letra [H].

anti-herói; macro-história; mini-hotel; proto-história; sobre-humano; super-homem; ultra-humano; anti-ibérico; anti-imperialista; anti-inflacionário; anti-inflamatório; auto-observação; contra-almirante; contra-ataque; micro-ondas; semi-internato.

Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar; coobrigação; coordenar; cooperar, cooperação; cooptar; coocupante, coautor, coprodução.

Além disso, há casos em que a aglutinação do prefixo ao radical já está consolidada pelo uso, como em reeleição; reescrever; reenviar...

quinta-feira, 22 de maio de 2014

VERBOS ANÔMALOS

Como sabemos, um verbo é dito irregular quando sua conjugação não segue o paradigma de sua conjugação. Os verbos “saber” e “caber”, por exemplo, fazem o presente do indicativo de forma bem diferente do modelo regular de “vender”. São verbos irregulares.

Vendere > Eu vendo; tu vendes; ele vende; nós vendemos; vós vendeis; eles vendem. (regular)
Sapere > Eu sei; tu sabes; ele sabe; nós sabemos; vós sabeis; eles sabem. (irregular)
Capere > Eu caibo; tu cabes; ele cabe; nós cabemos; vós cabeis; eles cabem. Irregular)

Observe-se que a irregularidade é apenas morfológica, pois, em todas as formas, está presente o mesmo radical formador.

O verbo é chamado anômalo quando apresenta, em sua conjugação, mais de um radical formador. O verbo “ser”, por exemplo, apresenta em sua conjugação os radicais de “esse” e “vadere”:
Eu sou, tu és, ele é. Eu fui; foste; ele foi.

Como nossa escola não mais se preocupa em ensinar as origens da língua, fica muito difícil para o falante comum penetrar nesse mundo misterioso e fascinante da etimologia. 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

CONTRA-RAZÃO

Como se escreve “contra razão”, “contra-razão” ou “contrarrazão”?


Esse termo é usado quando se faz uma argumentação contrária a alguma afirmação estabelecida, normalmente no meio jurídico ou acadêmico. É uma palavra composta em que os dois elementos formadores mantêm sua autonomia morfológica e significativa. 

O Acordo Ortográfico determina que, nesses casos, a grafia é com hífen: “contra-razão”.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

A ORDEM DOS TERMOS E O SIGNIFICADO

Quem disse que a ordem dos termos não faz diferença?

Um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi removido já morto por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

A observação da ordem dos termos na frase é fundamental. Dependendo da posição, um termo pode alterar o significado, gerando dificuldade de entendimento por parte do leitor.

No texto em destaque, a construção “foi removido já morto por biólogos” possibilita a dupla interpretação: o animal foi morto pelos biólogos ou já estava morto antes da remoção? Por mais que o leitor tenha boa-vontade para deduzir que o animal não foi morto pelos biólogos, o texto permite essa interpretação.

O que produz esse defeito é o fato de a expressão “por biólogos” vir depois de duas formas verbais, podendo estar ligada a qualquer uma delas (“removido por biólogos” ou “morto por biólogos”).

A solução para o problema está na mudança de posição ou da expressão “por biólogos” ou de uma das formas verbais.

Um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi encontrado morto e removido por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

“Já morto, um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi removido por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

Biólogos do Projeto Poço das Antas removeram, já morto, um mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

DUPLA NEGATIVA

Dupla negativa leva a sentido oposto ao pretendido.

“O líder do oposição no Senado afirmou que o ex-ministro cometeu crime de responsabilidade ao negar no depoimento à Câmara dos Deputados, na semana passada, que não usou nenhum avião de forma irregular”.

O fragmento acima apresenta um defeito de construção: o verbo “negar” é completado por uma oração negativa. Ora negar uma negativa equivale a uma afirmação – oposto, portanto, ao pretendido.

Se tivesse feito o que está no texto, o ex-ministro não teria cometido crime de responsabilidade, pois “negar não ter feito algo” é o mesmo que reconhecer tê-lo feito, e isso não é crime, mas confissão.

Por outro lado, o verbo “negar” exige que a oração que o completa tenha verbo no subjuntivo. Assim, alguém nega que tenha feito algo (em vez de “nega que fez algo”).

O texto pode ser corrigido assim:

“O líder da oposição no Senado afirmou que o ex-deputado cometeu crime de responsabilidade ao negar, no depoimento feito à Câmara dos Deputados na semana passada, que tenha usado um avião de forma irregular”.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

VALE-TUDO / BATE-BOCA

Os substantivos "vale-tudo" e "bate-boca" têm hífen?
O Acordo Ortográfico determina que se use o hífen nas palavras compostas por justaposição, cujos elementos (de natureza nominal, adjetival, verbal ou numeral) mantêm sua identidade morfológica e significativa. “arco-íris”, “decreto-lei”, “guarda-noturno”, “norte-americano”, “primeiro-sargento”, “azul-claro”...

Há uma regra bem fácil de ser memorizada: “quando o elemento inicial é um verbo, como valer, bater, guardar, fincar, virar, portar etc., o hífen é obrigatório”: vale-tudo, bate-boca, porta-malas, guarda-chuva, guarda-sol etc.