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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

ESSE / ESSA - DESSE / DESSA - AQUELE - AQUELA

O projeto será examinado por uma comissão. Esta comissão tem a incumbência de definir sua viabilidade e apresentar suas conclusões por meio de um relatório. Este relatório será enviado a todos os interessados no desenvolvimento das ações propostas.”

São frequentes as dúvidas causadas pelo emprego dos pronomes demonstrativos “este” / “esse” e suas variações.

Tais pronomes demonstrativos funcionam como determinantes de nomes (substantivos – adjetivos – advérbios), que já foram ou serão citados no discurso (texto / fala). De uma forma geral, a “posição” que tais termos ocupam é que determina se devemos usar “st” ou “ss”.

O pronome demonstrativo será um “anafórico” se apontar para algo que já foi mencionado e, nesse caso, deverá ser grafado com “ss”; será um “catafórico” se antecipar algo que ainda será dito e, então, deverá ser grafado com “st”.

No fragmento em epígrafe, o termo comissão é retomado no período seguinte e o demonstrativo deveria ser escrito com “ss”; o mesmo ocorre com o termo relatório, logo a seguir.

Pode ocorrer a retomada de uma ideia com outro termo, o que também leva ao uso das formas com “ss”, como em “ofendiam-se, brigavam com os colegas e desrespeitavam os professores que os repreendiam. Lamentavelmente, esse comportamento era relevado pela direção da escola”. O fato está distante no tempo e no espaço.
Os pronomes demonstrativos com “st” referem a algo que ainda será dito adiante. Por exemplo: “O fato é este: a gestão das escolas tem de ser exercida por diretores profissionais”.

Também quando há referência ao assunto de que trata o texto: “Esta pesquisa tem como finalidade levantar dados que comprovem a hipótese x”.

Na fala, usa-se o demonstrativo com “st” para algo que esteja junto do emissor: “Falo deste livro”. O livro está perto de mim. “Falo desse livro”. O livro está perto da pessoa com quem falo. “Falo daquele livro.” O livro está distante de mim e de meu interlocutor.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

À MEDIDA QUE / NA MEDIDA EM QUE

Está correto o uso da locução em "Queremos empresas fortes tendo seu lucro absolutamente garantido, na medida em que é um lucro justo e uma grande contribuição para o País."?

Está corretíssimo.

À medida que é uma locução conjuntiva proporcional, logo, expressa ideia de proporção. Pode ser substituída por “à proporção que”. Uma oração que se inicia por “à medida que” é subordinada adverbial proporcional.

a) À medida que a inflação sobe, os pobres ficam mais pobres
b) Os manifestantes tornam-se mais agressivos, à medida que percebem a inação policial.

Na medida em que é uma locução conjuntiva causal; haverá, logo, relação de causa/consequência nas orações que se iniciarem por ela. Tem como equivalentes “uma vez que”, “porque”, “visto que”, “já que” e “tendo em vista que”.

a) A leitura está na base de todo conhecimento, na medida em que só aprendemos realmente quando lemos e refletimos sobre o que foi lido.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MOSTRE-SE / MOSTREM-SE

A concordância verbal está correta em “Justiça determina que se mostre os contratos”?

Não. O sujeito passivo do verbo “mostrar” é o substantivo masculino plural “contratos”, logo o verbo deve ir para o plural: “Justiça determina que se mostrem os contratos”.

Esse tipo de equívoco decorre do uso da partícula “se”. Essa palavrinha pode exercer diferentes funções dentro da língua e é aí que mora o perigo.

Come-se bem naquele restaurante. O “se” é índice de indeterminação do sujeito. É evidente que qualquer pessoa que for ao restaurante comerá bem, isto é, indeterminadas pessoas comerão bem. Observe-se que o verbo está na 3ª pessoa do singular e não há na frase qualquer palavra que possa exercer a função de sujeito.

Comem-se bons pratos naquele restaurante. O “se” é pronome apassivador. É possível transformar a frase em uma passiva analítica: “Bons pratos são comidos naquele restaurante”. Essa operação não pode ser realizada na frase anterior. Observe-se que verbo está na 3ª pessoa do plural, para concordar com o sujeito posposto “bons pratos”.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

REGÊNCIA DO VERBO "PERMITIR"

Li esse texto em um jornal e estou preocupado com sua correção. O verbo “permitir” foi usado corretamente?

“Em experimentos que podem iniciar uma nova era na biologia das células-tronco, cientistas descobriram uma forma barata e fácil de reprogramar células maduras de um rato de volta a um estado similar ao embrionário, o que os permitiu gerar vários tipos de tecidos.”

Há um equívoco na construção do predicado do verbo “permitir”. Esse verbo é um transitivo/relativo, isto é, usa-se com dois complementos: objeto direto e objeto indireto. Aqui o objeto direto é “gerar vários tipos de tecidos”. Qual seria o objeto indireto? O redator deveria usar o pronome oblíquo átono “lhes” em lugar do “o”.

“...que LHES permitiu gerar vários tipos de tecidos.”

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

PRÉ-JULGAMENTO / PREJULGAMENTO

Como escrevo (prejulgamento ou pré-julgamento)?

O Acordo ortográfico, em sua base XVI, diz o seguinte:

Usa-se o hífen

f) Nas formações com os prefixos tônicos acentuados graficamente (pós-, pré- e pró-) quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes formas átonas (pos, pre, pro) que se aglutinam ao elemento seguinte: pós-graduação, pós-tônicos (mas pospor); pré-escolar, pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover).

  • Pós-eleitoral; pós-graduação; pós-guerra; pós-parto. (pospor; pospositivo).
  • Pré-estreia; pré-fabricado; pré-lançamento. (preâmbulo; preaquecimento; prever; prejulgar; prejulgamento).
  • Pró-americano; pró-ativo; pró-forma; pró-memória. (proveniente; promoção; provigário).

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

POR CONTA DE

Essa expressão, que se está vulgarizando nos meios de comunicação e logo fará parte do cotidiano linguístico dos falantes que tendem a ser “modernosos”, é uma inovação semelhante a “a nível de”, “meio que”, “enfim”, “quer dizer” e outras tantas que surgiram e, felizmente, ficaram, ou tendem a ficar, restritas aos almanaques do Capivarol, do Biotônico Fontoura e da Folhinha Mariana.

O sujeito está falando e de repente, sem mais nem porque, lasca um “enfim” que não liga palavras ou orações, deixando o interlocutor tenso, na vã espera do que virá para completar o pensamento.

Conheci um gago que completava os espaços vazios de sua fala com a expressão “quer dizer”. Um dia foi convidado a ler uma passagem dos evangelhos, na missa dominical, e foi aquela tragédia: “Naquele tempo “quer dizer” dizia Jesus a “quer dizer” seus discípulos: “quer dizer” ide e “quer dizer” semeai “quer dizer”, minha “quer dizer” palavra... O padre cassou-lhe a palavra imediatamente.

O problema atinge o significado de diferentes preposições e, em alguns casos chega a alterar o sentido normal do enunciado.

1.     Chanceler alemã reclama por conta da espionagem americana. (contra);
2.     Neymar está frustrado por conta da contusão. (em razão da);
3.     Estudantes protestam por conta da ação policial. (contra);
4.     Políticos foram condenados por conta da corrupção. (por);
5.     Trânsito foi interrompido por conta de deslizamento de terra. (por causa de).

São os modismos com que a língua convive, mas que falantes atentos percebem e evitam, servindo até de modelo a outros menos vigilantes.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

POR QUE / POR QUÊ / PORQUE / PORQUÊ

Quando devo escrever “por que”, “porque”, “por quê” e “porquê”?
Usa-se o “por que”:
1.      No início ou no interior das interrogações diretas e indiretas.
a.      Por que você faltou?(interrogação direta)
b.      Quero saber por que você faltou. (interrogação indireta)
2.      Quando tiver o significado de “o motivo pelo qual” ou “a razão pela qual”.
a.      Não consigo entender por que (o motivo pelo qual) (a razão pela qual) ela me abandonou.
Usa-se “porque”:
1.      Quando significar uma resposta ou explicação.
a.      Faltei porque não tinha dinheiro para a condução.
b.      Porque foi reprovado, mudou de escola.
Usa-se “por quê”:
1.      Quando estiver no final das interrogações diretas e exclamações.
a.      Você faltou por quê?
b.      O Flamengo perdeu por quê?
c.      Não sei por quê!
Usa-se “porquê”:
1.      Quando estiver antecedido de artigo, pronome ou numeral. Nesses casos, ocorre a chamada formação imprópria e o porquê é substantivo.
a.      Não sei o porquê de tanta confusão.
b.      Meus porquês são sempre fundamentados em bases sólidas.
c.      Sempre há um porquê mal explicado em suas justificativas.