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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MOSTRE-SE / MOSTREM-SE

A concordância verbal está correta em “Justiça determina que se mostre os contratos”?

Não. O sujeito passivo do verbo “mostrar” é o substantivo masculino plural “contratos”, logo o verbo deve ir para o plural: “Justiça determina que se mostrem os contratos”.

Esse tipo de equívoco decorre do uso da partícula “se”. Essa palavrinha pode exercer diferentes funções dentro da língua e é aí que mora o perigo.

Come-se bem naquele restaurante. O “se” é índice de indeterminação do sujeito. É evidente que qualquer pessoa que for ao restaurante comerá bem, isto é, indeterminadas pessoas comerão bem. Observe-se que o verbo está na 3ª pessoa do singular e não há na frase qualquer palavra que possa exercer a função de sujeito.

Comem-se bons pratos naquele restaurante. O “se” é pronome apassivador. É possível transformar a frase em uma passiva analítica: “Bons pratos são comidos naquele restaurante”. Essa operação não pode ser realizada na frase anterior. Observe-se que verbo está na 3ª pessoa do plural, para concordar com o sujeito posposto “bons pratos”.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

REGÊNCIA DO VERBO "PERMITIR"

Li esse texto em um jornal e estou preocupado com sua correção. O verbo “permitir” foi usado corretamente?

“Em experimentos que podem iniciar uma nova era na biologia das células-tronco, cientistas descobriram uma forma barata e fácil de reprogramar células maduras de um rato de volta a um estado similar ao embrionário, o que os permitiu gerar vários tipos de tecidos.”

Há um equívoco na construção do predicado do verbo “permitir”. Esse verbo é um transitivo/relativo, isto é, usa-se com dois complementos: objeto direto e objeto indireto. Aqui o objeto direto é “gerar vários tipos de tecidos”. Qual seria o objeto indireto? O redator deveria usar o pronome oblíquo átono “lhes” em lugar do “o”.

“...que LHES permitiu gerar vários tipos de tecidos.”

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

PRÉ-JULGAMENTO / PREJULGAMENTO

Como escrevo (prejulgamento ou pré-julgamento)?

O Acordo ortográfico, em sua base XVI, diz o seguinte:

Usa-se o hífen

f) Nas formações com os prefixos tônicos acentuados graficamente (pós-, pré- e pró-) quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes formas átonas (pos, pre, pro) que se aglutinam ao elemento seguinte: pós-graduação, pós-tônicos (mas pospor); pré-escolar, pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover).

  • Pós-eleitoral; pós-graduação; pós-guerra; pós-parto. (pospor; pospositivo).
  • Pré-estreia; pré-fabricado; pré-lançamento. (preâmbulo; preaquecimento; prever; prejulgar; prejulgamento).
  • Pró-americano; pró-ativo; pró-forma; pró-memória. (proveniente; promoção; provigário).

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

POR CONTA DE

Essa expressão, que se está vulgarizando nos meios de comunicação e logo fará parte do cotidiano linguístico dos falantes que tendem a ser “modernosos”, é uma inovação semelhante a “a nível de”, “meio que”, “enfim”, “quer dizer” e outras tantas que surgiram e, felizmente, ficaram, ou tendem a ficar, restritas aos almanaques do Capivarol, do Biotônico Fontoura e da Folhinha Mariana.

O sujeito está falando e de repente, sem mais nem porque, lasca um “enfim” que não liga palavras ou orações, deixando o interlocutor tenso, na vã espera do que virá para completar o pensamento.

Conheci um gago que completava os espaços vazios de sua fala com a expressão “quer dizer”. Um dia foi convidado a ler uma passagem dos evangelhos, na missa dominical, e foi aquela tragédia: “Naquele tempo “quer dizer” dizia Jesus a “quer dizer” seus discípulos: “quer dizer” ide e “quer dizer” semeai “quer dizer”, minha “quer dizer” palavra... O padre cassou-lhe a palavra imediatamente.

O problema atinge o significado de diferentes preposições e, em alguns casos chega a alterar o sentido normal do enunciado.

1.     Chanceler alemã reclama por conta da espionagem americana. (contra);
2.     Neymar está frustrado por conta da contusão. (em razão da);
3.     Estudantes protestam por conta da ação policial. (contra);
4.     Políticos foram condenados por conta da corrupção. (por);
5.     Trânsito foi interrompido por conta de deslizamento de terra. (por causa de).

São os modismos com que a língua convive, mas que falantes atentos percebem e evitam, servindo até de modelo a outros menos vigilantes.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

POR QUE / POR QUÊ / PORQUE / PORQUÊ

Quando devo escrever “por que”, “porque”, “por quê” e “porquê”?
Usa-se o “por que”:
1.      No início ou no interior das interrogações diretas e indiretas.
a.      Por que você faltou?(interrogação direta)
b.      Quero saber por que você faltou. (interrogação indireta)
2.      Quando tiver o significado de “o motivo pelo qual” ou “a razão pela qual”.
a.      Não consigo entender por que (o motivo pelo qual) (a razão pela qual) ela me abandonou.
Usa-se “porque”:
1.      Quando significar uma resposta ou explicação.
a.      Faltei porque não tinha dinheiro para a condução.
b.      Porque foi reprovado, mudou de escola.
Usa-se “por quê”:
1.      Quando estiver no final das interrogações diretas e exclamações.
a.      Você faltou por quê?
b.      O Flamengo perdeu por quê?
c.      Não sei por quê!
Usa-se “porquê”:
1.      Quando estiver antecedido de artigo, pronome ou numeral. Nesses casos, ocorre a chamada formação imprópria e o porquê é substantivo.
a.      Não sei o porquê de tanta confusão.
b.      Meus porquês são sempre fundamentados em bases sólidas.
c.      Sempre há um porquê mal explicado em suas justificativas. 

LANÇA-PERFUME

A frase “A lança-perfume foi proibida no carnaval” está correta?


A palavra “lança-perfume” é do gênero masculino. Corrija-se para “O lança-perfume...”

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

MESMO / MESMA?

Devo dizer “Ela mesmo cavou sua sepultura” ou “Ela mesma cavou sua sepultura”?


Mesmo é adjetivo e equivale a próprio. É, portanto, variável em gênero e número, para concordar com o termo que modifica: Ela mesma (própria) arrumou a sala. Elas mesmas (próprias) produziram a pesquisa com dados falsos. Ele mesmo (próprio) incriminou o irmão. Eles mesmos (próprios) confessaram o crime.