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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

VERBO INTERMEDIAR

CONSULTA:
Está certa a frase: "O gerente só intermedia quando é necessário"?
RESPOSTA:
Não. O verbo “intermediar” não se conjuga assim.
Os verbos terminados em -iar têm conjugação regular, ou seja, seguem a conjugação de qualquer verbo terminado em -ar, como, por exemplo, o "andar". Então, se dizemos "eu ando, tu andas, ele anda", também diremos "eu negocio, tu negocias, ele negocia".
Há alguns verbos terminados em -iar, porém, que não seguem essa conjugação. É o caso de "mediar", "ansiar", "remediar", incendiar", "odiar" e todos os seus derivados. Esses verbos terão o acréscimo da letra "e" antes da terminação -iar, nas pessoas "eu, tu, ele e eles" do presente do indicativo (todos os dias ...) e do presente do subjuntivo (espero que ...). A conjugação desses dois tempos ficará desta forma: Todos os dias eu medeio, tu medeias, ele medeia, nós mediamos, vós mediais, eles medeiam. Que eu medeie, tu medeies, ele medeie, nós mediemos, vós medieis, eles medeiem.
Todos os outros tempos seguem a conjugação regular, ou seja, terão conjugação igual à de qualquer verbo terminado em -ar.
O verbo "intermediar" é derivado de "mediar" e sua conjugação é idêntica. A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita:
O gerente só intermedeia quando é necessário.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Lá em Goiás ou "no" Goiás?


CONSULTA — 
A frase “É como se diz lá no Goiás” está certa?

RESPOSTA — 
Alguns nomes substantivos não aceitam artigos quando não estão determinados por algum qualificativo. Por exemplo, ninguém gosta da Brasília, mas de Brasília; Meu pai veio da (de+a) Espanha e minha mãe, de Portugal; Gostei muito de Londres, de Paris e de Barcelona.

Goiás é um desses nomes que não aceitam artigo, a não ser quando determinados (seguidos ou precedidos por uma palavra ou expressão qualificativa).

A frase correta, portanto, seria “É como se diz lá em Goiás”.
Agora, se dermos alguma qualidade ao nome “Goiás”, a coisa muda de figura.
“É como se diz lá no (em+o) Goiás das grandes fazendas”.
“Ninguém gosta da Brasília dos políticos desonestos”.
“Gostei mais da Paris iluminada e moderna que da Lisboa tristonha e ultrapassada”.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pôr e Por


CONSULTA
O acordo ortográfico aboliu todos os acentos diferenciais? Estou em dúvida sobre como grafar o verbo “por”.

RESPOSTA

O acordo ortográfico aboliu a maioria dos acentos diferenciais, mas deixou o trabalho pela metade, isto é, permitiu a permanência de alguns deles.
Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular.
  • Ele pode entrar agora. Ontem ele não pôde 
    /ó/                                                /ô/

Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.
  • ·    Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
  • ·    Indo por este caminho, você vai pôr tudo a perder.

Permanecem os acentos que diferenciam as 3ªs pessoas do singular e do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).

Exemplos:
• Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.

• Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.

• Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.

• A crise advém da ganância / As crises advêm da ganância.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

SENÃO / SE NÃO


SENÃO ou SE NÃO
Qual é a diferença entre as duas expressões?
SENÃOConjunção adversativa e preposição, com o sentido de:
1 - do contrário, caso contrário, de outro modo, de outra forma;
2 - mas, mas sim;
3 - mais do que;
4 - a não ser.
Exemplos:
Uma eleição deve ser a escolha consciente do melhor candidato, senão é perda de tempo e de energia. [do contrário]
O Executivo é que decide onde aplicar o dinheiro arrecadado de nossos impostos, não com a visão partidária ou bairrista, senão com o espírito de quem pretende alcançar o bem comum. [mas sim]
Para que ela aceitasse o rompimento, disse-lhe que ela não fora senão uma aventura passageira. [mais do que]
O álcool, assim como as drogas não oferece senão uma tênue e fugaz fuga da realidade. [a não ser, mais do que]
SE NÃO - Aqui são duas palavras distintas: conjunção subordinativa condicional se + o advérbio de negação não. Significa dizer "caso não ...".
Exemplos:
Se não der certo, não me venhas com desculpas esfarrapadas.
Ficará em dificuldades financeiras, se não controlar melhor os gastos com o cartão de crédito.
Há casos em que a conjunção "senão" na acepção 1 (= do contrário) pode ser confundida com a oração condicional; a interpretação depende da pessoa:
Exemplo:
Se o computador for bom, fico com ele; senão / se não, vou devolvê-lo ao almoxarifado. [do contrário devolvo / se não for bom, devolvo]

PLEONASMO


PLEONASMO
Li, hoje, na Folha: “Novo xodó dos são-paulinos, o meia-atacante já virou o principal elo de ligação entre a defesa e o setor ofensivo da equipe do Morumbi”. Está certo?
Existe um vício de linguagem imperdoável em um texto publicado por um jornal dessa categoria: “elo de ligação”.
O pleonasmo (redundância) pode ser estilístico, quando é clara a intenção do autor em ressaltar determinada ação. É famosa a citação de Antônio Viera, em um de seus sermões: “Tantos fenômenos inauditos da natureza, vistos com os olhos, pegados com as mãos, pisados com os pés...”.
Há, principalmente em autores mais antigos, exemplos de pleonasmos em que se repete o complemento verbal, ou o sujeito, para dar maior elegância à frase:
·        A mim me parece...
·        Maltratando-se a si próprio...
·        “Deu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta...”
·        “Os estímulos da honra, tê-los-ia, o jovem...”
Não me parece ter sido essa a intenção do jornalista da Folha.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A palavra "que"


A palavra “que” deve ser acentuada na frase "O que e como falar”?
É muito comum imaginarmos que a palavra “que” deva ser acentuada quando antecedida de artigo, por uma analogia com o acento gráfico em “o porquê”. Isso não é correto. O que deve ser acentuado com o circunflexo apenas em três casos:
·        Quando for antecedido do artigo indefinido um:
Aquela mulher tem um quê irresistível.
·        Quando isso ocorrer, a junção um quê significará algo, alguma coisa: Aquela mulher tem algo de irresistível.

·        Quando for interjeição. Isso ocorrerá em indicação de surpresa, de espanto, de dúvida:
Quê? Você ainda não fez o trabalho?

·        Quando for pronome interrogativo e estiver em final de frase:
Você faltou ao trabalho por quê?
• Você está temeroso de quê?
• Você está a fim de quê?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um livro excelente

Acabo de ler um livro fascinante: "Não contem com o fim do livro". Trata-se de uma "conversa" entre Umberto Eco – O Nome da Rosa – e Jean-Claude Carrière – cineasta e crítico literário. O autor é o intermediário da conversa, o jornalista Jean Philippe de Tonnac. Por 269 páginas eles se divertem e divertem o leitor contando a história do livro, suas vicissitudes, seus inimigos e, principalmente, seu valor como repositório do conhecimento humano através dos milênios (considera-se "livro" todo texto produzido para perenizar o conhecimento, desde os papiros, os hieróglifos, os rolos até os existentes em mídia virtual).
Vários pensamentos me ocorreram durante a leitura. Nunca entendi, por exemplo, por que uma certa corrente de pensamento educacional abomina o livro didático, pregando sua extinção para, em seu lugar, adotar o livro "criado" pelos próprios alunos. Os autores não falam disso, mas fica claro que a inspiração dessa bobagem está na "revolução cultural" chinesa, que promoveu (pelo menos tentou) a eliminação dos livros existentes porque representavam uma fonte de poder das elites e, em seu lugar, deveria permanecer apenas o "livro vermelho de Mao". Esse pensamento foi adotado, piamente, pelos movimento estudantil  reformista de 1968, na França. Dá o que pensar...
Por que se queimam livros? Por que várias bibliotecas grandiosas foram incendiadas? Você sabia que um senador americano propôs a proibição do ensino de outras línguas nas escolas americanas porque "se Jesus falava inglês, não há necessidade de se saber mais do que isso"?
Não vou me estender mais, para não atrapalhar a leitura de quem se interessar.