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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

SUJEITO "UM DOS QUE"

Como deve ser a concordância verbal e nominal no texto “Um quarto dos que faz/fazem redução de estômago volta/voltam a ficar obeso/obesos”?

O sujeito representado pela expressão “um dos que” aceita a concordância com o verbo no singular ou no plural. É preciso, apenas, atentar para o paralelismo sintático que deve existir na concordância com os demais elementos da sequência.

           a)   Um quarto dos que faz redução de estômago volta a ficar obeso.
           b)   Um quarto dos que fazem redução de estômago voltam a ficar obesos.

Por conseguinte, são possíveis as duas construções. Pode-se afirmar que, hoje, a questão é apenas de sentido: com o verbo no singular, enfatiza-se a ideia da ação individual; com o verbo no plural, reforça-se o aspecto da ação coletiva.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

MEIO MILHÃO FUGIR / FUGIREM

Em “Tufão faz meio milhão fugir/fugirem de casa”, deve-se usar o verbo no singular o no plural?

Meio milhão é singular, representa a coleção de quinhentos mil objetos, cidadãos, mosquitos, moedas. A concordância verbal com sujeitos coletivos é feita com o verbo no singular.
Tufão faz meio milhão fugir de casa.

Se, no entanto, houver um complemento, necessariamente no plural, para esse coletivo, a concordância poderá ser feita com o verbo indiferentemente no singular ou no plural

Tufão faz meio milhão de pessoas fugir de casa.
Tufão faz meio milhão de pessoas fugirem de casa.


FULANO OU SICRANO SERÁ/SERÃO

“Fulano ou sicrano serão escolhidos como representantes da turma”. A concordância verbal está correta?

A conjunção alternativa “ou” evidencia que só um deles será escolhido.

Se os dois pudessem ser representantes, não usaríamos a alternativa, mas a aditiva “e”. A conjunção alternativa significa a exclusão de um dos elementos, logo o verbo deverá concordar no singular e mais as necessárias adaptações de número no predicativo do sujeito: “Fulano ou sicrano será escolhido como representante da turma”.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

LINCHAR - LINCHAMENTO

Uma chamada de matéria no jornal dizia que: “O ladrão foi linchado por moradores e, posteriormente, encaminhado ao hospital com ferimentos generalizados”. Se o indivíduo foi “linchado” não quer dizer que morreu? Qual é a origem e o significado de “linchar”?

O termo “linchar” resulta do empréstimo linguístico feito do inglês “Lynch”.

O dicionário A. Houaiss registra o seguinte:
To lynch 'executar sumariamente, sem julgamento regular, por uma decisão coletiva, o autor de um crime grave', der. de Lynch law 'lei de Lynch' (1838), de William Lynch, fazendeiro de Pittsylvania, no Estado da Virgínia (E.U.A.), que no final do século XVIII instituiu um tribunal privado a que incumbia julgar sumariamente os criminosos apanhados em flagrante; ocorre em uns poucos vocábulos, de fins do século XIX em diante: linchado, linchador, linchagem, linchamento, linchar

Linchar – Verbo transitivo direto
1. Executar sumariamente, sem julgamento regular e por decisão coletiva (criminoso ou alguém suspeito de sê-lo).

Por aí se vê que a vítima de um linchamento não deve ser encaminhada ao hospital, mas ao necrotério. Entretanto, é comum ver-se em jornais e revistas o termo “linchar” ser usado para eventos em que várias pessoas agridem um suposto criminoso, sem, no entanto, ocasionar-lhe a morte.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

COLOCAÇÃO DO PRONOME OBLÍQUO (APOSSÍNCLISE)

Está correta a frase “Era impossível que lhe não deixasse alguns reais a cada visita”? A posição do pronome “lhe” me parece estranha.

A posição do pronome “lhe” é, realmente, pouco usual, mas está correta.

Há dois elementos subordinantes, – “que / não” – encadeados antes do verbo “deixar”. Essa ocorrência permite que se posicione o pronome oblíquo átono antes do verbo “que não lhe deixasse”, ou entre os dois elementos encadeados “que lhe não deixasse”.

A gramática normativa chama essa colocação de “apossínclise”.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

SILEPSE DE PESSOA

Na oração “Os contribuintes compartilhamos da preocupação com os destinos dados ao nosso rico dinheirinho”, a concordância verbal está correta? O sujeito “contribuintes” é da 3ª pessoa do plural e o verbo “compartilhar” está na 1ª pessoa...

A concordância está correta. O autor usou de um recurso expressivo chamado de “silepse de pessoa” ou “concordância ideológica”. É possível usar a silepse de pessoa somente quando o falante está incluído entre os integrantes de um sujeito plural. É como se ele dissesse: “Nós, os contribuintes, compartilhamos...”.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

REGÊNCIA DO VERBO PEDIR

Está certa a regência na frase “Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010″?

O verbo “pedir”, nesse contexto, é transitivo-relativo, isto é, deve ser construído com dois complementos: objeto direto (para coisa) e objeto indireto (para pessoa). É como se eu dissesse: “pedir alguma coisa a alguém”. Pedir mesada ao pai; Pedir ajuda ao amigo.

Em “eu o pedi”, o alvo da petição, objeto indireto, é representado pelo pronome oblíquo átono “o”, o que é gramaticalmente incorreto, pois tal pronome não exerce a função de objeto indireto. Tal função é própria do pronome oblíquo átono “lhe”.

A frase, portanto, deve ser corrigida para: “Porém, em nenhum momento eu lhe pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010″.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

CONCORDÂNCIA VERBO-NOMINAL

Devo escrever “Grande parte do trabalho foi feito por estagiários” ou “Grande parte do trabalho foi feita por estagiários”?

Os partitivos, como “a maioria” e “parte”, apresentam um status categorial “ambíguo”.
Ao lado de uma natureza funcional, que lhes permite realizar operações de quantificação sobre nomes, também apresentam uma natureza lexical, com um comportamento semelhante ao de verdadeiros núcleos nominais.

No primeiro caso, o nome antecedido por “maioria” ou “parte” é o termo controlador da concordância; no segundo caso, “maioria” e “parte” detêm o controle da concordância. Pode-se dizer que “maioria” e “parte”, além de “quantificadores de contagem”, também pertencem, respectivamente, às subclasses semânticas de “termos de referência dependente” e “quantificadores de medição”.

Quanto à concordância, quando “parte” tem o sentido apenas de “área”, isto é, só existe a leitura quantificativa, a concordância é feita com o primeiro nome.
a)     Grande parte do trabalho foi feita por estagiários”. (leitura quantificativa).

Numa sentença em que tanto a leitura quantificativa quanto a descritiva podem ser atribuídas ao nome partitivo, o verbo no singular, concordando com o primeiro nome, permite ambas as leituras.
a)     Grande parte do trabalho foi feita por estagiários”. (leitura quantificativa).
b)     “Grande parte do trabalho foi feito por estagiários”. (leitura descritiva).

CONCLUSÃO
Quando o sujeito é constituído de uma expressão partitiva, seguida de complemento, a CONCORDÂNCIA VERBAL pode ser feita com o verbo no singular ou no plural. Se houver predicativo do sujeito, ele concordará em gênero e número com o partitivo ou com o complemento.
c)     A maior parte dos alunos ficou satisfeita.
d)     A maior parte dos alunos ficaram satisfeitos.
e)     Um terço das mulheres está grávido.
f)       Um terço das mulheres estão grávidas.

Assim, a frase da consulta pode ser formulada de duas formas distintas, ambas perfeitamente gramaticais:
1.     “Grande parte do trabalho foi feita por estagiários” (leitura quantificativa).

2.     “Grande parte do trabalho foi feito por estagiários” (leitura descritiva)