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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ABRIR / LHE / O

– A construção da frase “Não quer parecer ingrato com o time que o abriu as portas” está correta?

– Há um equívoco na observância da regência do verbo “abrir”. Ele pertence ao grupo dos verbos que devem ser construídos com objeto direto (coisa) e objeto indireto (pessoa), dependendo do contexto, é claro. Ocorre que o pronome oblíquo átono “o” exerce apenas a função de objeto direto e, dessa forma, a frase fica com dois objetos diretos de natureza diferente, para um mesmo verbo.
Há, portanto, que se corrigir para Não quer parecer ingrato com o time que LHE abriu as portas”.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

MANDOU ELA / MANDOU-A

CONSULTA – Um ministro do STF, ao proferir seu voto, hoje, disse: “Designou sua esposa, mandando ela sacar o dinheiro na agência ... “. A frase está correta? Qual é a função sintática do pronome “ela”?
RESPOSTA – A frase está incorreta. Se verificarmos a regência do verbo “mandar”, no contexto, encontraremos, segundo o dicionário de regência verbal de Francisco Fernandes, que ele apresenta a mais variada regência – assim como os verbos deixar, fazer, ver, ouvir, ... –, podendo ter complemento direto ou indireto.
A consulta, na verdade, resume-se em saber que função sintática pode exercer o pronome reto “ela”.
Os pronomes retos (eu, tu, ele(a), nós, vós, ele(a)s) exercem, normalmente, a função de sujeito. Podem, eventualmente, exercer a função de “objeto direto preposicionado”, ou “objeto indireto pleonástico”, em torneios linguísticos de alto nível de elaboração, como em:
·    “Ofereceu-lhe, a ela, uma grandeza imensa” – M. Fernandes.
·    Deu-lhe, a ele, a maior esperança.
·    Permitiu-nos, a nós, vencer os demais obstáculos.
Com os chamados verbos causativos (deixar, mandar, fazer, ver, ouvir, ... ), seguidos de infinitivo, a norma culta recomenda o uso de um pronome oblíquo átono, enclítico ao verbo causativo. Ressalvando-se o uso da linguagem estilizada e/ou literária.
·    Deixou-lhe uma grandeza imensa.
·    Deu-lhe a maior esperança.
·    Permitiu-nos vencer os demais obstáculos.
·    O professor mandou-os fazer os exercícios em casa.
 
A fala do ministro, portanto, deveria ser: “Designou sua esposa, mandando-a sacar o dinheiro na agência ...”

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A METADE DE...

— Qual é a frase com a concordância correta?
a.   Mais da metade dos habitantes de Brasília é de funcionários públicos.
b.   Mais da metade dos habitantes de Brasília são funcionários públicos.

Quando o sujeito é representado por uma expressão partitiva (a maioria..., metade..., grande parte..., a menor parte...) seguida de complemento plural (alunos, habitantes, patos, mangueiras, deles, nós), o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural.
Com o verbo no singular, enfatiza-se o conjunto (metade, maioria, minoria, grande parte); com o verbo no plural destacam-se os elementos do conjunto (alunos, habitantes, patos, mangueiras, deles, nós).
  • Assim, as duas formas da consulta estão corretas.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

ASPECTOS VERBAIS


Na frase “As moças estavam ali "há" muito tempo”, o uso do verbo “haver” está correto?

Não. O verbo “haver” deve manter o mesmo aspecto verbal presente no verbo “estar” da oração anterior. Observe-se que “estavam” é a 3ª pessoa do plural do pretérito imperfeito do indicativo, concordando com o sujeito “as moças”. Nesse caso, o verbo “haver” mantém sua impessoalidade, mas deve ser usado em consonância com o tempo e o modo do verbo da oração anterior.

O correto é, portanto, “A moças estavam ali havia muito tempo”.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

PRESIDENTA


Existe a palavra: PRESIDENTA? Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto?
No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante... Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é -ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos -ante, -ente ou -inte.

Portanto, a pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. Diz-se constituinte, e não "constituinta"; diz-se estudante, e não "estudanta"; diz-se adolescente, e não "adolescenta"; diz-se paciente, e não "pacienta".

A gramática da Língua Portuguesa, no item “flexão de gênero dos substantivos”, ensina que existem os chamados "Substantivos Comuns de dois gêneros". São aqueles que têm a mesma forma para o masculino e o feminino, fazendo a flexão de gênero por meio do artigo que os antecede:
  • o acrobata, a acrobata; o agente, a agente; o artista, a artista; o consorte, a consorte; o herege, a herege; o intérprete, a intérprete; o lojista, a lojista; o mártir, a mártir; o patriota, a patriota; o viajante, a viajante; o dentista, a dentista; o jornalista, a jornalista; o suicida, a suicida; o estudante, a estudante; o cliente, a cliente; o colega, a colega; o indígena, a indígena; o pianista, a pianista; o gerente, a gerente; o camarada, a camarada; o imigrante, a imigrante; o mártir, a mártir o fã, a fã; o médium, a médium; o reporter, a repórter.
Cumpre lembrar, porém, que os dicionários eletrônicos Aurélio, Houaiss e Caldas Aulete já se apressaram em “atualizar” o verbete “presidente”, aceitando também a existência da forma “presidenta”. Entretanto é preciso ficar atento para o fato de que os dicionários não “ditam as regras”, apenas registram o uso que os falantes fazem da língua.

sábado, 18 de agosto de 2012

POR QUE / SE

CONSULTA – Está correta a frase "No entanto, não explicaram por que os acordos e a obtenção do dinheiro foram feitos por intermédio de empresário vinculado a esquema de desvio de dinheiro, e, também, por que procedeu-se à distribuição do dinheiro aos beneficiários mediante técnicas próprias de lavagem de capitais"? Minha dúvida reside no uso de “por que” separado e do “se” enclítico.

– As duas ocorrências de “por que” estão corretas. Observe que elas podem ser substituídas por “o motivo pelo qual” ou “a razão pela qual”. Já o uso do “se” enclítico está equivocado. A presença do “por que” antes do verbo “proceder” obriga a ocorrência da próclise: “também, por que se procedeu à distribuição...”

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

HAVIA - HAVIAM


— Ouvi Esta frase, proferida por um advogado no STF: “Ainda haviam dívidas da campanha de 2002” e fiquei em dúvida quanto à correção da concordância verbal.
— Sua dúvida tem procedência. O verbo haver, usado com o sentido de existir, fica impessoal e apresenta apenas a 3ª pessoa do singular.
·    Ainda havia dívidas da campanha de 2002.
·    Havia muitos interessados na elucidação da verdade.
·    Não há mais dúvidas a esclarecer.
Convém atentar para o fato de que esse verbo é bastante prolífico em Português. Somente o Dicionário Caldas Aulete relata 18 possibilidades de uso do verbo haver.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

O Acordo Ortográfico determina alguma mudança na acentuação gráfica dos monossílabos tônicos?

Não. Os monossílabos tônicos continuam com as mesmas regras de acentuação gráfica, ou seja, acentuam-se graficamente quando terminados em A-E-O e ditongos abertos EU-EI-OI, seguidos ou não de S.

·    MÁ / MÁS (advérbio)

·    LÊ / LÊS (verbo ler)

·    PÓ / PÓS (substantivo)

·    CÉU / CÉUS (substantivo)

·    RÓI / RÓIS (verbo roer)

·    MEL / MÉIS (substantivo)

FIQUE / FICA


Está correto o uso do verbo em "Fica você comigo”?

Fica é a 2ª Pessoa do singular do imperativo afirmativo. Deve ser usado quando o sujeito for o pronome “tu”. O pronome “você” (e os demais pronomes de tratamento) levam o verbo para 3.ª pessoa. Logo, no registro formal culto, o certo é fique:


·        Fique você comigo. (3ª pessoa)

·        Venha p’ra Caixa você também. (3ª pessoa)

·        Chegue aqui. (3ª pessoa)

·        "Fica comigo esta noite, ...” (2ª pessoa)

·        Brinda o luar agora, porque...(2ª pessoa)

·        Esquece! (2ª pessoa)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

SEJA / SEJE


CONSULTA — Ouvi esta frase: “Esperamos que o julgamento seje técnico”. O verbo “ser” está corretamente empregado?

A frase está incorreta. A bem da verdade, o verbo “ser” nem existe na frase, porque do modo como está grafado – SEJE – não é o verbo, mas um item lexical inexistente em nossa língua. Na frase, o falante expressa um desejo, uma aspiração, mas que, pelo menos por enquanto, não há a certeza de que tal aspiração se concretize.

Nesses casos usa-se o verbo no modo subjuntivo, apropriado para expressar a ação irreal, um fato possível ou desejado, ou para emitir um juízo sobre um fato real.

O presente do subjuntivo do verbo “ser” é: que eu seja; que tu sejas; que ele seja; que nós sejamos; que vós sejais; que eles sejam.

O sujeito da oração é julgamento – 3ª pessoa do singular – e com ele o verbo concordará: “Esperamos que o julgamento seja técnico”.