A frase “O déficit da Secretaria de Saúde é de 1,4 bilhões
de reais”, está correta?
Comentários sobre o uso prático da língua portuguesa. Resposta a consultas formuladas por frequentadores do Blog.
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
1 BILHÃO / BILHÕES
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
REEXECUÇÃO ou RE-EXECUÇÃO?
Quando o prefixo termina por vogal, usa-se
o hífen, se o segundo elemento começar pela mesma vogal.
Exemplos:
• anti-ibérico; • anti-imperialista; • anti-inflacionário; • anti-inflamatório; • auto-observação; • contra-almirante; • contra-ataque; • micro-ondas; • semi-internato.
Em relação ao prefixo
“RE”, o Acordo Ortográfico faz referência a “formas
já cristalizadas” (o
que provoca uma grande confusão, por obrigar o falante a saber, também,
o que sejam tais formas), que devem continuar a ser escritas sem o hífen:
Exemplos: • Reeleição; •·Reescrever; • Reenviar...
Em relação “re-execução”, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa
não registra qualquer forma, ou seja, supõe-se que a palavra não exista, logo
não pode ser “forma cristalizada”, devendo ser levada à conta de “neologismo”, e,
por isso mesmo, escrita com o hífen.
domingo, 29 de novembro de 2015
PERMITIR / PERMITIRIA
A expressão sublinhada está correta?
“Sem os votos do PSDB, apenas uma
drástica mudança na popularidade do presidente da Câmara o permitirá sobreviver a uma votação aberta no plenário da
casa”.
O contexto remete para uma situação
hipotética, isto é, a sobrevivência depende da ocorrência de uma mudança
drástica. Tal circunstância impõe a necessidade de se usar o verbo “permitir”
no futuro do pretérito (antes chamado, mais convenientemente, de “condicional),
para expressar essa condicionalidade. PERMITIRIA.
Pois bem. Permitiria o quê? “Sobreviver
a uma votação aberta no plenário da casa”. Essa expressão responde à pergunta.
É o objeto direto do verbo “permitir”, que exige complemento indireto para
pessoa e direto para “coisa” ou situação.
Ocorre que o pronome oblíquo átono “O”,
como complemento verbal, só pode ser objeto direto. Temos então um verbo com
dois objetos diretos de natureza diferente, o que configura uma heresia
gramatical
Por conseguinte, o texto deve ser
corrigido para:
“Sem os votos do PSDB, apenas uma
drástica mudança na popularidade do presidente da Câmara lhe permitiria sobreviver a uma votação aberta no plenário
da casa”.
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
EX-COLÔNIA FRANCESA
Em um noticiário da TV, a
apresentadora afirmou que “O Mali foi atacado por terroristas, por ter sido
ex-colônia francesa”. Está correta essa construção?
Esse é um caso de inadequação
semântica.
O prefixo “EX-“ estabelece a condição
de alguém ou algo que era e deixou de ser. O Mali não foi ex-colônia francesa. Ele é uma ex-colônia francesa. A única hipótese para o uso de “ter
sido uma ex-colônia” seria o caso de ocorrer uma “recolonização”.
Quando nos referimos aos antigos
presidentes da República, falamos “ex-presidente fulano” ou “ex-presidente
beltrano”. Caso haja uma nova eleição e um deles seja eleito novamente,
deixaria de ex-presidente para voltar a ser presidente fulano ou beltrano.
domingo, 1 de novembro de 2015
CONCORDÂNCIA NOMINAL - ADJETIVO POSPOSTO A DOIS OU MAIS SUBSTANTIVOS
Tenho dúvida quanto à correção da
concordância nominal em construções como “Paletó e camisa suja/sujos”; “Homem
e mulheres brancas/brancos”; “Casa e apartamento pequeno/pequenos”.
A questão envolve a concordância
nominal do adjetivo posposto a dois ou mais substantivos de gêneros diferentes.
Há duas concordâncias possíveis.
a) Concordância atrativa: o adjetivo
concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo.
“Paletó e camisa suja”; “Homem e mulheres brancas”; “Casa e apartamento
pequeno”.
b) Concordância gramatical: o adjetivo
vai para o masculino plural. “Paletó e camisa sujos”; “Homem e mulheres
brancos”; “Casa e apartamento pequenos”.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
SUBJUNTIVO DO VERBO HAVER
Tenho dúvidas sobre a correção do emprego
do verbo “haver” na frase: “Se havia
alguma dúvida sobre a fidelidade ao partido, ninguém poderia afirmar com segurança”.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão
de um fato. Em Português, existem três modos:
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por
exemplo: Eu sempre trabalho.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade.
Por exemplo: Talvez eu trabalhe amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido. Por exemplo: Trabalha agora, ou terás uma triste velhice.
A frase da consulta estabelece uma
dúvida, expressa pela conjunção condicional “se” que a inicia. Dessa forma, o
verbo “haver” deve ir para o imperfeito do subjuntivo, estabelecendo uma
relação de coerência com o futuro do pretérito da oração seguinte “poderia
afirmar”.
“Se houvesse alguma dúvida sobre a fidelidade ao partido, ninguém
poderia afirmar com segurança”.
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
STF LIBERA ACESSO À RECEITA
Li esta frase em
jornal: “STF libera acesso à Receita aos depoimentos da Lava-Jato”. Ela está
correta?
O complemento nominal
é uma função sintática que vem SEMPRE regida de preposição. Observem que o
substantivo “acesso” necessita de um termo que lhe defina o sentido. “Acesso a
quê?”, perguntaria o leitor ou ouvinte. Evidentemente, acesso AOS depoimentos
da Lava-Jato.
Resta esclarecer a
presença de “à Receita”. Qual é sua função? Por que a crase?
Observe-se que o verbo
“liberar” é um verbo transito-relativo, isto é, vem com dois complementos: objeto
direto + objeto indireto. Colocando-se os termos da frase em outra ordem: “STF
libera acesso aos depoimentos da Lava-Jato à Receita”, percebe-se que o sintagma
“acesso aos depoimentos da Lava-Jato” é o objeto direto (em cujo interior há o
complemento nominal já referido) e o sintagma “à Receita”, o objeto indireto,
daí a necessidade da crase.
A frase está correta,
mas sua construção produz a dificuldade de entendimento.
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