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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

EMPODERAR / EMPODERAMENTO

Existe a palavra “empoderamento”? Qual seu significado?

Ultimamente tem sido recorrente o uso de “empoderar” e “empoderamento”.

O termo resulta do aportuguesamento do verbo inglês “to empower” que, originalmente, tem os significados de “autorizar”, “fortalecer”. Pode ser permutado por “autorização” ou “fortalecimento”, dependendo do contexto, sem qualquer prejuízo semântico.

O processo de “empréstimo linguístico”, como formador de palavras, tem se tornado cada vez mais frequente nestes tempos de “globalização” e é praticamente impossível freá-lo de modo a preservar a pureza de nosso idioma. Embora muitos professores e linguistas discordem do que chamam de “abastardamento” da língua, todos sabemos que, quanto mais intenso for o intercâmbio entre os povos, principalmente com a expansão da transmissão eletrônica de dados e informações, mais e mais ocorrerá essa interpenetração linguística.

Países europeus, notadamente França e Portugal desenvolvem rígidas práticas restritivas do uso desse procedimento e têm conseguido ampla adesão da população e dos meios de comunicação em geral.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

"VALE TRANSPORTE" / "VALE-TRANSPORTE"

Qual é o certo “Vale-transporte” ou “vale transporte”?

Com o hífen.

O Acordo Ortográfico define que os compostos de dois radicais que mantêm sua autonomia semântica e fonética, mas que formam uma nova unidade SIGNIFICATIVA devem ser escritos com o hífen.

Base XV
Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares

1º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva.

sábado, 23 de agosto de 2014

"CAVALO DE PAU" ou "CAVALO-DE-PAU"?

Devo escrever “cavalo de pau” ou “cavalo-de-pau”?

Sem o hífen.

Locuções desse tipo só usam o hífen se forem de uso consagrado pelo tempo ou se pertencerem aos campos semânticos da flora ou da fauna.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

CORPO A CORPO / CORPO-A-CORPO?

CORPO A CORPO É ESCRITO COM HÍFEN?

Escreve-se sem o hífen.

O Acordo Ortográfico determina que as locuções de qualquer espécie sejam escritas sem o hífen, salvo algumas já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colônia; arco-da-velha; cor-de-rosa; mais-que-perfeito etc.).


São, pois, escritas sem o hífen as locuções cão de guarda; fim de semana; sala de jantar; cor de açafrão; cor de café com leite; quem quer que seja; corpo a corpo; cara a cara...

terça-feira, 12 de agosto de 2014

SOLILÓQUIO

Qual é o significado de “solilóquio”?


Substantivo masculino, uniforme em gênero. Significa o mesmo que monólogo. É o ato de alguém falar consigo mesmo.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

EXISTE "NAONDE"?

Um dia desses ouvi um entrevistado em um programa televisivo, tratado de “doutor” pelo entrevistador, dizer: “Trabalhamos muito na pastoral, naonde obtemos grandes retornos emocionais”. Fiquei preocupado, porque teríamos um advérbio aglutinado a duas preposições: ((“em” + “a” + “onde”) = naonde) e o verbo estaria regendo duplamente as preposições usadas, o que, evidentemente, vai de encontro à Gramática Normativa.

Procurei nos dicionários Aurélio, Houaiss, Michaelis, Priberan, Aulete, no VOLP e não encontrei o advérbio “naonde”. Vai ver que o “doutor”, aplicando livremente sua “doutorice”, criou um advérbio novo e aproveitou para inovar, também, na regência verbal e no emprego de sua “obra”.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

ONDE / AONDE?

Qual a diferença entre “onde” e “aonde”?

Ambos são advérbios indicativos de lugar. A preposição a de aonde indica que esse advérbio deve ser usado somente quando estiver subordinado a verbos “de movimento” que pedem tal preposição.

Isso ocorre em "Aonde Felipão vai?" – já que quem vai sempre irá a algum lugar - e "Aonde os políticos estão nos levando?", pois quem leva tem de levar alguém ou algo a um lugar.

Onde deve ser relacionado a situações que fazem referência a um lugar sem que a ideia de movimento esteja presente. Por exemplo: "O bairro onde moramos é pacífico" e "Não conheço a cidade onde você enriqueceu".

Observe que “onde” só deve ser usado para indicar locais físicos. Não pode ser usado em situações como “O autor cria tramas criminosas onde a vítima é sempre uma mulher”. Nesses casos o emprego correto é “em que”.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

CRASE ANTES DE PLURAL

Na frase abaixo, o acento grave (indicador de crase) aparece no “a” que antecede um plural. Isso está correto?

“O governo brasileiro enviou observadores à cidades da faixa de Gaza, sob intenso ataque israelense”.
Está incorreto. A crase é indicativo da fusão da preposição “a” com o artigo que antecede o substantivo. O artigo antes de substantivo plural deve ser, necessariamente, plural: às cidades. Como o artigo é dispensável nesse caso, "a cidades" também estaria correto.

terça-feira, 29 de julho de 2014

REERGUER OU RE-ERGUER?

O acordo ortográfico determina que os prefixos sejam usados com hífen, se estiverem antes de palavras iniciadas pela letra “h” ou pela mesma letra final do prefixo. Como explicar, então, a grafia de reerguer, sem o hífen?
  • Base XVI, parágrafo 1º, item b
  • b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-onda, semi-interno.
  • Obs.: Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc.

Veja-se que, na observação acima, faz-se referência específica ao prefixo CO-. Infere-se, então, que o prefixo RE- deva seguir a regra geral.

Contudo, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras (ABL), publicado em janeiro de 2009, traz o termo sem hífen: reerguer.

No VOLP, também são grafados sem hífen inúmeros outros termos com prefixo RE- seguidos da letra E: reecoar; reencenar; reerguer; reedificar; reencetar; reerigir reeditar; reencher; reescalar; reeditorar; reencontrar; reescalonar; reeducar; reendereçar; reescravizar; etc. ...

O Acordo manda colocar o hífen, mas o dicionário da ABL o suprimiu. E agora, qual grafia é a correta?

Como cabe legalmente à ABL, por meio do VOLP, definir como são escritas as palavras na Língua Portuguesa usada no Brasil, conclui-se que o correto é o uso sem o hífen: REEGUER.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

ENSINO A DISTÂNCIA OU ENSINO À DISTÂNCIA?

A gramática ensina que as locuções adverbiais femininas serão sempre com a crase (à beira do caminho, à margem da vida, às escuras, às claras, à moda).

Ensina também que existem alguns casos excepcionais de uso da crase e dentre eles coloca o problema da palavra "distância": só terá a crase se estiver determinada com precisão: (O carro parou à distância de 45 metros do abismo; estava a distância e, por isso, não ouvi o chamado; fique a distância segura).

Como se percebe, uma recomendação contrapõe-se à outra.

Em geral, portanto, aceitam-se as duas formas (educação à distância - locução adverbial feminina; educação a distância - não há precisão estabelecida para a palavra 'distância').

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A / HÁ

Na frase: “O usuário precisa estar sem sinal de internet a (ou há?) mais de dois dias para ser atendido”. Nesse caso, seria cabível empregar a preposição “a” ou a forma verbal “há”?

Em primeiro lugar, consideremos que a forma “há”, do verbo “haver”, indica tempo decorrido. Por esse motivo, são corretas construções como as seguintes: “Vivo em Brasília mais de quarenta anos”, “Estive em Londres dois anos”.

Da mesma forma, é a preposição “a” que usamos em construções como “Estávamos a três meses das eleições” (três meses antes do evento) ou “A posse será daqui a duas semanas” (duas semanas antes da posse). Note que não temos tempo decorrido, mas, contrariamente, um tempo futuro.

A frase em estudo, rigorosamente, não se enquadra em nenhuma dessas duas situações. A preposição “a” logo seria descartada, pois não há demarcação de intervalo (como há em “de hoje a sexta-feira”) nem projeção de tempo futuro (como há em “a três meses das eleições”). Como não se trata de tempo decorrido, já que o fato não se concretizou, também devemos descartar o uso do verbo “haver”.
Casos como esse são resolvidos pela mudança da forma a empregar.

Veja uma sugestão: “Para ser atendido, o usuário deve estar sem sinal de internet por mais de dois dias”.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

MALCRIADO / BEM-CRIADO

Pelas novas regras do novo acordo ortográfico, o prefixo bem leva hífen quando forma palavras começadas por vogal ou h e ainda nas palavras começadas por consoante e que têm sentido por si só (ex.: bem-estar, bem-humorado, bem-criado). Ora, pelas mesmas regras, o prefixo mal leva também hífen nas palavras começadas por vogal ou h (ex.: mal-estar, mal-humorado).
Qual é a razão de não se aplicar tal princípio à palavra malcriado, com processo de formação idêntico a bem-criado?

Os advérbios bem e mal, quando associados a outras palavras, não são prefixos, mas elementos de composição.

Sobre o uso de hífen com bem e mal, o novo Acordo Ortográfico determina o seguinte (base XV, 4):

4. Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf. malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnascido), bem-soante (cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto).

Obs.: Em muitos compostos o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc.”


Sintetizando: com mal e bem não se verifica o uso sistemático do hífen, havendo muitas exceções advindas da tradição. O falante (redator) deve pesquisar sempre que houver dúvida sobre a grafia com esses advérbios.

sábado, 12 de julho de 2014

UM MILHÃO ESCOLHEU / ESCOLHERAM

Dadas as frases “Um milhão de clientes escolheram essa marca”. Ou “Um milhão de clientes escolheu essa marca”, qual é a correta?

Podemos afirmar que em ambos os casos a concordância ocorreu de forma adequada, visto que tanto o verbo pode permanecer no singular para concordar com “milhão” – que representa um substantivo masculino no singular, é a chamada “concordância gramatical” – ou pode ir para o plural, concordando atrativamente com o especificador “clientes”.

No caso de o verbo ser de ligação, a concordância deve ser feita, de preferência, com o especificador. Vejamos alguns exemplos:

  • Um milhão de recursos foram denegados pelo tribunal.
  • Um milhão de desabrigados serão alojados em centros comunitários.



sexta-feira, 11 de julho de 2014

DOIS GUARANÁS / DUAS GUARANÁS

A respeito da concordância nominal, devo dizer: “Quero duas guaraná Antártica” ou “Quero duas guaranás Antártica”?

Segundo as regras da concordância, os determinantes (artigos, numerais, pronomes possessivos e demonstrativos, adjetivos) assumem o número e o gênero dos nomes que determinam. Por conseguinte, o numeral antes de “guaraná” deve ser masculino, pois esse nome é do gênero masculino. 

“Quero dois guaranás Antártica” é o correto.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

SUCESSÓRIO A / SUCESSÓRIO DE

O adjetivo “sucessório” pede complemento regido de “de” ou de “a”?

A adjetivo "sucessório" nem mesmo está registrado no Dicionário de Regência de Francisco Fernandes e no de Celso P. Luft. Também nada está dito nas obras de Napoleão Mendes, de Celso Cunha e de Evanildo Bechara.

Problemas de regência nem sempre são fáceis de resolver, mas, na ausência de informações abalizadas, pode-se dar uma olhada no uso corrente e optar pelo mais frequente. Procedendo assim, percebe-se que é predominante a regência de “sucessório” com a preposição “a”:
  • “Não tem nenhuma razão de ser restringir a incidência do direito sucessório aos bens adquiridos onerosamente pelo de cujus na vigência da união estável”.
  • “Sendo um ramo da Casa de Bragança, as regras sucessórias ao trono imperial brasileiro seguem em muito as do trono real português...”.
  • “Começou para valer o processo sucessório à Presidência da República”.

sábado, 5 de julho de 2014

TODOS UNÂNIMES

O uso do pronome destacado em “... educadores, pedagogos e psicólogos, os quais foram todos unânimes em afirmar...” está correto?

O significado contido no adjetivo “unânimes” já pressupõe totalidade. Por isso, o uso de “todos”, nesse caso, produz um vício de linguagem chamado pleonasmo vicioso ou redundância.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

SUJEITO COMPOSTO POSPOSTO - CONCORDÂNCIA

Qual a concordância correta?

“Muitas vezes, falta conhecimento e contato para fechar mais negócios entre os dois países” ou “Muitas vezes, faltam conhecimento e contato para fechar mais negócios entre os dois países”.

O sujeito composto posposto, constituído de núcleos de 3ª pessoa, admite a concordância do verbo com o núcleo mais próximo, ou na 3ª do plural. 

Trocando em miúdos: as duas formas são gramaticalmente aceitas.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

REGÊNCIA DO VERBO "ATENDER"

Qual é a regência do verbo “ATENDER”?
Segundo o gramático Napoleão Mendes, o verbo “atender” tem dupla regência, isto é, pode ser construído com complemento direto ou indireto. Assim também entende o Dicionário de Regência Verbal de Francisco Fernandes.
  • “O juiz não atendeu o pleito do acusado”.
  • “O juiz não atendeu ao pleito do acusado”.
  • “Deus não atende as invocações de ladrões”.
  • “Deus não atende às invocações de ladrões”.
  • “O professor atendeu o aluno”.
  • “O professor atendeu ao aluno”.

O verbo “atender” não aceita o pronome oblíquo átono “lhe” como complemento.
  • Recebidos os requerimentos, o diretor atendeu-os todo.
  • Júlia e Jane, vamos atendê-las em seguida. Posso atendê-lo, senhor?
  • Foram muitas as reivindicações e a reitoria as atendeu parcialmente.
  • Comunicamos a nossos clientes que vamos atendê-los em novo endereço.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

O HERPES OU A HERPES?

A forma correta de escrita da palavra é “o herpes”, porque a palavra herpes é um substantivo masculino.
Segundo os dicionários – Houaiss, Aurélio, Aulete e o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras – herpes é substantivo masculino, originado da palavra grega hérpes.

Exemplos:
  • O herpes é uma doença contagiosa de origem virótica.
  • O herpes aparece, normalmente, nos lábios e nos genitais.
  • Preciso de um remédio que cure meu herpes labial.

sábado, 21 de junho de 2014

ESTADA / ESTADIA

Há diferença entre “estada” e “estadia”?

Sim. Usa-se “estada” para referir-se à permanência de um sujeito (viajante, turista, comerciante etc.) em determinado lugar.
  • A estada da seleção brasileira na Granja Comary durará cerca de 45 dias.
  • Minha estada em Nova Iorque foi efêmera.
  • O governo pagará todas as despesas da estada dos diplomatas em Nairobi.
Já o termo “estadia” é usado para a permanência de veículos de transporte de cargas (navios, caminhões, aviões etc.) em um embarcadouro, enquanto recebem ou entregam mercadorias ou desembarcam pessoas.
  • A estadia do iate nessa marina é muito dispendiosa.
  • Os aeroportos brasileiros não cobram a estadia de aviões executivos.
  • O transatlântico fará uma estadia de duas semanas no porto de Salvador.
Entretanto, tendo em vista o dinamismo que caracteriza as línguas em geral, o termo “estadia” tem sido usado, indistintamente, para os dois significados mencionados acima.

terça-feira, 17 de junho de 2014

VULTOSO / VULTUOSO

Existe alguma diferença entre os adjetivos “vultoso” e “vultuoso”? Eles significam a mesma coisa?

São palavras parônimas, isto é, parecidas na grafia e na pronúncia, mas com significados diferentes.

O dicionário Houaiss Eletrônico registra:

Vultoso: alentado, avultado, avultoso, considerável, farto, grande, grosso, importante, valioso, volumoso.

Vultuoso: condição ou estado do rosto quando as faces e os lábios estão vermelhos e inchados, e os olhos salientes, isto é, acometido “vultuosidade”.

Assim, o emprego deve observar essas diferenças semânticas.

  • Praticou um desfalque vultoso;
  • O desvio de verbas públicas, nunca na história deste País, foi tão vultoso.
  • Apresentava o nariz e os lábios vultuosos, depois da surra que levou.

terça-feira, 10 de junho de 2014

CONCORDÂNCIA VERBAL COM SUJEITO POSPOSTO

Ouvi esta frase hoje e fiquei em dúvida quanto a sua correção: “Estava programado dois treinos”. A concordância verbal está correta?

Primeiro é preciso saber um pequeno detalhe: qual é o sujeito da oração? Pergunta-se “Que estava programado?” A resposta será o sujeito. “Dois treinos” é o sujeito simples plural e para esse número deve ir o verbo. “Estavam programados dois treinos”.


Quando o sujeito simples estiver posposto ao verbo, a concordância será gramatical. O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.

ATINGIMOS HOJE A MARCA DE 100.000 CONSULTAS FEITAS AO BLOG. É SINAL DE QUE ESTAMOS CUMPRINDO A PROPOSTA INICIAL DE AJUDAR AS PESSOAS EM DIFICULDADES COM A LÍNGUA PORTUGUESA.
ESTOU MUITO ORGULHOSO DE TER ATINGIDO ESSA META!

quinta-feira, 5 de junho de 2014

POLÍTICA-PARTIDÁRIA / POLÍTICO-PARTIDÁRIA?

O plural da frase “Devemos aperfeiçoar as relações política-partidárias” está correto?

Nos adjetivos compostos formados por mais de um adjetivo, somente o último elemento formador é variável em gênero e número. Na frase acima, o plural correto é “Devemos aperfeiçoar as relações político-partidárias”.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

DESTA - DESSA

Na frase "Senhor Ministro, em nenhum momento, pretendeu-se, portanto, usurpar a competência desta Suprema Corte e autorizar investigação, direta ou indiretamente, contra autoridade com foro privilegiado", o pronome demonstrativo destacado está correto?

Corretíssimo. O pronome demonstrativo refere-se a algo que ainda será nominado no próprio texto (Suprema Corte). Sua função textual é a de “catafórico”, ou seja, antecipa um termo que virá a seguir. Nessa função, os demonstrativos devem ser “isto, este, esta, deste, desta, neste, nesta”.

terça-feira, 27 de maio de 2014

CONTRA-OFENSIVA ou CONTRAOFENSIVA?

Em “Passados os momentos mais críticos gerados pelas revelações de Edward Snowden sobre a rede de espionagem informática mundial americana, os dirigentes de Washington parecem retomar a contra-ofensiva”, está correto uso do hífen na última palavra?

O uso do hífen está incorreto.

Prefixos terminados em vogal só admitem o hífen se a palavra seguinte iniciar-se pela mesma vogal ou pela letra [H].

anti-herói; macro-história; mini-hotel; proto-história; sobre-humano; super-homem; ultra-humano; anti-ibérico; anti-imperialista; anti-inflacionário; anti-inflamatório; auto-observação; contra-almirante; contra-ataque; micro-ondas; semi-internato.

Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar; coobrigação; coordenar; cooperar, cooperação; cooptar; coocupante, coautor, coprodução.

Além disso, há casos em que a aglutinação do prefixo ao radical já está consolidada pelo uso, como em reeleição; reescrever; reenviar...

quinta-feira, 22 de maio de 2014

VERBOS ANÔMALOS

Como sabemos, um verbo é dito irregular quando sua conjugação não segue o paradigma de sua conjugação. Os verbos “saber” e “caber”, por exemplo, fazem o presente do indicativo de forma bem diferente do modelo regular de “vender”. São verbos irregulares.

Vendere > Eu vendo; tu vendes; ele vende; nós vendemos; vós vendeis; eles vendem. (regular)
Sapere > Eu sei; tu sabes; ele sabe; nós sabemos; vós sabeis; eles sabem. (irregular)
Capere > Eu caibo; tu cabes; ele cabe; nós cabemos; vós cabeis; eles cabem. Irregular)

Observe-se que a irregularidade é apenas morfológica, pois, em todas as formas, está presente o mesmo radical formador.

O verbo é chamado anômalo quando apresenta, em sua conjugação, mais de um radical formador. O verbo “ser”, por exemplo, apresenta em sua conjugação os radicais de “esse” e “vadere”:
Eu sou, tu és, ele é. Eu fui; foste; ele foi.

Como nossa escola não mais se preocupa em ensinar as origens da língua, fica muito difícil para o falante comum penetrar nesse mundo misterioso e fascinante da etimologia. 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

CONTRA-RAZÃO

Como se escreve “contra razão”, “contra-razão” ou “contrarrazão”?


Esse termo é usado quando se faz uma argumentação contrária a alguma afirmação estabelecida, normalmente no meio jurídico ou acadêmico. É uma palavra composta em que os dois elementos formadores mantêm sua autonomia morfológica e significativa. 

O Acordo Ortográfico determina que, nesses casos, a grafia é com hífen: “contra-razão”.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

A ORDEM DOS TERMOS E O SIGNIFICADO

Quem disse que a ordem dos termos não faz diferença?

Um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi removido já morto por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

A observação da ordem dos termos na frase é fundamental. Dependendo da posição, um termo pode alterar o significado, gerando dificuldade de entendimento por parte do leitor.

No texto em destaque, a construção “foi removido já morto por biólogos” possibilita a dupla interpretação: o animal foi morto pelos biólogos ou já estava morto antes da remoção? Por mais que o leitor tenha boa-vontade para deduzir que o animal não foi morto pelos biólogos, o texto permite essa interpretação.

O que produz esse defeito é o fato de a expressão “por biólogos” vir depois de duas formas verbais, podendo estar ligada a qualquer uma delas (“removido por biólogos” ou “morto por biólogos”).

A solução para o problema está na mudança de posição ou da expressão “por biólogos” ou de uma das formas verbais.

Um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi encontrado morto e removido por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

“Já morto, um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi removido por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

Biólogos do Projeto Poço das Antas removeram, já morto, um mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

DUPLA NEGATIVA

Dupla negativa leva a sentido oposto ao pretendido.

“O líder do oposição no Senado afirmou que o ex-ministro cometeu crime de responsabilidade ao negar no depoimento à Câmara dos Deputados, na semana passada, que não usou nenhum avião de forma irregular”.

O fragmento acima apresenta um defeito de construção: o verbo “negar” é completado por uma oração negativa. Ora negar uma negativa equivale a uma afirmação – oposto, portanto, ao pretendido.

Se tivesse feito o que está no texto, o ex-ministro não teria cometido crime de responsabilidade, pois “negar não ter feito algo” é o mesmo que reconhecer tê-lo feito, e isso não é crime, mas confissão.

Por outro lado, o verbo “negar” exige que a oração que o completa tenha verbo no subjuntivo. Assim, alguém nega que tenha feito algo (em vez de “nega que fez algo”).

O texto pode ser corrigido assim:

“O líder da oposição no Senado afirmou que o ex-deputado cometeu crime de responsabilidade ao negar, no depoimento feito à Câmara dos Deputados na semana passada, que tenha usado um avião de forma irregular”.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

VALE-TUDO / BATE-BOCA

Os substantivos "vale-tudo" e "bate-boca" têm hífen?
O Acordo Ortográfico determina que se use o hífen nas palavras compostas por justaposição, cujos elementos (de natureza nominal, adjetival, verbal ou numeral) mantêm sua identidade morfológica e significativa. “arco-íris”, “decreto-lei”, “guarda-noturno”, “norte-americano”, “primeiro-sargento”, “azul-claro”...

Há uma regra bem fácil de ser memorizada: “quando o elemento inicial é um verbo, como valer, bater, guardar, fincar, virar, portar etc., o hífen é obrigatório”: vale-tudo, bate-boca, porta-malas, guarda-chuva, guarda-sol etc.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

HAJA VISTA - HAJA VISTO?

A expressão "haja visto seu empenho na resolução da prova” está correta?

A expressão correta é haja vista.

Pode-se dizer: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista sua decepção.

Alguns gramáticos aceitam, também, pluralizar o verbo, quando o complemento estiver nesse número: Hajam vista seus resultados. / Hajam vista seus esforços. / Hajam vista suas críticas.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

CAUSOU-ME / CAUSARAM-ME

A frase "causou-me estranheza as palavras” está com a concordância verbal correta?

Primeiro vamos perguntar: “O que causou estranheza”? É claro que foram “as palavras”, logo o sujeito do verbo causar é da 3ª pessoa do plural e para esse número deve ir o verbo: “Causaram-me estranheza as palavras”.

É frequente o equívoco na concordância verbal, quando o sujeito é plural e está posposto ao verbo. Sempre que houver qualquer dúvida, basta usar a oração na ordem direta, para se perceber o engano.

Será iniciada no dia 15 de maio as campanhas eleitorais. = As campanhas eleitorais serão iniciadas no dia 15 de maio.

terça-feira, 29 de abril de 2014

INTERMEDIA ou INTERMEDEIA?

Como se conjuga o verbo “intermediar”? É correto dizer-se “Ele ‘intermedia’ a negociação”?

Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Eu odeio / tu odeias / ele odeia / nós odiamos / vós odiais / eles odeiam.

Assim, o correto é: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação.

Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: eles remedeiam, que eles anseiem, eu incendeio.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

MESMO / MESMA

É apropriado o uso de “o mesmo” na expressão “A mulher disse para o marido que o mesmo deve fazer as despesas da casa”?

Esse vocábulo – mesmo – tem diferentes usos na língua. Pode ser adjetivo, pronome demonstrativo, advérbio e substantivo. Em nenhuma dessas funções morfológicas, contudo, pode substituir os pronomes pessoais retos. Na frase da consulta, é correto o uso do pronome pessoal “ele”: “A mulher disse para o marido que ELE deve fazer as despesas da casa

Adjetivo:
1.   O mesmo carro atropelou mais cinco pessoas.
2.   Gosta dos mesmos filmes antigos.

Substantivo:
1.    Na eleição seguinte, aconteceu o mesmo.
2.    Ela ainda era a mesma.

Advérbio:
1.   Mesmo seu marido não concordava com ela.
2.   Agora mesmo vou-me embora.

Pronome demonstrativo:
1.  Os jogadores eram os mesmos da competição anterior.
2.  O diretor desse filme é o mesmo daquela droga a que assistimos ontem.