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sábado, 23 de agosto de 2014

"CAVALO DE PAU" ou "CAVALO-DE-PAU"?

Devo escrever “cavalo de pau” ou “cavalo-de-pau”?

Sem o hífen.

Locuções desse tipo só usam o hífen se forem de uso consagrado pelo tempo ou se pertencerem aos campos semânticos da flora ou da fauna.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

CORPO A CORPO / CORPO-A-CORPO?

CORPO A CORPO É ESCRITO COM HÍFEN?

Escreve-se sem o hífen.

O Acordo Ortográfico determina que as locuções de qualquer espécie sejam escritas sem o hífen, salvo algumas já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colônia; arco-da-velha; cor-de-rosa; mais-que-perfeito etc.).


São, pois, escritas sem o hífen as locuções cão de guarda; fim de semana; sala de jantar; cor de açafrão; cor de café com leite; quem quer que seja; corpo a corpo; cara a cara...

terça-feira, 12 de agosto de 2014

SOLILÓQUIO

Qual é o significado de “solilóquio”?


Substantivo masculino, uniforme em gênero. Significa o mesmo que monólogo. É o ato de alguém falar consigo mesmo.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

EXISTE "NAONDE"?

Um dia desses ouvi um entrevistado em um programa televisivo, tratado de “doutor” pelo entrevistador, dizer: “Trabalhamos muito na pastoral, naonde obtemos grandes retornos emocionais”. Fiquei preocupado, porque teríamos um advérbio aglutinado a duas preposições: ((“em” + “a” + “onde”) = naonde) e o verbo estaria regendo duplamente as preposições usadas, o que, evidentemente, vai de encontro à Gramática Normativa.

Procurei nos dicionários Aurélio, Houaiss, Michaelis, Priberan, Aulete, no VOLP e não encontrei o advérbio “naonde”. Vai ver que o “doutor”, aplicando livremente sua “doutorice”, criou um advérbio novo e aproveitou para inovar, também, na regência verbal e no emprego de sua “obra”.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

ONDE / AONDE?

Qual a diferença entre “onde” e “aonde”?

Ambos são advérbios indicativos de lugar. A preposição a de aonde indica que esse advérbio deve ser usado somente quando estiver subordinado a verbos “de movimento” que pedem tal preposição.

Isso ocorre em "Aonde Felipão vai?" – já que quem vai sempre irá a algum lugar - e "Aonde os políticos estão nos levando?", pois quem leva tem de levar alguém ou algo a um lugar.

Onde deve ser relacionado a situações que fazem referência a um lugar sem que a ideia de movimento esteja presente. Por exemplo: "O bairro onde moramos é pacífico" e "Não conheço a cidade onde você enriqueceu".

Observe que “onde” só deve ser usado para indicar locais físicos. Não pode ser usado em situações como “O autor cria tramas criminosas onde a vítima é sempre uma mulher”. Nesses casos o emprego correto é “em que”.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

CRASE ANTES DE PLURAL

Na frase abaixo, o acento grave (indicador de crase) aparece no “a” que antecede um plural. Isso está correto?

“O governo brasileiro enviou observadores à cidades da faixa de Gaza, sob intenso ataque israelense”.
Está incorreto. A crase é indicativo da fusão da preposição “a” com o artigo que antecede o substantivo. O artigo antes de substantivo plural deve ser, necessariamente, plural: às cidades. Como o artigo é dispensável nesse caso, "a cidades" também estaria correto.

terça-feira, 29 de julho de 2014

REERGUER OU RE-ERGUER?

O acordo ortográfico determina que os prefixos sejam usados com hífen, se estiverem antes de palavras iniciadas pela letra “h” ou pela mesma letra final do prefixo. Como explicar, então, a grafia de reerguer, sem o hífen?
  • Base XVI, parágrafo 1º, item b
  • b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-onda, semi-interno.
  • Obs.: Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc.

Veja-se que, na observação acima, faz-se referência específica ao prefixo CO-. Infere-se, então, que o prefixo RE- deva seguir a regra geral.

Contudo, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras (ABL), publicado em janeiro de 2009, traz o termo sem hífen: reerguer.

No VOLP, também são grafados sem hífen inúmeros outros termos com prefixo RE- seguidos da letra E: reecoar; reencenar; reerguer; reedificar; reencetar; reerigir reeditar; reencher; reescalar; reeditorar; reencontrar; reescalonar; reeducar; reendereçar; reescravizar; etc. ...

O Acordo manda colocar o hífen, mas o dicionário da ABL o suprimiu. E agora, qual grafia é a correta?

Como cabe legalmente à ABL, por meio do VOLP, definir como são escritas as palavras na Língua Portuguesa usada no Brasil, conclui-se que o correto é o uso sem o hífen: REEGUER.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

ENSINO A DISTÂNCIA OU ENSINO À DISTÂNCIA?

A gramática ensina que as locuções adverbiais femininas serão sempre com a crase (à beira do caminho, à margem da vida, às escuras, às claras, à moda).

Ensina também que existem alguns casos excepcionais de uso da crase e dentre eles coloca o problema da palavra "distância": só terá a crase se estiver determinada com precisão: (O carro parou à distância de 45 metros do abismo; estava a distância e, por isso, não ouvi o chamado; fique a distância segura).

Como se percebe, uma recomendação contrapõe-se à outra.

Em geral, portanto, aceitam-se as duas formas (educação à distância - locução adverbial feminina; educação a distância - não há precisão estabelecida para a palavra 'distância').

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A / HÁ

Na frase: “O usuário precisa estar sem sinal de internet a (ou há?) mais de dois dias para ser atendido”. Nesse caso, seria cabível empregar a preposição “a” ou a forma verbal “há”?

Em primeiro lugar, consideremos que a forma “há”, do verbo “haver”, indica tempo decorrido. Por esse motivo, são corretas construções como as seguintes: “Vivo em Brasília mais de quarenta anos”, “Estive em Londres dois anos”.

Da mesma forma, é a preposição “a” que usamos em construções como “Estávamos a três meses das eleições” (três meses antes do evento) ou “A posse será daqui a duas semanas” (duas semanas antes da posse). Note que não temos tempo decorrido, mas, contrariamente, um tempo futuro.

A frase em estudo, rigorosamente, não se enquadra em nenhuma dessas duas situações. A preposição “a” logo seria descartada, pois não há demarcação de intervalo (como há em “de hoje a sexta-feira”) nem projeção de tempo futuro (como há em “a três meses das eleições”). Como não se trata de tempo decorrido, já que o fato não se concretizou, também devemos descartar o uso do verbo “haver”.
Casos como esse são resolvidos pela mudança da forma a empregar.

Veja uma sugestão: “Para ser atendido, o usuário deve estar sem sinal de internet por mais de dois dias”.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

MALCRIADO / BEM-CRIADO

Pelas novas regras do novo acordo ortográfico, o prefixo bem leva hífen quando forma palavras começadas por vogal ou h e ainda nas palavras começadas por consoante e que têm sentido por si só (ex.: bem-estar, bem-humorado, bem-criado). Ora, pelas mesmas regras, o prefixo mal leva também hífen nas palavras começadas por vogal ou h (ex.: mal-estar, mal-humorado).
Qual é a razão de não se aplicar tal princípio à palavra malcriado, com processo de formação idêntico a bem-criado?

Os advérbios bem e mal, quando associados a outras palavras, não são prefixos, mas elementos de composição.

Sobre o uso de hífen com bem e mal, o novo Acordo Ortográfico determina o seguinte (base XV, 4):

4. Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf. malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnascido), bem-soante (cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto).

Obs.: Em muitos compostos o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc.”


Sintetizando: com mal e bem não se verifica o uso sistemático do hífen, havendo muitas exceções advindas da tradição. O falante (redator) deve pesquisar sempre que houver dúvida sobre a grafia com esses advérbios.

sábado, 12 de julho de 2014

UM MILHÃO ESCOLHEU / ESCOLHERAM

Dadas as frases “Um milhão de clientes escolheram essa marca”. Ou “Um milhão de clientes escolheu essa marca”, qual é a correta?

Podemos afirmar que em ambos os casos a concordância ocorreu de forma adequada, visto que tanto o verbo pode permanecer no singular para concordar com “milhão” – que representa um substantivo masculino no singular, é a chamada “concordância gramatical” – ou pode ir para o plural, concordando atrativamente com o especificador “clientes”.

No caso de o verbo ser de ligação, a concordância deve ser feita, de preferência, com o especificador. Vejamos alguns exemplos:

  • Um milhão de recursos foram denegados pelo tribunal.
  • Um milhão de desabrigados serão alojados em centros comunitários.



sexta-feira, 11 de julho de 2014

DOIS GUARANÁS / DUAS GUARANÁS

A respeito da concordância nominal, devo dizer: “Quero duas guaraná Antártica” ou “Quero duas guaranás Antártica”?

Segundo as regras da concordância, os determinantes (artigos, numerais, pronomes possessivos e demonstrativos, adjetivos) assumem o número e o gênero dos nomes que determinam. Por conseguinte, o numeral antes de “guaraná” deve ser masculino, pois esse nome é do gênero masculino. 

“Quero dois guaranás Antártica” é o correto.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

SUCESSÓRIO A / SUCESSÓRIO DE

O adjetivo “sucessório” pede complemento regido de “de” ou de “a”?

A adjetivo "sucessório" nem mesmo está registrado no Dicionário de Regência de Francisco Fernandes e no de Celso P. Luft. Também nada está dito nas obras de Napoleão Mendes, de Celso Cunha e de Evanildo Bechara.

Problemas de regência nem sempre são fáceis de resolver, mas, na ausência de informações abalizadas, pode-se dar uma olhada no uso corrente e optar pelo mais frequente. Procedendo assim, percebe-se que é predominante a regência de “sucessório” com a preposição “a”:
  • “Não tem nenhuma razão de ser restringir a incidência do direito sucessório aos bens adquiridos onerosamente pelo de cujus na vigência da união estável”.
  • “Sendo um ramo da Casa de Bragança, as regras sucessórias ao trono imperial brasileiro seguem em muito as do trono real português...”.
  • “Começou para valer o processo sucessório à Presidência da República”.

sábado, 5 de julho de 2014

TODOS UNÂNIMES

O uso do pronome destacado em “... educadores, pedagogos e psicólogos, os quais foram todos unânimes em afirmar...” está correto?

O significado contido no adjetivo “unânimes” já pressupõe totalidade. Por isso, o uso de “todos”, nesse caso, produz um vício de linguagem chamado pleonasmo vicioso ou redundância.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

SUJEITO COMPOSTO POSPOSTO - CONCORDÂNCIA

Qual a concordância correta?

“Muitas vezes, falta conhecimento e contato para fechar mais negócios entre os dois países” ou “Muitas vezes, faltam conhecimento e contato para fechar mais negócios entre os dois países”.

O sujeito composto posposto, constituído de núcleos de 3ª pessoa, admite a concordância do verbo com o núcleo mais próximo, ou na 3ª do plural. 

Trocando em miúdos: as duas formas são gramaticalmente aceitas.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

REGÊNCIA DO VERBO "ATENDER"

Qual é a regência do verbo “ATENDER”?
Segundo o gramático Napoleão Mendes, o verbo “atender” tem dupla regência, isto é, pode ser construído com complemento direto ou indireto. Assim também entende o Dicionário de Regência Verbal de Francisco Fernandes.
  • “O juiz não atendeu o pleito do acusado”.
  • “O juiz não atendeu ao pleito do acusado”.
  • “Deus não atende as invocações de ladrões”.
  • “Deus não atende às invocações de ladrões”.
  • “O professor atendeu o aluno”.
  • “O professor atendeu ao aluno”.

O verbo “atender” não aceita o pronome oblíquo átono “lhe” como complemento.
  • Recebidos os requerimentos, o diretor atendeu-os todo.
  • Júlia e Jane, vamos atendê-las em seguida. Posso atendê-lo, senhor?
  • Foram muitas as reivindicações e a reitoria as atendeu parcialmente.
  • Comunicamos a nossos clientes que vamos atendê-los em novo endereço.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

O HERPES OU A HERPES?

A forma correta de escrita da palavra é “o herpes”, porque a palavra herpes é um substantivo masculino.
Segundo os dicionários – Houaiss, Aurélio, Aulete e o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras – herpes é substantivo masculino, originado da palavra grega hérpes.

Exemplos:
  • O herpes é uma doença contagiosa de origem virótica.
  • O herpes aparece, normalmente, nos lábios e nos genitais.
  • Preciso de um remédio que cure meu herpes labial.

sábado, 21 de junho de 2014

ESTADA / ESTADIA

Há diferença entre “estada” e “estadia”?

Sim. Usa-se “estada” para referir-se à permanência de um sujeito (viajante, turista, comerciante etc.) em determinado lugar.
  • A estada da seleção brasileira na Granja Comary durará cerca de 45 dias.
  • Minha estada em Nova Iorque foi efêmera.
  • O governo pagará todas as despesas da estada dos diplomatas em Nairobi.
Já o termo “estadia” é usado para a permanência de veículos de transporte de cargas (navios, caminhões, aviões etc.) em um embarcadouro, enquanto recebem ou entregam mercadorias ou desembarcam pessoas.
  • A estadia do iate nessa marina é muito dispendiosa.
  • Os aeroportos brasileiros não cobram a estadia de aviões executivos.
  • O transatlântico fará uma estadia de duas semanas no porto de Salvador.
Entretanto, tendo em vista o dinamismo que caracteriza as línguas em geral, o termo “estadia” tem sido usado, indistintamente, para os dois significados mencionados acima.

terça-feira, 17 de junho de 2014

VULTOSO / VULTUOSO

Existe alguma diferença entre os adjetivos “vultoso” e “vultuoso”? Eles significam a mesma coisa?

São palavras parônimas, isto é, parecidas na grafia e na pronúncia, mas com significados diferentes.

O dicionário Houaiss Eletrônico registra:

Vultoso: alentado, avultado, avultoso, considerável, farto, grande, grosso, importante, valioso, volumoso.

Vultuoso: condição ou estado do rosto quando as faces e os lábios estão vermelhos e inchados, e os olhos salientes, isto é, acometido “vultuosidade”.

Assim, o emprego deve observar essas diferenças semânticas.

  • Praticou um desfalque vultoso;
  • O desvio de verbas públicas, nunca na história deste País, foi tão vultoso.
  • Apresentava o nariz e os lábios vultuosos, depois da surra que levou.

terça-feira, 10 de junho de 2014

CONCORDÂNCIA VERBAL COM SUJEITO POSPOSTO

Ouvi esta frase hoje e fiquei em dúvida quanto a sua correção: “Estava programado dois treinos”. A concordância verbal está correta?

Primeiro é preciso saber um pequeno detalhe: qual é o sujeito da oração? Pergunta-se “Que estava programado?” A resposta será o sujeito. “Dois treinos” é o sujeito simples plural e para esse número deve ir o verbo. “Estavam programados dois treinos”.


Quando o sujeito simples estiver posposto ao verbo, a concordância será gramatical. O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.

ATINGIMOS HOJE A MARCA DE 100.000 CONSULTAS FEITAS AO BLOG. É SINAL DE QUE ESTAMOS CUMPRINDO A PROPOSTA INICIAL DE AJUDAR AS PESSOAS EM DIFICULDADES COM A LÍNGUA PORTUGUESA.
ESTOU MUITO ORGULHOSO DE TER ATINGIDO ESSA META!

quinta-feira, 5 de junho de 2014

POLÍTICA-PARTIDÁRIA / POLÍTICO-PARTIDÁRIA?

O plural da frase “Devemos aperfeiçoar as relações política-partidárias” está correto?

Nos adjetivos compostos formados por mais de um adjetivo, somente o último elemento formador é variável em gênero e número. Na frase acima, o plural correto é “Devemos aperfeiçoar as relações político-partidárias”.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

DESTA - DESSA

Na frase "Senhor Ministro, em nenhum momento, pretendeu-se, portanto, usurpar a competência desta Suprema Corte e autorizar investigação, direta ou indiretamente, contra autoridade com foro privilegiado", o pronome demonstrativo destacado está correto?

Corretíssimo. O pronome demonstrativo refere-se a algo que ainda será nominado no próprio texto (Suprema Corte). Sua função textual é a de “catafórico”, ou seja, antecipa um termo que virá a seguir. Nessa função, os demonstrativos devem ser “isto, este, esta, deste, desta, neste, nesta”.

terça-feira, 27 de maio de 2014

CONTRA-OFENSIVA ou CONTRAOFENSIVA?

Em “Passados os momentos mais críticos gerados pelas revelações de Edward Snowden sobre a rede de espionagem informática mundial americana, os dirigentes de Washington parecem retomar a contra-ofensiva”, está correto uso do hífen na última palavra?

O uso do hífen está incorreto.

Prefixos terminados em vogal só admitem o hífen se a palavra seguinte iniciar-se pela mesma vogal ou pela letra [H].

anti-herói; macro-história; mini-hotel; proto-história; sobre-humano; super-homem; ultra-humano; anti-ibérico; anti-imperialista; anti-inflacionário; anti-inflamatório; auto-observação; contra-almirante; contra-ataque; micro-ondas; semi-internato.

Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar; coobrigação; coordenar; cooperar, cooperação; cooptar; coocupante, coautor, coprodução.

Além disso, há casos em que a aglutinação do prefixo ao radical já está consolidada pelo uso, como em reeleição; reescrever; reenviar...

quinta-feira, 22 de maio de 2014

VERBOS ANÔMALOS

Como sabemos, um verbo é dito irregular quando sua conjugação não segue o paradigma de sua conjugação. Os verbos “saber” e “caber”, por exemplo, fazem o presente do indicativo de forma bem diferente do modelo regular de “vender”. São verbos irregulares.

Vendere > Eu vendo; tu vendes; ele vende; nós vendemos; vós vendeis; eles vendem. (regular)
Sapere > Eu sei; tu sabes; ele sabe; nós sabemos; vós sabeis; eles sabem. (irregular)
Capere > Eu caibo; tu cabes; ele cabe; nós cabemos; vós cabeis; eles cabem. Irregular)

Observe-se que a irregularidade é apenas morfológica, pois, em todas as formas, está presente o mesmo radical formador.

O verbo é chamado anômalo quando apresenta, em sua conjugação, mais de um radical formador. O verbo “ser”, por exemplo, apresenta em sua conjugação os radicais de “esse” e “vadere”:
Eu sou, tu és, ele é. Eu fui; foste; ele foi.

Como nossa escola não mais se preocupa em ensinar as origens da língua, fica muito difícil para o falante comum penetrar nesse mundo misterioso e fascinante da etimologia. 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

CONTRA-RAZÃO

Como se escreve “contra razão”, “contra-razão” ou “contrarrazão”?


Esse termo é usado quando se faz uma argumentação contrária a alguma afirmação estabelecida, normalmente no meio jurídico ou acadêmico. É uma palavra composta em que os dois elementos formadores mantêm sua autonomia morfológica e significativa. 

O Acordo Ortográfico determina que, nesses casos, a grafia é com hífen: “contra-razão”.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

A ORDEM DOS TERMOS E O SIGNIFICADO

Quem disse que a ordem dos termos não faz diferença?

Um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi removido já morto por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

A observação da ordem dos termos na frase é fundamental. Dependendo da posição, um termo pode alterar o significado, gerando dificuldade de entendimento por parte do leitor.

No texto em destaque, a construção “foi removido já morto por biólogos” possibilita a dupla interpretação: o animal foi morto pelos biólogos ou já estava morto antes da remoção? Por mais que o leitor tenha boa-vontade para deduzir que o animal não foi morto pelos biólogos, o texto permite essa interpretação.

O que produz esse defeito é o fato de a expressão “por biólogos” vir depois de duas formas verbais, podendo estar ligada a qualquer uma delas (“removido por biólogos” ou “morto por biólogos”).

A solução para o problema está na mudança de posição ou da expressão “por biólogos” ou de uma das formas verbais.

Um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi encontrado morto e removido por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

“Já morto, um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi removido por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

Biólogos do Projeto Poço das Antas removeram, já morto, um mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

DUPLA NEGATIVA

Dupla negativa leva a sentido oposto ao pretendido.

“O líder do oposição no Senado afirmou que o ex-ministro cometeu crime de responsabilidade ao negar no depoimento à Câmara dos Deputados, na semana passada, que não usou nenhum avião de forma irregular”.

O fragmento acima apresenta um defeito de construção: o verbo “negar” é completado por uma oração negativa. Ora negar uma negativa equivale a uma afirmação – oposto, portanto, ao pretendido.

Se tivesse feito o que está no texto, o ex-ministro não teria cometido crime de responsabilidade, pois “negar não ter feito algo” é o mesmo que reconhecer tê-lo feito, e isso não é crime, mas confissão.

Por outro lado, o verbo “negar” exige que a oração que o completa tenha verbo no subjuntivo. Assim, alguém nega que tenha feito algo (em vez de “nega que fez algo”).

O texto pode ser corrigido assim:

“O líder da oposição no Senado afirmou que o ex-deputado cometeu crime de responsabilidade ao negar, no depoimento feito à Câmara dos Deputados na semana passada, que tenha usado um avião de forma irregular”.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

VALE-TUDO / BATE-BOCA

Os substantivos "vale-tudo" e "bate-boca" têm hífen?
O Acordo Ortográfico determina que se use o hífen nas palavras compostas por justaposição, cujos elementos (de natureza nominal, adjetival, verbal ou numeral) mantêm sua identidade morfológica e significativa. “arco-íris”, “decreto-lei”, “guarda-noturno”, “norte-americano”, “primeiro-sargento”, “azul-claro”...

Há uma regra bem fácil de ser memorizada: “quando o elemento inicial é um verbo, como valer, bater, guardar, fincar, virar, portar etc., o hífen é obrigatório”: vale-tudo, bate-boca, porta-malas, guarda-chuva, guarda-sol etc.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

HAJA VISTA - HAJA VISTO?

A expressão "haja visto seu empenho na resolução da prova” está correta?

A expressão correta é haja vista.

Pode-se dizer: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista sua decepção.

Alguns gramáticos aceitam, também, pluralizar o verbo, quando o complemento estiver nesse número: Hajam vista seus resultados. / Hajam vista seus esforços. / Hajam vista suas críticas.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

CAUSOU-ME / CAUSARAM-ME

A frase "causou-me estranheza as palavras” está com a concordância verbal correta?

Primeiro vamos perguntar: “O que causou estranheza”? É claro que foram “as palavras”, logo o sujeito do verbo causar é da 3ª pessoa do plural e para esse número deve ir o verbo: “Causaram-me estranheza as palavras”.

É frequente o equívoco na concordância verbal, quando o sujeito é plural e está posposto ao verbo. Sempre que houver qualquer dúvida, basta usar a oração na ordem direta, para se perceber o engano.

Será iniciada no dia 15 de maio as campanhas eleitorais. = As campanhas eleitorais serão iniciadas no dia 15 de maio.

terça-feira, 29 de abril de 2014

INTERMEDIA ou INTERMEDEIA?

Como se conjuga o verbo “intermediar”? É correto dizer-se “Ele ‘intermedia’ a negociação”?

Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Eu odeio / tu odeias / ele odeia / nós odiamos / vós odiais / eles odeiam.

Assim, o correto é: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação.

Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: eles remedeiam, que eles anseiem, eu incendeio.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

MESMO / MESMA

É apropriado o uso de “o mesmo” na expressão “A mulher disse para o marido que o mesmo deve fazer as despesas da casa”?

Esse vocábulo – mesmo – tem diferentes usos na língua. Pode ser adjetivo, pronome demonstrativo, advérbio e substantivo. Em nenhuma dessas funções morfológicas, contudo, pode substituir os pronomes pessoais retos. Na frase da consulta, é correto o uso do pronome pessoal “ele”: “A mulher disse para o marido que ELE deve fazer as despesas da casa

Adjetivo:
1.   O mesmo carro atropelou mais cinco pessoas.
2.   Gosta dos mesmos filmes antigos.

Substantivo:
1.    Na eleição seguinte, aconteceu o mesmo.
2.    Ela ainda era a mesma.

Advérbio:
1.   Mesmo seu marido não concordava com ela.
2.   Agora mesmo vou-me embora.

Pronome demonstrativo:
1.  Os jogadores eram os mesmos da competição anterior.
2.  O diretor desse filme é o mesmo daquela droga a que assistimos ontem.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

CONJUGAÇÃO DO VERBO ADEQUAR

Como se conjuga o verbo “adequar”?
Esse verbo causa constantes problemas a falantes menos avisados. Ele pertence ao rol dos verbos “defectivos”, aqueles com algum “defeito” na conjugação. No presente do indicativo, o verbo adequar só é conjugado quando o acento tônico estiver fora da raiz.
Adequar: raiz = [adequ]; vogal temática = [a]; desinência de infinitivo = [r].
Presente do indicativo:
Eu [inexistente); tu [inexistente]; ele [inexistente];
Nós adequamos; vós adequais; eles [inexistente].
Por essa razão, os tempos derivados do presente do indicativo são também “defeituosos”:
Presente do subjuntivo: Que nós adequemos - Que vós adequeis;
Imperativo afirmativo: Adequemos nós - Adequai vós;
Imperativo negativo: Não adequemos nós - Não adequeis vós.
Os demais tempos e modos são conjugados normalmente, segundo o paradigma da 1ª conjugação.
Contrariando os ensinamentos de gramáticos conceituados como Celso Cunha, Napoleão Mendes e Evanildo Bechara, o Dicionário Eletrônico Houaiss admite a conjugação regular desse verbo. Já os Dicionários Aurélio; Caldas Aulete; Michaelis; Silveira Bueno e o Dicionário de Verbos e Regimes de Francisco Fernandes não corroboram tal aceitação.
Prefiro acompanhar a maioria e empregá-lo sempre de forma defectiva.