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quarta-feira, 16 de abril de 2014

IMANENTE ou EMANENTE?

Não há registro dicionarizado do termo “emanente”.

Imanente, segundo o Dicionário Houaiss e o Dicionário Etimológico de Antônio Geraldo da Cunha, é aquilo que está inseparavelmente contido ou implicado na natureza de um ser, ou de um conjunto de seres, de uma experiência ou de um conceito. Constante, imutável, permanente.

  • Deus é a causa imanente de todas as coisas.
  • Seria a corrupção algo imanente ao homem?

terça-feira, 15 de abril de 2014

CONFUSÃO DE PESSOAS - ATRAVÉS

Ouvi esta chamada na televisão e me parece que há algum erro: “Eu sou uma pessoa que só me comunico com o mundo através da dança”. Está certo?

A linguagem dos meios de comunicação de massa procura atingir o maior número possível de decodificadores, por isso, muitas vezes apela para o chamado “registro coloquial” que nem sempre obedece a padrões gramaticais rígidos.

Em “Eu sou uma pessoa que só me comunico com o mundo através da dança”, primeiro poderíamos dispensar o pronome pessoal reto no início da frase, pois se digo “sou”, evidentemente que “sou eu”. “Pessoa”, logo a seguir é o sujeito de “comunicar” e “pessoa” COMUNICA. Pode-se alegar uma silepse (concordância ideológica), mas aí deixaríamos de lado o coloquial, para entrar na seara das “licenças gramaticais”. Por último, está o problema do significado do advérbio “ATRAVÉS”. Esse advérbio NÃO DEVE ser usado com sentido de instrumento ou meio para se obter alguma coisa ou resultado.

Ele vem de “atravessar”, como bem explica o dicionário Houaiss: de lado, de través, transversalmente, de atravessado. Também o Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, de Silveira Bueno, registra: através – de lado a lado, por entre em: a luz passa através do vidro.

Se a frase fosse dita como “Sou uma pessoa que se comunica com o mundo por meio da dança” ficaria perfeitamente inteligível e correta.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

AUTOPSIA ou AUTÓPSIA?

A palavra é composta de dois radicais gregos (autos= de si mesmo; opsis = exame, vista).

Autopsia: apesar de a origem da palavra indicar exame de si mesmo, a Medicina o utiliza com o significado de exame em um semelhante, ou seja o termo autopsia só pode ser usado quando se realiza exames em humanos, já que sabemos que nenhum animal pode examinar outro da mesma espécie.

Necropsia: é o exame dos cadáveres de qualquer espécie. Por isso o termo confunde-se com autopsia, pois pode também ser usado para humanos.
Concluindo: se for para humanos, pode se dizer necropsia ou autopsia; para animais, só necropsia.



OBS.: Manda a prosódia que a pronúncia correta seja “AUTOPSIA”, aceitando-se “AUTÓPSIA" por uma questão de uso continuado por parte dos falantes.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

SUB-HUMANO ou SUBUMANO?

Devo escrever “sub-humano” ou “subumano”?

Seguindo as recomendações do Acordo Ortográfico, referendado pelo VOLP, da Academia Brasileira de Letras, a grafia é com o hífen, pois lá está determinado que devemos usar o hífen nas prefixações ocorridas com palavras que se iniciam pela letra [H].

Anti-hormonal, pré-histórico, inter-helênico, sobre-horrendo, sub-humano.

Ocorre que, antes do acordo, já se havia consagrado o uso sem o hífen, mas com a perda do [H] inicial de “humano”: subumano.


Inicialmente, esse fato provocou uma série de manifestações polêmicas sobre como proceder nesse caso. Examinados os prós e os contras a ABL decidiu por acatar como corretas as duas grafias, segundo recomenda seu Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

ONDE – CUJO

É possível usar a expressão “onde o” no lugar do termo destacado em “Eles também mencionaram a importância do esforço conjunto, cujo objetivo é traçar um diagnóstico sobre a gestão sustentável de zonas de preservação da floresta amazônica”?

O pronome “cujo” é usado para estabelecer uma relação de posse entre dois termos. Isto é, ele relaciona dois elementos nominais de forma a que fique claro que o segundo pertence ao primeiro. Na frase em questão, o termo “objetivo” pertence a “esforço conjunto”. É um “nome” ligado a outro “nome”, dando ideia de posse.

O pronome relativo “onde” é usado como indicativo geográfico e é classificado como adjunto adverbial de lugar. Não deve, pois, ser usado fora dessa situação.

sábado, 5 de abril de 2014

BEM QUISTO – BEM-QUISTO – BENQUISTO

Como se escreve? Bem quisto; bem-quisto ou benquisto?

A grafia correta, avalizada pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – VOLP – é “benquisto”.


Significa: admirado; estimado; amado; querido; conceituado.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

MINI-SAIA, MINI SAIA ou MINISSAIA?

Como é a escrita correta?

O Acordo Ortográfico manda escrever sem hífen e com dois “ss”, quando o prefixo termina em vogal e a palavra seguinte começa com “s”.


Antissemita, hidrossolúvel, homossexual, minissaia, apossínclise. 

sexta-feira, 28 de março de 2014

CONTÊINER / CONTÊINERES

A PALAVRA “CONTAINER” EXISTE NA LÍNGUA PORTUGUESA?

O Dicionário Houaiss Eletrônico registra a forma aportuguesada “Contêiner”, com o seguinte significado:

Substantivo masculino. Recipiente de metal ou madeira, geralmente de grandes dimensões, destinado ao acondicionamento e transporte de carga em navios, trens etc.; cofre de carga.

O VOLP, da Academia Brasileira de Letras, confirma a grafia da paroxítona terminada em [R]. Em razão disso, o plural deve seguir a norma: cadáver / cadáveres; revólver / revólveres; esfíncter / esfíncteres...

  • Na conta, entram seis contêineres e quatro veículos da Polícia Militar completamente destruídos.
  • Um contêiner foi transformado em depósito de entorpecentes.

terça-feira, 25 de março de 2014

MUNIÇÃO / MUNIÇÕES

Munição é um substantivo feminino e se flexiona em número: munição / munições. É preciso atentar para o fato de que na acepção de "municiamento para armas de fogo", o termo é um coletivo. Então, se se fizer referência a cartuchos para um mesmo tipo de arma, não poderá haver plural.

  • "A polícia encontrou farta munição em poder dos bandidos" e não "várias munições"...
  • "O contrabando de munição  para o fuzil AR-15 é um negócio em ascensão no Distrito Federal".

Quando se faz referência a diferentes tipos de cartuchos, o plural é feito normalmente:

  • "O paiol demunições foi pelos ares, nele havia cartuchos para fuzis, revólveres, granadas, obuses e morteiros".

sexta-feira, 21 de março de 2014

TACAR FOGO NO AMBIENTE

É uma expressão popular que expressa o ato de iniciar confusão, atiçar os ânimos, provocar incêndio.

O verbo “tacar” aparece nos dicionários Houaiss e Michaellis apenas com as acepções relacionadas a atirar algo a distância, com ou sem o uso de um taco, ou para servir de rolha em uma garrafa. “Tacou uma pedra no policial”; “Tacaram bem longe os livros e os cadernos”; “Tacar a garrafa com firmeza”.

O dicionário Caldas Aulete acrescenta as acepções de atear fogo e bater: “Tacaram fogo no prédio”; “Tacou a mão na cara do juiz”.

quinta-feira, 20 de março de 2014

POR / PÔR

Na frase “Não me obrigue a por / pôr a culpa em inocentes”, usa-se o verbo com ou sem o acento gráfico?

“Não me obrigue a pôr a culpa em inocentes”.

O Acordo Ortográfico acabou com a maioria dos acentos diferenciais, deixando em uso apenas os diferenciais dos verbos “pôr”, “poder”, “ter” e “vir”:

  • Ela pode (presente do indicativo) ficar chateada com a notícia, mas ele não pôde (pretérito perfeito do indicativo) vir a tempo de assistir ao jogo. 
  • Vou pôr (verbo) todas as minhas crenças de lado por (preposição) causa dessa decepção. 
  • O trabalhador tem (singular) de trabalhar em dobro para sustentar os que têm (plural) aversão ao trabalho. 
  • Ele vem (singular) sempre de ônibus, enquanto os demais vêm (plural) de bicicleta.

quinta-feira, 13 de março de 2014

CONSIGO / CONTIGO

Devo dizer “Preciso falar consigo” ou “Preciso falar contigo”?

Embora eu já tenha visto o uso do “consigo” não reflexivo em jornais e revistas portugueses, a Gramática Normativa recomenda seu emprego apenas quando houver reflexividade.

a)      Pensou consigo mesmo.
b)     Levava consigo a alma atribulada e desvairada pela paixão.

Quando não houver a reflexividade e o pronome referir-se à pessoa com quem se fala (normalmente a 2ª), deve-se usar “contigo”.

    a)      Falo contigo amanhã.
    b)     A verdade é que deixaram contigo a responsabilidade de julgar.

DEGOLAR

Posso usar o verbo “degolar” e seus derivados sem que tenha havido a decapitação (separação entre a cabeça e o corpo)?

Pode.

O dicionário eletrônico Houaiss relaciona sete (7) acepções diferentes para o verbo degolar. Dentre elas destaco:

1 – cortar o pescoço (de outrem ou de si mesmo): a navalha rasgou sua carótida, degolando-o; cometeu o suicídio, degolando-se;
2 – cortar, decepar a cabeça de; decapitar: degolou o condenado à morte;
3 – matar-se reciprocamente com arma branca: degolaram-se no campo de batalha.

Comparando-se as acepções 1 e 2, fica claro que o ato de degolar não implica, necessariamente, a decapitação.

sexta-feira, 7 de março de 2014

VIDEOCONFERÊNCIA

Como é a grafia correta “vídeo-conferência”, “videoconferência” ou “vídeo conferência”?

O componente “vídeo” é tratado como um “falso prefixo”, tendo, portanto, que seguir as normas da base XVI do Acordo Ortográfico: se estiver ante /r/ ou /s/, essas consoantes são dobradas e a escrita é sem o hífen; usar-se-á o hífen apenas quando a palavra seguinte iniciar-se por /h/ ou pela mesma vogal que termina o prefixo, no caso a vogal /o/.

A grafia correta, por conseguinte, é “videoconferência”, “videoteipe”, “videolaparoscopia”, “videocassete”, “videoclube”, “videogame”.

quarta-feira, 5 de março de 2014

MESMO / MESMOS / MESMA / MESMAS

O pronome “mesmo” flexiona-se em gênero e número?

A palavra "mesmo" é um pronome demonstrativo e, como tal, determina substantivos ou outros pronomes, ajustando-se normalmente ao gênero (masculino/feminino) e ao número (singular/plural) dos termos determinados.
  • Ludovico mesmo implorou perdão.
  • Ele mesmo fez o pedido por escrito.
  • Sheila e Fabiana mesmas optaram por não jogar.
  • Elas mesmas solicitaram a dispensa.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

LENÇÓIS / ALCALOIDE

Por que há o acento gráfico em “lençóis” e não em “alcaloide”? A situação não é a mesma?

São situações ligeiramente diferentes. Em lençóis, o ditongo tônico de base aberta ocupa a última sílaba – é uma palavra oxítona; já em alcaloide, a posição ocupada é a penúltima sílaba – é uma palavra paroxítona.

Não se usa mais o acento dos ditongos tônicos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).
Exemplos: debiloide – mongoloide – alcaloide – alcateia – androide – apoia (verbo apoiar) – apoio (verbo apoiar) – asteroide – boia – celuloide – claraboia – colmeia.

No entanto, caso esses ditongos ocorram em palavras oxítonas, a acentuação gráfica é necessária.
Exemplos: papéis, anéis, troféu, troféus, escarcéu, escarcéus, tabaréu, tabaréus, chapéu, chapéus, herói, heróis, lençóis.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

PRECONCEITO ou PRÉ-CONCEITO?

A palavra "preconceito" já existia no Latim, "praejudicium", com o mesmo significado que tem hoje: "julgamento feito antecipadamente" e suas variações. Ela já veio pronta para nós, falantes da Língua Portuguesa e essa é a razão por que deve ser escrita sem o hífen.

O uso com o hífen "pré-conceito", às vezes também como "(pré)conceito", para indicar um processo de raciocínio que precede a formulação de um conceito, não me parece razoável, tendo em vista o entendimento dúbio por parte de quem lerá o texto. Tenho visto tal uso em trabalhos acadêmicos (artigos, monografias, dissertações e teses) e é certo que o ambiente acadêmico fará a interpretação correta, mas o público em geral poderá entender diferentemente.

Aliás, o que se tem falado de asneiras sobre o "preconceito" é uma festa. O sujeito, em meu entendimento, tem o direito de não gostar de certas coisas sem que seja, necessariamente, taxado de "preconceituoso". Detesto maracujá e por isso sou "preconceituoso"? Diretores de cinema que optam por imprimir um clima "escrachado" e "carnavalesco" em suas obras, não importando o tema, não me agradam. Sou "preconceituoso" por não gostar delas? Abomino a mentira e os mentirosos... Isso é ser preconceituoso?

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

SENÃO – SE NÃO

Qual é a diferença entre “senão” e “se não”? Quando usar um e outro?

Senão (emendado) equivale a (caso contrário, mas, porém, a não ser, problema, falha).

·    Entregue o trabalho no prazo, senão o professor lhe dará nota baixa.
·    Esperamos uma eleição limpa, senão tudo continuará como está.
·    Não houve um senão na conferência.
·    Nada mais há a dizer, senão adeus.

Se não (separado) equivale a (se por acaso não). Usado no início de orações condicionais.

·    Se não escolhermos bem a escola de nossos filhos, os resultados serão terríveis.
·    Este ano teremos eleições, se não ocorrer algum imprevisto.
      Obrigado

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

QUEM NÃO SE COMUNICA...

O texto abaixo deixou-me com dúvidas sobre a correção do emprego  do verbo “comunicar”. Está correto?

“O delegado comunicou o juiz diretor do Fórum da Justiça Federal que o Grupo de Escoltas permanecerá impossibilitado de cumprir as requisições de escolta emanadas das diversas Varas Criminais Federais do Estado de São Paulo”.
Observe que os termos sublinhados (o juiz diretor) e (que o Grupo de Escoltas) ligam-se ao verbo sem o auxílio de preposição. Como são de naturezas diferentes (pessoa e coisa) não podem exercer a mesma função sintática no interior da frase.

No texto, o verbo em questão é de dupla predicação, ou seja, deve ser construído com dois complementos: um objeto direto e um objeto indireto. Como nos exemplos abaixo:

  • O chefe comunicou a demissão do supervisor (Ob. Dir.) aos funcionários (Ob. Ind.).
  • O chefe comunicou aos funcionários (Ob. Ind.) a demissão do supervisor (Ob. Dir.).
O correto, então, é reformular a frase para “O delegado comunicou ao juiz diretor do Fórum da Justiça Federal que o Grupo de Escoltas permanecerá impossibilitado de cumprir as requisições de escolta emanadas das diversas Varas Criminais Federais do Estado de São Paulo”.


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CONCORDÂNCIA COM NUMERAL

Qual é o correto: “um milhão e meio de pessoas vivem na comunidade” ou “um milhão e meio de pessoas vive na comunidade”?

Temos o problema do sujeito representado por um numeral singular (milhão e meio), acompanhado de complemento plural (pessoas).

A gramática normativa aceita, nesse caso, dois tipos de concordância:

·  Com o verbo no singular (concordância gramatical), concordando com o núcleo representado pelo numeral “um milhão e meio”: “um milhão e meio de pessoas vive na comunidade”.

· Com o verbo no plural (concordância siléptica), concordando com o complemento representado por “pessoas”: “um milhão e meio de pessoas vivem na comunidade”. 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

EMPREGO DO SUBJUNTIVO

A frase “A previsão dos meteorologistas é que vem chuva na quinta-feira está correta?

A Gramática Normativa diz que não.

Os meteorologistas não têm certeza de que a chuva virá, por isso fazem uma “previsão”, isto é, há a possibilidade (não a certeza) de que a chuva venha.

Sempre que se fizer referência a um fato possível, mas de ocorrência incerta, o subjuntivo deve ser usado.

  • É possível que outros médicos cubanos fujam (futuro do subjuntivo) para os EUA.
  • A população duvidava de que ele fosse (imperfeito do subjuntivo) capaz dessa proeza.
  • É improvável que ele se candidate (presente do subjuntivo) nas próximas eleições.
  • A previsão dos meteorologistas é que venha (futuro do subjuntivo) chuva na quinta-feira.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

ESSE / ESSA - DESSE / DESSA - AQUELE - AQUELA

O projeto será examinado por uma comissão. Esta comissão tem a incumbência de definir sua viabilidade e apresentar suas conclusões por meio de um relatório. Este relatório será enviado a todos os interessados no desenvolvimento das ações propostas.”

São frequentes as dúvidas causadas pelo emprego dos pronomes demonstrativos “este” / “esse” e suas variações.

Tais pronomes demonstrativos funcionam como determinantes de nomes (substantivos – adjetivos – advérbios), que já foram ou serão citados no discurso (texto / fala). De uma forma geral, a “posição” que tais termos ocupam é que determina se devemos usar “st” ou “ss”.

O pronome demonstrativo será um “anafórico” se apontar para algo que já foi mencionado e, nesse caso, deverá ser grafado com “ss”; será um “catafórico” se antecipar algo que ainda será dito e, então, deverá ser grafado com “st”.

No fragmento em epígrafe, o termo comissão é retomado no período seguinte e o demonstrativo deveria ser escrito com “ss”; o mesmo ocorre com o termo relatório, logo a seguir.

Pode ocorrer a retomada de uma ideia com outro termo, o que também leva ao uso das formas com “ss”, como em “ofendiam-se, brigavam com os colegas e desrespeitavam os professores que os repreendiam. Lamentavelmente, esse comportamento era relevado pela direção da escola”. O fato está distante no tempo e no espaço.
Os pronomes demonstrativos com “st” referem a algo que ainda será dito adiante. Por exemplo: “O fato é este: a gestão das escolas tem de ser exercida por diretores profissionais”.

Também quando há referência ao assunto de que trata o texto: “Esta pesquisa tem como finalidade levantar dados que comprovem a hipótese x”.

Na fala, usa-se o demonstrativo com “st” para algo que esteja junto do emissor: “Falo deste livro”. O livro está perto de mim. “Falo desse livro”. O livro está perto da pessoa com quem falo. “Falo daquele livro.” O livro está distante de mim e de meu interlocutor.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

À MEDIDA QUE / NA MEDIDA EM QUE

Está correto o uso da locução em "Queremos empresas fortes tendo seu lucro absolutamente garantido, na medida em que é um lucro justo e uma grande contribuição para o País."?

Está corretíssimo.

À medida que é uma locução conjuntiva proporcional, logo, expressa ideia de proporção. Pode ser substituída por “à proporção que”. Uma oração que se inicia por “à medida que” é subordinada adverbial proporcional.

a) À medida que a inflação sobe, os pobres ficam mais pobres
b) Os manifestantes tornam-se mais agressivos, à medida que percebem a inação policial.

Na medida em que é uma locução conjuntiva causal; haverá, logo, relação de causa/consequência nas orações que se iniciarem por ela. Tem como equivalentes “uma vez que”, “porque”, “visto que”, “já que” e “tendo em vista que”.

a) A leitura está na base de todo conhecimento, na medida em que só aprendemos realmente quando lemos e refletimos sobre o que foi lido.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MOSTRE-SE / MOSTREM-SE

A concordância verbal está correta em “Justiça determina que se mostre os contratos”?

Não. O sujeito passivo do verbo “mostrar” é o substantivo masculino plural “contratos”, logo o verbo deve ir para o plural: “Justiça determina que se mostrem os contratos”.

Esse tipo de equívoco decorre do uso da partícula “se”. Essa palavrinha pode exercer diferentes funções dentro da língua e é aí que mora o perigo.

Come-se bem naquele restaurante. O “se” é índice de indeterminação do sujeito. É evidente que qualquer pessoa que for ao restaurante comerá bem, isto é, indeterminadas pessoas comerão bem. Observe-se que o verbo está na 3ª pessoa do singular e não há na frase qualquer palavra que possa exercer a função de sujeito.

Comem-se bons pratos naquele restaurante. O “se” é pronome apassivador. É possível transformar a frase em uma passiva analítica: “Bons pratos são comidos naquele restaurante”. Essa operação não pode ser realizada na frase anterior. Observe-se que verbo está na 3ª pessoa do plural, para concordar com o sujeito posposto “bons pratos”.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

REGÊNCIA DO VERBO "PERMITIR"

Li esse texto em um jornal e estou preocupado com sua correção. O verbo “permitir” foi usado corretamente?

“Em experimentos que podem iniciar uma nova era na biologia das células-tronco, cientistas descobriram uma forma barata e fácil de reprogramar células maduras de um rato de volta a um estado similar ao embrionário, o que os permitiu gerar vários tipos de tecidos.”

Há um equívoco na construção do predicado do verbo “permitir”. Esse verbo é um transitivo/relativo, isto é, usa-se com dois complementos: objeto direto e objeto indireto. Aqui o objeto direto é “gerar vários tipos de tecidos”. Qual seria o objeto indireto? O redator deveria usar o pronome oblíquo átono “lhes” em lugar do “o”.

“...que LHES permitiu gerar vários tipos de tecidos.”

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

PRÉ-JULGAMENTO / PREJULGAMENTO

Como escrevo (prejulgamento ou pré-julgamento)?

O Acordo ortográfico, em sua base XVI, diz o seguinte:

Usa-se o hífen

f) Nas formações com os prefixos tônicos acentuados graficamente (pós-, pré- e pró-) quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes formas átonas (pos, pre, pro) que se aglutinam ao elemento seguinte: pós-graduação, pós-tônicos (mas pospor); pré-escolar, pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover).

  • Pós-eleitoral; pós-graduação; pós-guerra; pós-parto. (pospor; pospositivo).
  • Pré-estreia; pré-fabricado; pré-lançamento. (preâmbulo; preaquecimento; prever; prejulgar; prejulgamento).
  • Pró-americano; pró-ativo; pró-forma; pró-memória. (proveniente; promoção; provigário).

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

POR CONTA DE

Essa expressão, que se está vulgarizando nos meios de comunicação e logo fará parte do cotidiano linguístico dos falantes que tendem a ser “modernosos”, é uma inovação semelhante a “a nível de”, “meio que”, “enfim”, “quer dizer” e outras tantas que surgiram e, felizmente, ficaram, ou tendem a ficar, restritas aos almanaques do Capivarol, do Biotônico Fontoura e da Folhinha Mariana.

O sujeito está falando e de repente, sem mais nem porque, lasca um “enfim” que não liga palavras ou orações, deixando o interlocutor tenso, na vã espera do que virá para completar o pensamento.

Conheci um gago que completava os espaços vazios de sua fala com a expressão “quer dizer”. Um dia foi convidado a ler uma passagem dos evangelhos, na missa dominical, e foi aquela tragédia: “Naquele tempo “quer dizer” dizia Jesus a “quer dizer” seus discípulos: “quer dizer” ide e “quer dizer” semeai “quer dizer”, minha “quer dizer” palavra... O padre cassou-lhe a palavra imediatamente.

O problema atinge o significado de diferentes preposições e, em alguns casos chega a alterar o sentido normal do enunciado.

1.     Chanceler alemã reclama por conta da espionagem americana. (contra);
2.     Neymar está frustrado por conta da contusão. (em razão da);
3.     Estudantes protestam por conta da ação policial. (contra);
4.     Políticos foram condenados por conta da corrupção. (por);
5.     Trânsito foi interrompido por conta de deslizamento de terra. (por causa de).

São os modismos com que a língua convive, mas que falantes atentos percebem e evitam, servindo até de modelo a outros menos vigilantes.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

POR QUE / POR QUÊ / PORQUE / PORQUÊ

Quando devo escrever “por que”, “porque”, “por quê” e “porquê”?
Usa-se o “por que”:
1.      No início ou no interior das interrogações diretas e indiretas.
a.      Por que você faltou?(interrogação direta)
b.      Quero saber por que você faltou. (interrogação indireta)
2.      Quando tiver o significado de “o motivo pelo qual” ou “a razão pela qual”.
a.      Não consigo entender por que (o motivo pelo qual) (a razão pela qual) ela me abandonou.
Usa-se “porque”:
1.      Quando significar uma resposta ou explicação.
a.      Faltei porque não tinha dinheiro para a condução.
b.      Porque foi reprovado, mudou de escola.
Usa-se “por quê”:
1.      Quando estiver no final das interrogações diretas e exclamações.
a.      Você faltou por quê?
b.      O Flamengo perdeu por quê?
c.      Não sei por quê!
Usa-se “porquê”:
1.      Quando estiver antecedido de artigo, pronome ou numeral. Nesses casos, ocorre a chamada formação imprópria e o porquê é substantivo.
a.      Não sei o porquê de tanta confusão.
b.      Meus porquês são sempre fundamentados em bases sólidas.
c.      Sempre há um porquê mal explicado em suas justificativas.