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segunda-feira, 8 de julho de 2019

CONTRA-ATAQUE / CONTRA-ATACAR


O jornal O Globo publicou nota, em 08JUL19, com o seguinte trecho:

“Em entrevista durante a feira Expert 2019, organizada pela XP na semana passada, o empresário considera que os bancos não serão velozes o suficiente para contra-atacar porque carregam uma estrutura de custos fixos - embora ele admita que já há empresas tradicionais tentando reagir à sua ofensiva”. 

Comente o uso do HÍFEN.

O uso do hífen está correto.

Prefixos terminados em vogal só admitem o hífen se a palavra seguinte iniciar-se pela mesma vogal ou pela letra [H].

anti-herói; macro-história; mini-hotel; proto-história; sobre-humano; ultra-humano; anti-ibérico; anti-imperialista; anti-inflacionário; anti-inflamatório; auto-observação; contra-almirante; contra-ataque; micro-ondas; semi-internato.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

SEMI-JOIAS / SEMI JOIAS / SEMIJOIAS?


O Acordo Ortográfico aboliu o uso do hífen nos casos em que o prefixo termina com vogal diferente da vogal que inicia a palavra seguinte.
Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiaéreo, antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução.

Atenção para os detalhes:


  • Quando o primeiro elemento termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Ex: extra-escolar será escrito como “extraescolar”.
  • Quando o segundo elemento começar com R ou S, a primeira letra do segundo elemento deverá ser duplicada. Ex: anti-semita e contra-regra serão escritos como “antissemita” e “contrarregra”.
  • Outra regra para o hífen é a de incluí-lo onde antes não existia, nos casos em que o primeiro elemento finalizar com a mesma vogal que começa o segundo elemento. Ex: microondas e antiinflamatório serão escritos como “micro-ondas” e “anti-inflamatório”.
  • Se o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante, não existe hífen.


A palavra semijoia encaixa-se nesta regra.


domingo, 23 de junho de 2019

MICRO-HABITAT / MICROCEFALIA



São duas situações distintas. No primeiro caso, o prefixo “micro” junta-se a uma palavra que se inicia letra [h]; no segundo, o mesmo prefixo está aplicado a uma palavra que se inicia pela consoante [c].
Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen, se o segundo elemento começar pela mesma vogal ou pela letra [H].

Assim, escrevemos “autodidata”, “auto-observação”, “antirrábico”, “antiético”, “micro-ondas”, “autoclave”, “autopiedade”, “anti-higiênico”, “antígeno”, “auto-hipnose”, “auto-homenagem”, “anteontem”, “antiabortivo”, “monocromático”, “micronutriente”.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

CUJO - CUJA - CUJOS - CUJAS

“Eu apenas estou trazendo uma narrativa, que é discutida no livro “Clash of Empires”, escrito por Louis Vincent Gave e Charles Gave, cujo eu traduzi”. 

O pronome “cujo” é usado para estabelecer uma relação de posse entre dois termos. Isto é, ele relaciona dois elementos nominais de forma a que fique claro que o segundo pertence ao primeiro.

  • A menina cujos olhos encantaram o trovador... = os olhos pertencem à menina;
  • O aluno a cujas notas me refiro foi reprovado por excesso de faltas... = a notas pertencem ao aluno;
  • A cidade cujo transporte público está inoperante é a capital do país... = o transporte público pertence à cidade.
O correto é: “Eu apenas estou trazendo uma narrativa, que é discutida no livro “Clash of Empires”, escrito por Louis Vincent Gave e Charles Gave, que eu traduzi”. O uso de “cujo” não é possível porque não há a relação de posse entre um antecedente e consequente.

Seria ainda conveniente alterar-se a ordem dos termos do texto para obter-se mais clareza quanto ao significado: “Eu apenas estou trazendo uma narrativa, que é discutida no livro, que eu traduzi, “Clash of Empires”, escrito por Louis Vincent Gave e Charles Gave”.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

HOUVERA SIDO JULGADO? TIVERA SIDO JULGADO?

Os pedidos de entrevista foram feitos no final de setembro do ano passado, a menos de um mês das eleições presidenciais. À época, o petista já tivera sido julgado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Existem verbos, os chamados verbos abundantes, que têm dois particípios: um regular e outro irregular. Por exemplo, o verbo entregar tem como particípio regular entregado, e como particípio irregular, entregue.

No registro formal culto da Língua Portuguesa em uso no Brasil, a regra recomenda que as formas regulares são usadas, preferencialmente, na formação da voz ativa, acompanhadas dos verbos auxiliares ter e haver.
  • Miroslava tem vendido muitos planos mirabolantes a investidores incautos.
  • Não se deram conta de que os eleitores haviam aprendido a escolher seus candidatos.
Da mesma maneira, as formas irregulares são usadas na formação da voz passiva, acompanhadas dos verbos auxiliares ser e estar.
  • Suspeitava-se de que o réu fora julgado de forma irregular.
  • Embora esteja eleito, não tomará posse.
Assim, a frase “À época, o petista já tivera sido julgado inelegível pelo TSE” está dentro da norma gramatical culta.




domingo, 26 de maio de 2019

UMA DAS QUE FARIAM / UMA DAS QUE FARIA


A decisão foi antecipada pela jornalista Mônica Bergamo, uma das que fariam a entrevista na sede da PF (Polícia Federal) na capital paranaense. Em sua coluna na Folha, ela chamou a proibição de “censura”.

O sujeito “um dos que” – “uma das que” permite dois tipos de concordância.

1ª – se o falante quer priorizar um indivíduo (jornalista Mônica Bergamo) o verbo concordará com ele. “A decisão foi antecipada pela jornalista Mônica Bergamo, uma das que faria a entrevista na sede da PF (Polícia Federal) na capital paranaense.

2ª se o falante opta por priorizar o conjunto de indivíduos (jornalistas), o verbo irá para o plural. “A decisão foi antecipada pela jornalista Mônica Bergamo, uma das (jornalistas) que fariam a entrevista na sede da PF (Polícia Federal) na capital paranaense”.

MELHOR EDUCADOS – MAIS BEM EDUCADOS


O preparadíssimo ex-presidente FHC, em congresso do seu partido, disse que “queremos brasileiros melhor educados, e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria”. 

O registro formal culto da Língua Portuguesa recomenda que em expressões como essa não se usa o advérbio “melhor” para qualificar o particípio. O uso correto é “mais bem educados”.

Como o ex-presidente fala de “brasileiros educados” (bem ou mal), trata, por conseguinte, de Educação Formal e, nesse caso, não há desculpa para o uso incorreto da língua, já que FHC é professor aposentado da UsP e autor de vários e renomados livros sobre Sociologia...

Queremos brasileiros mais bem educados, e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria.