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quarta-feira, 23 de maio de 2018

VOCÊ / TEU / TUA


Professor, eu estava assistindo ao programa “Seleção Sport TV” e um dos jornalistas participantes fez a seguinte pergunta ao jogador entrevistado:
“Fulano, na TUA volta aos gramados, em que partida VOCÊ se sentiu mais à vontade?”

Achei estranha a ocorrência de TU e VOCÊ, na mesma sentença e referindo-se ao interlocutor do falante. Pode isso?
Não, não pode!

As pessoas do discurso são três. 1ª pessoa: quem fala (eu, nós); 2ª pessoa (tu, vós): com quem se fala; 3ª pessoa: de quem se fala (ele/ela, eles/elas). Esses pronomes pessoais retos são tônicos e têm seus correspondentes átonos específicos.
Eu è me, meu, minha.                            Nós è nos, nossos, nossas.
Tu è te, teu, tua.                                     Vósè vos, vosso, vossas.
Ele/Ela è o/a, se, lhe, seu, sua.              Eles/elas è os/as se, lhes, seus, suas.

No registro coloquial, usado no Brasil, é comum as pessoas confundirem os pronomes átonos de 2ª pessoa com os de 3ª pessoa. Foi o que deve ter ocorrido com o jornalista em questão.

No registro formal, dever-se-ia dizer:

“Fulano, em TUA volta aos gramados, em que partida TE sentiste mais à vontade?”
“Fulano, em SUA volta aos gramados, em que partida VOCÊ se sentiu mais à vontade?”

Misturar pronomes de 2ª e 3ª pessoas é erro primário de uso da Língua Portuguesa.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A


Ao encontro de indica “estar de acordo com”, “em direção a”, “favorável a”, “para junto de”. É uma expressão usada para indicar concordância.
De encontro a tem significado de “contra”, “em oposição a”, “para chocar-se com”. É uma expressão usada para indicar discordância.
Ou seja, as locuções têm significado totalmente opostos.
Exemplos:
a) Este roteiro vem ao encontro de tudo que queria para realizar a filmagem. (“favorável a”).
b) As reações que o grupo externou foram de encontro ao esperado pelo chefe. (“em oposição a”).

sábado, 21 de abril de 2018

USO DE PREFIXO "AUTO"


A palavra “auto massagem” é escrita com ou sem hífen”?
Sem o hífen. Os prefixos terminados em vogal, antecedendo palavras iniciadas por consoantes diferentes de [r] e [s], dispensam o uso do hífen.
·    Anteprojeto
·    Antipedagógico
·    Autopeça
·    Autoproteção

Se a palavra modificada começar com [r] ou [s], dobram-se essas letras e também não se usa o hífen.

antirrábico
antirracismo
antirreligioso
antirrugas



domingo, 15 de abril de 2018

SE VOCÊ VER /VIR


Professor, recebi uma mensagem com o seguinte trecho: “Se você ver a Lua, você verá a beleza de Deus; se você ver o Sol, você verá o poder de Deus; se você ver sua própria imagem, você verá a melhor criação de Deus”. Fiquei em dúvida quanto à correção do emprego do verbo “ver”. Está certo?

Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz.

Os “modos” verbais são empregados para denotar determinados aspectos da ação descrita pelo verbo.

  • Indicativo – denota uma ação líquida e certa, isto é, ocorre, ocorreu ou ocorrerá.
  • Subjuntivo – Expressa um fato incerto, duvidoso ou mesmo irreal, dependendo da vontade ou do sentimento de quem o emprega.
  • Imperativo – É empregado para exprimir ordem, súplica, convite ou pedido.
  • Formas nominais – São formas verbais com funções próprias do substantivo, adjetivo ou advérbio.
O verbo ver, no texto da consulta, expressa claramente fatos que não têm ocorrência comprovada na realidade, tanto que cada oração inicia-se por uma conjunção subordinativa condicional “se”. Nesse caso, o verbo “ver” deve ser empregado no futuro do subjuntivo:

“Se você vir a Lua, você verá a beleza de Deus; se você vir o Sol, você verá o poder de Deus; se você vir sua própria imagem, você verá a melhor criação de Deus”.

sexta-feira, 30 de março de 2018

FARÁ / FARÃO


Professor, li esse texto em um jornal e me parece que a concordância verbal do verbo “fazer” está incorreta: “As receitas de pedágio de todas as concessionárias irão para uma câmara de compensação que farão transferências entre as empresas”.

E você está absolutamente certo. o sujeito do verbo em questão é o pronome relativo “que”, anteposto ao verbo.

Diz a regra: “Quando o sujeito é o pronome relativo ‘que’, o verbo concordará com seu antecedente”. O antecedente do pronome relativo, no texto, é a expressão “uma câmara de compensação” que, como se vê, está no singular e com ela o verbo concordará.

“As receitas de pedágio de todas as concessionárias irão para uma câmara de compensação que fará transferências entre as empresas”.

quarta-feira, 21 de março de 2018

CONCORDÂNCIA VERBAL COM FRAÇÕES DECIMAIS


Professor, está correta a concordância verbal ressaltada na frase: “Os acordos de colaboração e leniência devem resultar na devolução de R$ 12 bilhões aos cofres públicos, segundo esperam as autoridades envolvidas. Já foi restituído R$ 1,9 bilhão”? 

Se o sujeito é o numeral R$1,9 bilhão, o verbo não deveria estar no plural?

Quando o sujeito é uma fração decimal, o verbo concordará com a PARTE INTEIRA do fração.

  • 2,999 bilhões já foram restituídos;
  • 1,999 bilhão já foi restituído.


quinta-feira, 15 de março de 2018

TINHA GANHO / TINHA GANHADO


Professor, está correta a forma “tinha ganho”? “Quando Lênin ficou sabendo que a revolução tinha ganho, se benzeu e disse: graças a Deus!!!”

Ganhar é um verbo abundante, apresentando duas formas equivalentes de particípio: uma forma regular; outra, irregular. Ganhado é o particípio regular; ganho, o particípio irregular.

* Diante dos verbos auxiliares TER ou HAVER, devemos usar a forma regular, constituída da terminação “-ado” ou “-ido”. Observe o exemplo:

Os alunos tinham entregado o trabalho em tempo hábil.
Os alunos haviam entregado o trabalho em tempo hábil.

* Diante dos verbos auxiliares SER ou ESTAR, devemos fazer uso da forma irregular. Eis o enunciado a seguir:

Os trabalhos foram entregues em tempo hábil.
Os trabalhos estavam entregues em tempo hábil.

Embora o uso da forma irregular, com os verbos ser e estar, nas situações informais ocorra com muita frequência, não recomendo seu uso na língua escrita formal.

Em Português formal, a frase deveria ser escrita com o auxiliar haver e o particípio irregular: “Quando Lênin ficou sabendo que a revolução havia ganho, se benzeu e disse: graças a Deus!!!”, ou com o verbo ter seguido do particípio regular: “Quando Lênin ficou sabendo que a revolução tinha ganhado, se benzeu e disse: graças a Deus!!!”