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domingo, 15 de abril de 2018

SE VOCÊ VER /VIR


Professor, recebi uma mensagem com o seguinte trecho: “Se você ver a Lua, você verá a beleza de Deus; se você ver o Sol, você verá o poder de Deus; se você ver sua própria imagem, você verá a melhor criação de Deus”. Fiquei em dúvida quanto à correção do emprego do verbo “ver”. Está certo?

Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz.

Os “modos” verbais são empregados para denotar determinados aspectos da ação descrita pelo verbo.

  • Indicativo – denota uma ação líquida e certa, isto é, ocorre, ocorreu ou ocorrerá.
  • Subjuntivo – Expressa um fato incerto, duvidoso ou mesmo irreal, dependendo da vontade ou do sentimento de quem o emprega.
  • Imperativo – É empregado para exprimir ordem, súplica, convite ou pedido.
  • Formas nominais – São formas verbais com funções próprias do substantivo, adjetivo ou advérbio.
O verbo ver, no texto da consulta, expressa claramente fatos que não têm ocorrência comprovada na realidade, tanto que cada oração inicia-se por uma conjunção subordinativa condicional “se”. Nesse caso, o verbo “ver” deve ser empregado no futuro do subjuntivo:

“Se você vir a Lua, você verá a beleza de Deus; se você vir o Sol, você verá o poder de Deus; se você vir sua própria imagem, você verá a melhor criação de Deus”.

sexta-feira, 30 de março de 2018

FARÁ / FARÃO


Professor, li esse texto em um jornal e me parece que a concordância verbal do verbo “fazer” está incorreta: “As receitas de pedágio de todas as concessionárias irão para uma câmara de compensação que farão transferências entre as empresas”.

E você está absolutamente certo. o sujeito do verbo em questão é o pronome relativo “que”, anteposto ao verbo.

Diz a regra: “Quando o sujeito é o pronome relativo ‘que’, o verbo concordará com seu antecedente”. O antecedente do pronome relativo, no texto, é a expressão “uma câmara de compensação” que, como se vê, está no singular e com ela o verbo concordará.

“As receitas de pedágio de todas as concessionárias irão para uma câmara de compensação que fará transferências entre as empresas”.

quarta-feira, 21 de março de 2018

CONCORDÂNCIA VERBAL COM FRAÇÕES DECIMAIS


Professor, está correta a concordância verbal ressaltada na frase: “Os acordos de colaboração e leniência devem resultar na devolução de R$ 12 bilhões aos cofres públicos, segundo esperam as autoridades envolvidas. Já foi restituído R$ 1,9 bilhão”? 

Se o sujeito é o numeral R$1,9 bilhão, o verbo não deveria estar no plural?

Quando o sujeito é uma fração decimal, o verbo concordará com a PARTE INTEIRA do fração.

  • 2,999 bilhões já foram restituídos;
  • 1,999 bilhão já foi restituído.


quinta-feira, 15 de março de 2018

TINHA GANHO / TINHA GANHADO


Professor, está correta a forma “tinha ganho”? “Quando Lênin ficou sabendo que a revolução tinha ganho, se benzeu e disse: graças a Deus!!!”

Ganhar é um verbo abundante, apresentando duas formas equivalentes de particípio: uma forma regular; outra, irregular. Ganhado é o particípio regular; ganho, o particípio irregular.

* Diante dos verbos auxiliares TER ou HAVER, devemos usar a forma regular, constituída da terminação “-ado” ou “-ido”. Observe o exemplo:

Os alunos tinham entregado o trabalho em tempo hábil.
Os alunos haviam entregado o trabalho em tempo hábil.

* Diante dos verbos auxiliares SER ou ESTAR, devemos fazer uso da forma irregular. Eis o enunciado a seguir:

Os trabalhos foram entregues em tempo hábil.
Os trabalhos estavam entregues em tempo hábil.

Embora o uso da forma irregular, com os verbos ser e estar, nas situações informais ocorra com muita frequência, não recomendo seu uso na língua escrita formal.

Em Português formal, a frase deveria ser escrita com o auxiliar haver e o particípio irregular: “Quando Lênin ficou sabendo que a revolução havia ganho, se benzeu e disse: graças a Deus!!!”, ou com o verbo ter seguido do particípio regular: “Quando Lênin ficou sabendo que a revolução tinha ganhado, se benzeu e disse: graças a Deus!!!”


quinta-feira, 8 de março de 2018

NUANCE / NUANÇA


“O ensino de Geografia tem alguns nuances que precisam ser bem esclarecidos".        

Professor, a palavra “nuances” é de que gênero gramatical?

Nuance é palavra do gênero gramatical feminino, de origem francesa, e seu uso pode ser considerado um vício de linguagem chamado “galicismo”. Atualmente esse rigor purista anda em baixa.

Os portugueses preferem usar “nuança”, com o mesmo significado de gradação, mescla, cambiante, matiz, tonalidade.

Corrija-se para “O ensino de Geografia tem algumas nuances que precisam ser bem esclarecidas”.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

CACHORRO QUENTE / CACHORRO-QUENTE


Professor, está correta a expressão “Comeu um cachorro quente e tomou um refrigerante”?

O sanduíche feito com pão, salsicha e molho de tomates (os brasileiros acrescentam batata frita e milho cozido) é diferente de um cachorro “aquecido”. Na verdade a expressão junta dois vocábulos para formar um terceiro, com significação própria e individualizada. É como “couve-flor”, “batata-palha”, “navio-escola”, “fazenda-modelo” etc.

É um processo de formação de palavras chamado de “composição por justaposição”

O Acordo Ortográfico define que: “Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio”.

Assim, a forma correta de se escrever o nome do dito sanduíche é “cachorro-quente”, com hífen, venha com batatas fritas e milho ou não.

sábado, 27 de janeiro de 2018

DESSE(S)- DESSA(S)-


Professor, no dia 27/jan/2018, o Jornal O Estado de São Paulo publicou uma nota da qual retirei o seguinte trecho: “O julgamento desta quarta-feira, 24, em que teve sua condenação no caso triplex do Guarujá dada por Moro confirmada em segunda instância”.

O uso do pronome demonstrativo “desta” está correto?

A função textual dos pronomes deste(s)-desta(s) é a de catafóricos, ou seja, referem-se a pessoas, coisas ou fatos que ainda estão por ocorrer. O autor ou autores do texto deveriam empregar o pronome “dessa”, pois falando no dia 27/jan/2018, evidentemente referem-se a fato já ocorrido no dia 24/jan/2018.

A função textual dos pronomes desse(s)-dessa(s) é a de anafóricos, ou seja, referem-se a pessoas, coisas ou fatos que já ocorreram. O uso correto desses conectores é importante para a coesão do texto produzido.



sábado, 6 de janeiro de 2018

O QUAL – A QUAL - OS QUAIS – AS QUAIS

“Tornou-se um processo NA QUAL o eleitor não se sente representado pelos partidos”.

Em uma das famosas mesas redondas televisivas, um participante soltou essa “pérola” por duas ou três vezes.

Os pronomes relativos, dentre os quais estão “o qual – a qual – os quais – as quais”, devem concordar em gênero (masculino/feminino) e em número (singular/plural) com o substantivo a que se referem.

Na frase da consulta, o substantivo “processo” é o antecedente do pronome relativo “a qual”, o que contraria a regra da concordância em gênero explicitada. 

Tal concordância é feita pelo artigo junto ao pronome relativo. Logo, o correto é “Tornou-se um processo NO QUAL o eleitor não se sente representado pelos partidos”.


sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

CUSTODIA / CUSTODEIA


Declarações do governador de Goiás afirmam que “O Estado não custodeia esse tipo de condenado”. Achei estranha a forma verbal usada.

Realmente é estranha. O verbo “custodiar” provém do verbo latino “custodiare” e deve ser conjugado normalmente como os demais verbos terminados em “-iar”. No presente do indicativo, temos: eu custodio; tu custodias; ele custodia; nós custodiamos; vós custodiais; eles custodiam.

Lembremo-nos de que os verbos mediar-ansiar-remediar-incendiar-odiar, embora terminados em “-iar”, seguem o paradigma dos verbos terminados em “-ear”. No presente do indicativo, temos: eu medeio; tu medeias; ele medeia; nós mediamos; vós mediais; eles medeiam. Com as implicações decorrentes nos tempos e modos derivados.

FELIZ 2018 A TODOS!!!