Essa expressão, que se está vulgarizando nos
meios de comunicação e logo fará parte do cotidiano linguístico dos falantes
que tendem a ser “modernosos”, é uma inovação semelhante a “a nível de”, “meio
que”, “enfim”, “quer dizer” e outras tantas que surgiram e, felizmente,
ficaram, ou tendem a ficar, restritas aos almanaques do Capivarol, do Biotônico
Fontoura e da Folhinha Mariana.
O sujeito está falando e de repente, sem mais nem porque, lasca um “enfim”
que não liga palavras ou orações, deixando o interlocutor tenso, na vã espera
do que virá para completar o pensamento.
Conheci um gago que completava os espaços vazios de sua fala com a
expressão “quer dizer”. Um dia foi convidado a ler uma passagem dos evangelhos,
na missa dominical, e foi aquela tragédia: “Naquele tempo “quer dizer” dizia Jesus
a “quer dizer” seus discípulos: “quer dizer” ide e “quer dizer” semeai “quer
dizer”, minha “quer dizer” palavra... O padre cassou-lhe a palavra
imediatamente.
O problema atinge o significado de diferentes preposições e, em alguns
casos chega a alterar o sentido normal do enunciado.
1.
Chanceler
alemã reclama por conta da
espionagem americana. (contra);
2.
Neymar está
frustrado por conta da contusão. (em
razão da);
3.
Estudantes
protestam por conta da ação
policial. (contra);
4.
Políticos
foram condenados por conta da corrupção.
(por);
5.
Trânsito foi
interrompido por conta de deslizamento
de terra. (por causa de).
São os modismos com que a língua convive, mas que falantes atentos
percebem e evitam, servindo até de modelo a outros menos vigilantes.