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domingo, 29 de novembro de 2015

PERMITIR / PERMITIRIA

A expressão sublinhada está correta?

“Sem os votos do PSDB, apenas uma drástica mudança na popularidade do presidente da Câmara o permitirá sobreviver a uma votação aberta no plenário da casa”.

O contexto remete para uma situação hipotética, isto é, a sobrevivência depende da ocorrência de uma mudança drástica. Tal circunstância impõe a necessidade de se usar o verbo “permitir” no futuro do pretérito (antes chamado, mais convenientemente, de “condicional), para expressar essa condicionalidade. PERMITIRIA.

Pois bem. Permitiria o quê? “Sobreviver a uma votação aberta no plenário da casa”. Essa expressão responde à pergunta. É o objeto direto do verbo “permitir”, que exige complemento indireto para pessoa e direto para “coisa” ou situação.

Ocorre que o pronome oblíquo átono “O”, como complemento verbal, só pode ser objeto direto. Temos então um verbo com dois objetos diretos de natureza diferente, o que configura uma heresia gramatical

Por conseguinte, o texto deve ser corrigido para:

“Sem os votos do PSDB, apenas uma drástica mudança na popularidade do presidente da Câmara lhe permitiria sobreviver a uma votação aberta no plenário da casa”.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

EX-COLÔNIA FRANCESA

Em um noticiário da TV, a apresentadora afirmou que “O Mali foi atacado por terroristas, por ter sido ex-colônia francesa”. Está correta essa construção?

Esse é um caso de inadequação semântica.

O prefixo “EX-“ estabelece a condição de alguém ou algo que era e deixou de ser. O Mali não foi ex-colônia francesa. Ele é uma ex-colônia francesa. A única hipótese para o uso de “ter sido uma ex-colônia” seria o caso de ocorrer uma “recolonização”.

Quando nos referimos aos antigos presidentes da República, falamos “ex-presidente fulano” ou “ex-presidente beltrano”. Caso haja uma nova eleição e um deles seja eleito novamente, deixaria de ex-presidente para voltar a ser presidente fulano ou beltrano.