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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

QUEM NÃO SE COMUNICA...

O texto abaixo deixou-me com dúvidas sobre a correção do emprego  do verbo “comunicar”. Está correto?

“O delegado comunicou o juiz diretor do Fórum da Justiça Federal que o Grupo de Escoltas permanecerá impossibilitado de cumprir as requisições de escolta emanadas das diversas Varas Criminais Federais do Estado de São Paulo”.
Observe que os termos sublinhados (o juiz diretor) e (que o Grupo de Escoltas) ligam-se ao verbo sem o auxílio de preposição. Como são de naturezas diferentes (pessoa e coisa) não podem exercer a mesma função sintática no interior da frase.

No texto, o verbo em questão é de dupla predicação, ou seja, deve ser construído com dois complementos: um objeto direto e um objeto indireto. Como nos exemplos abaixo:

  • O chefe comunicou a demissão do supervisor (Ob. Dir.) aos funcionários (Ob. Ind.).
  • O chefe comunicou aos funcionários (Ob. Ind.) a demissão do supervisor (Ob. Dir.).
O correto, então, é reformular a frase para “O delegado comunicou ao juiz diretor do Fórum da Justiça Federal que o Grupo de Escoltas permanecerá impossibilitado de cumprir as requisições de escolta emanadas das diversas Varas Criminais Federais do Estado de São Paulo”.


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CONCORDÂNCIA COM NUMERAL

Qual é o correto: “um milhão e meio de pessoas vivem na comunidade” ou “um milhão e meio de pessoas vive na comunidade”?

Temos o problema do sujeito representado por um numeral singular (milhão e meio), acompanhado de complemento plural (pessoas).

A gramática normativa aceita, nesse caso, dois tipos de concordância:

·  Com o verbo no singular (concordância gramatical), concordando com o núcleo representado pelo numeral “um milhão e meio”: “um milhão e meio de pessoas vive na comunidade”.

· Com o verbo no plural (concordância siléptica), concordando com o complemento representado por “pessoas”: “um milhão e meio de pessoas vivem na comunidade”. 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

EMPREGO DO SUBJUNTIVO

A frase “A previsão dos meteorologistas é que vem chuva na quinta-feira está correta?

A Gramática Normativa diz que não.

Os meteorologistas não têm certeza de que a chuva virá, por isso fazem uma “previsão”, isto é, há a possibilidade (não a certeza) de que a chuva venha.

Sempre que se fizer referência a um fato possível, mas de ocorrência incerta, o subjuntivo deve ser usado.

  • É possível que outros médicos cubanos fujam (futuro do subjuntivo) para os EUA.
  • A população duvidava de que ele fosse (imperfeito do subjuntivo) capaz dessa proeza.
  • É improvável que ele se candidate (presente do subjuntivo) nas próximas eleições.
  • A previsão dos meteorologistas é que venha (futuro do subjuntivo) chuva na quinta-feira.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

ESSE / ESSA - DESSE / DESSA - AQUELE - AQUELA

O projeto será examinado por uma comissão. Esta comissão tem a incumbência de definir sua viabilidade e apresentar suas conclusões por meio de um relatório. Este relatório será enviado a todos os interessados no desenvolvimento das ações propostas.”

São frequentes as dúvidas causadas pelo emprego dos pronomes demonstrativos “este” / “esse” e suas variações.

Tais pronomes demonstrativos funcionam como determinantes de nomes (substantivos – adjetivos – advérbios), que já foram ou serão citados no discurso (texto / fala). De uma forma geral, a “posição” que tais termos ocupam é que determina se devemos usar “st” ou “ss”.

O pronome demonstrativo será um “anafórico” se apontar para algo que já foi mencionado e, nesse caso, deverá ser grafado com “ss”; será um “catafórico” se antecipar algo que ainda será dito e, então, deverá ser grafado com “st”.

No fragmento em epígrafe, o termo comissão é retomado no período seguinte e o demonstrativo deveria ser escrito com “ss”; o mesmo ocorre com o termo relatório, logo a seguir.

Pode ocorrer a retomada de uma ideia com outro termo, o que também leva ao uso das formas com “ss”, como em “ofendiam-se, brigavam com os colegas e desrespeitavam os professores que os repreendiam. Lamentavelmente, esse comportamento era relevado pela direção da escola”. O fato está distante no tempo e no espaço.
Os pronomes demonstrativos com “st” referem a algo que ainda será dito adiante. Por exemplo: “O fato é este: a gestão das escolas tem de ser exercida por diretores profissionais”.

Também quando há referência ao assunto de que trata o texto: “Esta pesquisa tem como finalidade levantar dados que comprovem a hipótese x”.

Na fala, usa-se o demonstrativo com “st” para algo que esteja junto do emissor: “Falo deste livro”. O livro está perto de mim. “Falo desse livro”. O livro está perto da pessoa com quem falo. “Falo daquele livro.” O livro está distante de mim e de meu interlocutor.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

À MEDIDA QUE / NA MEDIDA EM QUE

Está correto o uso da locução em "Queremos empresas fortes tendo seu lucro absolutamente garantido, na medida em que é um lucro justo e uma grande contribuição para o País."?

Está corretíssimo.

À medida que é uma locução conjuntiva proporcional, logo, expressa ideia de proporção. Pode ser substituída por “à proporção que”. Uma oração que se inicia por “à medida que” é subordinada adverbial proporcional.

a) À medida que a inflação sobe, os pobres ficam mais pobres
b) Os manifestantes tornam-se mais agressivos, à medida que percebem a inação policial.

Na medida em que é uma locução conjuntiva causal; haverá, logo, relação de causa/consequência nas orações que se iniciarem por ela. Tem como equivalentes “uma vez que”, “porque”, “visto que”, “já que” e “tendo em vista que”.

a) A leitura está na base de todo conhecimento, na medida em que só aprendemos realmente quando lemos e refletimos sobre o que foi lido.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MOSTRE-SE / MOSTREM-SE

A concordância verbal está correta em “Justiça determina que se mostre os contratos”?

Não. O sujeito passivo do verbo “mostrar” é o substantivo masculino plural “contratos”, logo o verbo deve ir para o plural: “Justiça determina que se mostrem os contratos”.

Esse tipo de equívoco decorre do uso da partícula “se”. Essa palavrinha pode exercer diferentes funções dentro da língua e é aí que mora o perigo.

Come-se bem naquele restaurante. O “se” é índice de indeterminação do sujeito. É evidente que qualquer pessoa que for ao restaurante comerá bem, isto é, indeterminadas pessoas comerão bem. Observe-se que o verbo está na 3ª pessoa do singular e não há na frase qualquer palavra que possa exercer a função de sujeito.

Comem-se bons pratos naquele restaurante. O “se” é pronome apassivador. É possível transformar a frase em uma passiva analítica: “Bons pratos são comidos naquele restaurante”. Essa operação não pode ser realizada na frase anterior. Observe-se que verbo está na 3ª pessoa do plural, para concordar com o sujeito posposto “bons pratos”.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

REGÊNCIA DO VERBO "PERMITIR"

Li esse texto em um jornal e estou preocupado com sua correção. O verbo “permitir” foi usado corretamente?

“Em experimentos que podem iniciar uma nova era na biologia das células-tronco, cientistas descobriram uma forma barata e fácil de reprogramar células maduras de um rato de volta a um estado similar ao embrionário, o que os permitiu gerar vários tipos de tecidos.”

Há um equívoco na construção do predicado do verbo “permitir”. Esse verbo é um transitivo/relativo, isto é, usa-se com dois complementos: objeto direto e objeto indireto. Aqui o objeto direto é “gerar vários tipos de tecidos”. Qual seria o objeto indireto? O redator deveria usar o pronome oblíquo átono “lhes” em lugar do “o”.

“...que LHES permitiu gerar vários tipos de tecidos.”