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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

CUJO / CUJA / CUJOS / CUJAS

A primeira página d’O Globo de hoje traz esta manchete:

“Saúde - morre menina com câncer cuja foto comoveu o mundo”.

A foto comovente é do câncer? É da menina com câncer?

Os pronomes relativos cujo(s)/cuja(s) são usados para relacionar um possuidor (anterior) a uma coisa possuída (posterior). Da forma como a frase foi construída produz-se uma ambiguidade. Evidente que o bom senso prevaleceria e ninguém, em sã consciência, publicaria a foto de um câncer, mesmo que fosse possível fotografá-lo...

No entanto, para evitarem-se quaisquer interpretações esdrúxulas, seria conveniente trocar a expressão “com câncer” por um adjetivo correspondente "cancerosa".

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

INGREIS / PORTUGUEIS

Notícia veiculada por grande rede nacional de televisão: “Os brasileiros estão em quadragésimo lugar no ranking mundial de desempenho na língua inglesa”. A apresentadora completou com um comentário, no mínimo tragicômico: “O pior é que não é só em ‘ingreis’; em ‘portugueis’, estamos também muito mal”. Essas pronúncias estão corretas, professor?

Como sabemos, devemos respeitar os variados “registros linguísticos” que ocorrem em diferentes situações e níveis sociais. Não se pode esperar que profissionais de nível superior, como médicos, jornalistas, advogados, engenheiros e outros tenham o mesmo desempenho linguístico que pessoas mais humildes e, muitas vezes, com parcos índices de escolaridade.

Mesmo os profissionais citados, em ambientes e ocasiões informais, nas torcidas em estádios de futebol, por exemplo, podem apresentar um desempenho linguístico mais descontraído ou mesmo descuidado.

O registro formal culto, entretanto, exige um maior cuidado dos profissionais e falar “ingreis” ou “portugueis” é um tanto inadequado na apresentação de um jornal televisivo.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

O DIABETES - A DIABETES

Em um informativo de rede de televisão, o apresentador disse: "A diabetes é considerada uma das grandes epidemias do século". No decorrer da programação ele repetiu mais duas ou três vezes a palavra "diabetes" sempre antecedida do artigo "A".
Fiquei em dúvida, pois sempre pensei que fosse substantivo masculino. Afinal, "diabetes" é masculino ou feminino?

É substantivo masculino. Embora alguns defendam que seja possível o uso em um ou outro gênero, por tratar-se de "uma doença", o termo, vindo do grego, é originalmente masculino e como tal deve ser empregado.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

ANEXO / ANEXA / EM ANEXO

Como devo usar o termo “anexo”?
Primeiro vamos concordar que “anexo” é adjetivo.
Os adjetivos são usados para qualificar ou modificar os substantivos, com os quais devem concordar em gênero e número.
  • Anexas seguem as fotografias solicitadas.
  • Anexo segue o laudo médico.
  • Os documentos averbados estão anexos.
Dizer que algo está em anexo é o mesmo que dizer que algo está anexado. Em anexo é uma locução adverbial, portanto não se flexiona em gênero nem em número.
  • Em anexo, seguem as notas tomadas durante o julgamento.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

MAIS DE 300.000 CONSULENTES!!!

ULTRAPASSAMOS A MARCA DE 300.000 CONSULENTES

ISSO É MUITO BOM, PRINCIPALMENTE PELO FATO DE QUE AS PESSOAS ESTÃO MAIS PREOCUPADAS COM A QUALIDADE DOS TEXTOS QUE PRODUZEM.

CONTINUAREMOS COM NOSSA TAREFA, CUSTE O QUE CUSTAR.

OBRIGADO A TODOS!!!

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

SUPRA-RENAL / SUPRARRENAL?

Devo escrever “glândulas supra-renais ou suprarrenais”?

O “Acordo Ortográfico” determina que os vocábulos antecedidos do prefixo supra levam hífen quando o segundo elemento possui vida própria e começa por vogal, h, r ou s : supra-axilar, supra-hepático, supra-renal, supra-sumo.

Até que anulem o tal acordo, portanto, devemos obedecer ao preceito nele explicitado.

domingo, 16 de outubro de 2016

GERUNDISMO

Onde está o erro do uso do gerúndio?

O gerúndio expressa uma ação continuada, ou que ocorre simultaneamente a outra ação. Exemplos: comendo; partindo; falando.
Veja, a seguir, o uso do gerúndio na prática:
E o carro desceu a ladeira, atropelando tudo que estava em seu caminho.
E o sol brilhou, iluminando o campo e a serra.
Cantando, ela espantava as saudades da infância.
Abrindo o tablet, começou a navegar.
O que se condena é o uso abusivo do gerúndio, como forma de ação futura, em perífrases verbais, fora das normas explicitadas acima:
  1. Vamos estar providenciando sua solicitação. (providenciaremos).
  2. A empresa estará remetendo seu pedido nas próximas horas. (remeterá)
  3. Estaremos explicando o gerúndio na aula de amanhã. (explicaremos).

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O QUE É UMA PARÁFRASE?

O QUE É UMA PARÁFRASE?
[Do gr. paráphrasis, pelo lat. paraphrase.]

1. Desenvolvimento do texto de um livro ou de um documento conservando-se as ideias originais; metáfrase.

2. Tradução livre ou desenvolvida.
Recurso dos mais produtivos no desenvolvimento das habilidades na língua escrita, a paráfrase não consiste em mera imitação, mas em apoiar-se em modelos confiáveis que mostram o caminho correto e a forma adequada.

Muitos autores famosos usaram (e usam) a paráfrase para criar obras que ficaram famosas e, em alguns casos, superam o original, em beleza e expressividade. É o caso, por exemplo, da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, que motivou inúmeros poetas a também escreverem textos que falavam das saudades da pátria distante.


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

LOCUÇÃO VERBAL COM VERBAL COM VERBO NO INFINITIVO

Em “Denúncias contra pessoas que FINGEM SEREM inocentes” a concordância verbal está correta?

Nas locuções verbais, um dos verbos deve ficar em forma nominal (infinitivo – particípio passado – gerúndio)

Exemplos de locuções verbais com verbo principal no infinitivo:
- Quero descansar um pouco.
- Pode acontecer alguma coisa inesperada.
- Começamos a estudar russo.


Logo, o correto é “Denúncias contra pessoas que FINGEM SER inocentes”.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O VERBO MEDIAR

Em “Querem que a Comissão de Educação medie os entendimentos”, a grafia do verbo destacado está correta?

Os verbos irregulares “mediar – ansiar – remediar – incendiar – odiar” apresentam uma vogal epentética /e/ nas formas rizotônicas do presente do indicativo e nas formas dele derivadas.*

Eu medeio – tu medeias – ele medeia – nos mediamos – vós mediais – eles medeiam.
Eu anseio – tu anseias – ele anseia – nós ansiamos – vós ansiais – eles anseiam.
Eu remedeio – tu remedeias – ele remedeia – nós remediamos – vós remediais – eles remedeiam.
Eu incendeio – tu incendeias – ele incendeia – nós incendiamos – vós incendiais – eles incendeiam.
Eu odeio – tu odeias – ele odeia – nós odiamos – vós odiais – eles odeiam.


* Epêntese: adição de um fonema no interior de uma palavra.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O QUE É INTERTEXTUALIDADE?

A competência em leitura e em produção textual não depende apenas do conhecimento do código linguístico. Para ler e escrever com proficiência é indispensável conhecer outros textos, estar imerso nas relações intertextuais, pois a produção de um texto está sempre ancorada em outro(s) texto(s).

Chama-se intertextualidade a esse “parentesco” que se estabelece entre os textos, decisivo para o processo de compreensão e de decodificação de textos.

Quem lê e compreende um texto é porque é capaz de identificar, de reconhecer, de entender a ligação com outras obras, textos ou trechos. As obras científicas e técnicas – ensaios, monografias, dissertações e teses –, por exemplo, explicitam autores conhecidos e reconhecidos, que validam os pontos de vista apresentados. 

A compreensão de uma charge de jornal de hoje implica o domínio das notícias do dia anterior. 

A leitura de uma obra literária, de qualquer gênero, vislumbra outras obras, muitas vezes de maneira velada.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

SEVICIAR

Posso usar o verbo seviciar para denotar "abusos sexuais"?

Os dicionários registram o termo com o significado de "torturas físicas ou mentais". Aurélio; Houaiss e Priberam não fazem alusão a "abusos sexuais".

Pessoalmente, considero que qualquer tipo de abuso sexual configura "tortura" e aceitaria, em um trabalho acadêmico, essa conotação. 

Em texto jornalístico, entretanto, tendo em vista o público visado, não aconselharia o uso.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

SIGNIFICADO DE "DRACONIANO"

Qual o significado de “draconiano”? Drácon foi um legislador ateniense, que viveu no século VII a.C.

Incumbido pelos atenienses de preparar um código de leis escritas (até então eram orais), Drácon elaborou um rígido código de leis baseadas nas normas tradicionais arbitradas pelos juízes. Ele foi considerado o primeiro a fazer leis para os atenienses.
O código foi elaborado com visão extremamente severa e punia implacavelmente o roubo e o assassinato com a pena de morte. Tal rigidez e severidade fez com surgisse o ermo “draconiano”, com o significado de severidade, rigidez ou drasticidade.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

DE VÍRGULAS E POSSESSIVOS...

Acho que estão faltando algumas vírgulas neste texto: “Na mesma data em que seu irmão Antônio Junqueira Vilela Filho e seu marido Ricardo Viacava tiveram mandados de prisão emitidos na operação Rios Voadores...”.

E você tem razão. Da forma como está fica meio difícil saber quem é marido de quem... Os termos “Antônio Junqueira Vilela Filho” e “Ricardo Viacava” são o que a Gramática chama de “aposto explicativo”, que tem, como o próprio nome indica, a função de explicar o termo a que se refere. Tais apostos devem vir obrigatoriamente isolados por vírgulas. “Seu irmão, Antônio Junqueira Vilela Filho, e seu marido, Ricardo Viacava, ...”.

Além disso, o uso do possessivo “seu” também pode confundir o leitor, levando-o a acreditar que Ricardo Viacava é o marido de Antônio Junqueira, fato nada estranho na modernidade...

Sugiro que o texto seja modificado com a inclusão do advérbio “respectivamente” e a mudança da ordem dos termos. “Na mesma data em que Antônio Junqueira Vilela Filho e Ricardo Viacava, respectivamente seus irmão e marido, tiveram mandados de prisão emitidos na operação Rios Voadores...”.

domingo, 10 de julho de 2016

CACÓFATOS

Causou grande hilaridade a citação, na Comissão do Impeachment do Senado Federal, ao “renomado jurista” Thomás Turbando... Afinal, o que é o cacófato?

Cacófato é a palavra ou expressão ridícula ou obscena resultante da união de sílabas de palavras vizinhas: "É de pôr com a mão", "Tirei da boca dela", "Não pensei nunca nisso", "Quero a mala" e "A empresa é dirigida pela dona do 1º andar". Há casos de cacófatos internos ou intravocabulares, em que as sílabas da mesma palavra podem ser lidas de maneira separada de modo a produzir novas formas, inconvenientes: "É mulher que se disputa (se diz puta)". Desfaz-se o cacófato mediante mudança da ordem das palavras ou sua substituição.

A cacofonia constitui-se em um dos chamados vícios de linguagem e deve ser evitada, tanto na linguagem coloquial quanto na escrita.

Exemplos

Maluf nunca ganhou.
Ela tinha muito jeito
Dê-me uma mão, por favor.
Vou-me já, pois estou atrasado.
Eu amo ela demais.
A moça fada ganhou o prêmio.
Decreto presidencial confisca gado de produtores.
Um real por cada boi.
O presidente da mesa havia dado por encerrada a votação.
As candidatas, como as concebo, devem atender a todos os requisitos do edital. 

terça-feira, 21 de junho de 2016

REPATRIADOS DO EXTERIOR

Uma emissora de televisão transmitiu a seguinte notícia: “Os 79 milhões de reais foram repatriados do exterior...” e pareceu-me que ocorre uma impropriedade linguística. 

Está correto?

A frase contém uma redundância, pois o dinheiro não poderia ter sido “repatriado” se não estivesse no exterior, não é verdade”? É o mesmo que dizer “todos foram unânimes em discordar”; “dividir em metades iguais”; “encarar de frente”; “exportar para fora”; “teve a cabeça decapitada”; “amanhecer o dia”...

terça-feira, 14 de junho de 2016

CIZÂNIA / CIZANIA

Li em um jornal esse texto: “Nós engolimos muita coisa em nome do governo, de apoiar o governo, de estar do lado do governo, de não criar cizânia para não aproveitarem uma eventual divergência”. Está certa a grafia? A pronúncia é mais forte no /a/ ou no /i/?

Os dicionários registram o significado: falta de harmonia; desavença, rixa, discórdia.

A grafia está correta. Trata-se de palavra paroxítona terminada em ditongo crescente (semivogal “i” seguida de vogal “a”). As semivogais são sempre átonas e não podem, por conseguinte, receber acento de qualquer espécie. 

O acordo ortográfico manda acentuar graficamente a vogal tônica dos vocábulos paroxítonos terminados em ditongos orais ou nasais, crescentes ou decrescentes: sótão – órgão – espécie – história – glória – fósseis (plural de fóssil) – amáveis...

A pronúncia é com o acento tônico no “â”: CIZÂNIA.

terça-feira, 31 de maio de 2016

PODE MISTURAR / PODEM MISTURAR

E a concordância verbal continua causando estragos.

Uma conhecida figura da cena política fez a seguinte declaração: "Não se pode misturar direitos previdenciários e assistenciais". Está certo?

Não. Ocorre um erro crasso, primário...

O sujeito da locução verbal “poder misturar” é “direitos previdenciários e assistenciais”. Basta fazer a pergunta clássica: “O que não se pode misturar”? A resposta é o sujeito.

A um sujeito plural corresponde sempre um verbo plural. "Não se podem misturar direitos previdenciários e assistenciais".

Elementar, meu caro consulente.

terça-feira, 24 de maio de 2016

CONSERTÁ-LO-EI / VÃO FALÁ...

Vi, hoje, um apresentador da Globo News criticar o uso da mesóclise pelo Michel Temer: "Se eu cometer um erro e percebê-lo, consertá-lo-ei". Os demais participantes riram gostosamente e fizeram caras e bocas.

Em seguida, o dito apresentador lascou: "Vão falá agora de política americana", e começou a apresentar seu arrazoado. Daí eu deduzi que o "vão" vale por "vamos" e o "falá" vale por "falar"... 

Nenhum de seus parceiros de bancada estranhou... É que pimenta nos olhos dos outros é refresco...