Pesquisar este blog

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

REEXECUÇÃO ou RE-EXECUÇÃO?

Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen, se o segundo elemento começar pela mesma vogal.

Exemplos:

• anti-ibérico; • anti-imperialista; • anti-inflacionário; • anti-inflamatório; • auto-observação; • contra-almirante; • contra-ataque; • micro-ondas; • semi-internato.

Em relação ao prefixo “RE”, o Acordo Ortográfico faz referência a “formas já cristalizadas” (o que provoca uma grande confusão, por obrigar o falante a saber, também, o que sejam tais formas), que devem continuar a ser escritas sem o hífen:

Exemplos: • Reeleição; ·Reescrever; Reenviar...


Em relação “re-execução”, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa não registra qualquer forma, ou seja, supõe-se que a palavra não exista, logo não pode ser “forma cristalizada”, devendo ser levada à conta de “neologismo”, e, por isso mesmo, escrita com o hífen.

domingo, 29 de novembro de 2015

PERMITIR / PERMITIRIA

A expressão sublinhada está correta?

“Sem os votos do PSDB, apenas uma drástica mudança na popularidade do presidente da Câmara o permitirá sobreviver a uma votação aberta no plenário da casa”.

O contexto remete para uma situação hipotética, isto é, a sobrevivência depende da ocorrência de uma mudança drástica. Tal circunstância impõe a necessidade de se usar o verbo “permitir” no futuro do pretérito (antes chamado, mais convenientemente, de “condicional), para expressar essa condicionalidade. PERMITIRIA.

Pois bem. Permitiria o quê? “Sobreviver a uma votação aberta no plenário da casa”. Essa expressão responde à pergunta. É o objeto direto do verbo “permitir”, que exige complemento indireto para pessoa e direto para “coisa” ou situação.

Ocorre que o pronome oblíquo átono “O”, como complemento verbal, só pode ser objeto direto. Temos então um verbo com dois objetos diretos de natureza diferente, o que configura uma heresia gramatical

Por conseguinte, o texto deve ser corrigido para:

“Sem os votos do PSDB, apenas uma drástica mudança na popularidade do presidente da Câmara lhe permitiria sobreviver a uma votação aberta no plenário da casa”.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

EX-COLÔNIA FRANCESA

Em um noticiário da TV, a apresentadora afirmou que “O Mali foi atacado por terroristas, por ter sido ex-colônia francesa”. Está correta essa construção?

Esse é um caso de inadequação semântica.

O prefixo “EX-“ estabelece a condição de alguém ou algo que era e deixou de ser. O Mali não foi ex-colônia francesa. Ele é uma ex-colônia francesa. A única hipótese para o uso de “ter sido uma ex-colônia” seria o caso de ocorrer uma “recolonização”.

Quando nos referimos aos antigos presidentes da República, falamos “ex-presidente fulano” ou “ex-presidente beltrano”. Caso haja uma nova eleição e um deles seja eleito novamente, deixaria de ex-presidente para voltar a ser presidente fulano ou beltrano.

domingo, 1 de novembro de 2015

CONCORDÂNCIA NOMINAL - ADJETIVO POSPOSTO A DOIS OU MAIS SUBSTANTIVOS

Tenho dúvida quanto à correção da concordância nominal em construções como “Paletó e camisa suja/sujos”; “Homem e mulheres brancas/brancos”; “Casa e apartamento pequeno/pequenos”.

A questão envolve a concordância nominal do adjetivo posposto a dois ou mais substantivos de gêneros diferentes. Há duas concordâncias possíveis.

     a)   Concordância atrativa: o adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo. “Paletó e camisa suja”; “Homem e mulheres brancas”; “Casa e apartamento pequeno”.

     b)   Concordância gramatical: o adjetivo vai para o masculino plural. “Paletó e camisa sujos”; “Homem e mulheres brancos”; “Casa e apartamento pequenos”.

O contexto orientará a escolha de uma ou de outra construção. Se o autor refere-se a uma casa e a um apartamento, ambos de pequenas dimensões, é claro que a opção pelo masculino plural é a mais indicada, mas se apenas o apartamento for diminuto, a concordância atrativa será mais conveniente.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

SUBJUNTIVO DO VERBO HAVER

Tenho dúvidas sobre a correção do emprego do verbo “haver” na frase: “Se havia alguma dúvida sobre a fidelidade ao partido, ninguém poderia afirmar com segurança”.

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três modos:

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: Eu sempre trabalho.

Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por exemplo: Talvez eu trabalhe amanhã.

Imperativo - indica uma ordem, um pedido. Por exemplo: Trabalha agora, ou terás uma triste velhice.

A frase da consulta estabelece uma dúvida, expressa pela conjunção condicional “se” que a inicia. Dessa forma, o verbo “haver” deve ir para o imperfeito do subjuntivo, estabelecendo uma relação de coerência com o futuro do pretérito da oração seguinte “poderia afirmar”.

“Se houvesse alguma dúvida sobre a fidelidade ao partido, ninguém poderia afirmar com segurança”.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

STF LIBERA ACESSO À RECEITA

Li esta frase em jornal: “STF libera acesso à Receita aos depoimentos da Lava-Jato”. Ela está correta?

O complemento nominal é uma função sintática que vem SEMPRE regida de preposição. Observem que o substantivo “acesso” necessita de um termo que lhe defina o sentido. “Acesso a quê?”, perguntaria o leitor ou ouvinte. Evidentemente, acesso AOS depoimentos da Lava-Jato.

Resta esclarecer a presença de “à Receita”. Qual é sua função? Por que a crase?

Observe-se que o verbo “liberar” é um verbo transito-relativo, isto é, vem com dois complementos: objeto direto + objeto indireto. Colocando-se os termos da frase em outra ordem: “STF libera acesso aos depoimentos da Lava-Jato à Receita”, percebe-se que o sintagma “acesso aos depoimentos da Lava-Jato” é o objeto direto (em cujo interior há o complemento nominal já referido) e o sintagma “à Receita”, o objeto indireto, daí a necessidade da crase.

A frase está correta, mas sua construção produz a dificuldade de entendimento.

Apenas mais uma palavrinha a respeito dos termos (complemento nominal– objeto direto – indireto – sintagma) que usei para destrinçar o problema apresentado. São termos da Gramática Normativa, que devem ser usados apenas como instrumento para a melhor compreensão dos significados textuais, nunca como finalidade do conhecimento linguístico.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

OU --- OU

Em “Luciano ou Melquíades será/serão escolhido(s) para representar a firma”. Como devo usar o verbo “ser”? No singular ou no plural?

Deve-se observar, na frase, se o conector “ou” tem a função de excluir um dos elementos, isto é, a ação verbal aproveitará os dois núcleos do sujeito ou apenas um deles?
Na frase “A mãe ou a filha será eleita a rainha da festa”, o verbo ficou no singular porque apenas uma das duas poderá ser eleita.

O verbo irá para o plural, se a ação verbal aproveitar todos os núcleos do sujeito. “O oficial da reserva ou o oficial da ativa poderão portar arma de defesa pessoal”. Os dois núcleos (oficial da ativa + oficial da reserva) são aproveitados pela ação verbal.


Voltando a frase da consulta, é preciso verificar se o contexto fornece alguma informação sobre o fato, possibilitando, ou não, a exclusão de um dos núcleos do sujeito composto. Pode-se supor que será apenas um representante a ser escolhido e, nesse caso, o verbo deverá ficar no singular.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

OBSCURIDADE

O que está acontecendo na frase: “O problema é quando a alergia é um produto não identificado”? Parece-me sem significado algum.

Quando uma frase carece de compreensão imediata, por defeito de construção ou da escolha correta das palavras, temos o que a Estilística denomina de “obscuridade”. É a falta de clareza, de inteligibilidade no texto produzido.


Na frase em estudo falta o atributo de “ALERGIA”. Da forma como está, alergia é “um produto”, o que evidentemente, configura um absurdo. Proponho a mudança para “O problema é quando a alergia DECORRE DE um produto não identificado”. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

DEPEDRAR / DEPREDAR

Em “Os vândalos costumam depedrar / depredar os bens públicos”, qual a forma correta?

A grafia correta é depredar, que significa (saquear, devastar, destruir, assolar, despojar). Daí vêm termos como predador, predação e assemelhados.


Embora os vândalos costumem usar fragmentos de rocha para atingir seus objetivos, o verbo “depredar” nada tem a ver com o substantivo “pedra”.

FUI EU / FOI EU

Na fase “Preparei a armadilha, mas foi eu que caí nela”, a concordância verbal está correta?

O verbo “ser” é classificado, na Gramática Normativa, como um verbo anômalo, em decorrência de ser constituído por três radicais diferentes (sou – és – fui). Desse fato decorre alguma dificuldade em seu emprego correto.

Conjugando o verbo ser no pretérito perfeito do indicativo, temos fui / foste / foi / fomos / fostes / foram.


Portando, “fui eu que caí” e não “foi eu que caí” 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

OUTRA VEZ A CRASE

Está faltando a crase na frase “Ele se limitou as acusações contra Cerveró e Fernando baiano”?

A crase resulta da fusão de uma preposição [A] com um artigo [A/As] (ou com o [A] inicial de um pronome demonstrativo (aquele(s) – aquela(s) – aquilo). Dessa forma, para que exista a crase é necessário e fundamental: a) a existência da preposição, sempre em decorrência da regência do termo anterior (verbo ou nome gramatical); b) o artigo definido feminino (A/As) que antecede os substantivos femininos no singular ou no plural; ou c) um dos pronomes demonstrativos acima citados.

O verbo “limitar”, usado pronominalmente, como no caso apresentado é um verbo relativo e deve ser construído com objeto indireto regido pela preposição [a]: “A fera limitou-se a rosnar”; “A mulher ofendida limitou-se ao choro”; “Limitamo-nos a reclamar baixinho”.

Na frase da consulta, o substantivo “acusações” admite a determinação pelo artigo feminino plural “as”. Logo, haverá, regularmente, o sinal indicativo da crase: “Ele se limitou ÀS acusações contra Cerveró e Fernando baiano”?

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O PROBLEMA É A CRASE

Na frase “Elaborou o primeiro documento relacionando às áreas de saúde.”, a crase está correta?

A crase resulta da fusão de uma preposição [A] com um artigo [A/As] (ou com o [A] inicial de um pronome demonstrativo (aquele(s) – aquela(s) – aquilo). Dessa forma, para que exista a crase é necessário e fundamental: a) a existência da preposição, sempre em decorrência da regência do termo anterior (verbo ou nome gramatical); b) o artigo definido feminino (A/As) que antecede os substantivos femininos no singular ou no plural; ou c) um dos pronomes demonstrativos acima citados.

Na frase em exame, temos o verbo “relacionar”, em sua forma subjuntiva. Esse verbo é usado como transitivo (apenas com objeto direto), ou como transitivo/relativo, isto é, vem com um objeto direto e outro, indireto. O que (ou quem) relaciona, relaciona algo (ou alguém) a alguém ou a alguma coisa. Ou seja, relaciona um objeto direto a um objeto indireto.

    a)   O documento relaciona(1) as candidatas aprovadas(2). (verbo transitivo direto(1) + objeto direto(2));
     b)   O documento relaciona(1) as candidatas aprovadas(2) às respectivas carreiras(3) (verbo transitivo direto + objeto direto + objeto indireto).

Da forma como está a frase “Elaborou o primeiro documento relacionando às áreas de saúde.”, temos o caso do verbo usado apenas como transitivo direto, não cabendo o uso do sinal indicativo da crase, pois não há preposição a se fundir com o artigo.

sábado, 29 de agosto de 2015

O MONGE CANSADO DAS AMBIGUIDADES

Manchete em um grande jornal do País: “Monge é flagrado por drone ‘descansando’ no alto de turbina eólica”.

Cansados mesmo estamos nós, leitores, de ver tanto disparate cometido por profissionais da comunicação. Na manchete fica claro que o “drone está descansando no alto da turbina eólica”, o que é, evidentemente, um contrassenso.

Quem sabe o drone estava dando uma voltinha por aí e, ao passar sobre o mosteiro, sentiu-se cansado de tanto voar (dronar?) e aproveitou o alto de uma turbina para tirar um cochilo (quem sabe recarregar as baterias?). Eis que, logo abaixo surge um monge que é, então, “flagrado pelo drone”, pois que o destino inelutável dos drones supõe-se seja flagrar...

É muita fantasia para um pobre “drone” cansado... Melhor modificar o texto para “Drone flagra monge descansando no alto de turbina eólica” ou “Monge descansa no alto de turbina eólica e é flagrado por drone”.

A ambiguidade ou anfibologia é o vício de linguagem que consiste em duplicidade de sentido ou significado obscuro, causado pela má construção frasal.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

PENHOR / PENHORA

Devo usar “penhor” ou “penhora”?

A ricaça penhorou as joias para ficar livre dos impostos. A penhora de bens, no Brasil, tem sido um recurso muito usado por quem contrai dívidas inesperadas.
  • Receba V. S. o penhor de minha gratidão.
  • Empréstimos bancários não são concedidos sem o penhor de bens móveis ou imóveis.
Nas frases acima, os termos “penhora” e “penhor” significam algo dado como garantia de uma obrigação ou dívida e podem, portanto, ser usados, indistintamente, com tal significado. 

Há, evidentemente, alguma sutileza em seus significados e emprego, mas absolutamente irrelevantes na comunicação atual.

Ambos ligam-se ao Latim  pignèro,as,ávi,átum,áre, com o mesmo significado. 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

PREPOSIÇÃO + SUJEITO

No período “Apesar do contrato não ter sido efetivado, a PF apura quais contatos e relações tiveram Dirceu, seu irmão e o amigo Gaspar na tentativa de criar um auxílio funerário no Bolsa Família”, tenho dúvidas quanto à correção do elemento sublinhado.

A expressão sublinhada (de + o + contrato) é o sujeito da locução verbal que vem logo a seguir. O sujeito é um termo que não aceita ser regido em qualquer situação.

A expressão deve ser corrigida para “Apesar de o contrato não ter sido efetivado...”.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

OBTEVE-SE / OBTIVERAM-SE

Tenho dúvidas sobre a correção da concordância verbal na frase: “Por meio dela, obteve-se documentos irrefutáveis que comprovaram a transferência do dinheiro da Samsung”.

Temos duas formas verbais na sequência: “obteve-se” e “comprovaram”. Basta observar os agentes das ações de um e de outro, para verificar se houve ou não incorreção na concordância verbal.

a)     Quê ou quem “comprovaram a transferência de dinheiro”? A resposta, necessariamente, será o “que”, pronome relativo que tem como referente “documentos irrefutáveis”. O sujeito da oração é, por conseguinte, um pronome relativo que remete para uma 3ª pessoa do plural e a concordância está correta.

b)     Quê ou quem “obteve-se documentos irrefutáveis”? Evidentemente o sujeito passivo é a expressão “documentos irrefutáveis”. O “se” é um pronome apassivador e o verbo deve concordar, normalmente, com o sujeito passivo, em número e pessoa. 

A concordância, portanto, deve ser corrigida para “obtiveram-se documentos irrefutáveis”.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

DESCRIÇÃO / DISCRIÇÃO

O texto “Querer dar mais descrição ao STF significa gastar mais tempo julgando causas 'miúdas' ao invés das 'grandes' causas”, publicado em um grande jornal do País, está correto quanto ao uso do termo em destaque?

O significado de “descrição” está inadequado ao sentido do texto. Ocorre o que se chama de “inadequação vocabular”.

O autor equivocou-se ao usar um parônimo de “discrição”, que é a qualidade de ser “discreto”. Descrição é o ato de “descrever”.

terça-feira, 28 de julho de 2015

SOB / SOBRE

Na frase “Ficou ‘sobre’ a mira do assaltante”, o termo assinalado está usado corretamente?

Não. Ninguém fica “em cima” da mira de uma arma.

Sobre equivale a "em cima de" ou "a respeito de":

  • Estava sobre o telhado.
  • Falou sobre a inflação.
Sob é que significa "debaixo de":

  • Ficou sob a mira do assaltante.
  • Escondeu-se sob a cama.
  • Em caso de terremoto, fique sob a mesa ou saia para a rua.

terça-feira, 21 de julho de 2015

ESTADA / ESTADIA

No texto “Morínigo acrescentou que Francisco, que hoje completa seu segundo dia de estadia no Paraguai, conta com uma vitalidade impressionante para cumprir com a intensa agenda prevista” o uso do termo destacado está correto?

Não.

Os dicionários registram que o uso de “estadia” deve ser reservado para veículos de transporte em geral, quando permanecem em um ponto de carga ou descarga de mercadorias.

Para pessoas que permanecem em um determinado lugar, o termo correto é “estada”.