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sábado, 6 de janeiro de 2018

O QUAL – A QUAL - OS QUAIS – AS QUAIS

“Tornou-se um processo NA QUAL o eleitor não se sente representado pelos partidos”.

Em uma das famosas mesas redondas televisivas, um participante soltou essa “pérola” por duas ou três vezes.

Os pronomes relativos, dentre os quais estão “o qual – a qual – os quais – as quais”, devem concordar em gênero (masculino/feminino) e em número (singular/plural) com o substantivo a que se referem.

Na frase da consulta, o substantivo “processo” é o antecedente do pronome relativo “a qual”, o que contraria a regra da concordância em gênero explicitada. 

Tal concordância é feita pelo artigo junto ao pronome relativo. Logo, o correto é “Tornou-se um processo NO QUAL o eleitor não se sente representado pelos partidos”.


sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

CUSTODIA / CUSTODEIA


Declarações do governador de Goiás afirmam que “O Estado não custodeia esse tipo de condenado”. Achei estranha a forma verbal usada.

Realmente é estranha. O verbo “custodiar” provém do verbo latino “custodiare” e deve ser conjugado normalmente como os demais verbos terminados em “-iar”. No presente do indicativo, temos: eu custodio; tu custodias; ele custodia; nós custodiamos; vós custodiais; eles custodiam.

Lembremo-nos de que os verbos mediar-ansiar-remediar-incendiar-odiar, embora terminados em “-iar”, seguem o paradigma dos verbos terminados em “-ear”. No presente do indicativo, temos: eu medeio; tu medeias; ele medeia; nós mediamos; vós mediais; eles medeiam. Com as implicações decorrentes nos tempos e modos derivados.

FELIZ 2018 A TODOS!!!

domingo, 31 de dezembro de 2017

QUE BEBE / QUE BEBA

Professor, vi esse comentário em um site da internet: “Equinox Premier agrada pelo espaço, bom motor e preço; pena que bebe tanto”. Fiquei em dúvida quanto ao uso do verbo “beber”. Está correto?

Não.

Na expressão deve ser usado o presente do subjuntivo: “que beba”.
O Modo Subjuntivo denota que uma ação é concebida como ligada à outra, da qual depende, de modo expresso ou subentendido, estabelecendo, muitas vezes, uma relação condicional. É uma noção temporal imprecisa, que, quando empregada, está ligada à vontade, imaginação ou sentimento.

queCorrija-se para “Equinox Premier agrada pelo espaço, bom motor e preço; pena que beba tanto”.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O PERMITE / LHE PERMITE

Professor, em “João já vem apresentando, há alguns anos, um quadro confusional, que não o permite compreender com clareza e exatidão os atos jurídicos”, está correto o uso do pronome oblíquo átono “o”, como objeto direto do verbo “permitir?

Não.

O verbo, no caso, está construído com dois complementos (permitir alguma coisa(OD) a alguém(OI)). O objeto direto é a expressão “compreender com clareza e exatidão os atos jurídicos” e o objeto indireto é o citado pronome oblíquo átono “o”. Ocorre que tal pronome não pode desempenhar tal função. 

Ele é exclusivamente objeto direto.

Corrija-se para “João já vem apresentando, há alguns anos, um quadro confusional, que não LHE permite compreender com clareza e exatidão os atos jurídicos”.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

DESCRIMINAR / DISCRIMINAR

Professor, em “Por causa dele, nenhuma operadora pode descriminar o acesso ao conteúdo da internet”, o uso do verbo “descriminar” está correto?

Não. Deve-se usar o verbo "discriminar", que significa "perceber diferenças, distinguir, discernir", como em "O ignorante não consegue discriminar o certo do errado".

Veja que descriminar que tem o sentido de "isentar de culpa, absolver, tornar evidente a ausência de crime ou contravenção". O mesmo que "descriminalizar".

Corrija-se para: “Por causa dele, nenhuma operadora pode discriminar o acesso ao conteúdo da internet”.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

CONSEGUIMOS / CONSIGAMOS

“Conquistamos a Copa do Brasil no primeiro semestre, o Campeonato Mineiro no segundo, e quem sabe nós conseguimos conquistar este terceiro título no ano”.

O emprego do verbo, destacado no texto, está correto?

O verbo “conseguir” deve ser conjugado tal qual o verbo “seguir”. No presente do indicativo, temos: eu consigo / nós conseguimos; no pretérito perfeito do indicativo, temos as formas: eu consegui / nós conseguimos.

No texto, percebe-se que o tempo verbal começa no passado, com o verbo “conquistamos”, entretanto a ideia da possível conquista do terceiro título do ano, ainda está por acontecer. É uma possibilidade, mas não uma certeza!

A Língua Portuguesa oferece ao falante uma solução para esses casos em que a ação descrita (no presente, passado ou futuro) não é comprovável de forma indubitável. Trata-se do modo “subjuntivo”: que eu consiga / que nós consigamos.

“Conquistamos a Copa do Brasil no primeiro semestre, o Campeonato Mineiro no segundo, e quem sabe nós consigamos conquistar este terceiro título no ano”.

domingo, 3 de dezembro de 2017

PANACEIA - METÁFORA - PLEONASMO

Professor, li a frase abaixo em um jornal e fiquei em dúvida sobre o uso do termo “panaceia”. 

“Passada a festa, vai ficar claro que acabar ou revisar o foro não é uma panaceia para todos os males da Justiça nacional”.

O autor do texto fez uso da figura de linguagem denominada “metáfora” que consiste em comparação elíptica em que sempre está ausente o atributo comum. Em muitos casos também faltam as balizas de comparação: 'como', 'tal qual', etc.

Ou seja, é o emprego de um termo com significado de outro em vista de uma relação de semelhança entre ambos. É uma comparação subentendida.

Na frase 'Maria é uma flor' consideremos que uma das intenções seja dizer 'Maria é bela'. Mas por que então usar a metáfora e não o termo próprio? Porque com a metáfora não se diz apenas que 'Maria é bela' mas também como é essa beleza, que tipo, que grau. A metáfora agrega significação ao discurso relativamente ao enunciado próprio que vem de sua decifração.

Voltando ao termo da pergunta, panaceia significa, formalmente, “remédio para diferentes males”. Panaceia é uma palavra com origem no grego panákeia, sendo que pan significa "todo" e ákos significa "remédio". Dessa forma, a palavra indica uma substância que cura todas as doenças. Na mitologia grega, Panaceia era a deusa da cura, irmã de Hígia, deusa da saúde e higiene.

Como se vê, o autor pretendeu significar que a eliminação do chamado “foro privilegiado” não resolveria todos os problemas de que padece a Justiça brasileira, logo, em seu entendimento, não seria uma “panaceia”.

Ocorre que, quando o autor escreveu “panaceia para todos os males”,  incorreu no chamado “pleonasmo vicioso” ou “redundância”, pois o próprio termo “panaceia” já inclui o significado de “remédio para todos os males”.