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domingo, 29 de janeiro de 2017

350.000 CONSULTAS

Ultrapassamos as 350.000 consultas.
É um incentivo para que continuemos a ajudar quem nos procura com dúvidas sobre o uso da Língua Portuguesa.

OBRIGADO A TODOS!

VERBO IMPLICAR - Regência verbal

Na frase “A ação policial não deve implicar, necessariamente, na eliminação pura e simples do suspeito”, a regência do verbo “IMPLICAR” está correta?

Esse verbo, quando usado com o sentido de "envolver - enredar", é transitivo direto e, portanto, deve receber complemento verbal SEM preposição.

Implicar A eliminação do suspeito.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

RECLAMAR ALGUMA COISA OU DE ALGUMA COISA?

Professor, na frase “Os agentes reclamam ainda o pagamento do salário de dezembro e do 13º”, o verbo reclamar deveria ser usado como transitivo indireto, pois quem reclama, reclama de alguma coisa?
O que está em jogo aqui é a existência, ou falta, da preposição ligando o complemento ao verbo. Quando se reclama alguma coisa, reivindica-se, exige-se algo a que se julga ter direito ou necessidade.
· Os trabalhadores reclamam mais atenção por parte do governo.
· Mulheres reclamam igualdade salarial com os homens.
Reclamar de alguma coisa é o mesmo que queixar-se de algo.
· A vizinha reclamou do barulho causado pelas crianças.
· A torcida reclama esbravecida da marcação da penalidade.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

ACENTUAÇÃO GRÁFICA NAS PALAVRAS OXÍTONAS

Palavras como se-lo, dize-lo, mata-lo, parti-lo, atrai-lo levam ou não acento no verbo?

As normas de acentuação gráfica determinam que as palavras oxítonas (inclusive os monossílabos tônicos), terminadas em a-e-o, seguidas ou não de [S], levam o acento gráfico conveniente, ou seja, acento agudo nas vogais abertas e circunflexo nas fechadas.

Por isso escrevemos “mulher má”, “café forte”, “jiló amargo”, “bangalô branco”, “urubu mau”, “cidade de Baependi”, “azeite de dendê”.

As oxítonas terminadas em i-u somente serão acentuadas graficamente quando tais letras estiverem na segunda posição de um hiato: “açaí”, “Jataí”, “Tambaú”, “Grajaú”.

Os infinitivos verbais, seguidos dos pronomes átonos o/os-a/as, perdem o [R] final e os pronomes ganham um [L]. Ocorre, então, que o verbo passa a ser uma palavra oxítona terminada em vogal, devendo, portanto, seguir as regras de acentuação gráfica explicitadas acima.

Sê-lo, dizê-lo, vendê-los, torturá-las, matá-lo, parti-lo, corrigi-las, atraí-las...

domingo, 8 de janeiro de 2017

VÍCIOS DE LINGUAGEM

Li a frase “Todos foram unânimes em empoderar a atitude do policial” em um grande jornal de circulação nacional. Considerei de mau gosto e incorreta. O que o senhor acha, professor?

Com certeza, eu não acho graça nenhuma. A frase, embora curta, apresenta dois erros primários e crassos.

Primeiro ressalta a existência de um pleonasmo vicioso em “todos foram unânimes”. A unanimidade já pressupõe que foram TODOS.
A segunda falha está no uso de “empoderar”. Qualquer pessoa que estude línguas sabe que existe um processo interativo entre as línguas e que o chamado “empréstimo linguístico”, em que uma língua toma emprestado termos de outra língua, é um processo de formação de palavras bastante interessante.

O empréstimo linguístico, entretanto, só tem valor enriquecedor quando não há termo equivalente e apropriado para representar aquele significado pretendido. Entram nesse universo termos como “abajur”, “esfirra”, “semântica” e muitos outros...

O uso de “empoderar”, aportuguesamento de “to empower”, não se justifica, pois temos inúmeros termos adequados ao significado de “capacitar”, “fortalecer”, “reforçar” etc.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

CUJO / CUJA / CUJOS / CUJAS

A primeira página d’O Globo de hoje traz esta manchete:

“Saúde - morre menina com câncer cuja foto comoveu o mundo”.

A foto comovente é do câncer? É da menina com câncer?

Os pronomes relativos cujo(s)/cuja(s) são usados para relacionar um possuidor (anterior) a uma coisa possuída (posterior). Da forma como a frase foi construída produz-se uma ambiguidade. Evidente que o bom senso prevaleceria e ninguém, em sã consciência, publicaria a foto de um câncer, mesmo que fosse possível fotografá-lo...

No entanto, para evitarem-se quaisquer interpretações esdrúxulas, seria conveniente trocar a expressão “com câncer” por um adjetivo correspondente "cancerosa".

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

INGREIS / PORTUGUEIS

Notícia veiculada por grande rede nacional de televisão: “Os brasileiros estão em quadragésimo lugar no ranking mundial de desempenho na língua inglesa”. A apresentadora completou com um comentário, no mínimo tragicômico: “O pior é que não é só em ‘ingreis’; em ‘portugueis’, estamos também muito mal”. Essas pronúncias estão corretas, professor?

Como sabemos, devemos respeitar os variados “registros linguísticos” que ocorrem em diferentes situações e níveis sociais. Não se pode esperar que profissionais de nível superior, como médicos, jornalistas, advogados, engenheiros e outros tenham o mesmo desempenho linguístico que pessoas mais humildes e, muitas vezes, com parcos índices de escolaridade.

Mesmo os profissionais citados, em ambientes e ocasiões informais, nas torcidas em estádios de futebol, por exemplo, podem apresentar um desempenho linguístico mais descontraído ou mesmo descuidado.

O registro formal culto, entretanto, exige um maior cuidado dos profissionais e falar “ingreis” ou “portugueis” é um tanto inadequado na apresentação de um jornal televisivo.