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terça-feira, 14 de junho de 2016

CIZÂNIA / CIZANIA

Li em um jornal esse texto: “Nós engolimos muita coisa em nome do governo, de apoiar o governo, de estar do lado do governo, de não criar cizânia para não aproveitarem uma eventual divergência”. Está certa a grafia? A pronúncia é mais forte no /a/ ou no /i/?

Os dicionários registram o significado: falta de harmonia; desavença, rixa, discórdia.

A grafia está correta. Trata-se de palavra paroxítona terminada em ditongo crescente (semivogal “i” seguida de vogal “a”). As semivogais são sempre átonas e não podem, por conseguinte, receber acento de qualquer espécie. 

O acordo ortográfico manda acentuar graficamente a vogal tônica dos vocábulos paroxítonos terminados em ditongos orais ou nasais, crescentes ou decrescentes: sótão – órgão – espécie – história – glória – fósseis (plural de fóssil) – amáveis...

A pronúncia é com o acento tônico no “â”: CIZÂNIA.

terça-feira, 31 de maio de 2016

PODE MISTURAR / PODEM MISTURAR

E a concordância verbal continua causando estragos.

Uma conhecida figura da cena política fez a seguinte declaração: "Não se pode misturar direitos previdenciários e assistenciais". Está certo?

Não. Ocorre um erro crasso, primário...

O sujeito da locução verbal “poder misturar” é “direitos previdenciários e assistenciais”. Basta fazer a pergunta clássica: “O que não se pode misturar”? A resposta é o sujeito.

A um sujeito plural corresponde sempre um verbo plural. "Não se podem misturar direitos previdenciários e assistenciais".

Elementar, meu caro consulente.

terça-feira, 24 de maio de 2016

CONSERTÁ-LO-EI / VÃO FALÁ...

Vi, hoje, um apresentador da Globo News criticar o uso da mesóclise pelo Michel Temer: "Se eu cometer um erro e percebê-lo, consertá-lo-ei". Os demais participantes riram gostosamente e fizeram caras e bocas.

Em seguida, o dito apresentador lascou: "Vão falá agora de política americana", e começou a apresentar seu arrazoado. Daí eu deduzi que o "vão" vale por "vamos" e o "falá" vale por "falar"... 

Nenhum de seus parceiros de bancada estranhou... É que pimenta nos olhos dos outros é refresco...

quarta-feira, 18 de maio de 2016

250.000 CONSULTAS

Para nossa alegria, ultrapassamos, ontem, a marca das 250.000 consultas feitas ao blog. Essa marca reforça nosso desejo de continuar a prestar ajuda, sempre sem qualquer interesse financeiro, a quem necessita de auxílio em Língua Portuguesa.
Nosso muito obrigado a todos os consulentes...

CHEGAR A / CHEGAR EM

Confúcio apoia taxistas após chegada do Uber em Xangai. Devo dizer “chegar em” ou “chegar a”?

Os verbos de movimento, quando trazem a acepção de “em direção a algum lugar”, regem a preposição “a”. Portanto “chega-se a algum lugar” e não “em algum lugar”.

Confúcio apoia taxistas após chegada do Uber a Xangai.

sábado, 30 de abril de 2016

GOSTAR DE / É GOSTADO DE

Li esta frase em um jornal de circulação nacional e achei muito estranha forma verbal passiva. Está certa? “Mercadante não é especialmente gostado no meio político”.

Você está coberto de razão. O verbo “gostar” é transitivo indireto, isto é, exige que seu complemento venha regido da preposição “de”. Quem gosta, gosta DE alguém ou de alguma coisa.

Os verbos transitivos indiretos não admitem a voz passiva, pelo simples fato de que o sujeito da voz PASSIVA é o objeto direto da voz ATIVA.
  • Comi um saboroso pastel. / Um saboroso pastel foi comido.
  • Vendi meu apartamento. / Meu apartamento foi vendido.
  • Atacaram o parlamento. / O parlamento foi atacado.
  • Ouviram atentamente o orador. / O orador foi ouvido atentamente.
O meio político não gosta de Mercadante especialmente. / Se tentássemos passar para a voz passiva, o sujeito ficaria regido da preposição “DE”, o que não é possível, pois o sujeito jamais aceita a regência...

segunda-feira, 18 de abril de 2016

SE OBSERVE / SE OBSERVEM

O jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem em que há o trecho: “O que não pode acontecer é que não se observe as regras constitucionais, disse a ministra”.

– Parece-me que a concordância do verbo “observar” não está correta.
– E você está certo.

O sujeito do verbo “observar”, no caso, é o substantivo feminino plural “as regras constitucionais”. Basta transformar a oração “que não se observe as regras constitucionais, disse a ministra” em uma oração passiva analítica para se perceber com clareza: “O que não pode acontecer é que as regras constitucionais não sejam observadas, disse a ministra”.

Assim, a frase correta é “O que não pode acontecer é que não se observem as regras constitucionais, disse a ministra”.