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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

SUBJUNTIVO DO VERBO HAVER

Tenho dúvidas sobre a correção do emprego do verbo “haver” na frase: “Se havia alguma dúvida sobre a fidelidade ao partido, ninguém poderia afirmar com segurança”.

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três modos:

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: Eu sempre trabalho.

Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por exemplo: Talvez eu trabalhe amanhã.

Imperativo - indica uma ordem, um pedido. Por exemplo: Trabalha agora, ou terás uma triste velhice.

A frase da consulta estabelece uma dúvida, expressa pela conjunção condicional “se” que a inicia. Dessa forma, o verbo “haver” deve ir para o imperfeito do subjuntivo, estabelecendo uma relação de coerência com o futuro do pretérito da oração seguinte “poderia afirmar”.

“Se houvesse alguma dúvida sobre a fidelidade ao partido, ninguém poderia afirmar com segurança”.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

STF LIBERA ACESSO À RECEITA

Li esta frase em jornal: “STF libera acesso à Receita aos depoimentos da Lava-Jato”. Ela está correta?

O complemento nominal é uma função sintática que vem SEMPRE regida de preposição. Observem que o substantivo “acesso” necessita de um termo que lhe defina o sentido. “Acesso a quê?”, perguntaria o leitor ou ouvinte. Evidentemente, acesso AOS depoimentos da Lava-Jato.

Resta esclarecer a presença de “à Receita”. Qual é sua função? Por que a crase?

Observe-se que o verbo “liberar” é um verbo transito-relativo, isto é, vem com dois complementos: objeto direto + objeto indireto. Colocando-se os termos da frase em outra ordem: “STF libera acesso aos depoimentos da Lava-Jato à Receita”, percebe-se que o sintagma “acesso aos depoimentos da Lava-Jato” é o objeto direto (em cujo interior há o complemento nominal já referido) e o sintagma “à Receita”, o objeto indireto, daí a necessidade da crase.

A frase está correta, mas sua construção produz a dificuldade de entendimento.

Apenas mais uma palavrinha a respeito dos termos (complemento nominal– objeto direto – indireto – sintagma) que usei para destrinçar o problema apresentado. São termos da Gramática Normativa, que devem ser usados apenas como instrumento para a melhor compreensão dos significados textuais, nunca como finalidade do conhecimento linguístico.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

OU --- OU

Em “Luciano ou Melquíades será/serão escolhido(s) para representar a firma”. Como devo usar o verbo “ser”? No singular ou no plural?

Deve-se observar, na frase, se o conector “ou” tem a função de excluir um dos elementos, isto é, a ação verbal aproveitará os dois núcleos do sujeito ou apenas um deles?
Na frase “A mãe ou a filha será eleita a rainha da festa”, o verbo ficou no singular porque apenas uma das duas poderá ser eleita.

O verbo irá para o plural, se a ação verbal aproveitar todos os núcleos do sujeito. “O oficial da reserva ou o oficial da ativa poderão portar arma de defesa pessoal”. Os dois núcleos (oficial da ativa + oficial da reserva) são aproveitados pela ação verbal.


Voltando a frase da consulta, é preciso verificar se o contexto fornece alguma informação sobre o fato, possibilitando, ou não, a exclusão de um dos núcleos do sujeito composto. Pode-se supor que será apenas um representante a ser escolhido e, nesse caso, o verbo deverá ficar no singular.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

OBSCURIDADE

O que está acontecendo na frase: “O problema é quando a alergia é um produto não identificado”? Parece-me sem significado algum.

Quando uma frase carece de compreensão imediata, por defeito de construção ou da escolha correta das palavras, temos o que a Estilística denomina de “obscuridade”. É a falta de clareza, de inteligibilidade no texto produzido.


Na frase em estudo falta o atributo de “ALERGIA”. Da forma como está, alergia é “um produto”, o que evidentemente, configura um absurdo. Proponho a mudança para “O problema é quando a alergia DECORRE DE um produto não identificado”. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

DEPEDRAR / DEPREDAR

Em “Os vândalos costumam depedrar / depredar os bens públicos”, qual a forma correta?

A grafia correta é depredar, que significa (saquear, devastar, destruir, assolar, despojar). Daí vêm termos como predador, predação e assemelhados.


Embora os vândalos costumem usar fragmentos de rocha para atingir seus objetivos, o verbo “depredar” nada tem a ver com o substantivo “pedra”.

FUI EU / FOI EU

Na fase “Preparei a armadilha, mas foi eu que caí nela”, a concordância verbal está correta?

O verbo “ser” é classificado, na Gramática Normativa, como um verbo anômalo, em decorrência de ser constituído por três radicais diferentes (sou – és – fui). Desse fato decorre alguma dificuldade em seu emprego correto.

Conjugando o verbo ser no pretérito perfeito do indicativo, temos fui / foste / foi / fomos / fostes / foram.


Portando, “fui eu que caí” e não “foi eu que caí” 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

OUTRA VEZ A CRASE

Está faltando a crase na frase “Ele se limitou as acusações contra Cerveró e Fernando baiano”?

A crase resulta da fusão de uma preposição [A] com um artigo [A/As] (ou com o [A] inicial de um pronome demonstrativo (aquele(s) – aquela(s) – aquilo). Dessa forma, para que exista a crase é necessário e fundamental: a) a existência da preposição, sempre em decorrência da regência do termo anterior (verbo ou nome gramatical); b) o artigo definido feminino (A/As) que antecede os substantivos femininos no singular ou no plural; ou c) um dos pronomes demonstrativos acima citados.

O verbo “limitar”, usado pronominalmente, como no caso apresentado é um verbo relativo e deve ser construído com objeto indireto regido pela preposição [a]: “A fera limitou-se a rosnar”; “A mulher ofendida limitou-se ao choro”; “Limitamo-nos a reclamar baixinho”.

Na frase da consulta, o substantivo “acusações” admite a determinação pelo artigo feminino plural “as”. Logo, haverá, regularmente, o sinal indicativo da crase: “Ele se limitou ÀS acusações contra Cerveró e Fernando baiano”?