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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

À MEDIDA QUE / NA MEDIDA EM QUE

Diz-se "à medida que" ou "na medida em que"?
São duas locuções conjuntivas parecidas, mas de significados diferentes
Apenas para lembrar: "locução conjuntiva" é todo grupo de palavras com função relacional entre duas ou mais orações ou dois ou mais termos de uma oração.
·        À proporção que chovia / a terra ficava encharcada...
·        "À medida que" significa o mesmo que "à proporção que".
·        À medida que se esforçava, sua importância na empresa aumentava.
Trata-se de uma locução conjuntiva com valor de proporção, introduzindo orações subordinadas adverbiais proporcionais.
A locução "na medida em que", não tem tradição nos clássicos da língua, contudo vem sendo usada com valor causal.
O governo não conseguiu resolver o problema na medida em que não enfrentou suas verdadeiras causas.
Ou seja,
O governo não conseguiu resolver o problema porque não enfrentou suas verdadeiras causas.
Alguns condenam o uso de "na medida em que", argumentando que não há registro histórico dessa forma na língua. Mas o fato é que essa construção já se tornou rotineira e, como a língua não é uma entidade estanque e imutável, deve ser considerada.

O que não é aceitável em hipótese alguma é escrever "à medida em que".

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A EXPRESSÃO “EMPRESA FANTASMA” DEVE SER ESCRITA COM OU SEM O HÍFEN? COMO SE PLURALIZA?

São duas as questões, uma sobre ortografia e outra sobre flexão dos compostos.

Quanto à grafia, trata-se de palavra composta de dois nomes gramaticais, os quais mantêm sua independência fonética, mas formam uma terceira unidade significativa. Nesses casos a grafia é com o hífen.

A pluralização é feita com a flexão do primeiro elemento, pois o segundo tem função especificadora, como em navio-escola / navios-escola; fazenda-modelo / fazendas-modelo; caneta-tinteiro / canetas-tinteiro; palavra-chave / palavras-chave; bomba-relógio / bombas-relógio; notícia-bomba / notícias-bomba; homem-rã / homens-rã; peixe-espada / peixes-espada.

Empresa-fantasma / empresas-fantasmas.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

CONCORDÂNCIA VERBAL NA VOZ PASSIVA

Em “Em toda campanha eleitoral há denúncias que não se comprovam. E assim que acaba a eleição ninguém se responsabiliza por ela. Não se pode cometer injustiças.”, a concordância verbal está correta?

Temos o caso de uma oração passiva sintética. O pronome “se” é um pronome apassivador. Esse fato é facilmente comprovável pela conversão da passiva sintética em passiva analítica: “Injustiças não podem ser cometidas”, perfeitamente gramatical, como acontece na primeira oração do período: “há denúncias que não se comprovam”.

A gramática normativa diz que, em casos assim, o verbo deve concordar com o sujeito passivo. Quem é o sujeito? O que não se pode cometer? “Injustiças”.

A frase da consulta está portanto, defeituosa no que se refere à concordância verbal. Deve ser reescrita como “Não se podem cometer injustiças”.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

MAIS GRAVIDADE OU MAIOR GRAVIDADE?

Depende do contexto. Se os advérbios “mais” e “maior” estiverem estabelecendo o chamado “grau comparativo”, deve-se levar em conta o seguinte:

a) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre duas qualidades de um mesmo elemento, usam-se as formas analíticas mais bom, mais mau, mais grande e mais pequeno.

Pedro é maior que (do que) Paulo - Comparação da mesma qualidade atribuída a elementos distintos.

Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas qualidades atribuídas a um mesmo elemento.

Caso tais advérbios tenham apenas o papel de intensificador, leva-se em conta o seguinte:

1.   "Mais gravidade" para um fato isolado.
·        Acidentes envolvendo crianças apresentam mais gravidade em seus resultados;

2.   "Maior gravidade" quando houver uma comparação entre dois ou mais fatos.
·        Acidentes envolvendo crianças apresentam maior gravidade que aqueles em que as vítimas são adultas.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ELEGER / ELEGEMOS / ELEGERMOS

Em “É possível que elegemos algum candidato ficha-suja nas próximas eleições”, o uso do verbo “eleger” está correto?

Como a ação de “eleger” está colocada como uma possibilidade futura, o verbo deve ser usado no futuro do subjuntivo: “É possível elegermos algum candidato ficha-suja nas próximas eleições”.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

JUIZ / JUÍZES

Qual é a razão de escrevermos diferentemente “juiz” e “juízes”?

Em “ju-iz” a sílaba tônica termina com a letra [z]. É uma sílaba fechada. Em “ju-í-zes” isso não se dá, pois a letra [z] passa a pertencer à sílaba seguinte e a tônica passa a ser uma sílaba aberta.

A regra ortográfica diz que as letras [i] e [u], quando estiverem em sílabas tônicas abertas ou fechadas em [s], serão acentuadas graficamente.


Raiz / raízes – juiz / juízes – cair / caíram – sair / saíram - saúva – saída – saíram – cabreúva – embaúba – balaústre – jataí – tatuí – jaú – caíste.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

DIA A DIA

Dia a dia ou dia-a-dia?

A reforma ortográfica anulou algumas distinções com as quais já estávamos habituados – e sabemos que pares opositivos são úteis, fáceis de lembrar. Enfim, muita gente ainda não se acostumou com o desaparecimento de certos hifens.

Esse foi o caso, por exemplo, da locução "dia a dia" (equivalente a "dia após dia"), que se distinguia do substantivo composto "dia-a-dia" (grafia antiga), sinônimo de "cotidiano", exatamente pelo par de hifens. Com a reforma, a grafia se universalizou: "dia a dia" em todos os casos. Assim: “Dia a dia, ele se tornava mais áspero” e “Eram tarefas simples do dia a dia”.