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quinta-feira, 15 de maio de 2014

A ORDEM DOS TERMOS E O SIGNIFICADO

Quem disse que a ordem dos termos não faz diferença?

Um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi removido já morto por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

A observação da ordem dos termos na frase é fundamental. Dependendo da posição, um termo pode alterar o significado, gerando dificuldade de entendimento por parte do leitor.

No texto em destaque, a construção “foi removido já morto por biólogos” possibilita a dupla interpretação: o animal foi morto pelos biólogos ou já estava morto antes da remoção? Por mais que o leitor tenha boa-vontade para deduzir que o animal não foi morto pelos biólogos, o texto permite essa interpretação.

O que produz esse defeito é o fato de a expressão “por biólogos” vir depois de duas formas verbais, podendo estar ligada a qualquer uma delas (“removido por biólogos” ou “morto por biólogos”).

A solução para o problema está na mudança de posição ou da expressão “por biólogos” ou de uma das formas verbais.

Um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi encontrado morto e removido por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

“Já morto, um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi removido por biólogos do Projeto Poço das Antas para análises”.

Biólogos do Projeto Poço das Antas removeram, já morto, um mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), habitante da mata-atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

DUPLA NEGATIVA

Dupla negativa leva a sentido oposto ao pretendido.

“O líder do oposição no Senado afirmou que o ex-ministro cometeu crime de responsabilidade ao negar no depoimento à Câmara dos Deputados, na semana passada, que não usou nenhum avião de forma irregular”.

O fragmento acima apresenta um defeito de construção: o verbo “negar” é completado por uma oração negativa. Ora negar uma negativa equivale a uma afirmação – oposto, portanto, ao pretendido.

Se tivesse feito o que está no texto, o ex-ministro não teria cometido crime de responsabilidade, pois “negar não ter feito algo” é o mesmo que reconhecer tê-lo feito, e isso não é crime, mas confissão.

Por outro lado, o verbo “negar” exige que a oração que o completa tenha verbo no subjuntivo. Assim, alguém nega que tenha feito algo (em vez de “nega que fez algo”).

O texto pode ser corrigido assim:

“O líder da oposição no Senado afirmou que o ex-deputado cometeu crime de responsabilidade ao negar, no depoimento feito à Câmara dos Deputados na semana passada, que tenha usado um avião de forma irregular”.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

VALE-TUDO / BATE-BOCA

Os substantivos "vale-tudo" e "bate-boca" têm hífen?
O Acordo Ortográfico determina que se use o hífen nas palavras compostas por justaposição, cujos elementos (de natureza nominal, adjetival, verbal ou numeral) mantêm sua identidade morfológica e significativa. “arco-íris”, “decreto-lei”, “guarda-noturno”, “norte-americano”, “primeiro-sargento”, “azul-claro”...

Há uma regra bem fácil de ser memorizada: “quando o elemento inicial é um verbo, como valer, bater, guardar, fincar, virar, portar etc., o hífen é obrigatório”: vale-tudo, bate-boca, porta-malas, guarda-chuva, guarda-sol etc.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

HAJA VISTA - HAJA VISTO?

A expressão "haja visto seu empenho na resolução da prova” está correta?

A expressão correta é haja vista.

Pode-se dizer: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista sua decepção.

Alguns gramáticos aceitam, também, pluralizar o verbo, quando o complemento estiver nesse número: Hajam vista seus resultados. / Hajam vista seus esforços. / Hajam vista suas críticas.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

CAUSOU-ME / CAUSARAM-ME

A frase "causou-me estranheza as palavras” está com a concordância verbal correta?

Primeiro vamos perguntar: “O que causou estranheza”? É claro que foram “as palavras”, logo o sujeito do verbo causar é da 3ª pessoa do plural e para esse número deve ir o verbo: “Causaram-me estranheza as palavras”.

É frequente o equívoco na concordância verbal, quando o sujeito é plural e está posposto ao verbo. Sempre que houver qualquer dúvida, basta usar a oração na ordem direta, para se perceber o engano.

Será iniciada no dia 15 de maio as campanhas eleitorais. = As campanhas eleitorais serão iniciadas no dia 15 de maio.

terça-feira, 29 de abril de 2014

INTERMEDIA ou INTERMEDEIA?

Como se conjuga o verbo “intermediar”? É correto dizer-se “Ele ‘intermedia’ a negociação”?

Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Eu odeio / tu odeias / ele odeia / nós odiamos / vós odiais / eles odeiam.

Assim, o correto é: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação.

Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: eles remedeiam, que eles anseiem, eu incendeio.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

MESMO / MESMA

É apropriado o uso de “o mesmo” na expressão “A mulher disse para o marido que o mesmo deve fazer as despesas da casa”?

Esse vocábulo – mesmo – tem diferentes usos na língua. Pode ser adjetivo, pronome demonstrativo, advérbio e substantivo. Em nenhuma dessas funções morfológicas, contudo, pode substituir os pronomes pessoais retos. Na frase da consulta, é correto o uso do pronome pessoal “ele”: “A mulher disse para o marido que ELE deve fazer as despesas da casa

Adjetivo:
1.   O mesmo carro atropelou mais cinco pessoas.
2.   Gosta dos mesmos filmes antigos.

Substantivo:
1.    Na eleição seguinte, aconteceu o mesmo.
2.    Ela ainda era a mesma.

Advérbio:
1.   Mesmo seu marido não concordava com ela.
2.   Agora mesmo vou-me embora.

Pronome demonstrativo:
1.  Os jogadores eram os mesmos da competição anterior.
2.  O diretor desse filme é o mesmo daquela droga a que assistimos ontem.