Dupla
negativa leva a sentido oposto ao pretendido.
“O líder do oposição no Senado afirmou que o
ex-ministro cometeu crime de responsabilidade ao negar no depoimento à Câmara
dos Deputados, na semana passada, que não usou nenhum avião de forma irregular”.
O fragmento acima apresenta um defeito de construção: o verbo “negar” é
completado por uma oração negativa. Ora negar uma negativa equivale a uma
afirmação – oposto, portanto, ao pretendido.
Se tivesse feito o que está no texto, o ex-ministro não teria cometido
crime de responsabilidade, pois “negar não ter feito algo” é o mesmo que
reconhecer tê-lo feito, e isso não é crime, mas confissão.
Por outro lado, o verbo “negar” exige que a oração que o completa tenha
verbo no subjuntivo. Assim, alguém nega que
tenha feito algo (em vez de “nega que fez algo”).
O texto pode ser corrigido assim:
“O líder da oposição no Senado afirmou que o ex-deputado cometeu crime
de responsabilidade ao negar, no depoimento feito à Câmara dos Deputados na
semana passada, que tenha usado um avião de forma irregular”.