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quinta-feira, 1 de maio de 2014

CAUSOU-ME / CAUSARAM-ME

A frase "causou-me estranheza as palavras” está com a concordância verbal correta?

Primeiro vamos perguntar: “O que causou estranheza”? É claro que foram “as palavras”, logo o sujeito do verbo causar é da 3ª pessoa do plural e para esse número deve ir o verbo: “Causaram-me estranheza as palavras”.

É frequente o equívoco na concordância verbal, quando o sujeito é plural e está posposto ao verbo. Sempre que houver qualquer dúvida, basta usar a oração na ordem direta, para se perceber o engano.

Será iniciada no dia 15 de maio as campanhas eleitorais. = As campanhas eleitorais serão iniciadas no dia 15 de maio.

terça-feira, 29 de abril de 2014

INTERMEDIA ou INTERMEDEIA?

Como se conjuga o verbo “intermediar”? É correto dizer-se “Ele ‘intermedia’ a negociação”?

Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Eu odeio / tu odeias / ele odeia / nós odiamos / vós odiais / eles odeiam.

Assim, o correto é: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação.

Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: eles remedeiam, que eles anseiem, eu incendeio.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

MESMO / MESMA

É apropriado o uso de “o mesmo” na expressão “A mulher disse para o marido que o mesmo deve fazer as despesas da casa”?

Esse vocábulo – mesmo – tem diferentes usos na língua. Pode ser adjetivo, pronome demonstrativo, advérbio e substantivo. Em nenhuma dessas funções morfológicas, contudo, pode substituir os pronomes pessoais retos. Na frase da consulta, é correto o uso do pronome pessoal “ele”: “A mulher disse para o marido que ELE deve fazer as despesas da casa

Adjetivo:
1.   O mesmo carro atropelou mais cinco pessoas.
2.   Gosta dos mesmos filmes antigos.

Substantivo:
1.    Na eleição seguinte, aconteceu o mesmo.
2.    Ela ainda era a mesma.

Advérbio:
1.   Mesmo seu marido não concordava com ela.
2.   Agora mesmo vou-me embora.

Pronome demonstrativo:
1.  Os jogadores eram os mesmos da competição anterior.
2.  O diretor desse filme é o mesmo daquela droga a que assistimos ontem.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

CONJUGAÇÃO DO VERBO ADEQUAR

Como se conjuga o verbo “adequar”?
Esse verbo causa constantes problemas a falantes menos avisados. Ele pertence ao rol dos verbos “defectivos”, aqueles com algum “defeito” na conjugação. No presente do indicativo, o verbo adequar só é conjugado quando o acento tônico estiver fora da raiz.
Adequar: raiz = [adequ]; vogal temática = [a]; desinência de infinitivo = [r].
Presente do indicativo:
Eu [inexistente); tu [inexistente]; ele [inexistente];
Nós adequamos; vós adequais; eles [inexistente].
Por essa razão, os tempos derivados do presente do indicativo são também “defeituosos”:
Presente do subjuntivo: Que nós adequemos - Que vós adequeis;
Imperativo afirmativo: Adequemos nós - Adequai vós;
Imperativo negativo: Não adequemos nós - Não adequeis vós.
Os demais tempos e modos são conjugados normalmente, segundo o paradigma da 1ª conjugação.
Contrariando os ensinamentos de gramáticos conceituados como Celso Cunha, Napoleão Mendes e Evanildo Bechara, o Dicionário Eletrônico Houaiss admite a conjugação regular desse verbo. Já os Dicionários Aurélio; Caldas Aulete; Michaelis; Silveira Bueno e o Dicionário de Verbos e Regimes de Francisco Fernandes não corroboram tal aceitação.
Prefiro acompanhar a maioria e empregá-lo sempre de forma defectiva.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

IMANENTE ou EMANENTE?

Não há registro dicionarizado do termo “emanente”.

Imanente, segundo o Dicionário Houaiss e o Dicionário Etimológico de Antônio Geraldo da Cunha, é aquilo que está inseparavelmente contido ou implicado na natureza de um ser, ou de um conjunto de seres, de uma experiência ou de um conceito. Constante, imutável, permanente.

  • Deus é a causa imanente de todas as coisas.
  • Seria a corrupção algo imanente ao homem?

terça-feira, 15 de abril de 2014

CONFUSÃO DE PESSOAS - ATRAVÉS

Ouvi esta chamada na televisão e me parece que há algum erro: “Eu sou uma pessoa que só me comunico com o mundo através da dança”. Está certo?

A linguagem dos meios de comunicação de massa procura atingir o maior número possível de decodificadores, por isso, muitas vezes apela para o chamado “registro coloquial” que nem sempre obedece a padrões gramaticais rígidos.

Em “Eu sou uma pessoa que só me comunico com o mundo através da dança”, primeiro poderíamos dispensar o pronome pessoal reto no início da frase, pois se digo “sou”, evidentemente que “sou eu”. “Pessoa”, logo a seguir é o sujeito de “comunicar” e “pessoa” COMUNICA. Pode-se alegar uma silepse (concordância ideológica), mas aí deixaríamos de lado o coloquial, para entrar na seara das “licenças gramaticais”. Por último, está o problema do significado do advérbio “ATRAVÉS”. Esse advérbio NÃO DEVE ser usado com sentido de instrumento ou meio para se obter alguma coisa ou resultado.

Ele vem de “atravessar”, como bem explica o dicionário Houaiss: de lado, de través, transversalmente, de atravessado. Também o Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, de Silveira Bueno, registra: através – de lado a lado, por entre em: a luz passa através do vidro.

Se a frase fosse dita como “Sou uma pessoa que se comunica com o mundo por meio da dança” ficaria perfeitamente inteligível e correta.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

AUTOPSIA ou AUTÓPSIA?

A palavra é composta de dois radicais gregos (autos= de si mesmo; opsis = exame, vista).

Autopsia: apesar de a origem da palavra indicar exame de si mesmo, a Medicina o utiliza com o significado de exame em um semelhante, ou seja o termo autopsia só pode ser usado quando se realiza exames em humanos, já que sabemos que nenhum animal pode examinar outro da mesma espécie.

Necropsia: é o exame dos cadáveres de qualquer espécie. Por isso o termo confunde-se com autopsia, pois pode também ser usado para humanos.
Concluindo: se for para humanos, pode se dizer necropsia ou autopsia; para animais, só necropsia.



OBS.: Manda a prosódia que a pronúncia correta seja “AUTOPSIA”, aceitando-se “AUTÓPSIA" por uma questão de uso continuado por parte dos falantes.