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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

LENÇÓIS / ALCALOIDE

Por que há o acento gráfico em “lençóis” e não em “alcaloide”? A situação não é a mesma?

São situações ligeiramente diferentes. Em lençóis, o ditongo tônico de base aberta ocupa a última sílaba – é uma palavra oxítona; já em alcaloide, a posição ocupada é a penúltima sílaba – é uma palavra paroxítona.

Não se usa mais o acento dos ditongos tônicos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).
Exemplos: debiloide – mongoloide – alcaloide – alcateia – androide – apoia (verbo apoiar) – apoio (verbo apoiar) – asteroide – boia – celuloide – claraboia – colmeia.

No entanto, caso esses ditongos ocorram em palavras oxítonas, a acentuação gráfica é necessária.
Exemplos: papéis, anéis, troféu, troféus, escarcéu, escarcéus, tabaréu, tabaréus, chapéu, chapéus, herói, heróis, lençóis.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

PRECONCEITO ou PRÉ-CONCEITO?

A palavra "preconceito" já existia no Latim, "praejudicium", com o mesmo significado que tem hoje: "julgamento feito antecipadamente" e suas variações. Ela já veio pronta para nós, falantes da Língua Portuguesa e essa é a razão por que deve ser escrita sem o hífen.

O uso com o hífen "pré-conceito", às vezes também como "(pré)conceito", para indicar um processo de raciocínio que precede a formulação de um conceito, não me parece razoável, tendo em vista o entendimento dúbio por parte de quem lerá o texto. Tenho visto tal uso em trabalhos acadêmicos (artigos, monografias, dissertações e teses) e é certo que o ambiente acadêmico fará a interpretação correta, mas o público em geral poderá entender diferentemente.

Aliás, o que se tem falado de asneiras sobre o "preconceito" é uma festa. O sujeito, em meu entendimento, tem o direito de não gostar de certas coisas sem que seja, necessariamente, taxado de "preconceituoso". Detesto maracujá e por isso sou "preconceituoso"? Diretores de cinema que optam por imprimir um clima "escrachado" e "carnavalesco" em suas obras, não importando o tema, não me agradam. Sou "preconceituoso" por não gostar delas? Abomino a mentira e os mentirosos... Isso é ser preconceituoso?

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

SENÃO – SE NÃO

Qual é a diferença entre “senão” e “se não”? Quando usar um e outro?

Senão (emendado) equivale a (caso contrário, mas, porém, a não ser, problema, falha).

·    Entregue o trabalho no prazo, senão o professor lhe dará nota baixa.
·    Esperamos uma eleição limpa, senão tudo continuará como está.
·    Não houve um senão na conferência.
·    Nada mais há a dizer, senão adeus.

Se não (separado) equivale a (se por acaso não). Usado no início de orações condicionais.

·    Se não escolhermos bem a escola de nossos filhos, os resultados serão terríveis.
·    Este ano teremos eleições, se não ocorrer algum imprevisto.
      Obrigado

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

QUEM NÃO SE COMUNICA...

O texto abaixo deixou-me com dúvidas sobre a correção do emprego  do verbo “comunicar”. Está correto?

“O delegado comunicou o juiz diretor do Fórum da Justiça Federal que o Grupo de Escoltas permanecerá impossibilitado de cumprir as requisições de escolta emanadas das diversas Varas Criminais Federais do Estado de São Paulo”.
Observe que os termos sublinhados (o juiz diretor) e (que o Grupo de Escoltas) ligam-se ao verbo sem o auxílio de preposição. Como são de naturezas diferentes (pessoa e coisa) não podem exercer a mesma função sintática no interior da frase.

No texto, o verbo em questão é de dupla predicação, ou seja, deve ser construído com dois complementos: um objeto direto e um objeto indireto. Como nos exemplos abaixo:

  • O chefe comunicou a demissão do supervisor (Ob. Dir.) aos funcionários (Ob. Ind.).
  • O chefe comunicou aos funcionários (Ob. Ind.) a demissão do supervisor (Ob. Dir.).
O correto, então, é reformular a frase para “O delegado comunicou ao juiz diretor do Fórum da Justiça Federal que o Grupo de Escoltas permanecerá impossibilitado de cumprir as requisições de escolta emanadas das diversas Varas Criminais Federais do Estado de São Paulo”.


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CONCORDÂNCIA COM NUMERAL

Qual é o correto: “um milhão e meio de pessoas vivem na comunidade” ou “um milhão e meio de pessoas vive na comunidade”?

Temos o problema do sujeito representado por um numeral singular (milhão e meio), acompanhado de complemento plural (pessoas).

A gramática normativa aceita, nesse caso, dois tipos de concordância:

·  Com o verbo no singular (concordância gramatical), concordando com o núcleo representado pelo numeral “um milhão e meio”: “um milhão e meio de pessoas vive na comunidade”.

· Com o verbo no plural (concordância siléptica), concordando com o complemento representado por “pessoas”: “um milhão e meio de pessoas vivem na comunidade”. 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

EMPREGO DO SUBJUNTIVO

A frase “A previsão dos meteorologistas é que vem chuva na quinta-feira está correta?

A Gramática Normativa diz que não.

Os meteorologistas não têm certeza de que a chuva virá, por isso fazem uma “previsão”, isto é, há a possibilidade (não a certeza) de que a chuva venha.

Sempre que se fizer referência a um fato possível, mas de ocorrência incerta, o subjuntivo deve ser usado.

  • É possível que outros médicos cubanos fujam (futuro do subjuntivo) para os EUA.
  • A população duvidava de que ele fosse (imperfeito do subjuntivo) capaz dessa proeza.
  • É improvável que ele se candidate (presente do subjuntivo) nas próximas eleições.
  • A previsão dos meteorologistas é que venha (futuro do subjuntivo) chuva na quinta-feira.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

ESSE / ESSA - DESSE / DESSA - AQUELE - AQUELA

O projeto será examinado por uma comissão. Esta comissão tem a incumbência de definir sua viabilidade e apresentar suas conclusões por meio de um relatório. Este relatório será enviado a todos os interessados no desenvolvimento das ações propostas.”

São frequentes as dúvidas causadas pelo emprego dos pronomes demonstrativos “este” / “esse” e suas variações.

Tais pronomes demonstrativos funcionam como determinantes de nomes (substantivos – adjetivos – advérbios), que já foram ou serão citados no discurso (texto / fala). De uma forma geral, a “posição” que tais termos ocupam é que determina se devemos usar “st” ou “ss”.

O pronome demonstrativo será um “anafórico” se apontar para algo que já foi mencionado e, nesse caso, deverá ser grafado com “ss”; será um “catafórico” se antecipar algo que ainda será dito e, então, deverá ser grafado com “st”.

No fragmento em epígrafe, o termo comissão é retomado no período seguinte e o demonstrativo deveria ser escrito com “ss”; o mesmo ocorre com o termo relatório, logo a seguir.

Pode ocorrer a retomada de uma ideia com outro termo, o que também leva ao uso das formas com “ss”, como em “ofendiam-se, brigavam com os colegas e desrespeitavam os professores que os repreendiam. Lamentavelmente, esse comportamento era relevado pela direção da escola”. O fato está distante no tempo e no espaço.
Os pronomes demonstrativos com “st” referem a algo que ainda será dito adiante. Por exemplo: “O fato é este: a gestão das escolas tem de ser exercida por diretores profissionais”.

Também quando há referência ao assunto de que trata o texto: “Esta pesquisa tem como finalidade levantar dados que comprovem a hipótese x”.

Na fala, usa-se o demonstrativo com “st” para algo que esteja junto do emissor: “Falo deste livro”. O livro está perto de mim. “Falo desse livro”. O livro está perto da pessoa com quem falo. “Falo daquele livro.” O livro está distante de mim e de meu interlocutor.