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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

DE FÉRIAS OU EM FÉRIAS?

As duas formas estão corretas: de férias ou em férias.
  • A viagem será tranquila, pois todos estarão de férias.
  • Os visitantes terão toda nossa atenção, pois estaremos em férias.

Há, entretanto, uma situação especial. Quando o substantivo férias está adjetivado, usa-se apenas “em férias”.
  • No próximo mês, sairemos em férias coletivas.
  • No final de dezembro, estaremos em merecidas férias.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

BOCA-DE-LOBO OU BOCA DE LOBO?

A reforma ortográfica anulou algumas distinções com as quais já estávamos habituados – e sabemos que pares opositivos são úteis, fáceis de lembrar. Enfim, muita gente ainda não se acostumou com o desaparecimento de certos hifens.

Esse foi o caso, por exemplo, da locução "dia a dia" (equivalente a "dia após dia"), que se distinguia do substantivo composto "dia-a-dia" (grafia antiga), sinônimo de "cotidiano", exatamente pelo par de hifens. Com a reforma, a grafia se universalizou: "dia a dia" em todos os casos. Assim: “Dia a dia, ele se tornava mais áspero” e “Eram tarefas simples do dia a dia”.

Há situações, entretanto, em que a distinção permanece. É o caso de "boca-de-lobo" e "boca de lobo". A forma hifenizada é nome de uma espécie botânica (é o outro nome da trepadeira também conhecida como "dente-de-leão"); a forma sem hifens é um sinônimo de bueiro.


É preciso lembrar que os nomes de espécies botânicas e de espécies animais mantiveram a grafia hifenizada. Assim: dente-de-leão (espécie botânica); boca-de-lobo (espécie botânica); canela-de-ema (espécie botânica); gavião-de-penacho (espécie animal) pomba-de-arribação (espécie animal), mas boca de lobo (bueiro), boca de urna, boca de sino, boca de siri, boca de fumo, boca do lixo etc.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

NECROPSIA – NECRÓPSIA

A palavra é composta de dois radicais gregos (nekrós = morto; opsis = exame, vista).

Pela formação grega da palavra, a pronúncia deve ser com acentuação tônica no /i/ da penúltima sílaba “NECROPSIA”. Segundo o Dicionário Houaiss, sua aparição na Língua Portuguesa deu-se por volta de 1858, como empréstimo linguístico do Francês.

De lá para cá, porém, o uso tem dado preferência à acentuação na antepenúltima sílaba “NECRÓPSIA”. Essa alteração da posição tônica pode ter ocorrido em razão de o sufixo “IA” ser átono em Latim e tônico em Grego. Portanto, quando se diz “NECROPSIA”, está-se obedecendo á prosódia grega e quando se diz “NECRÓPSIA”, dá-se preferência à prosódia latina. O mesmo acontece com o par “autópsia / autopsia”.

Manda a prosódia, por conseguinte, que a pronúncia correta seja “NECROPSIA”, aceitando-se “NECRÓPSIA" por uma questão de uso continuado por parte dos falantes.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

MOTO-TÁXI OU MOTOTÁXI?

Trata-se de uma palavra composta a partir de dois radicais estrangeiros, sendo que o primeiro deles sofreu um processo de redução. “moto < motor” e o segundo já é corrente na forma aportuguesada com o acento gráfico inexistente na língua de origem “taxi (inglês) > táxi (português)”.

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras (ABL) não faz qualquer menção à existência da palavra. Os dicionários Houaiss, Michaellis e Aurélio também não a registram.

O Dicionário Aulete Eletrônico registra “MOTOTÁXI”, tal como o faz o Dicionário Universal da Língua Portuguesa (Priberan).

Assim, podemos assumir como correta a forma “MOTOTÁXI”, que está de acordo com “motosserra”, “motocicleta”, “motobomba”, “motobói”, “motocultor”, todas já perfeitamente consagradas e dicionarizadas.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

VALE-TRANSPORTE

Como se faz o plural de “vale transporte”?

Vale-transporte (com hífen), segundo o Acordo Ortográfico, faz o plural como "vales-transporte" ou como "vales-transportes".

Nesse tipo de composição, constituído por duas palavras variáveis (substantivo + substantivo, no presente caso), geralmente as duas vão para plural. Entretanto, quando o segundo elemento é um especificador do primeiro, limitando-lhe e/ou determinando-lhe o sentido, há a alternativa de só o primeiro ir para o plural.

Prefiro a última hipótese.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

PLURAL COM METAFONIA

Como se faz o plural de “forno” e de “forninho”?

Na pluralização de “forno”, além da desinência /S/, ocorre a metafonia [ô/ó]: “f/ó/rno/s/”.

Metafonia é a mudança de timbre da vogal tônica por influência de outra vogal átona da sílaba final da palavra. Trata-se, portanto, de um fenômeno de natureza assimilatória, em que vogais finais alteram traços da vogal tônica anterior, abrindo-a, quando, do ponto de vista etimológico, deveria ficar fechada, ou fechando-a antietimologicamente.

As gramáticas disponíveis no mercado tratam o problema superficialmente, dedicando-lhe poucas linhas, com exemplos mais corriqueiros, sem explicar a fundo a natureza do fenômeno. Provavelmente isso acontece em razão de a metafonia ocorrer em nível da fala, enquanto que as gramáticas, via de regra, privilegiam o emprego da língua escrita.

A palavra forno (< do latim fornŭm) abre a vogal tônica no plural (fórnos), por analogia com um esquema pré-existente (miolo / miólos; poço / póços; gostoso / gostósos; socorro / socórros; etc.), todos justificados pela evolução linguística.

Já para o diminutivo, não se encontra fonte que descreva tal metafonia. Aliás, a palavra "forninho" nem é registrada em alguns dicionários (Aurélio e Houaiss). O dicionário Aulete registra como "forninho" com a primeira vogal fechada. O VOLP registra “forninho” sem qualquer alusão ao timbre das vogais.

É evidente que, em tais casos, se torna válido o uso do recurso da analogia, aplicando-se no diminutivo o mesmo processo corrente na palavra primitiva.

Porco (vogal tônica fechada) è porcos (vogal tônica aberta);
Porquinho (vogal pré-tônica fechada) è porquinhos (vogal pré-tônica aberta);
Forno (vogal tônica fechada) è fornos (vogal tônica aberta);
Forninho (vogal pré-tônica fechada) è forninhos (vogal pré-tônica aberta).

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

CONCORDÂNCIA DO VERBO SER'

É correto dizer: "estresse e depressão são o que mais afastam professores da sala de aula", ou o correto é "estresse e depressão são o que mais afasta professores da sala de aula"?

Use "estresse e depressão é o que mais afasta professores da sala de aula".

Por quê? Porque o predicativo da oração principal é o pronome demonstrativo o, equivalente a “aquilo”, e, nesse caso, o verbo ser fica no singular: “Inimigos é o que não lhe falta”; “Eleições diretas é o que o povo queria”.

O verbo afastar, no singular, concorda com o pronome relativo que, sujeito da oração subordinada.