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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

USO DO VERBO "REAVER"

Governo "reavê" confiança perdida. Está certo? O verbo é conjugado assim mesmo?

Não está correto. O verbo “reaver” segue a conjugação de “haver”, mas apenas nos casos em que este tem a letra v:

HAVER                                        REAVER
Eu hei                                          [Ø]
Tu hás                                         [Ø]
Ele há                                          [Ø]
Nós havemos                                reavemos
Vós haveis                                   reaveis
Eles hão                                      [Ø]
Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse.
Por isso, não existem "reavejo", "reavê" etc.

No caso em estudo, usa-se uma forma equivalente: Governo recupera confiança perdida.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

LINCHAR

Posso usar o verbo “linchar” sem que haja o óbito da vítima do linchamento?

O significado principal de "linchar" é o de um grupo de pessoas "executar o suspeito, sem julgamento". Por extensão de sentido, pode ser usado, figurativamente, como em "linchamento moral"; "linchamento político". No caso específico de "agressão física a um suspeito, praticada por grupo ou multidão" eu preferiria usar "tentativa de linchamento", quando não ocorresse o óbito da vítima.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

LHE / TEU / SEU

Ouvi, recentemente, esta frase: “Gostaria de lhe perguntar como surge a inspiração em teu trabalho de artista plástico?” Ela está gramaticalmente correta?

O autor equivocou-se no uso dos pronomes LHE/TEU. Eles são de pessoas diferentes: 3ª e 2ª pessoas do singular, respectivamente. A norma culta repudia essa promiscuidade, com o falante dirigindo seu discurso ora à 2ª, ora à 3ª pessoas.

Para acertar o discurso, basta atentar para a regência do verbo “perguntar”: perguntar alguma coisa a alguém. O uso do “lhe” está, pois, correto, como objeto indireto. Troque-se o “teu” por “seu” e fica tudo bem.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

UM CASO DE CRASE OPCIONAL

Posso escrever “Dar destaque às notícias”; “Dar destaque à notícias”; “Dar destaque a notícias”, sem cometer erros na colocação da crase?

A crase indica a fusão de dois fonemas idênticos.

No caso em estudo, temos que o substantivo abstrato “destaque” exige um complemento regido da preposição [a]. “Destaque A alguma coisa”. Por exemplo, “Não se deve dar destaque A jogadores sem habilidade”, ou “O Congresso prioriza o destaque A medidas embromatórias”.

Observe que “jogadores” e “medidas” são substantivos plurais que admitem, ou não, a anteposição do artigo. Posso dizer “jogadores sem habilidade” ou “os jogadores sem habilidade”; “medidas embromatórias” ou “as medidas embromatórias”. É que o artigo definido, nesses casos, é opcional, mas, se for usado, deverá estar no plural para concordar com o número dos substantivos que determinam.

Se o falante optar por não usar o artigo, não haverá como fazer a fusão “preposição + artigo” e, portanto, não haverá a crase: “Dar destaque A notícias”. Caso opte por usar o artigo, teremos a ocorrência de “preposição + artigo plural”, que será indicada pela crase: “Dar destaque ÀS notícias”.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

FAZER ELA / FAZÊ-LA

Vou fazer ela infeliz. Isso está certo?

Não. Os pronomes retos (eu – tu – ele(a) – nós – vós – ele(a)s são empregados, normalmente, para exercer a função de sujeito da oração. Diz-se deles que têm função subjetiva.

Eu vendi goiaba na feira. / nós vendemos goiaba na feira.
Tu vendeste goiaba na feira. / vós vendestes goiaba feira.
Ela vendeu goiaba na feira. / ele (a)s venderam goiaba na feira.

O pronome reto [eu] serve exclusivamente como sujeito, mas os demais podem, eventualmente, em torneios estilísticos (objeto direto preposicionado e objeto direto ou indireto pleonástico), exercer função objetiva.
  • Ofereceu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta. (objeto indireto pleonástico).
  • Deu-nos, a nós, toda a atenção imaginável. (objeto direto pleonástico preposicionado).
O correto, portanto, é usar a forma oblíqua do pronome pessoal: “Vou fazê-la infeliz”.

terça-feira, 30 de julho de 2013

CONCORDÂNCIA NOMINAL (SUBSTANTIVO + SUBSTANTIVO...) + ADJETIVO

Em “Calçava sapato e meias velhas” ou “Calçava sapato e meias velhos”, qual é a forma correta?

As duas construções estão corretas. Temos aqui o caso de um adjetivo posposto a dois (ou mais) substantivos de gêneros e números diferentes. A língua formal, nesses casos, admite a concordância com o mais próximo (atrativa) ou no masculino plural (gramatical).

Resumindo:
Substantivo + Substantivo... + Adjetivo
Quando o adjetivo posposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o último ou vai facultativamente:
  • para o plural, no masculino, se pelo menos um deles for masculino;
  • para o plural, no feminino, se todos eles estiverem no feminino.
Exemplos:
  • Ternura e carinho materno.
  • Carinho e ternura materna.
  • Ternura e carinho maternos.
  • Farinha ou feijão cru.
  • Feijão ou farinha crua.
  • Farinha ou feijão crus.


sábado, 27 de julho de 2013

ALGUM / ALGUNS - NENHUM / NENHUNS

A palavra “nenhum” tem plural?

“Nenhum” é um pronome indefinido variável e ajusta-se ao número e ao gênero do substantivo a que se refere.

Nenhuma mulher sofreu tanto = Nenhumas mulheres sofreram tanto.

Nenhum livro salvou-se da biblioteca de Alexandria = Nenhuns livros salvaram-se da biblioteca de Alexandria.