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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

LHE / TEU / SEU

Ouvi, recentemente, esta frase: “Gostaria de lhe perguntar como surge a inspiração em teu trabalho de artista plástico?” Ela está gramaticalmente correta?

O autor equivocou-se no uso dos pronomes LHE/TEU. Eles são de pessoas diferentes: 3ª e 2ª pessoas do singular, respectivamente. A norma culta repudia essa promiscuidade, com o falante dirigindo seu discurso ora à 2ª, ora à 3ª pessoas.

Para acertar o discurso, basta atentar para a regência do verbo “perguntar”: perguntar alguma coisa a alguém. O uso do “lhe” está, pois, correto, como objeto indireto. Troque-se o “teu” por “seu” e fica tudo bem.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

UM CASO DE CRASE OPCIONAL

Posso escrever “Dar destaque às notícias”; “Dar destaque à notícias”; “Dar destaque a notícias”, sem cometer erros na colocação da crase?

A crase indica a fusão de dois fonemas idênticos.

No caso em estudo, temos que o substantivo abstrato “destaque” exige um complemento regido da preposição [a]. “Destaque A alguma coisa”. Por exemplo, “Não se deve dar destaque A jogadores sem habilidade”, ou “O Congresso prioriza o destaque A medidas embromatórias”.

Observe que “jogadores” e “medidas” são substantivos plurais que admitem, ou não, a anteposição do artigo. Posso dizer “jogadores sem habilidade” ou “os jogadores sem habilidade”; “medidas embromatórias” ou “as medidas embromatórias”. É que o artigo definido, nesses casos, é opcional, mas, se for usado, deverá estar no plural para concordar com o número dos substantivos que determinam.

Se o falante optar por não usar o artigo, não haverá como fazer a fusão “preposição + artigo” e, portanto, não haverá a crase: “Dar destaque A notícias”. Caso opte por usar o artigo, teremos a ocorrência de “preposição + artigo plural”, que será indicada pela crase: “Dar destaque ÀS notícias”.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

FAZER ELA / FAZÊ-LA

Vou fazer ela infeliz. Isso está certo?

Não. Os pronomes retos (eu – tu – ele(a) – nós – vós – ele(a)s são empregados, normalmente, para exercer a função de sujeito da oração. Diz-se deles que têm função subjetiva.

Eu vendi goiaba na feira. / nós vendemos goiaba na feira.
Tu vendeste goiaba na feira. / vós vendestes goiaba feira.
Ela vendeu goiaba na feira. / ele (a)s venderam goiaba na feira.

O pronome reto [eu] serve exclusivamente como sujeito, mas os demais podem, eventualmente, em torneios estilísticos (objeto direto preposicionado e objeto direto ou indireto pleonástico), exercer função objetiva.
  • Ofereceu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta. (objeto indireto pleonástico).
  • Deu-nos, a nós, toda a atenção imaginável. (objeto direto pleonástico preposicionado).
O correto, portanto, é usar a forma oblíqua do pronome pessoal: “Vou fazê-la infeliz”.

terça-feira, 30 de julho de 2013

CONCORDÂNCIA NOMINAL (SUBSTANTIVO + SUBSTANTIVO...) + ADJETIVO

Em “Calçava sapato e meias velhas” ou “Calçava sapato e meias velhos”, qual é a forma correta?

As duas construções estão corretas. Temos aqui o caso de um adjetivo posposto a dois (ou mais) substantivos de gêneros e números diferentes. A língua formal, nesses casos, admite a concordância com o mais próximo (atrativa) ou no masculino plural (gramatical).

Resumindo:
Substantivo + Substantivo... + Adjetivo
Quando o adjetivo posposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o último ou vai facultativamente:
  • para o plural, no masculino, se pelo menos um deles for masculino;
  • para o plural, no feminino, se todos eles estiverem no feminino.
Exemplos:
  • Ternura e carinho materno.
  • Carinho e ternura materna.
  • Ternura e carinho maternos.
  • Farinha ou feijão cru.
  • Feijão ou farinha crua.
  • Farinha ou feijão crus.


sábado, 27 de julho de 2013

ALGUM / ALGUNS - NENHUM / NENHUNS

A palavra “nenhum” tem plural?

“Nenhum” é um pronome indefinido variável e ajusta-se ao número e ao gênero do substantivo a que se refere.

Nenhuma mulher sofreu tanto = Nenhumas mulheres sofreram tanto.

Nenhum livro salvou-se da biblioteca de Alexandria = Nenhuns livros salvaram-se da biblioteca de Alexandria.

terça-feira, 23 de julho de 2013

PARA MIM / PARA EU?

Sempre me confundo. Como é o uso dos pronomes “mim” e “eu”?
A confusão no uso desses pronomes decorre das funções gramaticais (veja morfossintaxe) que eles podem exercer na frase. O uso correto (padrão) do pronome pessoal do caso oblíquo tônico "mim" é o de “complemento verbal” e o pronome pessoal do caso reto "eu" exerce, exclusivamente, a função de “sujeito”. Como o sujeito é um termo essencialmente dominante, ele não pode ser “regido” de preposição, daí a incorreção de frases como “Ela se intrometeu entre eu e você...” ou “sem eu ela não vive...” ou “Esta é uma tarefa para mim fazer...”.
1.   Ela se intrometeu entre mim e você.
2.   Sem mim ela não vive.

3.   Esta é uma tarefa para eu fazer. (nesse caso a preposição para está regendo o verbo no infinitivo).

sábado, 20 de julho de 2013

COMO SE PRONUNCIA "INEXORÁVEL"?

Como se pronuncia a letra [X] das palavras “inexorável” e “inexoravelmente”? Fazendo a letra [X] soar como /ks/?

A pronúncia mais recomendada e usada é com o fonema /Z/. Nesses dois casos, a letra [x] está representando o fonema /Z/: [inezorável] – [inezoravelmente].

A letra [x] representa, na língua escrita, diferentes fonemas e esse fato ocasiona alguns equívocos ortoépicos:

     a)  /s/ - excelência; 
  b)  /z/ - exército; 
  c)   /chê/ - caixa; 
  d)  /ks/ - tóxico.