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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

VÍTIMA FATAL

Pode-se usar a expressão “vítima fatal”?

Essa expressão já se tornou cristalizada no uso linguístico contemporâneo, embora seja construída em cima de uma inadequação semântica. Se observarmos as transcrições do verbete “fatal” em três de nossos principais dicionários, veremos que só um deles (Caldas Aulete) valida tal uso.

Dicionário Houaiss
Acepções
1.    Que é inevitável; que ocorre como se fora determinado pelo destino.
Ex.: não havia saída, aquela progressão era f.
2.     que põe termo, que mata; funesto, mortal.
Ex.: tiro f.
(mais cinco acepções).

Dicionário C. Aulete
Acepções
1.    Que tem como consequência a morte, que leva à morte (tiro fatal, acidente fatal).
2.    A quem sobreveio a morte (vítima fatal).
(mais cinco acepções).

Dicionário Michaelis
Acepções
1.    Que causa desgraças; desastroso.
2.    Que causa a morte; mortal, letal.
(mais quatro acepções)

Como vemos, há controvérsia, mesmo entre os dicionaristas, mas tal controvérsia pode ser resolvida pela lógica: quem é o agente da ação? É a ele que deve ser atribuída a fatalidade.

Em “Aquele acidente provocou vítimas fatais”, a bem da verdade, temos de considerar que o acidente é que foi fatal, não as vítimas. Assim considero que o discurso deveria ser reformulado para se ajustar às características semânticas apropriadas: “Aquele acidente foi fatal, haja vista que houve vítimas”.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

CHEGAR A / CHEGAR EM

Devo dizer “Chegará em Brasília na próxima semana” ou “Chegará a Brasília na próxima semana”? É uma questão de diferença entre a norma culta e a coloquial?
 
RESPOSTA –
 
O problema aqui é de regência verbal. Verbos de movimento (chegar, vir, ir), com sentido de aproximar-se, exigem complemento regido pela proposição "a". O uso da preposição "em" está incorreto tanto no registro formal quanto no coloquial.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O GRAMA / A GRAMA

CONSULTA —

Escrevi a frase “Vendeu uma grama de ouro” e um amigo me corrigiu, dizendo que está errada. O que está errado?

RESPOSTA –

Grama – peso – é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas.

Os múltiplos e submúltiplos de grama também são masculinos: um miligrama. Vinte e dois decigramas. Trezentos e quarenta e um hectogramas.

Grama – gramínea, relva – é palavra feminina: A grama fica viçosa nesta época. Preciso aparar a grama no próximo fim de semana.

sábado, 31 de dezembro de 2011

"HÁ DEZ ANOS ATRÁS"


CONSULTA –

O que há de errado na frase "Há dez anos atrás"?

RESPOSTA –

O verbo “haver” já está indicando “tempo decorrido”, logo o uso do advérbio “atrás” é dispensável. Use um ou outro, nunca os dois juntos.

·        Há dez anos.
·        Dez anos atrás.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Como se pronuncia GRATUITO?


CONSULTA –

Como é a pronúncia correta: “gratuito ou gratuito”?

RESPOSTA –
 
A pronúncia correta é gratuito, assim como circuito, intuito e fortuito (não há o acento gráfico nessas palavras). Da mesma forma: fluido (subst.), fluído (verbo), condor, recorde, avaro, ibero, ruim.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

EDITOR CHEFE ou EDITOR-CHEFE?


CONSULTA –
Existe hífen na palavra “editor chefe”?

RESPOSTA –
Para início de conversa, vamos esclarecer que o “editor chefe” é um cargo diferente do “editor” e do “chefe”. Assim, para designá-lo, cunhou-se uma nova palavra constituída de duas outras já existentes na língua. Esse procedimento linguístico é conhecido como composição por justaposição.

Portanto, “editor chefe” É uma palavra composta por justaposição.

A base XV do Acordo Ortográfico diz o seguinte:
Base XV
Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares
1º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva.
Obs.: Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista.
  • Observe, por favor, os termos destacados. São absolutamente semelhantes a EDITOR-CHEFE e EDITOR-EXECUTIVO. O mesmo deve ocorrer com secretário-geral, secretário-executivo, e outros de formação idêntica.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

CONSULTA – FALTA/FALTAM


CONSULTA –

Qual das duas frases está correta:
     1. Falta pouco mais de dois anos e meio para a copa.
      2.  Faltam pouco mais de dois anos e meio para a copa?

RESPOSTA –

Embora dois gramáticos antigos (Júlio Ribeiro e Carlos Pereira) ensinassem a concordância com o verbo no singular, modernamente prefere-se a concordância gramatical, isto é, o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito. Falta um dia para a estreia. Faltam dois dias para a chegada da delegação.

Creio que a consulta prende-se ao fato de que o verbo “fazer”, quando empregado em relação a tempo ou temperatura, adquire o caráter de impessoal, ficando sempre na 3ª pessoa do singular.
     1.   Faz um ano que ela chegou da Europa.
     2.   Faz dois anos e meio que ela chegou da Europa.