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quarta-feira, 9 de março de 2011

Em Ceilândia ou Na Ceilândia?

CONSULTA: Devo dizer “em Ceilândia” ou “na Ceilândia”; “de Ceilândia” ou “da Ceilândia”?

RESPOSTA:

O uso do artigo antes de Ceilândia – "Na Ceilândia" / "Da Ceilândia" – somente seria aceitável se Ceilândia estivesse acompanhada de palavra caracterizadora, como "aprazível", "exuberante", "sofrida", "inesquecível", ou seja, um adjetivo.

Alguns topônimos aceitam o artigo tranquilamente, como Japão, Noruega, Rio de Janeiro, Maranhão, Costa Rica. Outros rejeitam-no, como Brasília, Sobradinho, Roma, Cuba, Taguatinga. Só aceitam artigo se estiverem determinados por um atributo qualquer.
  • O Rio de Janeiro continua lindo...
  • O Maranhão está alagado...
  • A Costa Rica tem uma natureza exuberante.
  • Brasília é acusada injustamente.
  • A Brasília das largas e limpas avenidas.
  • A Cuba dos velhos tempos de Fulgêncio Batista.
  • Notícias vindas do Japão relatam um terremoto de grandes proporções.
  • Vim de Roma, onde os hotéis são lamentáveis.
  • As ruas de Taguatinga estão tomadas pelo lixo.
Assim, é mais conveniente dizer-se "Moradores de Ceilândia" ou "A comemoração será em Ceilândia".

Obrigado

segunda-feira, 7 de março de 2011

Devo usar “o moral” ou “a moral”?

O termo “a moral” (substantivo feminino) deve ser usado quando se refere à ética, aos valores, aos princípios que movem o ser humano ou o grupo social.
  • As leis existem para que a moral não se torne um valor menor entre nós.
  • Nunca a moral foi tão vilipendiada como agora.
O termo “o moral” (substantivo masculino) equivale a ânimo; à disposição do espírito e à energia para suportar as dificuldades, os perigos e nesse sentido deve ser usado.
  • Um bom líder está sempre preocupado com o moral de seus seguidores.
  • O time ficou com o moral abalado pelo gol adversário.
Obrigado

quarta-feira, 2 de março de 2011

Concordância verbal - porcentagem

CONSULTA

A frase “80% dos brasileiros está descontente com o trânsito” está certa?

RESPOSTA

Não.
O sujeito representado por uma percentagem em que a parte numérica é maior que 1 faz com que o verbo vá para o plural.
O correto é “80% dos brasileiros estão descontentes com o trânsito”.

Nota: Existe a chamada “concordância siléptica”, em que o verbo concorda ideologicamente com o complemento da porcentagem: “No ataque ao inimigo 10% do batalhão foi morto ou ferido”. A concordância aqui foi feita com o coletivo “batalhão”. Esse tipo de concordância, entretanto, é desaconselhado em textos jornalísticos, por demandar um conhecimento linguístico nem sempre presente no público.

Obrigado

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O verbo “adequar”.


Está certa a construção: “Esse procedimento se adéqua ao prescrito pelo decreto a ser aprovado”?

O verbo “adequar” pertence ao grupo dos chamados “verbos defectivos”, ou seja, “verbos defeituosos”. Tais verbos apresentam falhas de conjugação, com a ausência de algumas pessoas ou tempos.

“Adequar” só é conjugado nas pessoas em que o acento tônico está fora do radical. Assim, no presente do indicativo, teremos:
·         
  • Eu (não existe)
  • Tu (não existe)
  • Ele (não existe)
  • Nós adequamos
  • Vós adequais
  • Eles (não existe)
No exemplo da consulta “Esse procedimento se adéqua ao prescrito pelo decreto a ser aprovado”, o sujeito é “procedimento”, que pode ser substituído por “ele/ela”, logo não existe a forma verbal usada e a frase está errada.

Para resolver esse tipo de problema, é melhor usar um verbo de significação análoga, “ajustar”, por exemplo, “Esse procedimento se ajusta ao prescrito pelo decreto a ser aprovado” ou uma forma perifrástica “Esse procedimento é adequado ao prescrito pelo decreto a ser aprovado”.

É preciso, também, atentar para o fato de que o presente do indicativo é tempo primitivo e, no caso dos verbos com defeito de conjugação, haverá, fatalmente, consequências em seus tempos derivados: (imperativo afirmativo, presente do subjuntivo, imperativo negativo).

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Concordância verbal - milhão/milhões

Há algum erro na frase: “São cerca de 1,3 milhão de livros no acervo...”?

Usou-se a forma verbal “são”, no plural. O erro está justamente aí, pois a concordância deve ser feita com o núcleo “milhão”, singular, portanto. 

É cerca de 1,3 milhão livros no acervo...”

Se a parte inteira do numeral fosse maior que 1, o verbo iria naturalmente para o plural.

 “São cerca de 2 milhões de livros no acervo...”

É preciso estar atento ao fato de que “milhar” e “milhão” são numerais com valor de substantivo, que possuem a flexão de número: milhar/milhares, milhão/milhões e a concordância verbal segue a regra geral: “o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa”.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Uso do acento gráfico

Consulta:

Palavras e expressões estrangeiras não recebem acento gráfico em português?

É verdade. As normas ortográficas vigentes só têm valor para palavras genuinamente portuguesas. As palavras e expressões de outras línguas, desde que não aportuguesadas, devem ser escritas como em sua origem.

Algumas expressões já se tornaram tão comuns na linguagem cotidiana que as usamos sem lembrar que pertencem a um sistema gráfico distinto do nosso.

É o caso de “performance (em português, “desempenho”), que, embora tenha o acento tônico na antepenúltima sílaba, proparoxítono portanto, não tem o acento gráfico que uma palavra proparoxítona da língua portuguesa teria. Veja um exemplo disso:

Mesmo se esforçando o mais possível, o atleta não conseguiu atingir a mesma performance obtida no último ano

Os termos latinos, muito usados nos textos jurídicos, mas que também ocorrem na linguagem corrente, devem ser objeto de maiores cuidados em seu emprego e em nenhum deles usar-se o sinal diacrítico.

Não têm acento gráfico as seguintes expressões:
a posteriori per capita – deficit – lato sensu – stricto sensu – a priori – performance.

Quando, porém, palavras estrangeiras passam pelo aportuguesamento, no processo de formação de palavras conhecido como empréstimo linguístico, devem seguir as normas usuais de nosso sistema ortográfico.

Repórterdeletar Munique – Hamburgo – estresse – esporte...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Deve haver ou devem haver?


CONSULTA

 “Devem (deve) haver eleitores que votam conscientemente, mas eu não os conheço”?

RESPOSTA

Antes de mais nada, é conveniente lembrar que o verbo “haver”, com o sentido de “ocorrer” ou de “existir”, é impessoal, isto é, não se flexiona para concordar com um sujeito inexistente.

Construções como “Houve (ocorreram) excessos na ação da polícia”, “Havia (existiam) pessoas inconformadas com o resultado” e “Há (existem) vários casos pendentes” estão absolutamente corretas.

Nas locuções verbais com o verbo “haver”, essa impessoalidade transmite-se para o verbo auxiliar, que irá para a 3ª pessoa do singular e o verbo “haver” ficará em uma das formas nominais (infinitivo – gerúndio – particípio). Daí são corretas as formas “Deve haver pessoas inconformadas”, “É provável que tenha havido crimes sem punição”, “Há de haver políticos honestos” e “Está havendo muitos problemas neste condomínio”.

A construção correta para a oração da consulta é, portanto,
“Deve haver eleitores que votam conscientemente, mas eu não os conheço.”