Pesquisar este blog

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Concordância verbal - milhão/milhões

Há algum erro na frase: “São cerca de 1,3 milhão de livros no acervo...”?

Usou-se a forma verbal “são”, no plural. O erro está justamente aí, pois a concordância deve ser feita com o núcleo “milhão”, singular, portanto. 

É cerca de 1,3 milhão livros no acervo...”

Se a parte inteira do numeral fosse maior que 1, o verbo iria naturalmente para o plural.

 “São cerca de 2 milhões de livros no acervo...”

É preciso estar atento ao fato de que “milhar” e “milhão” são numerais com valor de substantivo, que possuem a flexão de número: milhar/milhares, milhão/milhões e a concordância verbal segue a regra geral: “o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa”.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Uso do acento gráfico

Consulta:

Palavras e expressões estrangeiras não recebem acento gráfico em português?

É verdade. As normas ortográficas vigentes só têm valor para palavras genuinamente portuguesas. As palavras e expressões de outras línguas, desde que não aportuguesadas, devem ser escritas como em sua origem.

Algumas expressões já se tornaram tão comuns na linguagem cotidiana que as usamos sem lembrar que pertencem a um sistema gráfico distinto do nosso.

É o caso de “performance (em português, “desempenho”), que, embora tenha o acento tônico na antepenúltima sílaba, proparoxítono portanto, não tem o acento gráfico que uma palavra proparoxítona da língua portuguesa teria. Veja um exemplo disso:

Mesmo se esforçando o mais possível, o atleta não conseguiu atingir a mesma performance obtida no último ano

Os termos latinos, muito usados nos textos jurídicos, mas que também ocorrem na linguagem corrente, devem ser objeto de maiores cuidados em seu emprego e em nenhum deles usar-se o sinal diacrítico.

Não têm acento gráfico as seguintes expressões:
a posteriori per capita – deficit – lato sensu – stricto sensu – a priori – performance.

Quando, porém, palavras estrangeiras passam pelo aportuguesamento, no processo de formação de palavras conhecido como empréstimo linguístico, devem seguir as normas usuais de nosso sistema ortográfico.

Repórterdeletar Munique – Hamburgo – estresse – esporte...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Deve haver ou devem haver?


CONSULTA

 “Devem (deve) haver eleitores que votam conscientemente, mas eu não os conheço”?

RESPOSTA

Antes de mais nada, é conveniente lembrar que o verbo “haver”, com o sentido de “ocorrer” ou de “existir”, é impessoal, isto é, não se flexiona para concordar com um sujeito inexistente.

Construções como “Houve (ocorreram) excessos na ação da polícia”, “Havia (existiam) pessoas inconformadas com o resultado” e “Há (existem) vários casos pendentes” estão absolutamente corretas.

Nas locuções verbais com o verbo “haver”, essa impessoalidade transmite-se para o verbo auxiliar, que irá para a 3ª pessoa do singular e o verbo “haver” ficará em uma das formas nominais (infinitivo – gerúndio – particípio). Daí são corretas as formas “Deve haver pessoas inconformadas”, “É provável que tenha havido crimes sem punição”, “Há de haver políticos honestos” e “Está havendo muitos problemas neste condomínio”.

A construção correta para a oração da consulta é, portanto,
“Deve haver eleitores que votam conscientemente, mas eu não os conheço.”

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O VALOR DA VÍRGULA

CONSULTA — USO DA VÍRGULA
Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher andaria de quatro a sua procura. Como ficaria na ordem tradicional?

"A mulher andaria de quatro a sua procura se soubesse o valor que o homem tem." ou " O homem andaria de quatro a sua procura se soubesse o valor que a mulher tem."
Qual é a oração principal e a subordinada? E qual o tipo de subordinação?

RESPOSTA
A primeira oração “Se o homem soubesse o valor que tem” é uma oração subordinada adverbial condicional, isto é, estabelece uma premissa para que o outro fato se estabeleça.
A segunda oração “a mulher andaria de quatro a sua procura” é a principal, é o fato gerador da comunicação, mas só se materializará se a “condição” estabelecida pela subordinada efetivar-se, ou seja, “o homem tem de saber seu próprio valor (dele) para que a mulher ande de quatro a sua (dele) procura.

O período classifica-se como composto por subordinação.

A “ordem direta”, preferida pela língua portuguesa, manda que primeiro venha a principal e depois a subordinada: “A mulher andaria de quatro a sua procura, se o homem soubesse o valor que tem.

Como sabemos, a ordem direta é a preferida, mas não é a única. O falante, no caso o “escrevente”, pode mudar os termos de lugar, desde que aplique a pontuação corretamente.
O problema gerado prende-se ao uso do pronome possessivo “sua”, que tanto pode referir-se ao homem quanto à mulher. A vírgula depois de “tem”, entretanto, aclara o significado: o valor é do homem. Desloque-se a vírgula para depois de “mulher” e o significado muda de figura, mas não a classificação das orações e do período.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

REGÊNCIA NOMINAL

CONSULTA –

O que está errado em "Tenho certeza que ela será eleita"?

Temos dois verbos na frase (ter / ser), logo temos um período composto de duas orações.

Cada verbo compõe o núcleo de uma declaração: “Tenho certeza” e “que ela será eleita”. 

Falta alguma coisa na segunda oração, subordinada à primeira. Quem tem certeza, não tem certeza DE alguma coisa. Antes da segunda oração deveríamos encontrar esse DE.

A forma correta seria, então, “Tenho certeza DE que ela será eleita.”

Outros exemplos:
Tenho vontade DE que você estude mais. (vontade DE algo);
Tínhamos medo DE que você não volte mais. (medo DE algo).

domingo, 30 de janeiro de 2011

SUBSTANTIVOS EPICENOS

CONSULTA:

Como se faz o plural de “beija-flor”? E a flexão de gênero (masculino / feminino)?

RESPOSTA:

É um substantivo masculino, composto, constituído por verbo + substantivo. Quanto ao número, flexiona-se apenas o segundo elemento: “beija-flores”; não possui flexão de gênero (é um epiceno, isto é, uma única forma para designar os dois sexos), fazendo-se a designação do sexo (sexo não é gênero gramatical) do animal pelo acréscimo dos adjetivos macho / fêmea: o beija-flor macho / o beija-flor fêmea.

O gramático Napoleão Mendes de Almeida desenvolve, em sua Gramática Metódica, página 99, o seguinte raciocínio:

“Não nos admiremos da forma fêmeo; esta palavra, no caso presente, é adjetivo e, como tal, deverá flexionar-se de acordo com o gênero do substantivo a que se refere; o mesmo se observe com o adjetivo macho que, referindo-se a nomes femininos, deverá flexionar-se em macha. A pulga macha, flores machas, palmeira macha.”

A lógica da argumentação é irrefutável.

Apesar de os Dicionários A. Houaiss; Michaellis; C. Aulete e da ABL registrarem o termo “fêmeo”, os gramáticos Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa); Celso Cunha (Nova Gramática do Português Contemporâneo); Ernani Terra (Curso Prático de Gramática) e Ulisses Infante (Curso de Gramática Aplicada aos Textos) não fazem qualquer referência a seu emprego.

Quanto a exemplos do emprego prático desse tipo de concordância, temos:
  • Luiz Gonzaga: “Paraíba masculina, mulher macho sim senhor...”
  • Bocage: “Às minhas cinzas me farão descantes / Fêmeos vindouros, alargando as pernas.”
Não se admire, pois, das formas fêmeo e macha; são adjetivos e, como tal, deverão flexionar-se de acordo com o gênero do substantivo a que se referem. No entanto não há erro em dizer a fêmea do tubarão ou o tubarão fêmeo; o macho da baleia ou a baleia fêmea.

Já estão, entretanto, consagradas pelo uso popular, as expressões a baleia fêmea / macho; o tubarão fêmea / macho, quando se quer designar o sexo desses (e de outros) animais ou plantas.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Existe ponto depois de ETC.?

CONSULTA — Existe ponto depois de ETC.?
  • O "etc." é abreviatura de "et coetera", expressão latina que significa, mais ou menos, "e semelhantes". Não se deve usar a conjunção "e" antes do "etc.", pois ela já está na própria abreviatura. Também não se deve usar a vírgula antes de "etc.". As normas de emprego da vírgula estabelecem que "só se pode usar, opcionalmente, vírgula antes da conjunção aditiva "e", se a conjunção estiver entre orações com sujeitos diferentes.
  • Por ser abreviatura, deve terminar com ponto indicativo correspondente. Se for final de período e não houver nada mais a seguir, o ponto que encerra a abreviatura confunde-se com o ponto final e não há necessidade e nem razão para usarem-se dois pontos, um seguido do outro. O ponto final deve, portanto, coincidir como o de abreviatura; exceto se, por exemplo, este ponto está em uma frase parentética, entre aspas, etc., em que, então, o ponto final é obrigatório; exemplo: (….. etc.).
  • Quando ao ponto indicativo de abreviatura seguir outro sinal de pontuação, usam-se os dois: sra., sra.; sra.? REFERÊNCIA – MEIO ELETRÔNICO (disquetes, CD-ROM, online etc.).
Obrigado